Bullying

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terça-feira, 15 de novembro de 2022

PARAÍSO - apolínea animação!

Assisti a esta animação já há algum tempo e me encantei, tanto assim que cada vez que assisto novamente me emociono mais. Provoca em mim grandes reflexões. Sem um diálogo, só com imagens e som, é uma animação poderosa. Enche os olhos, é deslumbrante,  muito mais que linda. 

Vale a pena apresentá-la em qualquer reunião de trabalho! Serve também para reuniões pedagógicas porque promove boas discussões. Gera boas conversas. 

Titulo Original: Paradise💗

Ano: 1985 (Melhor Curta nos festivais de Ottawa e Berlin)

Diretor: Ishu Patel

Personagens: Pássaro preto, pássaros coloridos, rei.

País: Canadá

Duração : 15 minutos

São 15 minutos de rara beleza. 

Sinopse (Resumo da História do Filme): 

Uma belíssima animação que conta a história de um palácio majestoso todo coberto de brilhantes onde moram um rei e uma ave. Aparentemente um lugar tão rico onde o rei sempre se mostrava alegre. Porém, quando uma ave negra que morava fora do castelo viu tamanha riqueza de cores, logo se encantou e sonhou ser ela o pássaro querido do castelo. 

Assim ele buscou penas de outros pássaros e se fantasiou para dançar para o rei e o encantar. Porém logo a ave negra descobrirá que o castelo não é tão bom e que o paraíso fica em outro lugar. Um excelente momento de reflexão, sensivelmente inteligente, toca e emociona.

Já li que a psicanálise trabalha o fato do ser humano desejar o desejo do outro. A raiz de todos os nossos desejos é o desejo de ser reconhecido pelo Outro. Não estou aqui falando de necessidade, esta se encontra em outro lugar, fora do desejo.  Se eu quero a coisa que o Outro quer isso significa que o que me atrai de fato não é a coisa em si, mas o olhar do Outro sobre a coisa. Ou seja: o que eu quero de verdade é o olhar desejante do Outro!  

O Pássaro negro vivia esse dilema ético e faz de tudo para estar no lugar do outro. Assim como a lagarta quer se colocar na condição de borboleta, o Pássaro quis ser outro pássaro, para além dele mesmo. Mas a lagarta tem na sua natureza genética essa prerrogativa.  O Pássaro negro desejava ser, a duras penas,  o brilhante pássaro, e não ele mesmo.  Queria fazer, na pele do outro, sua linda performance para  o Rei. Não o bastava  ser diverso, queria reluzir a luz da outra ave.

O sujeito desejante se sente  assim, querendo ser o que não é, pois ser o que se é, é ser insuficiente. Aquele Pássaro, jamais seria o lindo pássaro que fazia as fascinantes exibições para o Rei. Tanto que, após grande momentos de solidão, acaba se descobrindo uma ave fake. Um leão não vai criar asas e voar, mas pode encontrar sua grandeza dentro daquilo que sua natureza o tornou e naquilo que seu ser próprio vir a ser, se tornar.

O lugar do outro, onde o Pássaro negro queria se colocar, ocultava em um  intenso brilho o mais profundo exílio de uma sela, onde nem o pássaro reluzente desejava estar. Claro que a luminosidade do sol era mais viva que o aparente brilho interno do palácio.

Tentando se colocar em um lugar mais pleno e essencial,  para onde a reflexão acerca dessa animação pode nos conduzir, concluo com esse axioma que me ocorreu aqui e que nem sei o autor: 

"Quando reconhecemos o valor e o poder de quem somos e deixamos os julgamentos para trás, abrimos espaço para nossa essência viver de forma autêntica, livre e feliz."

                             Por Deodato Gomes

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Simplicidade

"Na simplicidade aprendemos que reconhecer um erro não nos diminui, mas nos engrandece, e que as pessoas não existem para nos admirar, mas para compartilhar conosco a beleza da existência".

                                          Roberto Shinyashiki

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Ainda dá tempo de fechar o ano de 2022, com tudo que planejamos concluído!



Aproximando do final do ano e já é possível fazer uma avaliação daquilo que foi entregue e dos resultados da educação alcançados até aqui. Sabemos que um dos segredos da gestão do ensino público é planejar o dia a dia, já que cada profissional da educação, desde os técnicos da Secretaria de Educação, até os que estão na Escola, são responsáveis pelo gerenciamento de seu tempo. Este é o momento de relembrar os objetivos desenhados para o ano de 2022 e nos reorganizar, listando semana a semana, as principais ações que estão por serem concluídas e que ainda é possível e dá tempo colocar em prática. Sem deixar de lado as ações já planejadas para o final do ano: 

  • entrega de boletins finais, 
  • assembleia geral da comunidade para prestação de contas do ano de 2022, 
  • organização da cerimônia das turmas concluintes, 
  • acolhimento das novas matrículas, 
  • prestação de contas do PROGEFE etc... 
  • reunião módulo II,
  • reunião de pais, 
  • reunião do colegiado escolar,
  • tem o 20 de novembro ainda,
  • tem ainda o 3 de dezembro como sábado letivo,
  • o sistema de gestão-Sislame,
  • os projetos educacionais todos: aprender valor, educação conectada, busca ativa etc...

No dia 16 de dezembro termina o ano letivo e temos portanto apenas 29 dias de aulas e até o momento, bastante para ser feito.

Não podemos esquecer que o aprendizado deve estar sempre adicionado nesse nosso replanejamento dos trabalhos, na véspera do final do ano. Se tecermos assim esse caminho,  para que não fique nada sem ser feito, vamos com certeza, celebrar o ano de 2022, como um ano de grandes realizações e sucesso para nossa Educação Municipal. 

Finalizo esta reflexão com as sábias palavras do Cortella quando diz: "se eu podendo fazer o meu melhor, me contendo com o possível, eu caio num lugar perigoso chamado mediocridade"

                             Por Deodato Gomes

domingo, 30 de outubro de 2022

Acordei, acordai, irmãos meus!


Eu amo a Mafalda!


Acordei para tirar a noite de meu país. Acordei para iluminar a vida de milhões que passam fome, de milhões que se desperdiçam por não serem cuidados, de milhões que adormecem sem esperança.

Acordei para abraçar o amor como movimento ético de transformação humana. Não quero um país para poucos. Quero um país para todos! Um país que não julgue o diferente, mas que abrace os diferentes e acredite na igualdade. Um país fraterno cujas armas sejam as mãos dadas e o conhecimento.

Acordei para desautorizar os que gritam palavras de ódio e os que zombam da dor do outro. E também os que se omitem. Irmãos meus de cada canto do Brasil, dos tantos brasis, merecem respeito.

Acordei para permitir que a luz da manhã banhe de esperança minha alma. Um novo tempo começa hoje. Com suas imperfeições, certamente, mas com os medos sendo demitidos pela coragem de jamais comungar com quem agride, com quem diminui, com quem violenta a alma humana.

Acordei sentindo o cheiro da floresta, que tanto quero proteger, porque é a casa da humanidade inteira. Acordei demitindo a mentira, o uso incorreto do Sagrado. Irmãos meus de religiões todas merecem o direito de liberdade, sem falsidade, sem inverdade.

Acordei abraçando a educação como a mais importante política pública, a que abre as portas para todas as outras, a que permite o direito das escolhas, a convivência digna, a construção de amanhãs. Acordei com a compaixão me explicando a dor de meus irmãos que não têm o que tenho, quando a saúde falha, quando o fosso da desigualdade abre mais cedo a porta da despedida da vida.

Acordei para um horizonte novo em que a alegria seja convidada a fazer parte. Ela só vem, quando é a paz a convidadora. E a paz é uma ação diária de compreensão da necessária convivência.

Acordei pintando na vida as palavras ética e estética. O bom e o belo. Das praias e das montanhas. Das grandes e das pequenas cidades. Do sertão e do serrado. Do sul, do nordeste, do sudeste, do norte e do centro-oeste. É o mesmo Brasil se vestindo de sotaques diferentes. Dos povos originários a todos os outros abraçados aqui por uma mãe natureza que nos oferece a abundância de clima, de água, de solo, de esperança de plantios bons.

Acordei para votar. Para votar sorrindo. Para votar agradecendo os meus irmãos de ontem que conquistaram a democracia. Acordei para dizer aos meus irmãos de amanhã que prosseguirei lutando para que ditadura nenhuma roube de nós o direito de prosseguirmos votando e decidindo, livremente, quem provisoriamente recebe de nós o mandato de governar. Governar é cuidar. É nisso que acredito desde que acordei.

É manhã de domingo. Um sol bonito se abre para dizer que o belo do horizonte pode ser belo no modo como tratamos uns aos outros. Como tratamos a nós mesmos, despedindo o que nos despede da nossa essência. Não é o ódio a matéria-prima que nos molda, é o amor. Forte e transformador, quando percebemos, quando autorizamos.

Que a harmonia da natureza possa viver dentro da gente, das gentes todas que se encontram nas calçadas, nas ruas, nas casas, nos campos e nas novas avenidas nascidas com as tecnologias. Do outro lado há sempre um humano como eu, que como eu sofre e como eu sorri.

Que a palavra respeito e a palavra amor sejam companheiras inseparáveis em nossa brava gente brasileira que nunca se negou a acordar.

Acordei.

Acordai, irmãos meus.

Não desperdicemos a liberdade para que ela nunca parta nos deixando partidos de arrependimentos.

Acordemos juntos o acordo de um tempo de paz.

Nasce, hoje, um novo país!

Gabriel Chalita

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

O Que Está Escondido em sua Sombra? Você sabe quais são as suas sombras?

 



Você já parou pra pensar quais são os aspectos mais sombrios da sua personalidade? 

Este é um assunto que a maioria das pessoas não gosta de tocar: a sua sombra.

Caso você nunca tenha ouvido falar nisso, a sombra da personalidade é um conceito concebido pelo psiquiatra suíço Carl Jung. Em sua teoria ele diz que a nossa personalidade pode ser dividida em duas partes:

A nossa persona, que é como interagimos com o mundo, ou seja, as máscaras sociais que usamos para interagir com as outras pessoas;

E o outro lado que é o lado sombrio da nossa personalidade, o lado obscuro, tudo o que a gente guarda bem lá no fundo e não mostra pra ninguém, às vezes nem pra nós mesmos. É tudo de mais obscuro que existe na nossa personalidade.

Johann Wolfgang von Goethe - autor e estadista alemão do Sacro Império Romano -Germânico que também fez incursões pelo campo da ciência natural - disse que: “Onde há muita luz, mais forte é a sombra”. 

Não adianta achar que você não tem um lado sombrio porque tem, todos temos. Até as pessoas mais iluminadas tem seu aspecto sombra. Isso é inato da nossa personalidade.


domingo, 29 de agosto de 2021

EXISTE UM SILÊNCIO REDENTOR QUE VOCÊ NÃO VIVE!...

 


"A mais bela viagem que podemos fazer aqui na terra é aquela que se faz de um ao outro"

"Quem quer aquecer o mundo deve trazer dentro de si uma grande fornalha."

Silêncio Redentor


O ser humano não gosta de solidão e luta toda a vida para libertar-se dessa sombra incômoda, desconfortável.

Milhões de pessoas se encharcam de barulho, televisão  e internet... para fugir da solidão.

Conectados com o mundo e os acontecimentos, sentimo-nos menos solitários e desamparados. Mais seguros e imbatíveis. Ilusoriamente.

Há uma solidão terapêutica benfeitora: a que nos faz mergulhar para dentro de nós mesmos, ao núcleo central de nossa identidade.

Enquanto muitos cidadãos fogem desse encontro frontal com seu eu profundo, os sábios na arte de viver amam o silêncio orante, redentor.

Diga-me quais os silêncios que você curte e as solidões que você cultiva. E eu saberei se você navega planícies ou escala montanhas...como santos, os maiores artistas na valorização do seu tempo-vida, a caminho da eternidade.

                        Pe. Roque Schbeider

domingo, 18 de julho de 2021

GOSTAR DO FILHO é uma palavra encantada! Leia!...

 


 Gostar do filho é saber-se ridículo no meio da mais completa grandeza. É ser piegas tanto quanto profundo e conviver com o que se soube economizar do emprego com o padrão vida. E descobrir-se mudando a cada dia, um reviver aprendido.

 Gostar do filho é perceber-se nada ante seu olhar implacável e sentir-se tudo ante sua dependência. E babar retratinhos, depois de tê-los desdenhado nos outros. É voltar a parques e circos sem precisar de desculpas, e fingindo que reclama do "trabalhão que eles dão". Gostar do filho é reencontrar medos antigos que ficaram sepultados na personalidade adulta. E aprender a calar pois chegará o momento de dizer (nem sempre é na mesma hora). Gostar do filho é sobretudo saber "não saber". Ou testar o que sabe, com modéstia e humildade.

 E incorporar o que não sabe sem inveja. É usar o que sabe com prudência. É reformular a cada dia. É confirmar a cada instante. É tanto conhecer o que muda, como o que não muda, e saber distinguir os dois na hora certa.

 Gostar do filho é sentir seu crescimento. Acompanhar seios, barbas, hormônios, fala, baba, cheiros, pêlos, palavras, letras, cadernos calças, espasmos, choros, medos, surfe, pelada, boneca, sexo, piriri, espanto, esbarro, radiografia, namorada, astronomia, mesada, mulher, homem, tudo acompanhar no mais altruísta dos egoísmos.

 Gostar do filho é permitir-lhe o vôo, no máximo ensinando-o a distinguir ninho de arapuca. É amar a liberdade, mas ter medo da dele, permitindo-a. Gostar do filho é desaprender a dormir para poder dormir em paz. É aprender a renunciar e a agüentar. É redescobrir agasalhos, natais, escadas rolantes, selos, caixas de fósforo, botão, prancha ou vestidinho. É conviver, roçar a pele, ficar todo mole quando ganha um .abraço espontâneo depois de ter rejeitado tantos outros lá fora. E ser cego e clarividente. Profeta e embotado. Sábio e burraldo. Valente e covarde. Bobão e frio. Inseguro e protetor.

 Mas gostar do filho é sobretudo saber esperar. Não ter a pressa de aceitações, entendimentos e devoluções à vista. E saber conquistar pelo menos uma lembrança compreensiva, não importa quando venha, no fim dos tempos ou depois de amanhã.

 Saber esperar as quatro estações cuidando as podas, regas, adubos, como quem cumpre um ritual, se possível cantando as canções da colheita, as que trazem a messe e a esperança do fruto. Que virá. Carregado de sementes.

                                Por Artur da Távola

Retirado do Livro;

ANDRADE, Durval Ângelo e GONÇALVES, Ana Maria-              Palavras Encantadas, 11ª edição. Belo Horizonte:                     Expressa, 2014 , p.175

quarta-feira, 30 de junho de 2021

História da Estátua das Crianças da Bomba Atômica


História da Estátua das Crianças da Bomba Atômica

História de Sadako Sassaki e da Estátua das Crianças da Bomba Atômica

Para conhecer a história e o significado da Estátua das Crianças da Bomba Atômica, primeiramente precisamos conhecer a história de Sadako Sasaki.

A estátua foi uma homenagem à ela e a todas as crianças inocentes que morreram covardemente por causa da guerra e da bomba atômica de Hiroshima e de Nagasaki. É uma história que nos toca o coração e que vale a pena conhecer!

História de Sadako Sasaki

Sadako Sasaki nasceu durante a Guerra do Pacífico (Segunda Guerra Mundial).
A família de Sadako possuiam uma Barbearia e quando sua filha nasceu, os Sasaki ainda não haviam escolhido um nome para ela.

Um dos clientes da barbearia, especialista em nomes que trazem sorte e saúde, sugeriu que colocassem o nome “Sadako”. Segundo ele, esse nome a faria crescer forte e saudável.

A Guerra muda a vida de todos

Conforme a guerra se arrastava, a vida das pessoas se tornavam mais dura. No ano em que Sadako nasceu, seu pai foi convocado para o exército. Ele foi designado para ser enfermeiro, afim de cuidar de soldados doentes ou feridos no Hospital do Exército em Hiroshima. Depois de sua partida, a mãe de Sadako chamou parentes para ajudá-la a manter a barbearia.

 Família de Sadako (Foto Arquivo)



   Pai Shigeo (à direita, em pé)
   Mãe Fujiko (segurando Sadako no colo)
   Avó Matsu (mãe de Shigeo, ao lado de Fujiko)
   Masahiro, irmão de Sadako (2 anos, 3 ª à direita na frente)

06 de agosto de 1945

A primeira bomba atômica do mundo detonou no céu sobre Hiroshima.
Era uma manhã quente de verão e aviões americanos sobrevoavam a cidade.
De repente soaram sirenes para que as pessoas fugissem e se protegessem.
Sadako, sua avó, sua mãe e seu irmão Masahiro estavam tomando café da manhã juntos quando foram surpreendidos por um clarão ofuscante e logo em seguida, uma explosão estrondosa.

Nuvem Negra

Família fugindo
As paredes da casa cairam. Sadako e os outros foram jogados ao chão. Masahiro e a avó ficaram feridos, mas, milagrosamente, Sadako e sua mãe saíram ilesas. De alguma forma, todos escaparam com vida e fugiram em direção ao rio. Ao longo do caminho, a avó de Sadako retornou para pegar algo na casa. Ela nunca mais foi vista.

Os incêndios foram acendendo aqui e ali. Alguém ajudou a família, colocando-os em um bote para salvá-los do fogo. Enquanto a família estava no barco, a chuva começou a cair.
A chuva deixou manchas negras sobre as roupas de Sadako. O desespero e a sede era tão grande, que as pessoas bebiam a água negra da chuva.

1949-1954

Apesar de ser uma sobrevivente da bomba atômica, Sadako era uma criança cheia de energia, saudável, que nunca perdeu um dia na escola primária. Ela era educada e cuidava dos seus irmãos com muita ternura. Ela adorava cantar e praticava esportes. Realmente Sadako era uma criança prodígio.

O Retorno da Paz

A guerra terminou. Gradualmente, os edifícios foram construídos e as pessoas voltaram para a cidade onde o rumor se espalhou de que “nada vai crescer por 75 anos.” A família Sasaki reabriu sua barbearia no centro de Hiroshima.

Logo, Mitsue, sua irmã mais nova nasceu. No ano seguinte, quando Sadako foi para o Ensino Médio, seu irmão mais novo Eiji nasceu. A família Sasaki tinha agora seis membros. Com os pais ocupados com a barbearia, manter a casa limpa e cuidar dos pequenos ficou aos comandos do filhos mais velhos, Sadako e Masahiro. Era normal as crianças ajudarem nas tarefas domésticas naqueles tempos.

Sadako se torna uma grande atleta!

equipe de corrida de Sadako, ela está no centro na frente  Na escola, Sadako que era uma ótima aluna, passou a se destacar também nas corridas de revezamento com bastão.

Seu grupo não era um dos melhores na modalidade, porém após muitos  treinos, Sadako se tornou a melhor do grupo e foi graças à sua determinação que seu grupo facilmente ultrapassou todas as outras classes e conseguiram a vitória tão desejada. Na foto ao lado está a equipe de Sadako (Ela é a do centro).

1955 – Sadako vai para o hospital.

Dez anos depois do bombardeio atômico, a vida voltou ao normal para a cidade de Hiroshima e seu povo. No entanto, logo depois de vencer o torneio de revezamento do seu grupo, houve sinais de que algo estava errado com Sadako. Ela pegou um resfriado e sentiu uma rigidez no pescoço. Quando o frio foi embora, a rigidez ficou. O rosto de Sadako ficou todo inchado.

Após passar por vários exames, o médico disse: “Sadako tem leucemia”. Ela tem um ano de vida no máximo. “ Sadako foi transferida para o Hospital da Cruz Vermelha de Hiroshima. Sabendo da notícia, os amigos Sadako do grupo de corrida, discutiram o que poderiam fazer para ajudar a Sadako. Eles decidiram se revezar para visitá-la no hospital.

Os grous trazem esperança a Sadako

tsurus e SadakoCerca de cinco meses depois de Sadako ser hospitalizada, sua companheira de quarto, com cinco anos de idade morreu de leucemia no hospital. “Eu me pergunto se eu vou morrer assim”, disse ela comovida.

Só então Sadako, se deu conta de que a leucemia era uma doença assustadora. Aos 12 anos, Sadako lutava contra o terror da morte.

Cerca de 1000 mil grous de papel feitos por estudantes do ensino médio de Nagoya, foram entregues aos pacientes no hospital. O quarto de Sadako, também, foi abrilhantado por centenas de dobraduras de celofane em muitas cores.

Foi assim que ela ouviu a lenda, “Se fizer mil grous de papel, seu desejo se tornará realidade”, Sadako encheu-se de esperança e começou a dobrar os grous e a cada um que ficava pronto, dizia a si mesma o seu desejo:
“Eu escreverei paz em suas asas e você voará o mundo inteiro”.

Sadako na formatura

Essa foto foi tirada pouco antes da cerimônia de graduação da Escola. Sadako recebeu uma permissão   especial para sair do hospital para assistir à festa de despedida da classe. Seus pais compraram este   quimono com estampas de flor de cerejeira, quando ela entrou no hospital.

Sadako nunca falou sobre sua dor ou sofrimento. Ela simplesmente deixou suas orações para os origamis.   Apesar de seus esforços, a doença progrediu. Ela começou a ter febres e o medo de morrer a impedia de  dormir. Mesmo assim, ela continuou dobrando tsurus com fervor e esperança de sobreviver.

Sadako não resiste

Enfraquecida, Sadako não teve força para dobrar os mil pássaros.
Em 25 de Outubro de 1955, rodeada por sua família, ela montou seu último tsuru e dormiu placidamente   pela última vez. Foi exatamente um ano depois que ela tinha vencido a corrida de revezamento. Seus colegas de classe dobraram os pássaros que faltavam para que fossem enterrados com ela. Ela tinha somente 12 anos.

Ano de 1956

A morte de Sadako foi um grande choque para os seus amigos. Muitos deles, como Sadako, tinham presenciado a bomba atômica. Eles estavam cheios de medo, arrependimento e um sentimento de desamparo.

O que podemos fazer?

Depois da morte de Sadako, seus colegas disseram uns aos outros:

“Vamos fazer algo para Sadako?”.

A culpa que eles sentiam por não terem sido capazes de impedir sua morte, deixou uma sensação dolorosa em seus corações. Alguém disse:
“Podemos construir um túmulo para ela? Se for perto, podemos visitá-lo todos os dias.”

Outro sugeriu:
“E se fizermos um monumento no Parque Memorial da Paz? Não apenas para Sadako, mas para todas as crianças que morreram por causa da bomba atômica?”

“Mas será que conseguiremos fazer algo assim?”

Os alunos estavam preocupados.

“Mas eu realmente quero fazer algo para Sadako”.
“Eu quero me livrar das bombas atômicas.”

Estas foram as emoções que moveram o grupo para tomar uma atitude.

Crianças de todo o Japão unidos pela causa

União das crianças do Japão

Os amigos de Sadako começaram um movimento para levantar fundos para o monumento. O apelo rendeu frutos que ninguém esperava. Mais de 3000 escolas de todo o Japão enviaram dinheiro e cartas, dizendo: “Por favor, use isso para ajudar a construir o monumento.”

Em janeiro de 1957, ficou oficialmente decidido a construção do Monumento da Paz às crianças no Parque Memorial da Paz no centro de Hiroshima.

A estátua de bronze possui nove metros, e tem a figura de uma menina segurando um grou gigante de papel. A estátua foi concluída no Dia das Crianças (05 de maio), em 1958, dois anos após a morte de Sadako Sasaki.

Sadako Memorial - Hiroshima Peace Park

Sadako Sassaki, nas asas de um tsuru

A inscrição gravada na pedra em frente ao monumento, diz:

Este é o nosso grito.
Esta é a nossa oração.
Para a construção da paz no mundo.

Esperança de Sadako Transportada ao Redor do Mundo

Mais de meio século se passou desde que Sadako perdeu sua vida aos 12 anos de idade. A história de Sadako tocou muitos corações. Cartas e tsurus do mundo inteiro continuam a ser enviados para o Monumento das Crianças da Bomba Atômica todos os anos.


Embora não tenha conseguido salvar sua própria vida com os mil grous de papel, sua história ainda pode salvar milhões de pessoas. Seus tsurus levantaram vôo de outra forma, servindo como símbolo do crescente movimento pela paz na Terra.

Vídeo com História de Sadako 



O que você achou dessa história? Deixa um comentário aí na caixa abaixo com seu gmail.

sábado, 12 de junho de 2021

O CORAÇÃO, A RAZÃO E A PESSOA

 


O CORAÇÃO, A RAZÃO E A PESSOA

        Maria Clara Lucchetti Bingemer

            O coração na história da humanidade não é concebido apenas como o músculo que bombeia o sangue através do corpo em movimentos sistólicos e diastólicos incessantes.  Não é apenas a sede das emoções e sentimentos tão utilizados pela literatura romântica para expressar aquilo que faz o coração dos apaixonados bater em diversos e variados ritmos e tons. 

            A simbologia do coração nas diversas religiões é muito rica. Demonstra que aquilo que é nosso centro vital, situado em plena corporeidade nossa e quando sofre qualquer fragilização põe em risco nossa vida, pode carregar um significado de profunda riqueza espiritual, que vai além do biológico ou mesmo das diversas paixões.

            Na mitologia greco-romana, base da cultura ocidental, o coração é símbolo do nascimento, do princípio da vida. Isso se deve a Zeus, o deus mais poderoso do Olimpo, que engole o coração ainda palpitante de Zagreu, gerando daí seu filho Dionísio. Também no Antigo Egito, o Salão do Juízo correspondia ao local onde eram pesados os corações dos mortos. E o órgão que bombeia a vida para toda pessoa era visto e considerado como sede da sabedoria e da inteligência, sendo associado à verdade e à justiça.

Também nas religiões orientais a simbologia do coração se faz presente. Na Índia, se concebe que por assegurar a circulação do sangue e ser o centro vital do ser humano, o coração é o símbolo da morada de Brama, a divindade suprema do hinduísmo.

 No Islã, o coração é considerado o trono de Deus, a sede e morada da divindade. E quando aparece um coração alado, aí se reconhece o símbolo do movimento islâmico Sufi, que acredita que o coração se situa no movimento e no espaço entre o espírito e a matéria, entre o corpo e a alma. Simboliza o amor de Deus, o centro espiritual e emocional dos seres.

No Cristianismo, o coração é entendido como centro ou núcleo do ser e dele se originam a oração, ou seja, o impulso da fé que leva ao diálogo amoroso com Deus e também as ações e condutas morais. O coração é a morada de Deus, onde habita seu Espírito que é o Único que pode sondá-lo e conhecê-lo. É o lugar da decisão, no mais profundo das tendências humanas psíquicas.  É a sede da verdade, onde o ser humano é chamado a escolher a vida ou a morte.

Como sede da personalidade moral, o coração é o lugar de onde surgem os bons e os maus impulsos, que deverão ser discernidos para tomar as decisões adequadas a uma vida plena e feliz. Porém, o ser humano, criado por Deus, não é constituído apenas de coração.  Também a razão pela qual reflete, pondera, avalia, é elemento fundamental e constitutivo de seu ser e de sua identidade.

O grande pensador francês Blaise Pascal refletiu muito sobre o coração.  Ainda que dotado de uma inteligência brilhante, atraída pelo pensar e pela atividade intelectual, valorizando portanto muito a razão,  Pascal desconfia da razão, apalpando e denunciando frequente e fortemente seus limites. Ainda que defina o ser humano e sua dignidade em conexão com a razão e o pensar, Pascal entende que o conhecimento da verdade não pode ser atingido apenas pela razão que, para ele, anda junto com a fé e reconhece o momento em que deve submeter-se. Apesar de afirmar que a substância do ser humano é feita de uma aspiração e há no fundo de cada pessoa uma espécie de presença divina que ultrapassa a natureza humana - precisamente o contato com o infinito -  afirma igualmente que se Deus existe é incompreensível pela razão humana. É neste ponto que ele afirma o conhecimento pelo coração. O coração, portanto, segundo o filósofo francês, não é apenas sentimentalidade, mas sim o que constitui o ser humano mais substancialmente, é sua natureza mais profunda.  Ali é onde pode haver uma comunicação por contato com Deus.

A frase mais conhecida de Pascal é: “ O coração tem razões que a própria razão desconhece.” Assim, opondo-se ao racionalismo e ao fideísmo, Pascal vai situar ao mesmo tempo a importância do coração na concepção de ser humano e seus limites.  Pois, se reconhece a primordialidade do coração para um equilíbrio entre o corpo e o espírito, Pascal também admite que excluir a razão é um excesso não admissível, e tão reprovável quanto magnificar-lhe excessivamente a importância.

Dois eventos nos chamam a atenção neste mês de junho.  O primeiro é o Dia dos Namorados, quando os corações apaixonados se declararão por enésima vez um ao outro e trocarão presentes e afagos.  Outra é a ênfase que a espiritualidade cristã traz neste mês em torno do coração de Jesus. Aos apaixonados de ontem, de hoje e de sempre o coração de Jesus, que pulsou e bateu no peito do galileu que fez a história girar sobre seus gonzos mostra que só se conhece bem - e portanto só se ama verdadeiramente -  com o coração.  Porém, é inadmissível que um verdadeiro amor seja feito apenas de sentimentos que podem ser superficiais se não passam pela reflexão e a ponderação da razão.

Maria Clara Bingemer, professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio e autora de “Mística e Ascese: da tradição platônica à contemporaneidade” (Editora Vozes), entre outros livros.

Você é uma luz brilhante no Senhor!

 


Você é uma luz brilhante no Senhor!

Assim como o sol, acorde disposto a brilhar hoje. Levante-se com a força e o vigor que procedem do seu Criador todo-poderoso! Ilumine todos à sua volta, mesmo aqueles que não reconhecem o brilho de Cristo em você.

E, se alguma nuvem escura tentar se impor diante de ti, nunca pare de brilhar e refletir o amor de Deus. As tempestades vêm e vão, mas o sol nunca deixa de dar a sua luz e calor. Não pela sua própria iniciativa, mas pela vontade de Deus, que o chamou para ser luz! Pense nisso...

Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada no alto de um monte. Mateus 5:14


sábado, 10 de abril de 2021

O banco da alegria!...

Nascemos para a alegria. Para não nos machucarmos precisamos preservar a todo custo o gosto bom de servir, de viver, de sorrir e de acolher.

Vamos trabalhar, vibrar e viver fazendo algo pelo nosso semelhante e ajudando muito aqueles que mais precisam da gente. Não existe mérito em fazer por quem já tem e é. O desafio é ajudar alguém que realmente precisa.

Não podemos passar o resto de nossos dias lastimando uma ilusão perdida, um sonho desfeito, uma expectativa frustrada, um projeto não concluído. Não haveria frutos se as flores não caíssem. Olhos que choram veem mais longe e bem mais profundamente.

A maldade é feia. O ódio rasteiro. A inveja e o desamor são mesquinhos e nunca trazem o carimbo do Evangelho. Ser bom, prestimoso, compreensivo, gentil e acolhedor é a melhor de todas as opções. A bondade vivida é o único emprego de capital terreno que garante dividendos que só multiplicam... no Banco da Alegria.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Sabe aquela ideia de olhar o copo com agua até a metade e se perguntar o que você vê: o copo meio cheio ou meio vazio?



A verdade é que ele está ao mesmo tempo meio cheio e meio vazio. A vida é assim, tem essas duas partes, e ser feliz é olhar para o que você tem e agradecer. Olhar para o que você pensa que te falta e entender como você pode melhorar. As duas se complementam e são importantes.


A parte que você pensa que te falta, na verdade é fruto das suas expectativas, de como você queria que a vida fosse. Você olha para o vazio e acha que o mundo não te deu o que você quer. Essa é a raiz da ansiedade, da frustração, do ressentimento. Isso vai te impedir de ser feliz, de enxergar a metade cheia, tudo o que a vida traz, tudo o que você já conquistou e o que ainda vai conquistar. Olha amorosamente pra você e para os que seguem com você nessa jornada, e vai entender que ainda pode muito avançar e construir, mas com positividade e com um imenso sentimento de gratidão.


Olhe a metade cheia, com um sentimento de gratidão que vai te trazer paz e serenidade. Podemos ser mais felizes todos os dias, independente do que nos acontece. 


 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Gabriel o Pensador - A Cura Tá No Coração. Feat. Cynthia Luz -Pequena Reflexão do Pe. Nelito Dornelas nesta intertextualidade.


Dar sentido à vida

Pe. Nelito Dornelas

      Diante do momento presente de nossa história, das ameaças que nos atormentam e dos ânimos acirrados, devemos fazer nossas as palavras do Patriarca Ortodoxo Atenágoras:

Não tenho mais medo. A mais dura das guerras é a guerra contra si mesmo. É preciso chegar a desarmar- se. Tenho lutado nesta guerra durante anos. Foi terrível. Mas, hoje, estou desarmado. Não tenho mais medo de nada, porque o amor lança fora o temor. Estou desarmado da vontade de ter razão, de justificar-me, desqualificando os outros. Não estou mais em guarda, na defensiva, ciumentamente crispado sobre minhas riquezas. Acolho e partilho. Não estou mais particularmente voltado para minhas ideias e projetos. Se alguém me apresenta outras melhores, ou simplesmente boas, aceito-as sem mágoa. Renunciei ao comparativo. Aquilo que é bom, verdadeiro, real é simplesmente melhor para mim. Por isso não tenho mais medo. Se estamos desarmados, despojados, abertos ao Deus-homem que faz novas todas as coisas, Ele apaga o passado ruim e nos traz um tempo novo onde tudo é possível.

O músico Gabriel O Pensador, após a dura experiência da perda do pai, escreveu a música A cura tá no coração, visando arrecadar fundos para a campanha HC Com Vida, com o intuito de fortalecer a luta contra a covid- 19 do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina.

A letra, inspirada na oração de São Francisco de Assis, é uma auto crítica e uma chamada à reflexão sobre os nossos comportamentos antes da pandemia, em seus aspectos de “normalidade”. Ao mesmo tempo somos desafiados a uma nova postura de vida corresponsável pelo outro e consigo mesmo.

sábado, 20 de junho de 2020

Os Equívocos da Educação à Distância


Os Equívocos da Educação à Distância



12 min read
A pandemia trouxe a educação à distância para as nossas casas. De um dia para outro, toda a gente passou a falar de educação à distância.  A expressão, que já era controversa no contexto profissional onde era usada, explodiu subitamente, num fogo de artifício de interpretações coloridas e ilusórias que lhe destruíram de vez o significado. Quando hoje se discute a educação à distância a expressão já não quer dizer nada.
A ironia desta efervescência é que a dicotomia entre mundo presencial e mundo online é hoje um falso problema. Os dois mundos já não têm fronteiras. Raras são hoje as atividades individuais e sociais que prescindem das tecnologias digitais, do uso dos telemóveis, da comunicação na Net ou do acesso a repositórios na “nuvem”, onde, de resto, já se encontra armazenada a maior parte dos nossos dados.
Curiosamente, vários comentadores dos media, justamente frustrados com as restrições que a pandemia lhes impôs, passaram a reclamar, não contra a pandemia ou as restrições, mas contra a linha-de-vida que os manteve ligados ao mundo nesse período: o online. Paradoxalmente, foi online que as reclamações contra o online foram mais lidas e foi aí que foram partilhadas e aclamadas. Sem online, teriam sido gotas de água no oceano.
Sentindo que este tipo de contradição, entre o ser-e-não-ser, estar-e-não-estar, dificulta a construção serena do futuro, que nos explodirá nas mãos sob formas indesejáveis se não cuidarmos de o criar com inteligência, a Comissão Europeia lançou, há meia dúzia de anos, o projeto Onlife Manifesto, onde defendeu que assumamos o fim da distinção entre mundos online e offline e reconheçamos que vivemos uma nova ordem social, económica, política e ética no seio da qual esse tipo de distinção não tem sentido. O projeto, liderado por Luciano Floridi, professor de filosofia e ética da informação da Universidade de Oxford, deu origem a um interessante volume de reflexões publicado pela editora Springer em 2015.
O ensino remoto de emergência não poderia correr bem, nem em Portugal nem em parte nenhuma do mundo, por razões biológicas básicas: a atenção, a memória e a disciplina intelectual de uma criança têm limites que ninguém pode contornar.
Sendo este o mundo alargado que aguarda os jovens das nossas escolas, seria absurdo dividi-lo entre presencial e online. O desafio da educação não é dividir, mas unir, superando as desigualdades sociais que esse alargamento está a gerar sob os nossos olhos. Poderá a escola superar tais desigualdades sem se prolongar harmoniosamente para a dimensão online? Acreditará a escola que lhe bastará “explicar”, por palavras ou imagens, sem integração cultural plena, o que é viver e vingar num mundo misto de presença e distância? Irá a escola fazer como o professor de música que acreditava que se “explicasse” a uma criança onde calcar as cordas teria criado uma violinista de talento?
Se quisermos construir uma educação que tire partido da dimensão de distância, teremos de compreender, em vez de confundir, a distância de que estamos a falar. Faz sentido, nesse contexto, analisar o que se passou nestes últimos tempos de “ensino remoto de emergência” e compará-lo com as formas de aprendizagem regulares e consolidadas onde o fator distância está presente.


O ensino remoto de emergência

O ensino remoto de emergência não poderia correr bem, nem em Portugal nem em parte nenhuma do mundo, por razões biológicas básicas: a atenção, a memória e a disciplina intelectual de uma criança têm limites que ninguém pode contornar. Só por distração se poderia acreditar que o ensino remoto de emergência iria “cumprir os programas”, sobretudo com as crianças mais novas.  Acresce que a autonomia para a aprendizagem da maioria das crianças portuguesas, que não é incentivada nem pelas escolas nem pelas famílias, as colocava em desvantagem para uma modalidade de aprendizagem que assenta, acima de tudo, na autonomia.


Além disso, e embora já houvesse em Portugal, graças à livre iniciativa de alguns professores, escolas com experiência nas práticas e tecnologias da aprendizagem à distância, a maior parte das escolas e dos professores não possuía nem experiência nem tecnologias para as pôr em prática. Nessas circunstâncias, a função primordial do ensino remoto de emergência não poderia ser fazer cumprir programas, sobretudo pelos mais jovens, mas manter as crianças funcionais para a aprendizagem e intelectualmente ativas durante os meses em que se sabia que não iriam à escola — um objetivo nobre, meritório e imensamente trabalhoso.
Nestas condições, se não considerarmos, por momentos, a resposta pronta das escolas e dos professores mais experientes, a transição para o ensino remoto foi uma caótica reprodução por videoconferência do modelo presencial, com os defeitos que lhe são próprios, agora acentuados pelo recurso improvisado às tecnologias. Quanto aos alunos mais desfavorecidos, foi claro que ficaram ainda pior. Alguns deles, três meses volvidos sobre o início do processo, ainda nem tinham aparecido. 
Foi penoso notar no discurso do ministério e dos sindicatos a ilusão antiquíssima de que educar é transferir “conteúdos”, agitada desajeitadamente perante uma pandemia que impunha um ensaio geral para a educação do futuro.
Nos balanços de fim de ano a que agora assistimos, proliferaram as opiniões dos críticos habituais, que, apesar das suas eternas certezas, foram incapazes, na altura própria, de contribuir com as suas sugestões para a resolução do problema. Foi evidente que o Ministério da Educação não esteve à altura do desafio. Também foi notório o eclipse dos sindicatos no período de emergência. Aliás, foi penoso notar no discurso do ministério e dos sindicatos a ilusão antiquíssima  de que educar é transferir “conteúdos”, agitada desajeitadamente perante uma pandemia que impunha um ensaio geral para a educação do futuro.
Estranhamente, nenhum dos críticos parece ter notado a faceta invulgar e magnífica deste ensino remoto de emergência, que talvez tenha colocado Portugal na linha da frente internacional da capacidade de resposta ao fecho das escolas: a ação dos professores. Em vez de baixarem os braços, como seria de esperar perante a debilidade da ação ministerial, os professores começaram de imediato a discutir soluções nas redes sociais. Em 14 de Março, dia seguinte ao fecho das escolas, criaram no Facebook, por sua livre iniciativa, o grupo “E-learning – Apoio”, dedicado à ajuda entre professores. Três meses depois, esse mesmo grupo registava quase 30 mil membros e uma atividade intensiva e ininterrupta de entreajuda entre professores.
Quantos países poderão gabar-se de que um terço dos seus professores, totalizando dezenas de milhares, se auto-organizaram espontaneamente num grupo de ajuda recíproca que se transformou num exercício gigantesco de formação mútua em exercício? Quanto valerá essa formação, face a uma formação em sala? Que implicações terá tido para a construção de uma cultura coletiva de resiliência perante as dificuldades da docência? Valerá a pena recordar, por contraste, que em abril passado Andreas Schleicher, diretor de educação da OCDE, referindo-se às tentativas do governo espanhol para lançar o ensino remoto, lamentava, numa entrevista ao El País, a falta de colaboração mútua e partilha de soluções por parte dos professores espanhóis.
É interessante observar que, sem que professores e alunos se tenham apercebido, as universidades portuguesas já recorrem, em larga medida, a uma forma degradada do modelo combinado. 
Em 2008, dois professores canadianos da universidade de Athabasca, George Siemens e Stephen Downes, lançaram um curso à distância que se tornou mundialmente célebre porque mobilizou 2200 pessoas para um projeto coletivo de aprendizagem sem conteúdos. Neste curso, que os seus criadores viriam a teorizar em torno do conceito de aprendizagem conectivista, aprendia-se, não organizando conteúdos, mas debatendo e resolvendo as dificuldades que cada um colocava ao coletivo. Valeria a pena estudar agora, comparativamente, a experiência deste grupo português de 30 mil professores, com quase quinze vezes mais participantes.


A aprendizagem combinada

A aprendizagem combinada (blended learning), ou aprendizagem mista, procura conciliar o melhor da aprendizagem presencial com o melhor da aprendizagem à distância. Oferece, por isso, um contexto favorável à compreensão dos paradigmas do prolongamento da educação presencial para a distância. É interessante observar que, sem que professores e alunos se tenham apercebido, as universidades portuguesas já recorrem, em larga medida, a uma forma degradada do modelo combinado. 
Quando, já há mais de duas décadas, as universidades portuguesas começaram a instalar plataformas de gestão de conteúdos e a colocar online os materiais dos cursos, muitos dos alunos, cansados de sessões monótonas e com qualidade pedagógica duvidosa, em salas desconfortáveis e a abarrotar, passaram a faltar às aulas teóricas, preferindo trabalhar sobre os materiais online e restringir a sua presença às aulas práticas e laboratoriais onde a sua participação ativa era indispensável. O problema é que os professores continuaram a conceber os cursos para uso presencial, com deficiências que nunca seriam aceitáveis num modelo combinado. O que é estranho é que, sendo o fenómeno reconhecido há mais de uma década, não seja adoptado o novo modelo, eliminando o hibridismo vigente.


No modelo combinado, todos os materiais pedagógicos (textos, slides, vídeos, podcasts, simulações) são colocados online e as sessões presenciais, embora usadas por vezes para apresentações magistrais, são normalmente reservadas para trabalhos laboratoriais e de grupo, que procuram tirar partido da riqueza social da aprendizagem presencial. A avaliação dos alunos também tende a ser conduzida presencialmente, por um lado para evitar as dificuldades da identificação da autoria, por outro para capitalizar nos benefícios pedagógicos do debate com professores e colegas.  Apesar deste caráter predominantemente presencial, a avaliação pode ser muito enriquecida com a dimensão online, nomeadamente por permitir a avaliação anónima pelos pares em trabalhos escritos, projetos e portfólios.
Este modelo presta-se a muitas variantes. No exemplo anterior, a componente de presença é dominante, mas pode acontecer o contrário. Em muitos cursos de formação e mestrado, a maior parte do trabalho decorre online: no primeiro dia as atividades são presenciais, de apresentação, socialização e construção do espírito do curso; o último dia é ocupado com uma conferência de encerramento na qual os formandos apresentam e defendem presencialmente os seus trabalhos. Entre o primeiro e o último dia, os trabalhos decorrem em períodos à distância, relativamente extensos, intercalados com sessões presenciais de um dia ou de algumas horas destinadas a consolidar a aprendizagem e reforçar a componente social.


A educação à distância

Partindo do modelo de aprendizagem combinada, é agora possível caracterizar a educação à distância como sendo idêntica, mas sem a componente presencial.  A grande diferença está em que a educação à distância reinventou os seus modelos pedagógicos, libertando-os dos entraves da presença e tirando pleno partido da ligação em rede, da colaboração e da aprendizagem em comunidade.  Esta reinvenção, que se renova em permanência, assenta num corpo dinâmico de teoria e prática em domínios tão diversos como as ciências da educação, sociologia, filosofia, comunicação, multimédia, estatística, computação, ciências dos dados e inteligência artificial e exige infra-estruturas e equipas cuja elevada complexidade e sofisticação se aproximam das das indústrias cinematográfica e dos videojogos.
Importa não esquecer que vivemos num mundo de presença e de distância. Quer queiramos, quer não, a distância faz parte das nossas vidas. Por isso, faz parte da educação.  A aprendizagem à distância, com desafios e tempos moderados, está ao alcance de qualquer ser humano, mesmo muito jovem.
Deste modo, só por desconhecimento se pode recear, como parece acontecer com a nossa comunicação social, que as universidades e escolas venham a transformar-se em instituições de educação à distância.  Primeiro, porque a educação exclusivamente à distância só resulta para adultos ou quase adultos com elevados graus de autonomia e disciplina. Segundo, porque os graus de conhecimentos, sofisticação tecnológica e tempo necessários à concepção de soluções autênticas de educação à distância estão largamente ausentes das nossas universidades e escolas.  As universidades e escolas poderão e deverão desenvolver iniciativas de educação à distância que as prolonguem para o espaço online, mas seria absurdo transformá-las em instituições de educação à distância. Tanto mais absurdo quanto mais real se torna nos nossos tempos a necessidade de bons professores: como alertava John Neisbitt, “high tech calls for high touch” (“quanto mais sofisticada é a tecnologia, mais necessário é o calor humano”).
Dito isto, importa não esquecer que vivemos num mundo de presença e de distância. Quer queiramos, quer não, a distância faz parte das nossas vidas. Por isso, faz parte da educação.  A aprendizagem à distância, com desafios e tempos moderados, está ao alcance de qualquer ser humano, mesmo muito jovem. Grande parte da aprendizagem dos nossos dias e, sobretudo, da aprendizagem do futuro só poderá ser encontrada à distância. O “espaço das aprendizagens”, nestes nossos tempos, será cada vez mais um espaço à distância, para quem as recebe e para quem as oferece. Uma universidade e uma escola que não sejam capazes de se prolongar para a distância não pertencerão, certamente, aos nossos tempos.