Bullying

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sexta-feira, 28 de junho de 2024

Banir celular nas escolas já trouxe bons resultados Movimento já ocorre até por iniciativa de comunidades escolares

 OPINIÃO

Expressa as ideias do autor e defende sua interpretação dos fatos​

DANIEL BECKER E RENAN FERREIRINHA

Daniel Becker

Pediatra e sanitarista, é médico do Instituto de Saúde Coletiva da UFRJ e da Soperj

Renan Ferreirinha

Secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro

Parece que a sociedade está chegando a um consenso. Pais, educadores, pediatras, gestores públicos, todos percebemos que o excesso de telas, especialmente do celular com seus aplicativos, está provocando danos às nossas crianças e adolescentes.

Nossa juventude vive uma crise: perdas no desenvolvimento, dificuldades de aprendizado e atenção, privação de sono, transtornos comportamentais e isolamento. Reportagem recente da Folha, que analisou dados do SUS de 2013 a 2023, mostrou aumentos que chegam a estrondosos 1.500% em atendimentos por ansiedade e depressão entre 10 e 19 anos, especialmente em meninas.

Evidências científicas apontam que, se o uso excessivo das telas não é o único culpado, é um dos principais implicados.

Sabemos que redes sociais e outros aplicativos criam mecanismos para provocar dependência, e as crianças são mais suscetíveis. Com isso, elas passam cada vez mais tempo na tela, chegando a 9 ou 10 horas por dia —e começam cada vez mais cedo.

A sucessão de conteúdos curtos, publicitários e superficiais as torna consumistas, apáticas, acríticas, desatentas, incapazes de ler. As bolhas de radicalização geradas pelo algoritmo promovem negacionismo científico e climático, intolerância, violência e bullying, e as deixam suscetíveis a fanatismo político e golpes cada vez mais sofisticados.

A comparação com belezas filtradas e vidas falsamente perfeitas deprime e reduz a autoestima.

Várias medidas estão em marcha para reduzir o uso de telas pelos jovens. Famílias estão se mobilizando para retardar a entrega do celular. Um guia sobre o uso adequado de telas está sendo criado por especialistas e equipes de sete ministérios. A regulamentação das redes está voltando à pauta.

Celular na sala de aula

Além disso, muitas escolas estão optando pelo banimento do celular, num movimento que ocorre simultaneamente em inúmeros países, por iniciativa de governos ou de comunidades escolares.

A escola é o espaço público primordial da criança, onde ela adquire habilidades fundamentais, como colaboração, foco, resolução de problemas e conflitos, além de ter contato com artes, esportes e cidadania. Um lugar para aprender a pensar criticamente, a se relacionar com o outro, com o coletivo, com o mundo.

O óbvio: a mera presença do celular na sala de aula, mesmo na mochila, já perturba a atenção. Estudos mostram um sério prejuízo no aprendizado. Isso não se discute mais.

Mas há o precioso recreio. Com as cidades inseguras e crianças confinadas e sem contato com amigos e com a natureza, o pátio escolar se tornou o último reduto da mais essencial atividade da infância: o brincar. E o celular transforma brincadeiras e trocas de afeto em um deserto de imobilidade, isolamento e bullying.

A escola, como espaço regulamentado, oferece uma valiosa pausa para viver no mundo real, o que é cada vez mais difícil lá fora. Isso não significa afastar a criança da tecnologia: existem outros meios menos distrativos, mais eficazes e seguros para esse fim. O uso do celular pode ser permitido para alunos que os necessitem por questões de saúde e em alguns momentos, para que a escola cumpra uma função que precisa assumir: a educação midiática. Mas a presença do aparelho no dia a dia não faz sentido.

A rede municipal de ensino do Rio de Janeiro foi a primeira a banir celulares, exceto para uso pedagógico autorizado pelo professor. Mais de 650 mil alunos da rede municipal e outros milhares de estudantes em grandes escolas privadas já vivem essa realidade. Os primeiros resultados são excelentes: satisfação de professores, de famílias e até dos alunos, que recuperam o prazer de brincar, interagir e aprender.

Está na hora de espalhar essa onda por todo o Brasil.

TENDÊNCIAS / DEBATES

Mera proibição de celular nas escolas tende ao fracasso Melhor caminho é o uso racional, acordado entre professores e alunos!

Mera proibição de celular nas escolas tende ao fracasso

Melhor caminho é o uso racional, acordado entre professores e alunos

Daniel Cara

Professor da Faculdade de Educação da USP, é membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Monique Rufino Silva Pessoa

Professora de ensino médio e técnico da Etec Guaracy Silveira, doutoranda em educação (USP) e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direito à Educação, Economia e Políticas Educacionais (DEEP-USP)

Pedro Augusto Bertolini Bezerra

Professor de ensino fundamental da rede municipal de São Paulo, doutorando em educação (USP) e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direito à Educação, Economia e Políticas Educacionais (Deep-USP)

A tecnologia sempre foi parte inerente à vida humana. Benjamin Franklin nos caracterizava como "toolmaking animals", ou seja, animais que fabricam ferramentas.

Os celulares representam um novo capítulo da história entre nós, seres humanos, e nossas criações. Da primeira chamada móvel, realizada em 3 de abril de 1973, aos dias de hoje, os aparelhos evoluíram para smartphones e a previsão é que se consolidem como extensão do nosso próprio corpo.

Proibir ou frear a tecnologia é contraproducente: significa contrariar a própria jornada humana. Contudo, qualquer instrumento tecnológico deve ser utilizado de forma a estabelecer uma experiência profícua. Esse é o dilema no qual está inserido, entre outros, o uso de celulares nas salas de aula.

Caixa para celular de alunos na Escola Castanheiras, em Tamboré - Divulgação

No livro "Celular: ensaios estatísticos no ensino fundamental", publicado em 2023, os professores Jonatas Póvoa e Leonardo Mota estudam o caso de uma escola pública da rede municipal de São Paulo. Nesse universo, mais da metade dos alunos ganham seus aparelhos antes dos 10 anos, sem supervisão sobre o uso. Muitos estudantes relatam sintomas como cansaço, vista cansada e dores no pescoço devido ao uso excessivo.

Segundo o relatório "Pisa 2022 Results (Volume 2)", publicado pela OCDE em 2023, 45% dos estudantes relataram se distrair com o uso de dispositivos digitais durante as aulas no Brasil, enquanto a média da OCDE é de 30%. Além disso, 40% dos alunos brasileiros se distraem com colegas que estão utilizando seus aparelhos, comparado à média de 25% na OCDE. Ou seja, a presença do celular prejudica o aprendizado.

No mesmo sentido, o relatório "A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?", publicado pela Unesco em 2023, aponta que há poucas evidências que comprovem a contribuição das tecnologias para a aprendizagem.

Na pesquisa "Proibição do uso de celulares nas escolas: argumentos e orientações de nove países", do Centro de Inovação para Excelência das Políticas Públicas, de 2024, é afirmado que a exposição em excesso dos estudantes às telas prejudica a concentração, causa dependência e afeta o desempenho escolar. Por isso, em alguns países, os celulares ficam longe do alcance dos estudantes durante o período de aula.

Já a nota técnica "Programa Escolas Conectadas: pela segurança, responsabilidade e princípios de direitos humanos", publicada em 2024 pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o uso de tecnologias nas instituições educacionais precisa garantir uma conectividade significativa, incentivando o uso de uma ampla gama de recursos, levando em consideração a questão pedagógica, a independência tecnológica e a proteção de dados dos estudantes.

Portanto, em termos pedagógicos, e considerando nossa experiência no magistério público (ensino fundamental, ensino médio e educação superior), os celulares prejudicam o aprendizado, mas a mera proibição tende ao fracasso.

Como boa prática, acordos devem ser realizados entre alunos, familiares e professores, segundo diretrizes estabelecidas pelo conselho escolar e pela direção, mediante uma reflexão crítica sobre o uso responsável das tecnologias.

Inclusive, quando couber, os celulares podem ser utilizados como instrumentos pedagógicos —desde que não promovam desigualdades nas salas de aula.

Se é fato que a posse dos aparelhos é inevitável, também é verdade que o uso indiscriminado e desregulado prejudica a saúde, a segurança e o aprendizado dos estudantes. O caminho é o uso racional, acordado.

Apresentamos um roteiro para discussão em uma reunião de formação continuada a partir do artigo de opinião da Folha de São Paulo.

FONTE: Folha de São Paulo


terça-feira, 7 de novembro de 2017

Você viu a reportagem sobre celular no Jornal Nacional do dia 07-11-2017? Se não assista aqui no Girassol. A reportagem é: Celular é permitido nas escolas de SP, mas só para ajudar no aprendizado. A pergunta que todo educador tem que fazer é:Como transformar o uso do celular em sala de aula em um aliado da tecnologia na educação?


É só clicar na imagem acima para acessar a reportagem do JORNAL NACIONAL  do dia 07-11-17

Sabemos que o celular  ainda é bastante polêmico quando se pensa na sua relação com a educação.  Mas o celular, condenado por muita gente e defendido por outros pode se tornar em um rico instrumento de aprendizagem. É o que nos mostra esta reportagem do Jornal Nacional do dia 07 de Novembro de 2017. Os celulares atuais possui inúmeros recursos que podem ser utilizados enquanto instrumento de estudo pelos estudantes: câmeras, gravador de voz, mapas, além de, é claro, o acesso à internet. O grande problema é que precisa ser discutido com os estudantes o uso inteligente deste aparelho. Estar conectado em sala de aula não necessariamente significa distração e perda de foco. Quando bem direcionada pelo professor, essa alternativa é também uma maneira de aprender como pesquisar,  coletar dados e referências e inteirar-se de assuntos atuais em tempo real. Ou seja, o aluno acaba se tornando o protagonista do próprio aprendizado.


Obviamente, o uso de celular em sala de aula sem nenhuma estratégia ou tipo de controle não é, absolutamente, recomendado. O ideal é que o professor consiga, desenvolver práticas pedagógicas que insiram o aparelho de maneira a promover o conhecimento e voltada para o estímulo da curiosidade do aluno.