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sábado, 29 de março de 2025

"Uma Breve História da Inteligência"


O que é inteligência? E como ela pode nos ajudar a criar máquinas mais inteligentes?

Essa é a grande pergunta que o autor Max Bennett tenta responder em seu livro "Uma Breve História da Inteligência". De forma leve e instigante, ele nos convida a refletir sobre a evolução da inteligência — desde o surgimento da vida na Terra até os dias atuais, em que lidamos com robôs e inteligências artificiais cada vez mais avançadas.

Mas há um paradoxo curioso: se já conseguimos criar algoritmos que vencem campeões mundiais de xadrez e de go, por que ainda não conseguimos construir uma máquina que faça algo simples como colocar a louça na lavadora, tarefa que até uma criança de 6 anos executa com facilidade?

Segundo Bennett, isso acontece porque ainda não compreendemos plenamente como funciona a inteligência humana. Nosso cérebro é complexo e capaz de tomar decisões rápidas, lidar com estímulos diversos e se adaptar a contextos imprevisíveis — o que ainda representa um enorme desafio para a inteligência artificial (IA).

A proposta do livro

O autor propõe uma engenharia reversa da inteligência biológica: analisar como a inteligência evoluiu nos seres vivos para aplicar esses aprendizados no desenvolvimento da IA. Para isso, ele seleciona cinco marcos evolutivos fundamentais na história da inteligência.

1. Movimento e decisão

Com a simetria bilateral nos organismos multicelulares, surgiu a capacidade de se mover com direção: ir atrás de comida ou fugir de perigos. Para isso, os primeiros "cérebros" foram criados. Podemos dizer que foi aí que nasceram as primeiras decisões — e, de certa forma, o que entendemos como bem e mal.

Curiosamente, o famoso aspirador robô Roomba usa um sistema semelhante: ele muda de direção quando encontra um obstáculo e retorna à tomada quando está com pouca bateria. Simples, mas eficiente.

2. Sistema de recompensa

Mais adiante, os vertebrados desenvolveram o sistema dopaminérgico, responsável por aprendizados baseados em recompensa. É o princípio do “acertou, ganhou”, usado tanto em treinamentos de animais quanto na programação de algoritmos modernos.

3. A linguagem humana

A grande virada foi a linguagem. Com ela, foi possível compartilhar e acumular conhecimento, o que nos levou a criar sociedades complexas — e, por fim, as próprias inteligências artificiais.

Um livro que conecta o passado com o futuro

Mesmo não sendo neurocientista ou engenheiro, Max Bennett escreve de maneira clara e envolvente. Ele une conhecimento científico com exemplos práticos para nos mostrar que, ao entendermos como pensamos, poderemos criar máquinas que pensam com mais eficiência — e, quem sabe, até com mais humanidade.


💡 Reflexão final

"Uma Breve História da Inteligência" nos ensina que entender a inteligência não é apenas uma questão de ciência e tecnologia, mas também de compreender quem somos como seres humanos. Afinal, antes de ensinar uma máquina a pensar, precisamos reconhecer como pensamos nós mesmos.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

PSICOSE EM MASSA: UMA ANÁLISE CRÍTICA SOBRE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE


PSICOSE EM MASSA: uma análise crítica sobre educação e sociedade.

Introdução

Psicose em massa é um fenômeno social e psicológico que tem intrigado pesquisadores ao longo da história, sendo caracterizado pela adesão irracional de grandes grupos sociais a ideias ou comportamentos que contrariam a lógica e a realidade. Exemplos históricos marcantes incluem as caças às bruxas na Europa e na América nos séculos XVI e XVII, que levaram à perseguição de milhares de pessoas, e os regimes totalitários do século XX, que demonstraram a vulnerabilidade das massas à manipulação ideológica. Este trabalho objetiva relacionar os elementos desse fenômeno ao campo educacional, explorando como os processos de ensino e aprendizagem podem mitigar ou agravar os efeitos da psicose coletiva em diferentes contextos históricos e culturais.

Psicose em Massa: uma visão geral

Segundo Jung (1964), a maior ameaça à civilização não está em fatores externos como guerras ou pandemias, mas na própria psique humana, que pode sucumbir a forças internas descontroladas. A psicose em massa ocorre quando grupos sociais inteiros perdem contato com a realidade, como exemplificado pelas caças às bruxas nos séculos XVI e XVII (Hill, 1997) e pelos regimes totalitários do século XX (Arendt, 1951).

Gustave Le Bon (1895) destacou que "as massas nunca têm sede de verdade" e são facilmente seduzidas por ilusões. Este pensamento está alinhado às dinâmicas educacionais, pois o papel da educação é capacitar indivíduos a discernir entre fato e ficção, resistindo à manipulação psicológica.

Educação e Resistência ao Menticídio

Merlot (1956) definiu o menticídio como um sistema organizado de manipulação psicológica destinado a destruir a autonomia mental dos indivíduos. Exemplos históricos incluem as campanhas de propaganda totalitárias na Alemanha Nazista, que usaram medo e desinformação para consolidar o poder, e o controle ideológico imposto pelo regime stalinista, onde a censura e a repressão moldaram as crenças populares. Estes casos ilustram como líderes podem instrumentalizar o menticídio para enfraquecer a resistência e garantir submissão. A educação desempenha papel crucial na formação de mentes críticas, capazes de reconhecer falácias lógicas e resistir à propaganda ideológica. Byung-Chul Han (2015) reforça que o modelo educacional contemporâneo deve promover reflexão e diálogo, combatendo a "sociedade do cansaço" que fomenta conformismo.

O Papel da Tecnologia e da Cultura no Fenômeno

As tecnologias digitais amplificam a disseminação de propaganda e desinformação, contribuindo para estados de psicose coletiva. Debord (1967) adverte que a "sociedade do espetáculo" transforma tudo em mercadoria, alienando os indivíduos. Esse conceito refere-se a uma forma de organização social na qual as imagens e aparências tornam-se predominantes, ditando valores e comportamentos. A sociedade passa a ser estruturada em torno do consumo e da superficialidade, enfraquecendo as conexões autênticas e promovendo a alienação. Essa ideia é especialmente relevante para a educação, pois ressalta a necessidade de desenvolver competências críticas que permitam aos alunos questionar e desconstruir essas dinâmicas. Para resistir, Havel (1985) propõe a criação de estruturas paralelas – espaços culturais e educacionais que promovam liberdade e autonomia criativa.

Reflexões Finais e Propostas Educacionais

A luta contra a psicose em massa requer uma educação voltada para a liberdade e a dignidade humana. Para atingir esses objetivos, estratégias pedagógicas podem incluir o desenvolvimento de currículos focados no pensamento crítico, a promoção de debates em sala de aula que abordem temas éticos e sociais contemporâneos e a criação de espaços seguros para diálogo e reflexão. Além disso, iniciativas como projetos interdisciplinares que relacionem história, filosofia e sociologia podem ajudar os alunos a compreender as dinâmicas de manipulação e resistir a elas. Por exemplo, a análise crítica de eventos históricos, como os regimes totalitários, pode servir como ferramenta para identificar padrões de comportamento coletivo e incentivar a autonomia intelectual. Como Camus (1947) afirmou: "A única maneira de lidar com um mundo não livre é tornar-se absolutamente livre". Esta declaração, dentro do contexto da psicose em massa, destaca a importância da autonomia individual como resistência a sistemas de manipulação e opressão coletiva. No campo educacional, ela reforça a necessidade de promover a liberdade de pensamento e a capacidade crítica nos estudantes, capacitando-os a enfrentar narrativas dominantes que restringem a liberdade e promovem conformismo. Assim, a educação não apenas emancipa, mas também funciona como um ato de rebelião contra forças desumanizadoras. Além disso, é essencial fomentar o pensamento crítico, a conexão humana e a resistência à manipulação tecnológica.

@professordeodatogomes

Referências

Este artigo foi redigido baseado no vídeo: Psicose em Massa: Como uma sociedade inteira se torna mentalmente doente. YouTube, de 30-11-2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=he3l4DYhEqo. Acesso em: 24 dez. 2024.

Segue a bibliografia apresentada pelo autor do vídeo:

Referências

ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
CANETTI, Elias. Massa e Poder. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
EMPOLI, Giuliano da. Os Engenheiros do Caos. São Paulo: Vestígio, 2019.
FROMM, Erich. Medo à Liberdade. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
FREUD, Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do Eu. Rio de Janeiro: Imago, 1974.
HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. São Paulo: Globo, 2014.
JUNG, Carl G. O Homem e Seus Símbolos. Petrópolis: Vozes, 2008.
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as Democracias Morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
ZIMBARDO, Philip. O Efeito Lúcifer: Como pessoas boas se tornam más. São Paulo: Record, 2008.
ORTEGA Y GASSET, José. A Rebelião das Massas. Rio de Janeiro: Livros do Brasil, 1987.
BYUNG-CHUL HAN. A Sociedade do Cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017.