Bullying

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

27 de janeiro é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.



27 de janeiro é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

O Holocausto começou com palavras e, na era da internet e da mídia social, o poder da propaganda é mais devastador do que nunca. Com educação e conhecimento, no entanto, podemos ajudar a prevenir o genocídio. 

Juntos, podemos e devemos nos conscientizar contra o esquecimento, o negacionismo, o revisionismo histórico, a relativização dos crimes e o retorno dos estereótipos que alimentam o ódio. Podemos nos opor à manipulação dos fatos dizendo a verdade.

Vamos ousar nos posicionar contra o racismo e o anti-semitismo. Jamais permitamos que a propaganda e a falsificação da história passem sem contestação. Não aceitemos nenhuma das falsas verdades que alimentam a negação do Holocausto. A educação sobre a história do Holocausto deve nos servir de antídoto. Quanto melhor conhecermos a nossa própria história e a dos outros, mais fortes serão os laços que estabelecemos com a humanidade. A transmissão da história estimula a solidariedade e molda uma humanidade mais unida, mais justa e mais pacífica. 

Junte-se a nós hoje em memória dos 6 milhões de judeus mortos no Holocausto e das muitas outras vítimas dessa terrível atrocidade calculada e sem precedentes.  

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

É IMPOSSÍVEL TER UM SONO SAUDÁVEL COM AULAS ÀS 7H’

É IMPOSSÍVEL TER UM SONO SAUDÁVEL COM AULAS ÀS 7H’

Pesquisador defende que escolas brasileiras estudem horários mais flexíveis para permitir a adolescentes dormir o suficiente para a imunidade e a saúde cognitiva

O Globo24 Jan 2023BERNARDO YONESHIGUE bernardo.yoneshigue@oglobo.com.br

EDILSON DANTAS

Em julho do ano passado, entrou em vigor no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, a primeira lei do país que obriga as escolas a começarem apenas a partir das 8h30 para os estudantes do Ensino Médio. A mudança foi embasada em um estudo que mostra como as mudanças biológicas da puberdade afetam o sono e, consequentemente, o desempenho escolar.


A adaptação dos horários escolares para adolescentes, especialmente em lugares como o Brasil, onde aulas podem começar até 7h, é uma discussão crescente no mundo, impulsionada pelo apelo de cientistas. Um dos nomes que fazem coro ao discurso é o do neurocientista brasileiro Fernando Louzada.


Doutor em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP), o pesquisador atualmente coordena o Laboratório de Cronobiologia Humana da Universidade Federal do Paraná (UFPR), de onde também é professor, e participa da Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE) e do Núcleo Ciência pela Infância (NCPI).

Em entrevista ao GLOBO, Louzada cita experiências nacionais que mostram os benefícios de se adiar em ao menos uma hora o começo das aulas, explica que adolescentes sofrem de uma tendência natural a atrasar o momento de dormir e esclarece que a faixa etária demanda mais horas de sono, que não são alcançadas com o modelo de ensino atual.

Quanto de sono os adolescentes precisam e de que forma o horário das aulas no Ensino Médio brasileiro interferem nessa dinâmica?

Os adolescentes precisam de mais sono do que os adultos, em média de nove horas. Mas há um fenômeno nessa idade chamado de atraso de fase do sono, que é uma tendência natural e universal a atrasar os horários de dormir e, consequentemente, de acordar também. Por isso, verificamos que a maioria dos adolescentes, principalmente nos grandes centros urbanos, dormem bem menos que isso em dias letivos. A equação é simples. Se as aulas começam às 7h, e muitos precisam acordar às 6h, seria necessário dormir às 21h. Mas é muito difícil pensar em adolescentes, com a tendência ao atraso do sono, dormindo nesse horário. Por isso, não há como, com aulas às 7h, preservar o sono necessário dos adolescentes, o que levou muitos países a implementarem um horário mais tarde, e temos discutido muito isso aqui no Brasil.

Como saber que o atraso de fase do sono é algo inerente ao adolescente, e não resultado de hábitos como excesso de telas?

Essa dúvida é recorrente: se o fenômeno é biológico, ou seja, mais incorporado à espécie humana, ou se é cultural, influenciado pelos hábitos e pela cultura. Temos estudado isso de diversas maneiras. Uma delas foi analisando comunidades rurais, sem acesso a energia elétrica, no Brasil e em outros países, e observamos que essa tendência é universal, presente em todos os adolescentes avaliados. Mas é claro que o ambiente urbano, o acesso às tecnologias, televisão, videogame, computador, tudo isso exacerba o atraso, porque só o estímulo luminoso sozinho já é capaz de aumentar a tendência a adiar o sono.

E por que conseguir um sono adequado é tão importante, especialmente nessa fase?

O sono é muito importante em vários aspectos, como manter a integridade do sistema imunológico, atuar no controle do metabolismo energético, preservar a cognição e o funcionamento cerebral. Ficar muito tempo privado de sono favorece o ganho de peso, o desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2, e de problemas cardiovasculares e neurodegenerativos. Ainda mexe muito com a regulação emocional. Quando não dormimos, ficamos com maior impulsividade e irritabilidade, menor resiliência para enfrentar dificuldades. E se pensarmos que a adolescência já é uma faixa etária muito exposta a transtornos psiquiátricos, essa preocupação com sono deve ser ainda maior, pois o cérebro está em formação. E o que temos de mais recente é o papel do sono para a consolidação das nossas experiências depois do aprendizado. Ao dormir, o cérebro permanece ativo e essa atividade está a serviço dessa formação de memórias, o que impacta diretamente no desempenho escolar.

Você explica que o horário das aulas às 7h reduz o sono dos jovens, mas se as aulas começassem mais tarde, eles não adiariam o sono?

Existe toda essa discussão, mas diversos estudos já mostraram que não é bem assim. Mesmo que o adolescente atrase um pouquinho o horário de dormir, não supera o ganho do horário de acordar, o saldo é, na maioria das vezes, positivo. Mas claro que essa medida não pode ocorrer de forma isolada, precisa vir junto com medidas de educação sobre o sono.

No ano passado, você fez parte de um estudo da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que avaliou o horário alterado. Quais foram os resultados?

Esse estudo avaliou os alunos antes, durante e depois de uma alteração no horário. Foi o primeiro trabalho de intervenção do horário realizado no Brasil. Os resultados confirmaram um benefício na duração do sono e, consequentemente, dos impactos em medidas de sonolência diurna e de humor. Em uma escola de Palotina, no Paraná, definimos o atraso de uma hora no início das aulas durante uma semana, começando às 8h30. Durante três semanas, acompanhamos os 48 estudantes com um relógio que monitorava os horários de dormir e acordar. Avaliamos medidas como a sonolência em sala de aula, o humor dos estudantes, com fatores como estresse e sintomas de depressão. A mudança de horário levou a um aumento na duração de, em média, 38 minutos no sono e na redução da sonolência nas aulas e das queixas de humor.

Qual a dificuldade de levantar esse debate no Brasil? E qual seria a melhor solução?

Muitos dos procedimentos das escolas são cristalizados, consolidados há décadas, por isso é muito difícil mudarmos. Tanto que coisas foram alteradas na pandemia e, quando voltaram as aulas presenciais, nada foi aproveitado. Esse período mostrou como os adolescentes dormem mais se puderem. Nós fizemos um estudo que mostrou isso, como com as aulas online e a flexibilidade com elas levou os estudantes a acordarem mais tarde e terem mais horas de sono. Não defendemos uma medida imediata obrigando as escolas a começarem às 8h30. Antes, precisamos de conscientização, convencer gestores, familiares e os próprios estudantes sobre a importância do sono e dos benefícios de eventuais mudanças. É um processo. Mas quando as pessoas estão sensibilizadas sobre o tema, fica mais fácil discutirmos essas medidas. Particularmente, acho que a flexibilidade de horários é o melhor. Possivelmente ter escolas em que turmas diferentes começam em horários diferentes, que usem a tecnologia como aliada.

Para compensar a falta de sono à noite, muitos alunos têm o hábito de cochilar à tarde. Essa prática é positiva?

Diria que pode ajudar a compensar a restrição do sono à noite. Mas há duas preocupações. A primeira é que as evidências mostram que cochilos longos, com mais de 90 minutos, começam a repercutir no sono noturno. A outra preocupação é o fenômeno chamado inércia do sono, que é a tendência de continuar dormindo mesmo após ter acordado. É quando você levanta, mas seu cérebro ainda não está pronto para a vigília. Algumas pessoas podem ter uma dificuldade maior em produzir, em estudar após o cochilo.

“Os adolescentes precisam de mais sono do que os adultos. Mas há um fenômeno nessa idade chamado de atraso de fase do sono, que é uma tendência de atrasar a hora de dormir”

“Ficar muito tempo privado de sono favorece o ganho de peso, o desenvolvimento de doenças metabólicas e de problemas cardiovasculares e neurodegenerativos”

“A adolescência já é uma faixa etária muito exposta a transtornos psiquiátricos, essa preocupação com sono deve ser ainda maior, pois o cérebro ainda está em formação”

sábado, 21 de janeiro de 2023

De que cor é essa pasta?

 








De que cor é esta pasta?

Nós gostamos de pensar que existe uma realidade fora de nós mesmos. Um mundo em que as coisas são o que são, independente do que pensamos dela. Hoje eu vou demonstrar que a mente do ser humano é frágil, e que temos uma tendência a falar e a fazer o que os outros fazem e dizem.
_ De que cor é esta pasta?
_Verde.
Se algum aluno se atrasar para a aula como costuma acontecer, eu vou perguntar para vocês a cor desta pasta, e vocês vão dizer vermelha. Tá Bom?
_Sim.
_Bom... continuando... na filosofia temos corrente como o positivismo que não admite que não admite outra realidade, a não ser a factual. Para filósofos como Auguste Comte, há coisas que são como elas são e não devem ser discutidas. Como por exemplo, a cor desta pasta.
_Você. De que cor é esta pasta? 
_Vermelha. 
_E você?
_Vermelha.
_Você mocinha de cabelo curto.
_Vermelha.
-Você.
_Vermelha.
_Vermelha... Vermelha... Vermelha...
E você?
_Vermelha... hesitando
Todos riem...
Vamos lá
_Posso continuar?
_Está claro que esta pasta é verde. Acabam de testemunhar em primeira mão a fragilidade do ser humano quando é submetido a pressão do ser humano, quando é submetido a pressão do ambiente. Incluindo no que tange a sua percepção física.
_Mas eu percebi que era uma brincadeira. Eu só estranhei a pergunta porque obviamente a pasta é verde.
_Mas como todos disseram que é vermelha, você respondeu vermelha. Porque eu pensei que é...
_Segundo Nietzsche no mundo pode se encontrar dois tipos de pessoas: as que seguem seus próprios desejos e as que seguem os desejos dos outros. As primeiras são fortes, e não obedecem a ninguém. E as outras são débeis e se limitam a fazer o que os outros dizem e o que os outros fazem. 
_Não se preocupem, isso é o pão de cada dia.
_Somos muito submissos e acabamos admitindo as ideias da maioria. Inclusive na Alemanha, as pessoas foram capazes de acreditar e repetir o que diziam as propagandas nazistas. Já dizia Kant com toda a sua amargura: " O ser humano é o único animal que precisa de um líder para viver".

FONTE: https://www.youtube.com/watch?v=Hxxmj...

Feliz Professor novo! Seja o ano letivo que você deseja!

Se você acha que não ganhou presente neste ano letivo que passou, pense e repense de novo.

Tem alguns presentes que a vida nos dá de graça e a gente nem percebe. 

Vamos lá!...

Tipo o coração. Ele bate dentro do seu peito de forma incansável sem que você perceba e não pede nada em troca.

Você tá tocando sua vida, dando suas aulas, preocupado com tantas coisas, indo para a sua Escola todos os dias,  e ele tá lá, dia e noite, batendo de graça por você.

Vários presentes que a vida nos dá e a gente nem percebe.

As coincidências da vida, nos apresentam pessoas, que por alguma razão foram gentis com a gente.

Gente que nos ajudou sem pedir nada em troca. Gente que talvez a gente nem agradeceu. Gente que nos deu o ombro amigo, que nos escutou com tanta empatia e ainda assim, nem ligamos para tais gestos.

Não reconhecemos nem a nós mesmos pelo presente da aprendizagem das crianças que garantimos em 2022. Esquecemos que aprendemos no Curso de CNV, que é preciso ter compaixão, empatia e gratidão para com a gente mesmo.

Tem muitos presentes que a vida nos dá de graça, como esse novo ano letivo que tá começando agora, nesse exato momento em que estamos todos aqui.

Quando a gente tá cansado da Escola, não tá aguentando mais o ano, quando a gente tá sem energia,  e olha exausto para todos os cantos, vem um ano letivo novinho, recarregando nossas baterias, dando uma injeção de esperança inexplicável: as coisas vão ser muito melhor porque eu, você e nós juntos e juntas vamos fazê-las muito melhor. Tudo, tudo mesmo... Vai depender muito de nós todos juntos.

Tudo vai dar certo! Tudo vai ficar bem! Vamos ter sucesso no no nosso ensino. Porque eu vou dar o meu melhor. 

Alguma coisa muda dentro da gente, de um dia para o outro.

Da noite do dia 31 para a manhã do dia primeiro.

É mais um presente de graça que a vida nos dá, sem pedir nada em troca. E a gente já começa a pensar no novo ano letivo. Meu Deus, como vai ser? Será que vou trabalhar? Para que Escola eu vou esse ano? Quem serão os meus colegas?

Mas assim, a gente percebe quase que como um estalo que não é o ano que deve ser novo. Não Professores, não é o ano que deve ser novo,  é a gente. E então pode ir repetindo, quase que como um mantra fazendo eco em nosso cérebro:

Não é o ano letivo que deve ser novo, é a gente!

Não é o ano letivo que deve ser novo, é a gente!

Não é o ano letivo que deve ser novo, é a gente!

Por fim pede a assembleia para repetir:

_ Vamos lá gente repitam comigo:

Não é o ano letivo que deve ser novo, é a gente!

Não é o ano letivo que deve ser novo, é a gente!

Não é o ano letivo que deve ser novo, é a gente!

Feliz  PROFESSOR  novo! Seja o ano letivo que você deseja!

Feliz  PROFESSOR  novo! Seja o ano letivo que você deseja!

Feliz  PROFESSOR  novo! Seja o ano letivo que você deseja!

Da identidade à Diversidade. Precisamos saber lidar com a diversidade na adolescência.

Lembrei das nossas aulas de psicologia da adolescência. O livro era de capa verde e todos os professores que formaram na década de 80-90 na Fenord vivenciaram uma reflexão sobre essa fase do desenvolvimento humano, que é bem específica e conflituosa. Alguém lembra o nome da professora? Me lembro do rosto dela mas esqueci o nome. Ninguém pode condenar um adolescente só porque nos decepcionou aqui e agora nesse momento, o nosso olhar de pai, de mãe, de professor ou de adulto em geral, tem que ser um olhar mais amplo,  no horizonte do tempo de amadurecimento do jovem. Há uma necessidade de entender que é alguém vivendo um processo de formação. Tem que ser um notar pleno de humanidade. Basta mirar a nossa própria adolescência para acendermos a compreensão e a empatia para com eles e elas. É falar e pensar como Jesus:

"Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela". João 8,7

Notável alguns  Professores(a), viver a interseção de ter experimentado sua própria fase como adolescente, como pai ou mãe, e como professor(a) de adolescentes. Tem bagagem prática para entender os conflitos que um adolescente vivencia nesta fase evolutiva da vida. É muita riqueza que precisa ser considerada no relacionamento com os teens, como se fala em inglês. A empatia e o fazer pedagógico de um Professor(a) que tem filhos nessa estação da vida devem emergir dessa importante experiência. 

Certa vez convidei a Psicóloga Rita Medrado, que por sinal tem um excelente trabalho junto às crianças da rede municipal de ensino de nossa cidade,  para nos ajudar a refletir sobre o "ser adolescente", em uma época que os professores estavam reclamando bastante dos adolescentes da nossa Escola e ela fez uma fala, a partir de um espelho de comportamentos. Qual era o comportamento do professor na Escola, enquanto era adolescente? Meio que fazendo um reflexo do passado, rendeu bastante depoimentos, sendo quase que uma terapia de grupo aqueles depoimentos no coletivo. 

O livro que estudamos na Fenord, consegui encontrar em PDF e continua atualíssimo:

Psicologia da Adolescência.

Imagino que a adolescência é como um passeio numa montanha-russa cheio de intensas emoções! Só imagino porque nunca nem cheguei perto de uma. Um dia ele ou ela está bem-humorado(a), em outro zangado(a), às vezes com vontade de chorar sem motivo aparente, às vezes, louco(a) para estar perto de todos os seus amigos(a) ou de ficar sozinho(a) no quarto e ouvir aquela música especial que incrivelmente diz tudo o que ele ou ela pensa ou sente. Todos esses momentos parecem necessários para  se conhecerem melhor e tentar responder aquelas perguntas que por vezes tomam os adolescentes de assalto: Mas afinal quem sou eu? Sou normal mesmo? Para onde vou? Qual é o meu lugar nesse mundo? Mas basta olhar pra gente mesmo e vê que é um filme muito conflituoso que se repete nos adolescentes de hoje. 

A busca por essas respostas é importante para pensar na identidade, naquilo que o adolescente gosta ou não, quer ou não quer para sua vida e seu futuro. Nesse processo de construção, ele também pode se ver contestando algumas regras e imposições tanto da sua família quanto da sociedade em que vive. Ele pode se perguntar, por exemplo: Por que meus pais acham que já sou adulto para arrumar a casa, mas não para sair e voltar de madrugada? Ou então: Por que meus pais não mostram confiança quando peço para dormir na casa de um colega? Tudo isso  consome o adolescente e pode até  fazê-lo perder o sono ou brigar com os seus pais. Quem nunca passou por isso? Basta a gente enquanto professor olhar para a nossa vida que vamos encontrar todos esses fatos.

O mais desafiante nessa busca de se conhecer é perceber o jeito de cada um e descobrir as características que o fazem se diferenciar dos outros, como: a cor dos seus cabelos, o seu biotipo, as roupas que usa, as opiniões sobre o mundo. A identidade se relaciona com tudo que você descobre, aprende e se apropria ao longo do seu desenvolvimento: sua história de vida, suas facilidades, suas limitações, seus hábitos culturais, gostos, modos de fazer e viver. Eh! Quanta gente diferente ao nosso redor!

Existem os negros, os brancos, os homens, as mulheres, os rockeiros, os sambistas, os católicos, os evangélicos, os baianos, os paulistanos, as pessoas portadoras de deficiências físicas, visuais, mentais. Somos infinitos! No entanto, quando entramos em contato com essa diversidade que compõe o mundo, é triste notar que alguns preconceitos se instalam em nossa cultura expressos, por exemplo, em frases-feitas como: “que roupa de baiano” – ao referir que a roupa é feia; “parece serviço de preto” – quando uma tarefa é feita de qualquer jeito; “acidente no trânsito, mulher no volante” – passando-nos a ideia que as mulheres não são tão boas no volante quanto os homens, ou “inteligente assim, só podia ser japonês”-restringindo a personalidade a uma só característica.

Diante de tantas frases preconceituosas, é fundamental se perguntar: o que faz as pessoas verem nas diferenças individuais, um motivo para desrespeitar o outro? Entrar em contato com algo muito diferente de si pode incomodar e às vezes até assustar. Aliás, poderíamos dizer que muitas vezes, aquilo que nos causa repulsa vem de uma incapacidade de reconhecermos em nós mesmos sentimentos parecidos, por exemplo: alguém odeia os gordos porque tem raiva por eles se darem o direito de comer tudo o que querem, como a pessoa gostaria de se dar.

Ou então: uma menina não gosta das meninas que se permitem namorar com muitos meninos, chamando-as de “galinhas”, justamente porque o que ela mais gostaria é também poder namorar bastante. Portanto, uma das dimensões que podem levar a ter atitudes preconceituosas é o desconhecimento de si mesmo e a inveja do outro.

Contudo, existem outras dimensões socioculturais que também estão ligadas às questões do preconceito. Os negros, por exemplo, foram historicamente tratados com grande desigualdade em relação aos brancos, como no caso da África do Sul, onde entre os anos de 1948 e 1994, existiu um regime de segregação racial, no qual brancos e negros não usufruíam dos mesmos direitos, não podendo conviver em certos lugares públicos. Como esse, há diversos outros exemplos, como nos casos de judeus na Alemanha, muçulmanos na Europa, entre outros, nos quais a humanidade tratou e tem tratado as diferenças físicas e culturais como motivo de discriminação, controle e exploração.

Enfim, como você deve ter percebido, essa questão da identidade: quem sou eu? Tem estreita relação com a questão da diversidade – quem e como é o outro?

Diversidade essa que, em muitos momentos, pode ser difícil de conviver e tolerar, mas que é, também, a riqueza de um povo. Via de regra, valorizar a diversidade, respeitar o outro e tolerar as diferenças são atitudes construtivas e fundamentais para a vida em sociedade. “Não fazer com o outro aquilo que você não gostaria que fizessem com você” é uma ideia simples, mas que pode ajudar bastante no momento de perceber os limites necessários para uma relação respeitosa entre as pessoas.

O artigo tratou da temática da diversidade à identidade, nele você pode refletir no que você é igual e diferente dos outros, qual é a melhor maneira de a gente se respeitar e aprender a respeitar os demais. A isso dá-se o nome de tolerância, algo que todos precisamos cultivar.

Agora realize as atividades sugeridas para mergulhar na sua identidade. DIVIRTA-SE!

1)-Minhas características pessoais. Liste dez características pessoais que você identifica em você:

2)-Após listar as suas características pessoais reflita e busque responder às questões:

A)-O que você pode fazer em relação às características que, ao seu ver, lhe trazem dificuldades? Existe alguma maneira de lidar com elas?

B)-Quais são as características que facilitam sua vida? O que você pode fazer para cultivá-las?

3)-Diversidade: o que é isso?

O contexto da sociedade contemporânea mergulhado na globalização econômica, no fluxo comunicativo e interação contínua tem traçado mudanças profundas nas visões sobre a própria sociedade. O tema diversidade e a forma complexa que este conceito tem se desenvolvido é fruto do contexto no qual ele se encontra inserido, de mudanças constantes e de uma valorização e percepção das grandes diferenças sejam sociais, políticas, culturais, sexuais, étnicas entre outros.

A definição de diversidade pode ser entendida como o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social. Este conceito está intimamente ligado aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes modos de percepção e abordagem, heterogeneidade e variedade.

Nessa perspectiva pertencer a um grupo é, em geral, reconfortante, pois compartilhamos coisas com outras pessoas. Contudo, muitas vezes nossas características pessoais destoam, divergem ou entram em conflito com o grupo.

Agora pense nas suas relações estabelecidas com sua família, no seu bairro e na escola e descreva alguma situação na qual uma característica pessoal gerou um conflito. E em seguida crie duas sugestões para resolver esse conflito.

Segue um exemplo: “Uma pessoa idosa que não foi bem atendida de forma preferencial em um supermercado.”

Assista ao vídeo a seguir de um Jovem estudante do Japão:

Os jovens são iguais no mundo inteiro, mesmo numa cultura tão diferente como é a do Japão. Ele tem uma identidade essencial e bem padrão, seja no Brasil, no Japão ou na China. A diversidade aparece somente nas características pessoais, por isso a importância do ensino do respeito  ao diferente, que deve ser levado muito a sério no Japão, imagino. Tem zoeira tem, mas qual o jovem que não gosta de zoar? Gostei demais. Assisti o vídeo com curiosidade para ver como um jovem comporta nas Escolas japonesas. A gente vê a satisfação dos jovens de estarem ali naquele ambiente. Muito interessante é o fato da obrigação em arrumar a sala de aula. Quisera os nossos jovens brasileiros tivessem uma escola tão boa como esta e pudessem conviver em uma escola tão enriquecedora como esse vídeo mostrou  que é a Escola japonesa. Quando alcançaremos esse padrão. As gerações de jovens se perdem a cada década no Brasil e  são perdidas para as organizações criminosas paralelas ao Estado.  Quem sabe este jovem quer conversar um pouco com os estudantes daqui da nossa cidade, contando um pouco como é sua Escola e sua vida lá? Seria um baita de um incentivo para nossos jovens levarem a sério seus estudos.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

(Letra Completa) Hino Oficial da Campanha da Fraternidade 2023

Um ano letivo novo, com habitos novos!... Que novos e bons hábitos podemos criar neste 2023?

Todo ano a vida faz um reset, onde cada um de nós rememora os feitos e reflete aquilo que não foi tão bom, para que possamos melhorar no próximo ano. Isso é muito comum nas culturas ocidentais, mas não se diferencia tanto nas culturas orientais. O movimento de translação da terra a volta que nosso planeta dá em torno do sol é um fenômeno que afeta a vida de todos, invariavelmente, afinal, sem que a terra gire não há vida. A ciência nos explica que a Terra gira em torno do Sol porque continua mantendo o movimento da nuvem de partículas que a formou e possui uma órbita estável, graças ao equilíbrio existente entre sua velocidade e a força gravitacional exercida sobre ela pelo sol. Física! Um presente ao desenvolvimento humano dado por Galileu Galilei. E como esse movimento afetou sua vida?

Nesse ano que passou, diversas situações passaram a fazer parte da sua história. Momentos felizes, momentos tristes... Tudo caminhou invariavelmente para formar a pessoa que chega ao final de 2022 com os pensamentos que você tem.

Uma das coisas mais importantes a ser refletida é “que hábitos ruins eu deixei para trás para criar novos e bons hábitos?”

O filósofo norte-americano William James diz que “para mudar nossos hábitos, primeiro temos que assumir o compromisso profundo de pagar o preço que for necessário”. Esse comportamento continuado que temos molda nossa existência, afinal, somos feitos de hábitos e eles trazem reflexos intensos para o nosso dia a dia. Para mudar isso, é preciso muito empenho e dedicação. Nosso corpo aprende com o hábito e aqueles mais ruins podem nos impedir de evoluir na vida.

A preguiça, procrastinação, compulsão, enfim, os desvios de conduta diversos que estão no nosso cotidiano acabam nos influenciando de modo mais definitivo e importante. Por isso, a todo momento que nos é oportunizado devemos fazer uma análise de nós mesmos e rever aqueles hábitos que não nos levam a um bom lugar, não é mesmo?

O novo ano já chegou! Ao invés de fazer aquelas promessas de virada de ano difíceis de cumprir, faça uma reflexão sincera da sua vida. Veja os hábitos que podem ser melhorados e aqueles que devem ser abandonados. Crie novos e bons hábitos. Isso vai fazer um enorme bem na sua existência e vai te ajudar muito no próximo ciclo de translação da terra.

Um ano letivo cheio de aprendizagens para todos os nossos alunos e para todos nós! Feliz a gente novo! Feliz um Professor novo! Feliz um Gestor novo! Feliz um Estudante novo! Enfim, Feliz todos nós novo junto com o ano letivo novo!

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Cronograma de contratações para 2023, para a Rede Municipal de Educação.

O candidato ao processo de Contratação Temporária para as funções de  EEB, PEB Regente de Aulas, PEB Regente de Turma, ASB, ATB, Professor de Apoio, Sala de Recursos e Assistente Educacional, para atuar na Secretaria Municipal de Educação de Carlos Chagas,  deverá acessar o Cronograma com os horários e datas de cada cargo ou função, para participar da escolha de vagas disponíveis nas Unidades de Ensino relativas às inscrições efetuadas na função/munícipio/, nos termos dos Decretos nº 131/2022 e nº 132/2022. 

As contratações como de costume acontecerão na Câmara Municipal de Carlos Chagas, seguindo rigorosamente o horário do cronograma publicado.



domingo, 15 de janeiro de 2023

Permita-se florescer!...


MAIS UM ANO PELA FRENTE. QUAIS FORAM OS SEUS DESEJOS NA VIRADA? QUAIS PROMESSAS FORAM FEITAS PARA QUE VOCÊ TRANSFORME SEUS SONHOS EM REALIDADE? TENHO CERTEZA QUE UMA PALAVRA ESTAVA PRESENTE: FELICIDADE!

Pensando nisso, hoje quero dividir com vocês um conteúdo que pode te ajudar a encontrar a tão sonhada felicidade! Não é milagre, é ciência, porque a Psicologia Positiva acredita que o ser humano possui uma tendência básica de se realizar e de se expandir, o que chamamos de florescer. Pensando em catalisar mudanças em todas as áreas da vida, Martin Seligman criou o modelo Perma – que tem cinco grandes pilares para a promoção do bem-estar e forma um acrônimo das palavras que, em português, seriam:

EMOÇÕES POSITIVAS

O primeiro pilar é, talvez, a conexão que parece mais óbvia com a felicidade, mas emoção positiva vai muito além do sorrir: é a capacidade de permanecer otimista e ver o passado, o presente e o futuro de uma perspectiva construtiva. Isso pode ajudar as pessoas a aproveitar as tarefas diárias das suas vidas e a perseverar nos desafios que vêm pela frente.

ENGAJAMENTO/FLOW

Sabe quando o tempo “voa” enquanto você está fazendo uma atividade? É isso. Você não está sentindo, nem pensando nada – os cientistas dizem que você está no ritmo da música. E é possível encontrar esse prazer em coisas diferentes: praticando um esporte, dançando, tocando um instrumento, fazendo um projeto interessante no trabalho ou até mesmo num hobby. O importante é que seja uma atividade desafiadora e, ao mesmo tempo, você consiga exercer uma habilidade sua.

RELACIONAMENTOS POSITIVOS

Relacionamentos e conexão social são essenciais para vidas significativas. Nós prosperamos em conexões que promovem amor, intimidade e uma forte interação emocional – elas dão sentido à vida. Esses relacionamentos também são suporte em tempos difíceis, que exigem resiliência.

SIGNFICADO/ PROPÓSITO

É quase como responder: “Qual o seu papel no mundo?” A religião e a espiritualidade dão sentido a muitas pessoas: pertencer a e servir a algo que você julga ser maior do que você próprio. Você pode encontrar significado no trabalho que ama, criando filhos, fazendo trabalho voluntário. O ponto é compreender o impacto do que você faz e o que essa atividade traz de volta para você.

REALIZAÇÃO

O último pilar, não menos importante, é aquele onde você sente orgulho e satisfação por alcançar uma meta – e às vezes só o esforço para conseguir realizar já pode te trazer uma sensação de satisfação e bem-estar. Aqui entram todas as suas conquistas – que podem ser materiais ou não.

O objetivo dos pilares é produzir o florescimento humano. Talvez você tenha se identificado com algum ponto e perceba que já está dando os seus primeiros passos, sem nem saber que existe uma teoria e que a ciência sustenta tudo isso. 2023 está apenas começando e está pronto para conhecer uma nova versão de você mesmo. Se deu vontade de andar por essa estrada do florescer – termo tão lindo usado na Psicologia Positiva – é bom seguir o conselho de quem criou o modelo Perma: comece questionando o que realmente te faz feliz. E deixe sua própria felicidade transformar você!

FONTE: Diário do Rio de Janeiro

Frei Chico morre aos 82 anos em Belo Horizonte. O Religioso estava internado desde 8 de janeiro, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Holandês naturalizado no Brasil, o frade se tornou um reconhecido pesquisador da religiosidade popular.


Frei Francisco van der Poel: “começo do princípio do início de alguma coisa…”Frei Francisco van der Poel, no dia de hoje, 14 de janeiro, realizou a sua Páscoa! Um homem amante da Religiosidade Popular! Dedicou-se longos anos de sua vida pesquisando e registrando as rezas, os benditos, os remédios, as histórias do povo do Vale do Jequitinhonha, MG. Seus lábios se enchiam de palavras alegres e ternas quando falava da cultura do povo. Ele foi o “começo do princípio do início de alguma coisa”.

No dia 03 de agosto de 1940, na cidade de Zoeterwoude (Diocese de Rotterdam), Holanda, nasceu o menino Franciscus Henricus van der Poel, o nosso conhecido: Frei Chico. Filho de Christina Hendrica Boks e Petrus Hubertus van der Poel. Entrou para a vida franciscana em 07 de setembro de 1960, quando ingressou no noviciado. Sua primeira profissão ocorreu no dia 08 de novembro de 1961 e, a Profissão Solene no dia 08 de setembro de 1964. Sua ordenação presbiteral se deu no dia 14 de julho de 1967, ano que passou a residir no Brasil.

O começo do princípio se deu lá na cidade de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha (MG), isto era o ano de 1968, onde exerceu os primeiros anos de padre e se deu início de uma paixão: a religiosidade popular. No início um pouco resistente, mas que com a força do Espírito foi se abrindo a um novo mundo, como ele mesmo já disse: “a cultura popular não costuma separar vida e religião. Tudo é feito com a fé num Deus vivo e presente. O povo que recebe graça da revelação tem autonomia para responder e criar formas de culto. Em rituais e orações faladas ou cantadas, é essencial a ‘linguagem do encontrar’, expressão de uma grande fé nos mistérios da revelação, da aliança e da encarnação.” Ali, ele conheceu uma grande irmã, amiga e companheira de caminhada: Maria Lira Marques. Ela foi parceira e o acompanhou em toda sua vida dedicada a religiosidade popular. Residiu em Araçuaí até o ano de 1978. Foram dez anos de muitos aprendizados.

Ele se empenhou incansavelmente no resgate de cantigas das lavadeiras, nas rezas de benzedeiras e tantas outras manifestações da cultura e religiosidade que corriam o risco de se perder, graças aos avanços da modernidade. Fundou assim o coral Trovadores do Vale, cujo repertório é dedicado basicamente às cantigas populares.

Seu aprendizado não se encerrou ali, ele só foi o princípio de alguma coisa: a religiosidade popular.

A partir de 1978 até o ano de 1985, ele residiu na Fraternidade Santa Maria dos Anjos, em Betim, MG. Ali ele passou a mergulhar nas águas mais profundas da religiosidade popular, ele mesmo diz: “estudei e viajei, compartilhei festas e romarias, visitei terreiros, naveguei pelo rio São Francisco, caminhei pelo Nordeste”. Isto foi só o começo de longos anos de estudo sobre o povo pobre e simples, com suas alegrias e tristezas, com suas esperanças e angústias, com o seu modo de viver e rezar.

No ano de 1985, passou a residir na Colônia Santa Isabel, em Betim (MG). No meio dos hansenianos, ele começou do princípio o seu maior sonho: um dicionário da religiosidade popular. Obra construída com labor e simplicidade, tecido com diversas mãos, não faltaram amigos e colaboradores nessa empreitada, sua publicação se deu em 2013. Ali, também, organizou e regeu o Coral Tangarás de Santa Isabel; que além de cantar em celebrações litúrgicas, tinha um repertório variado, realizando diversas apresentações em programas de TV, como também gravou cd’s. O Coral Tangarás de Santa Isabel foi muito bem acolhido pelo meio musical. Em sua História, Frei Chico vivenciou histórias de superação do sofrimento humano por meio do canto e da arte. Na escrita e na arte fora um verdadeiro amante do “pensamento redondo”, dispensando o linear. Não foram, somente, quarenta anos de pesquisa e escrita, mas fora uma vida dedicada a história sagrada do povo.

De 2001 a 2013, residiu na Fraternidade Rivotorto, em Ribeirão das Neves. Depois na Fraternidade Santa Maria dos Anjos, em Betim (MG); e, por fim, na Fraternidade São Francisco das Chagas, Carlos Prates, Belo Horizonte (MG).

Em sua história de vida, Francisco van der Poel tornou-se: membro do Conselho do Centro da Memória da Medicina, na UFMG; membro do corpo docente do Instituto Santo Tomás de Aquino; membro da Comissão Mineira do Folclore; Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, membro da Ordem dos Músicos do Brasil e Palhaço do Teatro Terceira Margem (Belo Horizonte, MG).

Suas principais publicações são: Deus vos salve, casa santa (Estudos da CNBB), “Abra a porta” (1979), obra que auxiliou na elaboração; Com Deus me deito, com Deus me levanto (2018), e o Dicionário da religiosidade popular, cultura e religião no Brasil (Nossa Cultura, 2013).

Para além, redigiu artigos para diversas revistas e participou de conferências em diversos institutos do Brasil. Por fim, o seu maior desejo era escrever um último livro, reunindo as histórias sagradas do povo, a mote de narrativas bíblicas populares. Infelizmente, sua saúde não mais o permitiu. Este seria mais um presente de gratidão que gostaria de ter dado ao povo que tanto o ensinou que “o pouco com Deus é muito.”

Sua personalidade foi a de um apaixonado, convencido da importância daquilo que fazia. Frei Chico nunca passava desapercebido: onde chegava se fazia logo notar com seu violão, seu assovio imitando passarinhos, seu palhacinho dependurado na cintura, seus versos bem-humorados, seu nariz de palhaço e muita, muita prosa.

Seus últimos dias se deram no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, MG. Após passar mal, no dia 02 de janeiro, na Fraternidade São Francisco das Chagas, Carlos Prates, Belo Horizonte, MG, foi encaminhado ao hospital, onde, primeiramente, foi diagnosticado com gastroenterite e disfunção renal. Na tarde de domingo, pela tarde, foi acometido de uma parada cardiorrespiratória. A equipe médica realizou as manobras de reanimação, tendo um retorno após quarenta minutos, o que ocasionou um quadro de Encefalopatia Anóxica, ocasionando graves danos neurológicos irreversíveis. Para além, foi coletado o líquido cerebroespinhal (líquor) que o diagnosticou com infecção do SNC.

A Província Santa Cruz e a Equipe do Hospital do Madre Teresa, durante esses dias, se dedicaram intensivamente no cuidado e na busca da recuperação da saúde de Frei Francisco van der Poel. Familiares e amigos se uniram em oração. Familiares e amigos se uniram em oração, até que hoje, dia 14 de janeiro, o Senhor o chamou para Si. Foram momentos que nos fizeram compreender o que este nosso irmão sempre dizia: “Começo do princípio do início de alguma coisa…”

Ele mesmo conclui: “Finalmente, mesmo estando no começo do princípio do início de alguma coisa, nunca desanimei, pois aprendi com os pobres deste país que O POUCO COM DEUS É MUITO.”

Frei Francisco van der Poel

03/08/1940 - 14/01/2023

Em Araçuaí, fundou o Coral Trovadores do Vale que percorreu Brasil afora e outros países. Era um dos grandes incentivadores da secular festa da Irmandade dos Homens Pretos do Rosário de Araçuaí, e todos os anos, ajudava a celebrar a tradicional Missa da Festa do Rosário.


Participação do Frei Chico no Programa Sr. Brasil:

A ERA DAS NARRATIVAS - Crônica do Jornal da Globo de 15 de Janeiro de 2023


Muitas coisas me reviraram o estômago naquele festival de horrores do 8 de janeiro, mas nem todas me surpreenderam. Como, por exemplo, o evento em si, abertamente ensaiado, avisado e anunciado, com direito a ônibus e lanches pagos, e escolta da polícia. Tive a sensação do pastor que assume um rebanho de ovelhas e se esquece de tirar do lobo a responsabilidade de vigiá-las (ele vai fatalmente comê-las, como comeu). Outra coisa que não me espantou: como o patrimônio institucional e artístico do Brasil é pessimamente guardado, vide o incêndio do Museu Nacional.

Na Praça dos Três Poderes, as imagens da horda de vândalos esfaqueando e pilhando obras de arte fizeram jus ao povo bárbaro que lhes emprestou a alcunha, aquele que saqueou Roma durante duas semanas no ano de 455. Uma cena que sangrará nos nossos livros de História para sempre, mas que é consequência dos longos últimos anos de repetidos discursos de desprezo e chacota por tudo que é artisticamente produzido nesta terra. De tanto que desvarios foram repetidos, há gente que realmente acredita neles. Eis o resultado de um elaborado e minucioso projeto de desinvestimento em educação de base, perpetuação de poder e subjugação cultural — que, aliás, não começou há quatro anos, mas se mantém por séculos e séculos, em to-dos os governos.

Daí, sim, vem a constatação assustadora: o fim da Era da Imagem. Ela começou com a popularização da televisão e chegou ao auge com o advento do TikTok, em que tudo passou a ser globalmente creditado e moldado por aquilo que as pessoas tinham a capacidade de ver: eventos históricos, padrões estéticos, construções de reputações, guerras, grandes comemorações e desastres. Se havia uma câmera registrando, era então verdade. Os relatos orais ou escritos deixaram de ser suficientes, e assumiram um papel secundário de legenda para aquilo que não podia enganar os olhos.

Mas, diante da imensa e chocante quantidade de pessoas que, mesmo com a transmissão ao vivo da barbárie em Brasília, se recusa a admitir o violento ataque ao Estado de Direito, é impossível não constatar que a Era da Imagem deu lugar à Era das Narrativas. Existe aqui um lado bom e outro ruim. No primeiro caso, a possibilidade de pessoas antes invisibilizadas pelas estruturas opressoras de poder dividirem suas experiências e assumirem o pleno exercício da cidadania que a sociedade lhes refutou.

O lado negativo, orquestrado por líderes e algoritmos mal-intencionados, é o monopólio da narrativa de como o sujeito enxerga e conta as histórias, não necessariamente o que acontece e todo mundo vê. As imagens passam a ser as legendas dos discursos, e não o contrário; são adaptadas (ou manipuladas) de acordo com os interesses de quem os pronuncia e em nome do engajamento. Uma pessoa chegou a me escrever no último domingo, enquanto jorravam na TV as cenas do quebra-quebra: “Será que você não percebeu que é deep-fake (nota: criação de vídeos e áudios falsos por inteligência artificial)? Essas imagens estão sendo totalmente inventadas pela mídia”.

Não adianta rebater com ciência, levar a pessoa ao local, testemunhar os escombros. Ela se diz negra, mesmo sem um pingo de melanina, só para roubar o lugar de alguém no concurso; ela mente que vacina faz mal, absurdo que parecia desde 1904 tão superado; ela se diz patriota, enquanto joga a obra “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, no chão inundado. Qualquer opinião tem para si força de lei, e assim nem a lei é respeitada, quando esta confronta uma opinião.

Não há divergência ou diálogo; apenas oponência e monólogos rasos, que, claro, descambam para a violência. Com um mundo cada vez mais virtual e metavérsico, tudo passa a ser relativo, sobretudo a realidade. Em meio a tantas tecnologias e mudanças que põem em xeque a sanidade intelectual, o Brasil precisa, com urgência, se lançar num projeto revolucionário e inédito em sua História, para construir narrativas saudáveis, retomar sua dignidade como nação, realfabetizar-se na democracia e garantir a integridade física, mental e social de seu povo. Ele se chama escola.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Acesso ao Livro Didático Digital vai potencializar ainda mais o uso da tecnologia nos anos iniciais do Ensino fundamental em de 2023 na Rede municipal de Carlos Chagas


Gestores do amanhã, colegas professores, em 2023, além dos livros impressos que estamos recebendo pelos Correios, o FNDE disponibilizará os livros didáticos do PNLD 2023 (anos iniciais) no formato digital para estudantes e professores. Esta é uma ação que vai potencializar ainda mais a incorporação da tecnologia na prática pedagógica de todos os professores. 

Para que os estudantes de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental possam acessar as obras digitais do PNLD 2023, será necessário que as escolas informem os seguintes dados de seus estudantes: CPF e série em que está matriculado em 2023. 

A liberação do acesso aos materiais no Portal do Livro só será possível mediante o cadastro prévio de CPF e série e, para que as escolas façam o devido preenchimento dos dados, foi desenvolvida a aba “Carga de estudantes” no Sistema PDDE Interativo/SIMEC. Estudantes que ainda não possuem o número do CPF podem solicitá-lo junto à Receita Federal por meio do link https://servicos.receita.fazenda.gov.br/Servicos/CPF/InscricaoPublica/inscricao.asp. Já para aqueles estudantes que não podem obter o CPF, o FNDE está buscando formas alternativas para o acesso a essas obras, o que será tratado posteriormente. Ressaltamos que o FNDE, ao receber os dados dos estudantes, submete se aos princípios e às regras constantes da Lei nº 13.709/2018 - Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Por fim, lembramos que cada escola é responsável pela inserção dos dados de seus estudantes no Sistema e, para a liberação do acesso aos livros em fevereiro de 2023, os dados devem ser informados até o 20 de janeiro de 2023. Para auxiliar no preenchimento, utilize o Manual “Carregamento de dados dos estudantes no SIMEC” disponível no Portal do FNDE em https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a informacao/acoes-e-programas/programas/programas-do-livro/pnld/manuais-pdde simec. Contamos com a sua colaboração para que os estudantes tenham acesso às obras digitais.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Atualizamos a caridosa presença da Dra. Zilda Arns em nossa história, pediatra fundadora da Pastoral da Criança, que morreu em 12 de Janeiro de 2010, de forma muito trágica e que tanto bem fez às crianças pobres do nosso país.

 


Estamos hoje, fazendo a memória da Dra. Zilda Arns, atualizando a sua caridosa presença em nossa história que salvou tantas crianças em situação de fome. Por isso lembramos que no dia 12/1/2010,  um terremoto no Haiti, matou mais de 100 mil pessoas e destruiu boa parte da capital, Porto Príncipe. Na ocasião morreu Dra. Zilda Arns, médica pediatra, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, que ali estava na  missão de expandir um trabalho que deu certo no Brasil.

Jamais esqueci as palavras da Dra. Zilda em seu último pronunciamento no Haiti que fiz questão de guardar e que ficou registrado em um marca Bíblia que ganhei da Pastoral da Criança da nossa cidade:

“Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-las”


Lembro que em uma Reunião Pedagógica uma equipe da Pastoral da Criança foi explicar para os professores como era o trabalho da Pastoral em nossa cidade. Queria, naquela época, enfatizar o exercício da caridade entre os professores, porque entendia que o ato educativo tem muito de caridade. As palavras da Professora de História, D. Graça, um pouco que inspirou a solicitação da presença da equipe na nossa Reunião Pedagógica, quando ela sempre dizia: "que não precisaríamos ir longe para praticar a caridade e o amor quando temos a nossa frente os nossos alunos em sua maioria da periferia da nossa cidade". 

Hoje fazemos esta memória atualizando este ícone mundial da caridade cristã, que foi Dra. Zilda Arns, para quem sabe poder inspirar pessoas a prática do amor e da caridade, nesse momento tão complexo da nossa história a mudarem o foco de suas vidas. Penso que no lugar de ideologias raivosas pode ser colocado o fato de ser caridade na vida do outro necessitado.

Dra. Zilda Arns vive!  

E vive em todas as marcas de bondade que deixou nesse nosso mundo tão carente de referências de AMOR total e gratuito.

                           Por Deodato Gomes

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Quais habilidades são necessárias na educação de crianças e jovens? Ao escolher a melhor educação para os filhos não se esqueça da pedagogia do simples.

A aprendizagem talvez seja o mistério mais belo da alma humana. A construção de sentido daquilo que nos é transmitido pelas vozes do mundo é um fenômeno que não pode se reduzido a meros movimentos neuronais ou fisiológicos, como desejam alguns neurocientistas financiados pela indústria farmacêutica. Não há medicamento para facilitar o conhecimento, está aí algo impossível de comprar. 

Um gesto que não se inscreve como ato natural, o ato de aprender se relaciona com o desejo de buscar algo que nos falta, com a incompletude que sentimos diante dos fenômenos do mundo e das pessoas que nos rodeiam. Aprendemos quando conseguimos dar sentido à rede simbólica que nos invade por meio da experiência sensorial e, assim, desenvolvemos o mistério da abstração, manifestação essencialmente humana. 

Não é verdade que aprendemos fazendo. Aprender é um ato que vai além do reducionismo prático contemporâneo. O processo de aprendizagem acontece quando somos capazes de abstrair o significado de algo e conseguimos, por meio da reflexão, relacioná-lo ao sentido de estarmos no mundo. Só a partir da abstração conseguimos produzir um texto, calcular uma derivada, entender as relações químicas, refletir sobre as Leis de Newton, ler Shakespeare, chorar na companhia de Fernando Pessoa e construir conceitos filosóficos. 

A nova pedagogia, ao se valer apenas da atividade concreta, se funda em uma ideia desvirtuada de ser humano, se é que ela construiu alguma. O próprio conceito de “mão na massa”, despossuído de qualquer significado acadêmico, importado da cultura maker norte-americana, carece de uma musculatura conceitual mais rígida. Ainda não entendemos o que isso quer dizer, caso queira significar alguma coisa além de “prática”. 

Colocar crianças e jovens diante de parafernálias coloridas, cheias de botões para downloads, viciadas em um eterno plug and play não as fará mais inteligentes, apenas mais ansiosas mesmo. Talvez, distanciá-las de habilidades reflexivas, ofertando metodologias pasteurizadas, distantes de qualquer abstração, seja apenas um projeto torpe que as entregará, de forma alienante, à aceleração do mundo atual. 

Ao olharmos com admiração para a educação grega e seus constructos simbólicos, como a democracia, o teatro, a filosofia e as Olimpíadas, é porque eles se dedicaram a formar sujeitos reflexivos, que entenderam o ato de educar como gesto abstrato, capaz de ajudar o ser humano a resistir à opressão da sucessividade, como nos ensinou Borges.  

Lemos com Heródoto, historiador grego, que os persas educavam seus filhos, dos 05 aos 20 anos, seguindo apenas três preceitos: andar a cavalo, manejar bem o arco e dizer a verdade. Apenas três habilidades fundamentais para orientar toda a educação na corte de Dario. Essa pedagogia do simples estava focada em três competências básicas: o equilíbrio, a concentração e a sabedoria. 

Consultando a BNCC – Base Comum Nacional Curricular, documento da nova pedagogia que orienta a construção de programas de ensino em todo território nacional, encontramos, apenas em Língua Portuguesa, mais de 100 habilidades a serem desenvolvidas ao longo da Educação Básica. Será que precisamos disso tudo mesmo? Seremos, com isso, mais completos que gregos e persas?  Só o tempo será capaz de dizer. 

Do lado de cá da história, ficamos apenas com a pergunta, capacidade abstrata presentada pelos deuses: de verdade, quais e quantas habilidades são necessárias para o desenvolvimento de um ser humano equilibrado, saudável e sábio?

De certa forma, escolher a melhor educação para os filhos é, antes de tudo, pensar essa questão fundamental.  

FONTE: Estado de minas

Após domingo, ainda continuaremos retirando as Ciências Humanas da escola? A educação é contra violência. Educamos porque não coadunamos com atos agressivos; se optamos pela bestialidade é porque não acreditamos no potencial de educar

 

      Minas do dia 09-01-2023


Muita gente já escreveu sobre as ações perversas, encabeçadas pelos terroristas dominicais, em seu “golpe de uma tarde de verão”. A reprodução tupiniquim da invasão ao Capitólio levanta, sem sombra de dúvida, a urgência de mecanismos enérgicos e eficientes na garantia da democracia, valor inegociável, premissa fundante de qualquer pacto social. 

No entanto, a tentativa fracassada desse Golpe de Estado, para além do rigor da lei, suscita uma importante discussão acerca dos caminhos trilhados pela educação neste contexto. No ano passado, escrevi uma coluna, neste espaço, ressaltando aspectos importantes para inibirmos qualquer tipo de formação fascista. Do antigo texto, gostaria de ressaltar um trecho:

“Não se trata de pensar a educação pós-pandemia, pós-analógica, pós-adulta, pós-verdade ou pós-conhecimento. O negócio é muito mais sério que isso. A proposta é pensar um processo formativo que ensine ao homem que ele precisa se humanizar para receber essa alcunha. E isso consiste, basicamente, em reprimir seu desejo originário e natural de eliminar qualquer outro que pretenda se interpor diante de seu desejo e seu caminho.”

A educação é, por princípio, contra qualquer tipo de violência. Se educamos é porque não coadunamos com atos agressivos, se optamos pela bestialidade é porque já não acreditamos mais no potencial de educar.  

Não é à toa que as nações com menor índice de violência são, também, aquelas que mais investem em uma educação crítica e de qualidade. Não ressalto uma educação qualquer, mas um processo de ensino-aprendizagem comprometido com a formação para a cidadania, os valores éticos e a sensibilidade estética. Vários dos que estavam lá, invadindo os espaços simbólicos da democracia brasileira, passaram por algum curso superior, foram aprovados em concursos e sabem ler e escrever. Não é disso que se trata, a educação contra o fascismo é algo que vai além.  

Na contramão do que realmente precisamos neste momento, nos entristece assistir que, a cada dia, presenciamos o desmonte dos componentes curriculares que têm em seu objeto de estudo justamente as questões republicanas, de ordem ética, humana e política. Faço referência às disciplinas escolares como a filosofia, a sociologia, a geografia, a arte e a história.

Sem desmerecer o potencial formativo das outras áreas de conhecimento, levanto a questão específica das Ciências Humanas. É notório que, no cenário educacional, esta é a área que mais perde carga horária. Entram e saem governos, de posições ideológicas variadas, e a mira está sempre apontada às Humanas. 

Reitero: não estou afirmando que a missão de combater o fascismo seja exclusivamente pedagógica, no entanto, é quase impossível negar que uma educação profunda pode contribuir, sobremaneira, para o desenvolvimento de um povo mais democrático e de uma nação com espírito republicano. Essa é, justamente, a matéria de trabalho das Ciências Humanas. 

Na contramão do que realmente precisamos neste momento, nos entristece assistir que, a cada dia, presenciamos o desmonte dos componentes curriculares que têm em seu objeto de estudo justamente as questões republicanas, de ordem ética, humana e política. Faço referência às disciplinas escolares como a filosofia, a sociologia, a geografia, a arte e a história.

Sem desmerecer o potencial formativo das outras áreas de conhecimento, levanto a questão específica das Ciências Humanas. É notório que, no cenário educacional, esta é a área que mais perde carga horária. Entram e saem governos, de posições ideológicas variadas, e a mira está sempre apontada às Humanas. 

Reitero: não estou afirmando que a missão de combater o fascismo seja exclusivamente pedagógica, no entanto, é quase impossível negar que uma educação profunda pode contribuir, sobremaneira, para o desenvolvimento de um povo mais democrático e de uma nação com espírito republicano. Essa é, justamente, a matéria de trabalho das Ciências Humanas. 

domingo, 8 de janeiro de 2023

Túmulo dos vagalumes, uma emocionante história baseado em fatos reais. Muita emoção e empatia nesse anime.

 O filme está no final do texto

Desafio qualquer um, mesmo aquele que se diz mais durão e durona a assistir esta animação sem derramar lágrimas. Quem já assistiu ao Túmulo dos Vagalumes, sabe do que estou falando? Baseada em uma história real, com momentos tão atravessadores, que fica muito  difícil segurar a emoção.  Esta animação, na minha opinião, é uma das mais tristes e comoventes da história do cinema de animes.  Já assisti pelo menos três vezes e sempre é um envolvimento intenso com a história que o filme conta, me sentindo completamente tomado com a proposta do mesmo. Baseado em um conto  que só virou filme em 1988,  é o registro convincente de uma história real. Túmulo dos Vagalumes mexe com nossa emoção, tocando fundo nossa sensibilidade com sua dramática história, que apesar de tudo, tem muita empatia e do encantamento no relacionamento daquelas crianças. Não adianta, ao ver esse anime você não se conterá e se desmanchará em lágrimas. Dois irmãos: Setsuko e Seita, são os protagonistas dessa bela história de dor, sofrimento, aflição, agonia, angústia, mal, padecimento, tortura.. nem sei mais o que falar.  Contudo é também uma história de identificação, envolvimento, compatibilidade, afinidade, sintonia, amizade, inclinação, defesa dos valores e sei lá o que mais posso dizer. 

É um sofrimento sem medida, envolvendo duas crianças vítimas da 2ª guerra, apresentadas com muito simbolismo, muita leveza e princípios fortalecedores de uma resistência inacreditável, tudo mostrado com bastante sutileza e verdades  subjacentes.  

O cenário é da 2ª Guerra Mundial em que o Japão, perdendo a guerra,  se vê cercados pelas tropas aliadas.  Após a morte da mãe num bombardeio americano na cidade e a convocação do pai para a Guerra, os dois irmãos vão morar com alguns parentes. Não dá certo a vida na casa dos parentes então eles saem da cidade e acabam num abrigo antibomba isolado na floresta, onde lutam contra a fome, doenças e se divertem com as luzes dos vagalumes.

O filme faz a gente refletir sobre as dramáticas consequências de uma guerra. Não se aprendeu a lição,  ainda hoje, em pleno século XXI, a Rússia e a Ucrânia estão se destruindo em uma guerra sem sentido, isso,  depois da 1ª , 2ª Guerra e tantos conflitos regionais existentes na geopolítica do mundo. 

Numa guerra os mais atingidos são as crianças. Lembram dessa imagem?


Essa criança foi resgatada dos escombros,  com vida depois de bombardeios na cidade de Aleppo na síria.

Mas vamos voltar ao filme, os dois irmãos buscam de todas as formas sobreviver em um cenário de bombas e fome,  tendo até que saber  lidar  com pessoas afetadas mentalmente pela guerra. Nesse contexto as pessoas perdem a empatia e assumem portanto uma postura egoísta e arrogante,  tornando-os incapazes de sensibilizar com os dilemas de duas crianças. A luta pela sobrevivência destroe  a humanidade  tornando as incapazes de praticar a solidariedade e a partilha com aquelas duas crianças.  
O amor e a inocência das crianças faz todo o encantamento do filme ser de intensa beleza mas o resultado a que chegam é muito  trágico. A analogia com os vagalumes acontece em decorrência da programação biológica dos mesmos que assim que se iluminam e produz o brilho,  tem suas vidas encurtadas. E então fiquei pensando que simbolicamente sugerem as bombas lançadas, e os próprios irmãos que apesar daquele triste momento, brilham como vagalumes em valores e humanidade. 

Recomento assistirem, porque o filme mobiliza a nossa capacidade de reflexão e assim nos provoca muitos ensinamentos e lições, contribuindo para nós nos tornemos uma pessoas empática, que sabe compreender o outro. A vida exige luta intransigente na sua defesa em meio à qualquer situação que ameaça a paz e a convivência democrática entre os homens. Não existem o outro inumano, todos nós somos portadores de dignidade e de humanidade,  independente de qualquer contexto em que se venha fazer a negação dessa constatação. A história humana está repleta de situações em que o outro foi declaro inumano para se justificar um genocídio: os índios, os judeus etc...
                         Por Deodato Gomes