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domingo, 25 de dezembro de 2022

BRINCAR, DIREITO FUNDAMENTAL DA INFÂNCIA.

 

Um fenômeno nocivo vem se agravando no mundo todo nas últimas décadas: a redução do brincar na infância.

As famílias não têm tempo para levar as crianças para a praça. A cidade hostil e violenta restringe o acesso ao ar livre. Nas escolas, o recreio é reduzido em nome de mais conteúdo; proíbem crianças de correr (sim, acontece em escolas de elite do Rio), mas permitem que fiquem no celular. As aulas de educação física — quase um refúgio da brincadeira movimentada na escola — são reduzidas a uma ou duas vezes por semana. O dever de casa tem precedência, desde o primeiro ano. E para criar um filho que seja “competitivo” para um futuro imprevisível e complexo, é preciso treiná-lo com aulas de vários idiomas, esportes, música, teatro, culinária, programação… A agenda é tão ocupada quanto a de um executivo.


São sinais do chamado “paradigma escolar do desenvolvimento”: a ideia (equivocada) de que a criança precisa ser treinada por um adulto para aprender o que quer que seja. E aí, brincar vira perda de tempo. Nos poucos momentos de ócio, em que a criança poderia brincar livremente, é bloqueada instantaneamente pela onipresença dos aparelhos digitais. Mergulhada na telinha, ela absorve conteúdos passivamente, com seu cérebro em repouso e sua criatividade e imaginação inteiramente desligadas.

E dessa forma privamos nossos filhos de um direito fundamental. O brincar é a linguagem essencial da infância: através dele a criança passa a se conhecer, a compreender o mundo e a se expressar nele.

Já temos muitas evidências científicas mostrando sua importância crucial. As brincadeiras do bebê expandem as redes de conexões em seus cérebros em acelerado desenvolvimento. É assim que eles exercitam sua curiosidade, aprendem a testar fenômenos, experimentar e dominar seu ambiente. Começando pelo seu próprio corpo —seu primeiro brinquedo. Todas as crianças, em todas as culturas e momentosdahistória,usamobrincarcomoforma de desenvolver habilidades, de se preparar para avidaadulta—muitomaisquequalqueraula.E quanto mais livre e espontâneo, quanto mais usando materiais não estruturados, abertos, que não são direcionados a alguma finalidade, mais criativo será. O melhor brinquedo é a vida. Brincando com seus pais, a criança fortalece o vínculo, o senso de pertencimento e identidade, a autoestima e aceitação. Desenvolve a linguagem e o raciocínio. Brincando livremente sozinha, ela ganha em atenção, motivação, criatividade e imaginação. O senso de descoberta e curiosidade se aguça, a autonomia se amplia. Ela aprende a solucionar problemas, a tomar decisões, a se conhecer melhor e lidar com o tédio e a solidão.

Brincando entre amigos, desenvolvem habilidades interpessoais essenciais para a vida: empatia, comunicação, negociação, regulação emocional, humor. Aprendem a colaborar, a trabalhar em grupo, lidar com regras e com a própria agressividade. A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam aos seus membros que prescrevam o brincar — o melhor antídoto para o estresse tóxico imposto às crianças em nossa sociedade. A criança sabe brincar — ela nasce com um circuito cerebral pronto para isso. Lembre-se disso quando ela reclamar do tédio e pedir o celular. A frase mágica é: “não, vai brincar!” Não precisamos ensinar: basta criar a oportunidade, vencer os primeiros minutos de resistência, estimular e interagir um pouco e, juro, e a coisa vai acontecer. Brincar é um direito fundamental da criança. É a melhor maneira de seu filho adquirir habilidades essenciais para a vida e, em especial, de ser uma criança feliz. E uma infância feliz é a semente de uma adolescência mais tranquila e de uma vida adulta mais plena e produtiva.

E ora, uma boa brincadeira faz um bem enorme para adultos também. Então por que não brincar com seu filho neste dia de Natal?

Já temos muitas evidências científicas mostrando sua importância. As brincadeiras do bebê expandem as redes de conexões em seus cérebros