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domingo, 3 de março de 2019

Chikungunya entrou no Brasil antes do que se imaginava, aponta estudo O primeiro caso da doença no país foi registrado em 2014, mas análises de sangue e sequenciamento de DNA apontam para a presença do vírus em 2012

Uma nova pesquisa da Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, sugere que o vírus da chikungunya entrou no Brasil pelo menos um ano antes do que foi detectado pelos sistemas nacionais de saúde pública. O primeiro caso confirmado da doença no Brasil foi em 2014. 

O estudo, publicado no periódico Scientific Reports, indica que diversos brasileiros tiveram diagnósticos errados. “Se temos a evidência de que um vírus circulou por mais ou menos um ano sem ser detectado, e isso aconteceu pra chikungunya e zika mais recentemente, significa que a vigilância precisa se preocupar muito mais com os casos negativos para vírus pré-existentes e começar a triar para outros possíveis agentes com potencial de emersão", disse em comunicado Thiago Moreno, pesquisador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz). "Desta forma é possível reconhecer esse vírus antes que ele se torne um problema de saúde pública, evitando assim, uma possível epidemia."
VÍRUS DA CHIKUNGUNYA É TRANSMITIDO POR MOSQUITOS, COMO O AEDES ALBOPICTUS (FOTO: JAMES GATHANY, CDC/WIKIMEDIA COMMONS)
Análises

Os cientistas analisaram amostras de sangues coletadas no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) entre março de 2016 e junho de 2017. Um teste genético buscou identificar a forma de entrada do vírus no país. 

Mais de 60% das amostras analisadas tiveram resultado positivo para chikungunya. Destas, 40 foram positivas para chikungunya e negativas para dengue e zika. Estas amostras, contudo, foram avaliadas novamente usando o método CII-ArboViroPlex, desenvolvido pelo Centro de Infecções e Imunização (CII) da Universidade de Columbia – a técnica consegue detectar zika, todos os sorotipos do vírus da dengue, febre do Nilo e chikungunya. O teste confirmou a avaliação, mas com maior sensibilidade. Ou seja, sugeriu que outros testes não seriam capazes de detectar o vírus. 

Catorze das amostras de sangue representavam datas específicas no período de 15 meses antes. Elas foram avaliadas novamente, usando uma técnica que permitiu a recuperação quase completa dos sequenciamentos de DNA e identificação dos genótipos do vírus da chikungunya. “Cada vez que um vírus se replica, ou seja, circula, surgem mutações no genoma. E, através da ancestralidade dessas variações conseguimos mapear a rota que o vírus fez por aqui e quando”, explicou Moreno.

A análise dos 14 sequenciamentos ainda mostrou correlação entre a divergência genética e a data em que a amostra foi coletada. Com isso, os pesquisadores identificaram uma janela de quase um ano entre a entrada do vírus no país e os primeiros casos confirmados. 

Acredita-se que o vírus pode ter circulado no início do ano de 2012, e veio provavelmente da África Central, depois de ser negligenciado por duas décadas ao redor do planeta. Casos de febre chikungunya foram confirmados pelos órgãos de saúde pública nacionais somente em 2014. 

Outra evidência do estudo aponta a entrada do vírus no Rio de Janeiro em um só evento, sendo levado diretamente de Sergipe. Ou seja, o bloqueio para as arborivores (doenças transmitidas por insetos) no estado fluminense não foi eficaz. “Bastou um evento para o vírus entrar e se instalar, e isso significa que não há obstáculos para sua circulação. O que se espera é que sejam necessárias múltiplas entradas para que uma nova doença se estabeleça", declarou Moreno. "E assim, o que temos como resultado desta pesquisa é o diagnóstico da situação atual. O que nos aponta um caminho a ser seguido para que possamos controlar a entrada de possíveis novos vírus no país."