Um pouco de medo na vida é importante pois prepara o ser humano para proteger sua própria vida diante das ameaças. Muito perigoso mesmo é o medo paralisante, aquele que pode levar alguém a solidão e até à morte caso ele se intensifique, se fortaleça e vença a resistência.
Belchior foi um dos principais compositores a denunciar a ditadura militar no Brasil, pela imposição de um clima de muito medo na sociedade. Esta canção, Pequeno mapa do tempo, então de 1977, é uma de suas jóias onde expressa com muita força poética o sentimento mais próprio e disseminado por um regime ditatorial: o medo.
Belchior foi um crítico categórico do temeroso regime militar que se instalou no Brasil em 64. Suas canções sempre estiveram a serviço da liberdade e da construção do pensamento crítico desta forma leve com utilização da poesia musical. Pequeno mapa do tempo começa assim
“Eu tenho medo. E medo está por fora, medo anda por dentro do teu coração. Eu tenho medo de que chegue a hora em que eu precise entrar no avião. Eu tenho medo de abrir a porta que dá pro sertão da minha solidão… Apertar o botão: cidade morta. Placa torta indicando a contramão.”
E daí segue com este apelo a liberdade.
“Eu tenho medo. E medo está por fora, medo anda por dentro do teu coração. Eu tenho medo de que chegue a hora em que eu precise entrar no avião. Eu tenho medo de abrir a porta que dá pro sertão da minha solidão… Apertar o botão: cidade morta. Placa torta indicando a contramão.”
E daí segue com este apelo a liberdade.
Deixo com todos o desafio de compreender estes versos de Belchior, recheados de beleza a começar pelo próprio título da canção. Porque este título? Pensa aí. O que dizer desta esplêndida obra de arte? E aí? O que você consegue enxergar nesta linda canção? Ela é repleta de símbolos e significados.
Pequeno Mapa do Tempo
Belchior
Eu tenho medo e medo está por fora
O medo anda por dentro do teu coração
Eu tenho medo de que chegue a hora
Em que eu precise entrar no avião
Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá pro sertão da minha solidão
Apertar o botão: cidade morta
Placa torta indicando a contramão
Faca de ponta e meu punhal que corta
E o fantasma escondido no porão
Medo, medo. medo, medo, medo, medo
Eu tenho medo que Belo Horizonte
Eu tenho medo que Minas Gerais
Eu tenho medo que Natal, Vitória
Eu tenho medo Goiânia, Goiás
Eu tenho medo Salvador, Bahia
Eu tenho medo Belém, Belém do Pará
Eu tenho medo pai, filho, Espírito Santo, São Paulo
Eu tenho medo eu tenho C eu digo A
Eu tenho medo um Rio, um Porto Alegre, um Recife
Eu tenho medo Paraíba, medo Paranapá
Eu tenho medo Estrela do Norte, paixão, morte é certeza
Medo Fortaleza, medo Ceará
Medo, medo. medo, medo, medo, medo
Eu tenho medo e já aconteceu
Eu tenho medo e inda está por vir
Morre o meu medo e isto não é segredo
Eu mando buscar outro lá no Piauí
Medo, o meu boi morreu, o que será de mim?
Manda buscar outro, maninha, no Piauí