No começo da noite tranquila de hoje, dia 22 de agosto de 2024, numa quinta feira, em Carlos Chagas, o sol já despontava suavemente para o ocaso, enquanto os professores da Educação Infantil se reuniam com suas telas para uma formação que prometia mais que aprendizado: prometia reflexão e transformação. No centro desse encontro estava a educadora Ândrea Vieira, cuja presença firme e voz acolhedora conduziu os participantes por um caminho de questionamentos e descobertas.
Ândrea iniciou com uma pergunta que pairou no ar como uma brisa suave, mas cheia de profundidade: "Quando pensamos em processo de alfabetização e letramento no ciclo da Educação Infantil, o que te inquieta?" Era uma pergunta que não buscava respostas fáceis, mas que cutucava uma questão central na vida de cada educador presente: como conduzir essas pequenas mentes no vasto oceano das letras e palavras?
O Secretário Municipal de Educação, Deodato Gomes Costa, não se furtou a essa provocação. Ele olhou para os rostos atentos dos professores nas telas e, com a sabedoria de quem quer conhecer mais dos meandros da educação, ponderou sobre o grande dilema ético que acompanha cada um deles: alfabetizar ou não na Educação Infantil? E se sim, até onde ir e de que maneira? Deodato ofereceu a problematização pronta, trazendo à tona a complexidade do papel do professor dessa faixa etária, que precisa saber a hora certa de introduzir o universo das letras sem apressar o florescimento natural de cada criança.
Nesse cenário, as angústias, experiências e expectativas vieram à tona, compartilhadas por professoras como Patrícia Kely, Néia e Fernanda, que encontraram no diálogo um espaço para expressar suas dúvidas e aprender umas com as outras, nas prontas respostas de Ândrea. As discussões foram enriquecidas com conceitos fundamentais da alfabetização, contrastando definições clássicas, como a do Dicionário Aurélio, com perspectivas contemporâneas, que enxergam a alfabetização como algo muito além da mera decodificação de palavras.
As horas passaram rapidamente entre debates sobre métodos de ensino, onde o sintético, o analítico, o fônico e o inovador "Método das Boquinhas" foram analisados com a seriedade que cada um merece. Ândrea Vieira não deixou de enfatizar a importância do desenvolvimento da consciência fonológica, aquela habilidade quase mágica que faz as crianças perceberem a música escondida nas palavras. Através de brincadeiras, canções e poesias, ela mostrou que alfabetizar também pode ser um ato de alegria e criatividade.
Ana Paula Rigatti Scherer, uma pesquisadora mencionada por Andrea, deu voz ao conceito de que a consciência fonológica é fundamental para compreender o sistema alfabético, uma chave para abrir as portas da leitura e da escrita.
No final, quando a noite já havia de fato chegado, Ândrea retomou sua pergunta inicial, agora com um olhar mais sereno e respostas mais claras. O papel da Educação Infantil, disse ela, é dar suporte para que as crianças desenvolvam as habilidades de ler e escrever no tempo certo, sem pressa, mas com a certeza de que estarão preparadas para o que vier adiante.
Ao saírem do encontro, os professores levaram consigo mais que novas estratégias. Levaram a convicção de que o que fazem naquelas salas de aula coloridas, onde tudo começa com rabiscos e brincadeiras, tem o poder de transformar vidas e garantir um futuro melhor para as crianças de Carlos Chagas. E essa transformação começa muito cedo, bem ali, nos primeiros passos dados pela alfabetização na Educação Infantil.
Durante a formação, a educadora Ândrea Vieira trouxe um toque gaúcho especial à noite ao aparecer na telinha com um costume bem diferente para todos nós: tomando chimarrão. Com um sorriso no rosto, ela usou o dialeto gaúcho, soltando expressões como "Profes" e "Guria", o que arrancou surpresas dos participantes. No fundo do nosso pensamento estávamos todos fazendo uma comparação divertida com o jeito carinhoso do nosso Nordeste Mineiro, onde os alunos, com todo o afeto, chamam seus professores de "Tia". Foi também um momento de descontração que mostrou que, não importa a região, o carinho e o respeito pelos educadores são universais.
Assim, naquela noite que parecia comum, algo extraordinário aconteceu: o futuro foi escrito, não com caneta e papel, mas com palavras ditas, ouvidas e guardadas nos corações daqueles que têm o poder de ensinar.
@professordeodatogomes