OLHOS DE MÃE: uma pergunta e muitas respostas.
– Mamãe por que
tem horas que seus olhos brilham… brilham tanto como o luar da noite, brilham
como faróis na escuridão e, outras vezes, nada brilham e assim se parecem com a
noite em que as nuvens esconderam a lua
e os faróis sumiram-se na escuridão!
– Como assim! Meu
bem… que história mais estranha é esta que você está inventando. Acho que meus
olhos, querido, brilham sempre de maneira igual…
– Não mamãe… não
brilham. Quando eu chego da escola e você corre ao meu encontro perguntando
como foi meu dia, o que aprendi, o que mais gostei e não gostei nas
brincadeiras… enfim, mamãe, quando você, curiosa, pergunta coisas e mais coisas
e, ansioso, me faz delas falar… então, mamãe, seus olhos brilham, brilham tanto
que corro ao espelho e parece que vejo os meus assim também brilhar…
– Você quer dizer,
querido, que em outras vezes meus olhos não brilham!
– Algumas outras
vezes também, em algumas vezes não. Brilham quanto você me acha inteligente,
quer saber as coisas que aprendi, pede para eu conte as histórias que gosto de
inventar… brilham, brilham muito quando me desafia, teima para que eu procure
respostas que não sei e quando as trago, compartilha comigo como se eu fosse
então o seu pequeno professor…
– Mas, querido,
quando você acha que meus olhos não brilham!
– Ah… Mamãe… não
brilham quando você tem muita pressa, quando esquece as perguntas, quando não
me desafia e nem tem tempo para elogiar as respostas que acerto… nessa hora,
por mais que eu procure não consigo encontrar brilho em seu olhar. Então…
– Então!
– Então em corro
para meu quarto, fecho a porta, agarro meu ursinho que nunca foi capaz de me
explicar porque mamãe tem horas de olhar brilhante como pedra preciosa e outras
horas são olhos frios que se esqueceram de seu jeito gostoso de brilhar.
Celso Antunes
Tem momentos que somos assim mesmo, sem nós dar conta de que nossos pequenos percebem o nosso estado de espírito.
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