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sábado, 20 de julho de 2024

O Equilibrista Fernanda Lopes de Almeida!


 

É com grande satisfação que apresentamos mais um momento especial de nossa tertúlia aqui no Girassol. Hoje, convidamos vocês a mergulharem na metáfora da vida com a encantadora história "O Equilibrista" de Fernanda Lopes de Almeida. Esta narrativa, repleta de profundidade e reflexão, nos leva a pensar sobre a jornada de cada um de nós, sempre em busca de equilíbrio em meio aos desafios diários.

Fernanda Lopes de Almeida, com sua sensibilidade única, nos presenteia com a história de um equilibrista que, nascido em um fio sobre um abismo, aprende a construir sua própria realidade, transformando dificuldades em oportunidades. A metáfora do equilibrista nos lembra que, assim como ele, somos os artesãos de nossas vidas, responsáveis por tecer nossas experiências, sonhos e conquistas.

Convido todos a refletirem sobre esta metáfora, lembrando que cada passo no fio da vida é uma oportunidade de crescimento e aprendizado. Que possamos, como o equilibrista, encontrar força e criatividade para enfrentar nossos desafios e construir um caminho que vale a pena ser trilhado.

Extrapolando um pouco na interpretação, vimos ainda que neste livro, a vida de um equilibrista está sempre por um fio. Tentando se manter sobre esse fio chamado 'vida', ele vai construindo sua trajetória.

Desejo a todos uma leitura inspiradora e que esta história ecoe em suas vidas, incentivando-os a encontrar o equilíbrio e a beleza em cada momento.

Com apreço,

Deodato Gomes Costa

@professordeodatogomes


O Equilibrista 

Fernanda Lopes de Almeida


Era uma vez um equilibrista.

Vivia em cima de um fio, sobre um abismo.

Tinha nascido numa casa construída sobre o fio.

E já tinha nascido avisado de que a casa podia desmoronar a qualquer momento.

Mas logo percebeu que não havia nenhum outro lugar para ele morar.

O equilibrista ainda era bem jovem quando descobriu que ele mesmo é que tinha de ir inventando o que acontecia com o fio.

“_ Meu Deus! Que responsabilidade!”

Se queria ter uma festa, tinha que fabricar a festa com o fio.

“_ Não há nenhuma festa pronta para as pessoas ali na esquina.

 _ Não? Então vou fazer uma.

CONVITE PARA MINHA FESTA:

 _ Eu que fiz.”

Se queria ir a Europa, tinha que construir a viagem para a Europa.

“_ Tem aí uma viagem para Europa já viajada?

 _ Engraçadinho! Não quer mais nada não?”

Ele então transformava o fio em viagem.E a verdade é que não se arrependia:

“_ É incrível quanta coisa se pode fazer com este fio!”

Para ter amigos, o equilibrista tinha que procurar outros equilibristas.

As pessoas desequilibristas não queriam ser amigos dele:

“_ Que ideia essa, de viver assim! É louco!”

O equilibrista tentava se defender:

“_ A idéia não foi minha, já nasci assim!”

Mas as pessoas não queriam ouvir:

“_ Imagine se vou acreditar numa mentira dessas!”

Elas juravam que ninguém nasce assim.

O equilibrista então, ia se encontrar com outros equilibristas.

“_ Como vai?

 _ Vou me equilibrando dentro do possível.”

O equilibrista ficava um pouco assustado com a conversa dos desequilibristas:

“_ Como vai?

 _ Muito mal. Meu carro enguiçou.

 _ Como vai?

 _ Muito bem. Minha caderneta rendeu juros.

 _ Mas então quem vai mal e quem vai bem não são vocês. São o carro e a caderneta.

 _ Há! Há! Há! Olha o bobo!

 _ Qual a diferença?”

Os equilibristas também podiam ir muito mal ou muito bem.

Mas a conversa deles dava para entender:

“_ Como vai?

 _ Vou mal. Estou com um elefante na cabeça.

 _ Como vai?

 _ Vou bem. Hoje, pela primeira vez, eu verdadeiramente vi um beija-flor.”

É verdade que, às vezes, o equilibrista ficava morrendo de inveja de quem tinha um chão. Mesmo que fosse feinho.

Na mesma hora se desequilibrava e caía. Enquanto caía gritava.

O equilibrista fazia um esforço danado para saber onde era embaixo.

Afinal desistia:

“_ O jeito é ir desenrolando o meu fio!”

E desenrolava o melhor que podia.

“_ Pensando bem, gosto de ser equilibrista. Pensando bem, como é dura a vida de equilibrista! Pensando melhor, é ruim e bom. Tudo misturado.”

De vez em quando o equilibrista dava uma paradinha e olhava para trás:

“_ Puxa! Meu chão fui eu mesmo quem fiz!”

Tinha que ser uma paradinha rápida.

“_ Meu avô sempre dizia que quem pára demais para pensar acaba sem saber andar.”

Assim foi chegando ao fim do fio.

Antes de despedir-se, disse:

“_ Respeitáveis outras pessoas! Esta vida de equilibrista é perigosa, mas muito interessante. Por mim, fiz o que podia e achei que valeu a pena. Adeus!”

Umas pessoas concordaram. Outras, não.

“_ Eu também acho muito interessante! Viva o equilibrista!

 _ Eu não acho graça nenhuma!

 _ Eu acho que vale a pena! Vale muito a pena!

 _ Não vale a pena nada! Eu acho uma boa droga!”

O equilibrista deu um risinho:

“_ Justamente o interessante é que cada um acha o que quer!”

E saiu.

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