Como nosso Girassol tem a parte das Canções não podemos deixar de convidá-los a ouvir aqui um clássico da banda Pink Floyd: Time. Esta canção é mesmo demais. Quantas vezes ouvimos o Madinho cantá-la, e não entendíamos naquele tempo esta letra que é fascinante. Não percebemos a dimensão do tempo, que é o senhor das nossas vidas, esta que é apenas um piscar de olhos na imensidão do nosso infinito particular. Quando percebemos mesmo, tudo já está no fim, e não podemos voltar para refazer os gestos mal feitos. Olhamos para trás e vemos tanto tempo jogado fora com nada, empreendendo buscas que não levam a lugar nenhum. Assistimos atônitos nossa geração passando outra juventude brotando e a gente insistindo nas efemeridades, naquilo que não nos realiza, muito pelo contrário nos infunde de uma falsa percepção de que podemos controlar o correr do tempo em nossas vidas. Vamos vivendo assim a angústia do dias na nossa pequenez humana, alienados em nós mesmos, como bem nos mostra o trecho da canção que diz “você corre atrás do sol, mas ele está se pondo, fazendo a volta para nascer outra vez atrás de você”
Para fazer um pouco de intertextualidade com a canção apresento aqui o lindo poema de Mario Quintana que dispensa qualquer comentário, mas tem tudo haver com a canção.
“Seiscentos e Sessenta e Seis”
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. seguia sempre, sempre em frente … E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Mario Quintana QUINTA, M. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 2005.
por Deodato Gomes Costa
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