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sábado, 5 de outubro de 2024

A dualidade entre criação e destruição na obra de Chema Madoz!

1-Veja no pé de página quem é Chema Madoz

A obra de Chema Madoz que estamos analisando traz uma composição visual que une elementos conhecidos de maneira surpreendente e repleta de significados. Ao utilizar cigarros para formar o que parece ser uma flauta de pan, Madoz nos provoca a pensar sobre as associações e os papéis que atribuímos aos objetos do cotidiano, incentivando-nos a ver além do óbvio e a refletir sobre o que está implícito nessa composição.

Ao olhar para a imagem, dois elementos centrais saltam aos olhos: o cigarro, que carrega consigo o peso simbólico da destruição da saúde, e a flauta, que normalmente seria associada à criação de som, melodia e arte. Essa justaposição paradoxal gera uma tensão poética, característica marcante do trabalho de Madoz, que usa a fotografia para questionar e reconfigurar os significados convencionais.

De um lado, temos o cigarro, um objeto que consome lentamente a vida por meio do vício, deteriorando a saúde e os pulmões. De outro, temos a flauta, que também envolve os pulmões, mas em um contexto totalmente diferente: o de produzir arte, harmonia e beleza. Ambos os objetos compartilham o mesmo mecanismo fisiológico — a respiração —, mas os resultados são radicalmente opostos. Enquanto a flauta transforma o ar em algo positivo, como a música, o cigarro o transforma em destruição.

Essa dualidade nos leva a uma reflexão mais profunda sobre a importância das escolhas que fazemos em relação àquilo que consumimos e como utilizamos os recursos vitais do corpo. A respiração, um ato essencial à vida, pode ser tanto fonte de criação quanto de destruição, dependendo da forma como a utilizamos. Madoz nos lembra, através dessa metáfora visual, que o pulmão, assim como outros recursos vitais, pode ser empregado para produzir beleza ou, infelizmente, ser consumido por práticas prejudiciais.

Como pedagogos, temos a responsabilidade de instigar em nossos alunos e na comunidade escolar essa capacidade crítica de interpretar o mundo ao nosso redor, questionando as formas como os objetos, os hábitos e os símbolos que nos cercam podem tanto construir quanto destruir. A obra de Madoz serve como um poderoso ponto de partida para debates sobre saúde, escolhas conscientes e o papel da arte na conscientização social. Ao olharmos para essa imagem, somos convidados a repensar nossos hábitos e suas consequências, promovendo uma educação que vai além dos livros e toca nas escolhas práticas da vida.

@professordeodatogomes

1-Chema Madoz nasceu em 1958 e começou a fotografar em 1985. Em 1990, começou sua série de "objetos", que no ano seguinte ganharia o Grande Prêmio Kodak de Fotografia Européia, dedicado a jovens fotógrafos. Apesar de estar presente em grandes coleções públicas e museus espanhóis, Madoz é praticamente desconhecido fora de seu país natal.

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