Como pétalas de uma rosa arrancadas pelo ódio, os foguetes e mísseis cruzam os céus de um Oriente Médio ensanguentado, semeando um futuro de cinzas onde deveria haver sonhos. No dia 7 de outubro, as rosas de Hiroshima desabrocham no deserto, sob a forma de explosões que sequestram a inocência e silenciam risadas infantis. O Hamas, ao lançar seus foguetes, e Israel, ao responder com misseís, parecem não perceber que suas rosas de metal e fogo só fazem florescer lágrimas e dor em solo sagrado. As crianças, vítimas silenciosas desse interminável inverno de disputas, são marcadas com o estigma da guerra, com seus corpos e mentes fragmentados, como se a cada investida contra o oponente, um pedaço do futuro fosse extirpado junto com suas esperanças.
Na Faixa de Gaza, os pequenos, encurralados entre escombros e desespero, olham para um céu que mais parece um pesadelo povoado por monstros de aço. Hospitais colapsados tentam, sem sucesso, suturar as feridas físicas, mas quem poderá cuidar das cicatrizes invisíveis que se aninham em suas almas? Os reféns de Israel em Gaza e os prisioneiros palestinos em território israelense, também vítimas dessa interminável espiral de vingança, são lembranças vivas de que o custo humano não conhece fronteiras, etnias ou religiões. Ambos os lados cultivam suas próprias versões da rosa radioativa, antirosa atômica, sem perceberem que juntas cultivam o mesmo jardim envenenado.
Pensem nas crianças, seus olhos, mesmo cegos pela poeira da destruição, refletem uma verdade inexata que os homens de poder parecem ignorar: cada criança silenciada por um conflito, cada vida jovem perdida, é um grito mudo que ressoa muito além das fronteiras políticas. Pensem nas meninas e nos meninos, agora telepáticos em sua dor, comunicando-se em uma língua universal de sofrimento e medo, unidos pela brutalidade que lhes é comum. Que valor tem a vida de uma criança nesse xadrez geopolítico? Elas, as crianças mortas, as sobreviventes, rotas alteradas, desliguem de nós uma resposta que a humanidade ainda não sabia dar. E enquanto não a encontrarmos, enquanto tratamos suas vidas significado como notas de rodapé nas páginas da história, nunca entenderemos o verdadeiro da palavra paz.
Professor Deodato Gomes
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