Assisti a esta animação já há algum tempo e me encantei, tanto assim que cada vez que assisto novamente me emociono mais. Provoca em mim grandes reflexões. Sem um diálogo, só com imagens e som, é uma animação poderosa. Enche os olhos, é deslumbrante, muito mais que linda.
Vale a pena apresentá-la em qualquer reunião de trabalho! Serve também para reuniões pedagógicas porque promove boas discussões. Gera boas conversas.
Titulo Original: Paradise💗
Ano: 1985 (Melhor Curta nos festivais de Ottawa e Berlin)
Diretor: Ishu Patel
Personagens: Pássaro preto, pássaros coloridos, rei.
País: Canadá
Duração : 15 minutos
São 15 minutos de rara beleza.
Sinopse (Resumo da História do Filme):
Uma belíssima animação que conta a história de um palácio majestoso todo coberto de brilhantes onde moram um rei e uma ave. Aparentemente um lugar tão rico onde o rei sempre se mostrava alegre. Porém, quando uma ave negra que morava fora do castelo viu tamanha riqueza de cores, logo se encantou e sonhou ser ela o pássaro querido do castelo.
Assim ele buscou penas de outros pássaros e se fantasiou para dançar para o rei e o encantar. Porém logo a ave negra descobrirá que o castelo não é tão bom e que o paraíso fica em outro lugar. Um excelente momento de reflexão, sensivelmente inteligente, toca e emociona.
Já li que a psicanálise trabalha o fato do ser humano desejar o desejo do outro. A raiz de todos os nossos desejos é o desejo de ser reconhecido pelo Outro. Não estou aqui falando de necessidade, esta se encontra em outro lugar, fora do desejo. Se eu quero a coisa que o Outro quer isso significa que o que me atrai de fato não é a coisa em si, mas o olhar do Outro sobre a coisa. Ou seja: o que eu quero de verdade é o olhar desejante do Outro!
O Pássaro negro vivia esse dilema ético e faz de tudo para estar no lugar do outro. Assim como a lagarta quer se colocar na condição de borboleta, o Pássaro quis ser outro pássaro, para além dele mesmo. Mas a lagarta tem na sua natureza genética essa prerrogativa. O Pássaro negro desejava ser, a duras penas, o brilhante pássaro, e não ele mesmo. Queria fazer, na pele do outro, sua linda performance para o Rei. Não o bastava ser diverso, queria reluzir a luz da outra ave.
O sujeito desejante se sente assim, querendo ser o que não é, pois ser o que se é, é ser insuficiente. Aquele Pássaro, jamais seria o lindo pássaro que fazia as fascinantes exibições para o Rei. Tanto que, após grande momentos de solidão, acaba se descobrindo uma ave fake. Um leão não vai criar asas e voar, mas pode encontrar sua grandeza dentro daquilo que sua natureza o tornou e naquilo que seu ser próprio vir a ser, se tornar.
O lugar do outro, onde o Pássaro negro queria se colocar, ocultava em um intenso brilho o mais profundo exílio de uma sela, onde nem o pássaro reluzente desejava estar. Claro que a luminosidade do sol era mais viva que o aparente brilho interno do palácio.
Tentando se colocar em um lugar mais pleno e essencial, para onde a reflexão acerca dessa animação pode nos conduzir, concluo com esse axioma que me ocorreu aqui e que nem sei o autor:
"Quando reconhecemos o valor e o poder de quem somos e deixamos os julgamentos para trás, abrimos espaço para nossa essência viver de forma autêntica, livre e feliz."
Por Deodato Gomes
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