Bullying
CAMPANHA CONTRA O BULLYING
domingo, 20 de março de 2022
Na semente há uma árvore escondida
Sobre corpos e almas de guerra - triste realidade, lindo poema.
Foto: Corpo de soldado coberto de neve ao lado de veículo lançador de foguetes russos nos arredores de Kharkiv, na Ucrânia (25/02) — Foto de Vadim Ghirda/AP.
CRÔNICAS POÉTICAS DE KIEV (II) OU SOBRE CORPOS E ALMAS DE GUERRA - Marcio L’o (Cebi BA)
– Para onde vão os corpos de guerra?
– Será que vão ficar expostos na rua cobertos de neve
jogados no campo, devorados por animais
sem tempo para obrigações fúnebres?
– E para onde vão as almas de guerra?
– Vão para o céu, purgatório…?
Inferno, talvez não… pois já experimentaram o inferno aqui na terra
Mas os corpos de guerra não são só corpos
são histórias assassinadas
avós, avôs, país, mães, filhos, sobrinhos, irmãos, netos… pessoas, gente, povo
Um corpo ferido ou morto no chão em uma rua de Kiev ou Kharkiv
um corpo ucraniano ou russo
é o meu corpo, o seu corpo no chão
As almas da guerra, não sei onde estão
não sei para onde vão…
De certo, estão aqui do meu lado comigo agora
me atormentando, gritando, perguntando:
– O que você está fazendo para que essa guerra acabe?
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
SALMO DA PAZ SONHADA
SALMO DA PAZ SONHADA
A esta hora exatamente,
Em que acordos de paz são incapazes de paz
Existe, em algum canto de um casebre distante,
Uma pintura pobre, mas rica, que diz: Lar Feliz!
A esta hora exatamente,
Em que os imperadores insensíveis
Dizem que a guerra é santa,
Existe, em algum lugar do planeta,
um profeta que protesta na praça com o povo.
A esta hora exatamente,
Quando paira no ar um presságio de pavor,
Existe em capela qualquer,
quem se apressa na prece e pede:
Venha o Teu Reino, Senhor!
A esta hora exatamente,
Quando as estrelas atômicas profanam o céu do Senhor
Existe em alguma várzea poluída
Um menino que empina uma pipa,
como a pomba da paz.
A esta hora exatamente,
Em que sobe da terra o sangue das mulheres silenciadas,
Existe em algum quintal,
uma senhora de idade
que planta em seu novo jardim
Uma, duas, três rosas com amor.
A esta hora exatamente,
Em que o berro estridente exalta o holocausto
Existe em algum barraco
uma criança nascendo,
Trazendo e fazendo o futuro...
Senhor, que os teus pequenos sinais de vida
enfraqueçam as grandes pretensões da morte
E que possamos cantar sob mil bandeiras brancas
A paz que traz o bem que um dia vem...
sábado, 9 de maio de 2020
MUNDO PÓS-PANDEMIA(DUBLADO) - A Grande Realização por Tom Foolery | The Great Realisation by...Poeta britânico vislumbra final feliz para Humanidade depois que a cura for descoberta: 'Às vezes precisamos ficar doentes para melhorar'
Vídeo com poema que descreve mundo pós-pandemia; assista
quinta-feira, 23 de abril de 2020
Histórias e poemas pelo telefone ajudam milhares a driblar a solidão
Histórias e poemas pelo telefone ajudam milhares a driblar a solidão
Projeto da Secretaria estadual de Cultura atraiu 1.062 voluntários e cerca de 2.600 pessoas já se inscreveram para receber ligações
- O Globo
- DAVID BARBOSA david.souza@edglobo.com.br Colaborou Natalia Boere
domingo, 29 de dezembro de 2019
Três poemas de Ingeborg Bachmann
O tempo adiado
Vêm aí dias piores.O tempo adiado até nova ordem
surge no horizonte.
Em breve deves amarrar os sapatos
e espantar os cães para os charcos.
Pois as vísceras dos peixes
esfriaram no vento.
A luz da anileira arde pobremente.
Teu olhar pressente a penumbra:
o tempo adiado até nova ordem
desponta no horizonte.
Do outro lado afunda tua amada na areia,
ele sobe-lhe pelo cabelo esvoaçante,
ele corta-lhe a palavra,
ele ordena-lhe silêncio,
ele encontra-a mortal
e pronta para a despedida
depois de cada abraço.
Não olha para trás.
Amarra teus sapatos.
Espanta os cães.
Joga os peixes ao mar.
Anula a anileira!
Vêm aí dias piores.
Todos os dias
A guerra não é mais declarada,mas mantida. O inaudito
tornou-se ordinário. O herói
fica longe das lutas. O fraco
é deslocado para as zonas de combate.
O uniforme do dia é a paciência,
a condecoração, a pobre estrela
da esperança sobre o coração.
Ela é entregue,
quando nada mais acontece,
quando o fogo cerrado emudece,
quando o inimigo se tornou invisível
e a sombra do eterno armamento
cobre o céu.
Ela é entregue
pela fuga diante das bandeiras
pela valentia diante do amigo,
pela traição de segredos indignos
e a não obediência
de toda ordem.
Enigma
Para Hans Werner Henzeda época dos Ariosi
Nada mais vai chegar.
A primavera não virá mais.
Assim nos antecipam calendários milenares.
Mas também o verão —e tudo o que tem nomes tão bons
quanto “veraneio”—
nada mais vai chegar.
E não hás de chorar por isso,
diz a música.
Nada
mais
foi
dito.
Fonte: Ilustríssima - Folha de São Paulo 29-12-2019