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domingo, 12 de janeiro de 2025

Limitarianismo, ou por que hiper-ricos são do mal

Marcelo Leite

Jornalista de ciência e ambiente, autor de “Psiconautas - Viagens com a Ciência Psicodélica Brasileira” (ed. Fósforo)



Limitarianismo, ou por que hiper-ricos são do mal

Filósofa propõe teto de US$ 10 milhões à riqueza individual para salvar planeta

Atire o primeiro Porsche contra o motoboy quem achar moralmente correto Elon Musk receber US$ 46 bilhões (R$ 280 bilhões) de honorários como CEO da Tesla. E se prepare para ver os argumentos neoliberais convertidos em picadinho por Ingrid Robeyns.

A filósofa da Universidade de Utrecht (Holanda) defende que ninguém deveria acumular patrimônio maior do que o suficiente para viver com largueza. Ela advoga o limite de US$ 10 milhões (R$ 61 milhões).

Autora de "Limitarianism: The Case Against Extreme Wealth" (limitarianismo, o argumento contra riqueza extrema), ela não se fixa na cifra, contudo. Poderiam ser 25 milhões, ou 100 milhões. Importa o princípio a ser reconhecido pela sociedade, não tanto a quantia.
Aqui está o livro em pdf em espanhol, que pode ser baixado de forma gratuita: "Tener Demasiado Ensayos Filosóficos sobre el Limitarismo"
O livro saiu no Reino Unido e nos Estados Unidos, além da Holanda e da Alemanha. Em breve será publicado em coreano, croata, dinamarquês, espanhol, italiano, japonês e russo.
Do ângulo político, os ricos representam grave ameaça à democracia. Têm dinheiro bastante para financiar políticos, garantir a lealdade de partidos, fazer lobby de seus interesses e influenciar eleições. E, agora, envenenar a opinião pública.

A concentração atual de riqueza permite comprar o Twitter e pôr a rede a serviço de Trump. Impedir que o jornal The Washington Post endosse Kamala Harris, como fez Jeff Bezos. Cancelar a moderação das plataformas Meta, à Zuckerberg, para faturar com racismo, homofobia e misoginia.
Por fim, o estilo de vida dessa gente realimenta o aquecimento global. Enquanto um africano emite uma tonelada de carbono por ano na atmosfera, bilionários respondem por até 30 mil toneladas, e isso só com mansões, barcos e aviões, sem contar emissões das empresas que controlam.
Robeyns também pica miudinho a tese de que o veto a bilionários destruirá o incentivo para visionários construírem empresas como a Amazon, mas sua argumentação não cabe aqui. Basta lê-la no blog Crooked Timber para entender que ninguém será impedido de projetar um Tesla ou dirigir um Porsche.

O PDF de uma obra editada por ela, "Having too much: Philosophical Essays on Limitarianism" (ter demais, ensaios filosóficos sobre limitarianismo) pode ser baixado de graça em inglês e em espanhol.

Robeyns alinhava razões de cunho ético, político e ecológico em favor da proposta. A primeira se volta contra a noção de que ganhos estratosféricos de bilionários como Musk e Mark Zuckerberg provêm de seus méritos como empresários inovadores e, assim, se justificam.

Nada disso, contesta a filósofa. O sucesso depende em grande medida de fatores que lhes escapam de controle, como nascer na família certa (em geral, afluente), no país certo (boas saúde e educação) e na hora certa (internet e smartphones).

Quantos Musks e Zuckers não nascem e morrem semi-analfabetos nas favelas, abatidos por balaços da polícia e de traficantes, em acidentes de moto ou picados pelo mosquito da dengue?

Nem mesmo o talento pessoal vem por merecimento, mas em boa parte dos genes. Sem tirar a sorte grande na loteria do nascimento, do berço ao DNA, não há esforço e persistência capazes de tornar alguém bilionário –ao contrário do que pregam (ex)coaches, pastores e outros escroques.

sábado, 19 de outubro de 2024

VAMOS CELEBRAR O DIA DO PROFESSOR!


 A primeira professora que me vem à mente é a Tia Gabi, que, com carinho e dedicação, nos ensinava as maravilhas (e os desafios!) da matemática no quarto ano do Ensino Fundamental. Tia Gabi nos tratava com muito carinho e atenção. Eu gostava especialmente de suas aulas de matemática. Foi com ela que aprendi a preencher cheque, habilidade obsoleta, mas que três décadas depois ainda me lembro. Ela é a primeira, mas na minha trajetória muitos foram os mestres que deixaram marcas na minha trajetória. Muitas foram positivas e influenciaram minhas escolhas profissionais, outras foram negativas, com experiências que prefiro não relembrar.

No dia 15 de outubro, celebramos o Dia do Professor, momento em que mensagens inundaram as redes sociais. A docência é uma profissão com impacto profundo na educação dos indivíduos e na sociedade. No entanto, essa profissão, muitas vezes vista como vocação altruísta, ainda passa por desafios estruturais para ser reconhecida como profissão, não heroísmo.

A baixa atratividade da carreira é um desses desafios. Na última década, dobrou o percentual de estudantes aprovados para formação docente na modalidade a distância (EaD). Tal cenário exige um trabalho para aprofundar problemas já existentes. A modalidade compromete a qualidade da preparação docente, pois, sem importar a geração em sala de aula, o ensino superior se não está sendo forjados profissionais capazes de cobrir a produção de novos professores. Vamos enfrentar o desafio de novas diretrizes curriculares para pedagogia e licenciaturas. A solução não se limita em flexibilizar a carga horária dos professores. Instituições que apostaram exclusivamente no modelo a distância criticam a decisão, alegando que pode gerar o emprego de profissionais.

Mas a qualidade do ensino não está relacionada apenas à baixa atratividade da carreira e ao excesso de cursos, que chega a 70%, e sim à falta de vagas. Apenas um terço dos licenciados realmente se inserem no currículo docente. O nó da questão não está na quantidade de formandos, mas na falta de profissionais qualificados e motivados a permanecerem na profissão.

A formação de professores exige um equilíbrio entre teoria e prática, o que dificilmente se alcança em cursos predominantemente a distância. Por mais complexa que seja a missão de formar docentes, a prática supervisionada e a vivência em sala de aula são indispensáveis.

Ao garantir que pelo menos 20% da carga horária seja presencial, o MEC busca melhorar a qualidade da formação e aproximar a preparação dos futuros professores das demandas reais do ensino básico. A ação do MEC é um passo importante, mas não suficiente. A solução para o apagão de professores qualificados passa por uma transformação estrutural na carreira docente, que precisa ir além de limitar vagas. É necessário criar um ambiente que atraia, prepare e mantenha os melhores talentos na sala de aula.

Afinal, com professores preparados e valorizados, não há futuro para a nação. A valorização tem de ir além do post na rede social para que todas as professoras e professores deixem marcas positivas em seus alunos.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Professor no Brasil enfrenta instabilidade enquanto ainda busca valorização País não avançou na melhoria salarial para seus 2,4 milhões docentes do ensino básico, umas das metas da década

 


São Paulo
Para avançar na educação, o Brasil precisa investir nos seus 2,4 milhões de professores à frente da educação básica. Mas os desafios só crescem.

A carreira majoritariamente feminina —mulheres representam de 96% dos docentes no ensino infantil a quase 59% no ensino médio— e com 80% dos profissionais com ensino superior completo, ainda carece de reconhecimento e melhores condições de remuneração.

Na última década, o país não conseguiu avançar na melhoria salarial dos docentes. O PNE (Plano Nacional de Educação) estabelecia que até 2024 o Brasil deveria equiparar o rendimento médio dos professores da rede pública ao dos demais profissionais com ensino superior.

Em 2012, os professores recebiam em média 65,2% do salário dos demais profissionais. Esse percentual subiu para 86,9% em 2023. No entanto, os dados do Inep, órgão do MEC (Ministério da Educação), mostram que a redução da diferença ocorreu, em grande parte, pela queda do rendimento bruto dos demais profissionais, que teve uma perda real de 20,9% no período.

A média do rendimento bruto dos professores teve um acréscimo real de 5,3%, o que representa um aumento de apenas R$ 249,66 em 11 anos.

"Não temos muito o que comemorar nesse dia do professor, 15 de outubro. Apesar de termos estabelecido estratégias para melhorar as condições de trabalho do docente, o que vimos na última década foi a desvalorização, precarização e desmoralização do professor", afirma Márcia Jacomini, professora da Unifesp que pesquisa política educacional e gestão escolar.

Jacomini destaca que a piora dos resultados educacionais vivida no país nos últimos anos está, entre outros fatores, relacionada ao aumento da instabilidade na profissão. Ela lembra que o sucesso do trabalho do professor depende do estabelecimento de vínculo com o estudante.

É justamente nessa relação que se insere um novo desafio, com o aumento de docentes contratados sem vínculo efetivo para atuar nas escolas públicas.

Nos últimos dez anos, o Brasil viveu uma inversão na forma de contratação dos professores. Os contratos temporários, que deveriam ser exceção, já são maioria em muitas redes públicas de ensino do país.

Um relatório do Inep mostra que o percentual de professores temporários nas redes estaduais saltou de 31,6%, em 2014, para 52% em 2023. Nas redes municipais, passou de 26,6% para 34,2%, no mesmo intervalo.

O aumento ocorreu no período em que o Brasil estabeleceu em lei que essa proporção deveria cair, sendo limitada a no máximo 10% dos docentes que atuam na educação básica.

A meta foi incluída no PNE, como uma das estratégias para melhorar o ensino, por haver um consenso de que esse tipo de contratação faz com que os professores atuem em condições mais precárias, o que, consequentemente, reflete no desempenho dos estudantes.

Como temporários, os professores recebem salários mais baixos, costumam trabalhar em mais escolas e com mais turmas, não têm plano de carreira e nem mesmo a garantia de continuar na mesma unidade durante todo o ano letivo.

"Não só não avançamos, como ainda retrocedemos naquilo que o país havia pactuado como estratégia para melhorar a qualidade do ensino. A falta de estabilidade não é ruim apenas para o professor, mas também para a organização da escola e, principalmente, para o aluno que não consegue estabelecer um vínculo com quem tem aula", avalia Jacomini.

Há dois anos como professor temporário da rede estadual de São Paulo, Anderson Fabrício dos Santos Júnior, 21, convive diariamente com os efeitos da instabilidade de seu contrato. Na última semana, ele perdeu as aulas que tinha em uma das três escolas que trabalha. Seu salário de cerca de R$ 5.300 deve ser reduzido em R$ 2.000.

"Eu vivo sempre na instabilidade, nunca sei quantas aulas vou ter, em quantas escolas vou trabalhar, qual vai ser o salário do próximo mês. Isso tem um impacto enorme na minha saúde emocional e financeira", conta Anderson, que é professor de sociologia e filosofia.

Ex-aluno da rede estadual paulista, ele se lembra ter vivido essa situação diversas vezes. "Como aluno, eu lembro dessa sensação horrível de ter aula com um professor que gostava muito e ele sumir. Ficava uma sensação de abandono. Agora vivo isso do ponto de vista do professor."

Aos 69 anos, Israel Silva Júnior trabalha desde 2011 como professor temporário da rede estadual de São Paulo. Apesar de adorar dar aula e ter contato com os estudantes, ele conta que tem buscado outra profissão para ter maior estabilidade financeira e conseguir se aposentar.

"Há anos convivo com a instabilidade de ser temporário, mas a situação se agravou muito. Nesse ano, por exemplo, o governo mudou as regras de atribuição e eu fiquei três meses sem receber. Eu sou chefe de família, tenho filho, não posso ficar nessa insegurança", conta.

Em nota, a Secretaria de Educação de São Paulo, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que reconhece e valoriza os profissionais da rede estadual de ensino. Informou que, depois de uma década sem a contratação de professores efetivos, a pasta realizou um concurso público no ano passado.

A previsão é que 15 mil docentes de ensino fundamental e médio sejam contratados. Segundo a secretaria, cerca de 12 mil vão ser chamados para começar a dar aulas no próximo ano letivo.

Questionada, a pasta não informou quantos professores temporários terão os contratos encerrados no fim deste ano e poderão ficar sem trabalho em 2025.

Como forma de incentivar estados e municípios a fazerem concursos para docente de forma mais frequente e reverter a proporção de temporários, diversas entidades educacionais têm proposto ao Ministério da Educação a criação de uma prova nacional para o ingresso de docentes na rede pública.

A elaboração do exame está sendo avaliada pelo governo Lula (PT), como parte de uma série de estratégias para melhorar a formação e seleção de professores que atuam na educação básica. Em 2012, quando Fernando Haddad era ministro da Educação, uma proposta semelhante foi analisada, mas não avançou.

FONTE: Folha de São Paulo

domingo, 7 de abril de 2019

Folha oferece assinatura digital grátis por 1 ano a professores da rede pública de todo o país Parceria do jornal com o Google visa melhorar a qualidade da educação


A Folha, em uma parceria com o Google, começou a oferecer assinatura grátis de um ano de sua versão digital a professores da rede pública de todo o país.
Após os 12 primeiros meses, a assinatura do docente ainda será renovada com um desconto automático e permanente de 33% em cima do valor cheio, o que hoje representaria o valor de R$ 19,99 ao mês.
O caminho para fazer a assinatura é bem simples. Basta ter uma conta do Google, como o Gmail, acessar o endereço 
O caminho para fazer a assinatura é bem simples. Basta ter uma conta do Google, como o Gmail, acessar o endereçohttps://login.folha.com.br/assinatura/professores e incluir três dados para identificação: o CPF, o nome da escola e o registro profissional do professor. 
O docente que ainda não tiver uma conta do Google terá o caminho para fazê-la no momento da assinatura gratuita.
Os professores assinantes terão acesso a todo o conteúdo digital da Folha, como a edição diária do jornal, as últimas notícias, o acervo completo desde 1921, colunas e blogs com debates e diversidade de opiniões e uma ampla agenda de eventos culturais, além de infográficos, pesquisas, fotografias, charges e tirinhas.
A iniciativa oferece ao professor a oportunidade de estar sempre bem informado e mais bem preparado para aulas e debates com os estudantes. “O objetivo dessa parceria da Folha com Google é colaborar com a melhoria da qualidade da educação do país, com acesso a um jornalismo de qualidade”, afirma Antonio Manuel Teixeira Mendes, superintendente da Grupo Folha.

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1) Ter uma conta no Google, como o Gmail. O professor que ainda não a tiver terá o caminho para fazê-la no momento da assinatura —basta seguir as próximas etapas

3) Incluir três dados para identificação: CPF, nome da escola e registro profissional do professor
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