O JOVEM E O
ENSINO MÉDIO: SONHOS E DESAFIOS DE UMA BOA ESCOLA.
Deodato
Gomes Costa
O caso de qualquer escola
brasileira de Ensino Médio tomada isoladamente é emblemático e mostra um pouco
o retrato de todas as escolas de Ensino Médio do Brasil. Altas taxas de
reprovação, de abandono e um IDEB muito abaixo das metas preconizadas pelo MEC.
Mesmo quando a escola é contemplada com uma política pública que visa a
melhoria do processo de ensino buscando oportunizar inovações na equipe e mudar
os índices negativos, o resultado do investimento não passa de simplesmente
dotar a escola de equipamentos e recursos materiais, sem atender o
objetivo central da política que é o de elevar o IDEB e reduzir as altas
taxas negativas. Não é à toa que existe mais de 1,5 milhão de jovens fora da
escola. O censo escolar de 2015, que chega a apresentar 16% da população desta
faixa etária como um número alimentados cada vez mais por um processo de
abandono escolar. O problema é que o quadro não se reverte, constituindo uma
vergonha nacional. É triste demais ver legiões inteiras de jovens abandonados à
sua própria sorte. Estes são os verdadeiros
analfabetos funcionais, sem condições de uma leitura de mundo, do seu tempo e
de sua história. Um grupo em que escola
pouca atração exerce sobre os mesmos, em consequência muitos partem para
o mundo da criminalidade e das drogas. Há escolas públicas de sucesso que conseguem
êxito no seu trabalho, muito pela atuação dos profissionais docentes que são responsáveis
e buscam implementar inovações proporcionando algum triunfo e menos por projetos e políticas governamentais. Quando na Escola há mobilização muito grande por parte dos professores envolvidos,
visando à interdisciplinaridade de um projeto, tornando-o mais apropriado e
interessante aos olhos dos educandos, tem se toda a chance de dar
certo. Desde a coordenação de uma equipe como um todo até chegar ao aluno,
com o envolvimento e compromisso da equipe, o sucesso de cada jovem pode se
tornar real. O Ensino Médio no Brasil na opinião de todos, é péssimo e isto
reflete principalmente nos índices de proficiências alcançados pelos alunos nas
avaliações externas. As redes de ensino precisam se estruturar para acompanhar
a implementação das políticas públicas, desde os órgãos centrais que precisam
buscar o feedback dos resultados e impactos provocados, até o monitoramento de
todas as fases, e aí, cada nível gestão tem seu papel específico no processo de
acompanhamento. Um ponto importante deste conjunto de ações, são os momentos de
avaliação desde sua concretização em sala de aula até os comitês que se formam
a nível central, visando corrigir os desvios e acertar os caminhos. Uma
política pública muitas vezes não dá certo porque os responsáveis por levar à
prática as propostas ficam foram da construção da mesma, gerando pouca adesão
na implementação. É o que está acontecendo neste momento com a Medida
Provisória do governo federal que se pretende a mudança do Ensino Médio. Fomos
surpreendidos com a mesma que se propõe a enfrentar toda a problemática das
Escolas de Ensino Médio, mas pelo que se vê, como já amplamente colocado por
muitos especialistas, esta vem de forma autoritária sem uma conversa com a
comunidade educacional, e por isso mesmo com poucas chances de obter êxito.
Pelo que se sabe uma Medida Provisória já começa valendo, apesar de ter que se
passar pelo legislativo. Não se consegue a adesão dos professores para esta
reforma estando eles fora da construção da mesma. Esta que é uma questão
central. Segundo o que sabemos Medida Provisória foi um recurso muito utilizado
pela ditadura militar para imposição de certas políticas e agora vê-se que quer
mudar um nível de ensino de forma tão arbitrária e impositiva. Da forma como
está sendo implementada estas mudanças sem levar em conta toda a discussão feita
ao longo destes anos e que estão acumuladas tanto no PNE, quanto na Base, não
lograrão efeito. Daniel Cara, representante da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação alerta que: "Apesar de
dizer que considera o Plano Nacional de Educação (PNE) e a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), a MP é totalmente dissonante das
discussões atuais sobre o Ensino Médio. Discorda dos debates da
Conferência Nacional de Educação e das melhores pesquisas sobre essa etapa
feitas aqui e no mundo, que dizem basicamente que uma reforma do ensino médio
feita sem envolver alunos e professores tem enormes chances de dar errado.” Pela Meta 6 do PNE, deve se oferecer a
educação em tempo integral, que consta na proposta da MP, com o encaminhamento
de diversas estratégias de implementação da mesma. Pela Medida Provisória a
Educação Integral deverá acontecer no Ensino Médio aumentando para 7 horas
diárias o tempo de permanência do jovem na escola, mas para isto é preciso
fazer uma verdadeira revolução na rede física das escolas com instalação de
quadras poliesportivos, laboratórios, bibliotecas, auditórios, refeitórios e
banheiros de excelentes qualidades, questão que sem implementar a meta 20 do
PNE, que é de ampliação do investimento em educação, não tem como tornar
real. Daniel Cara critica também a Medida Provisória no que diz respeito
aos investimentos no Ensino Médio Integral quando diz que "liberaliza
demais a distribuição de recursos para a Política de Fomento à Implementação de
Escolas de Ensino Médio Integral. A transferência de recursos financeiros
prevista para esse fim será efetivada automaticamente pelo FNDE, dispensada a
celebração de convênio, acordo, contrato ou instrumento congênere, mediante
depósitos em conta corrente específica. Segundo o mesmo, o texto constitui "(...) é
um castelo de areia com dois problemas: primeiro, abre espaço para malfeitos
com recursos do FNDE - que perde mecanismos de controle, segundo, tornar
integral o ensino médio, com mudanças apenas no percurso do estudante tende a
ser contraproducente." A
flexibilização do currículo, quando tira a obrigatoriedade da Educação Física,
é questionável, primeiro pelo fato de ser uma disciplina atrativa. Atletas
olímpicos surgem e morrem é na escola mesmo pelo fato de muitos jovens não
encontrarem apoio para desenvolverem seus talentos e se tornarem atletas de
alto rendimento. Quanto a filosofia e sociologia, a última vez que
tiraram estas disciplinas da grade curricular, foi na ditadura militar, estas
são palavras de um jovem na rede e não necessitam de nenhum comentário.
PORTAL VERMELHO. Entrevista com
Daniel Cara http://www.vermelho.org.br/noticia/287137-8>
Acesso em 24.Set.2016.
VEJA.COM
Mais de 1 milhão de jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola, segundo Censo
Escolar 2015. http://veja.abril.com.br/educacao/mais-de-1-milhao-de-jovens-de-15-a-17-anos-estao-fora-da-escola-segundo-censo-escolar-2015/ Acesso 24. set. 2016
VALIAÇÕES
FINAIS SOBRE O PNE 2001-2010 E PRELIMINARES PNE 2014-2024. SOUZA, Donaldo
Bello. 2014
BRASIL.
Lei n.13005, de 25 de Junhode 2014. Aprova Plano Nacional de Educação. -PNE e
dá outras provid~encias. Diários Oficial da República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 26 jun.2014
ESTUDO
DA IMPLEMENTAÇÃO E DA OPERACIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR EM
TRÊS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE MANAUS/AM. Alcântara. Hadaquel da Silva.
Mattos, Leonardo augusto Felipe de. Júnior, Lourival Batista Oliveira.Sem data.
PROEMI
- Ensino Médio Inovador.Exemplo. Experiência de Implantação do ProEMi em Afonso
Claudio. Acesso.24.set.2016
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