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sábado, 21 de agosto de 2021

POR QUE ENTRAR NA UNIVERSIDADE NUNCA FOI TÃO DIFÍCIL

 

POR QUE ENTRAR NA UNIVERSIDADE NUNCA FOI TÃO DIFÍCIL

SE AS LONGAS LISTAS DE EXERCÍCIOS PARA O VESTIBULAR JÁ ERAM UM DESAFIO, AGORA MUITOS JOVENS BRASILEIROS QUE SONHAM EM INGRESSAR NO ENSINO SUPERIOR ENFRENTA M

NOS EXAMES COM O PESO DA DESIGUALDADE ACENTUADA PELA PANDEMIA


Foi durante um estágio no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais que Márcia Fabrícia Almeida Teixeira descobriu sua vocação para a medicina. Na época, ela estudava farmácia na UFMG. Havia entrado na graduação com o sonho de seguir carreira acadêmica e tornar-se professora universitária. Após dois anos e meio de iniciação científica, no entanto, percebeu que a vida nos laboratórios não a completava. Era nas horas de estágio, acompanhando pacientes em tratamento com anticoagulantes, que ela se realizava. “Não era apenas uma questão de ajudar a tratar uma doença, mas de lidar com as pessoas e conhecer as histórias de cada um que passava por ali”, lembra Márcia.


Em 2016, ela se graduou como farmacêutica e, no ano seguinte, começou a corrida por uma vaga em um dos cursos mais concorridos do Brasil. Ao todo, foram quatro anos de cursinho para, enfim, receber a aprovação em medicina na UFMG. “Depois de tantos ‘nãos’, foi a realização de um sonho”, afirma a estudante de 28 anos. O que a mineira não esperava era que o “sim” viria em meio a uma pandemia e que ela não frequentaria tão cedo o campus do curso, localizado no bairro de Santa Efigênia, no centro de Belo Horizonte.

A história de Márcia é, ao mesmo tempo, regra e exceção. Por conta da pandemia, a educação remota foi adotada como principal forma de ensino aos 47,3 milhões de estudantes matriculados na educação básica do país em 2020 — e aos mais de 8 milhões de alunos inscritos no ensino superior também. Desde então, para além das notas e do envolvimento em aula, outros desafios surgiram no dia a dia do estudante brasileiro, como a falta de acesso a recursos tecnológicos e a espaços adequados para os estudos. Com isso, muitos estão perdendo a oportunidade de estudar.

A pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus, conduzida em maio de 2020 pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) e organizações parceiras, dá uma ideia desse panorama. Entre os 24 mil brasileiros de 15 a 29 anos que responderam ao questionário, 10% disseram que sua escola/faculdade “não está oferecendo nada [em relação a aulas, plataformas e recursos para estudo], por isso não estou estudando”. No caso de 9%, os estudos estão ocorrendo por conta própria. Na página 43 do documento, um estudante diz: “Aqui no Distrito Federal, a UNB [Universidade de Brasília] parou de oferecer atividades pros alunos fazerem porque tem muita gente que depende dos notebooks que eles mesmos oferecem na biblioteca.”

A situação é ainda mais preocupante entre os mais novos, em especial aqueles que têm de 15 a 17 anos — e, idealmente, estariam a um passo de ingressar na universidade. Eles foram os que mais sentiram o impacto da desigualdade agravada pela pandemia, como conclui o levantamento Retratos da educação no contexto da pandemia do coronavírus: um olhar sobre múltiplas desigualdades, publicado em outubro de 2020. A análise reuniu resultados de cinco estudos ao longo dos primeiros meses da crise sanitária no Brasil realizados por grandes institutos, fundações e movimentos que trabalham em prol da educação. Os números são alarmantes: apenas sete a cada 10 jovens de 15 a 17 anos estão devidamente matriculados no ensino médio. É nessa faixa etária que se concentra a maior taxa de evasão escolar — a cada 100 crianças que ingressam no sistema de educação brasileiro, 89 concluem os primeiros anos do ensino fundamental na idade ideal, 78 chegam ao nono ano e apenas 65 se formam no ensino médio. O número não está apenas abaixo do desejado como também mal distribuído: entre os 25% mais pobres, somente “Muitos alunos estão trabalhando para sustentar a família, mas também há muitas famílias que pediram que eles trabalhassem por não estarem na escola”  Everson Rodrigo Tatto, coautor de estudo com secundaristas em Querência (MT)

62% dos alunos de 15 a 17 anos estão no ensino médio; já entre os 25% mais ricos, são 91%.


O levantamento aponta diferenças entre secundaristas das redes privada e pública. No que diz respeito à disponibilidade de equipamentos para acessar internet e, portanto, acompanhar as aulas, ambos os grupos fazem amplo uso do smartphone (98% e 97%, respectivamente). Já o computador ou notebook é um item incomum entre os alunos de escola pública: apenas 29% têm um em casa; entre os que frequentam instituições privadas, a porcentagem chega a 71%. Quando perguntados se consideram que os equipamentos à disposição são pouco adequados para estudar, 69% dos alunos da rede pública e 48% da particular concordam. Os estudantes do ensino público também foram os que mais sentiram dificuldade em tirar dúvidas com os professores de forma remota e de se organizar para estudar em casa.

A desaprovação do ensino à distância pela maior parte dos alunos de escolas públicas também foi observada pelo historiador Everson Rodrigo Tatto, mestrando do programa de pós-graduação em história da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ele é um dos coautores de um estudo que ouviu as percepções de 118 secundaristas das redes pública e privada de Querência (MT). A cerca de 717 quilômetros de Cuiabá, o município tem uma população estimada em pouco menos de 18 mil habitantes e abrange parte da Reserva Indígena do Xingu. Entre os estudantes da rede pública da cidade, apenas 25% dizem estar mais à vontade para realizar os deveres e quase 40% consideram os conteúdos confusos. Na rede particular, o cenário muda: 58% se sentem mais confortáveis com os estudos.


Uma das maiores diferenças entre os estudantes das redes de ensino da cidade foi em relação aos horários de fazer as tarefas: 61,5% dos alunos de escola particular estudam em períodos fixos do dia, enquanto apenas 17% dos que frequentam a rede pública fazem o mesmo — a maioria afirma estudar em horários aleatórios e quando possível. Na visão de Tatto, o que explica isso é o fato de boa parte dos quase 5,9 milhões de inscritos no Enem 2020, apenas 2,7 milhões estiveram presentes em um ou nos dois dias da prova, segundo o Inep dos alunos de ensino médio público terem começado a trabalhar para ajudar na renda de casa. “A pobreza aumentou no país e Querência não é exceção”, constata o historiador. “Tem muitos alunos que estão trabalhando para sustentar a família, mas também há muitas famílias que pediram que eles trabalhassem por não estarem presencialmente na escola. Ou seja, muitos não dão ao ensino remoto o mesmo valor dado ao estudo em sala de aula.” Seja por pressão dos pais, seja por problemas da instituição, essa realidade trará consequências sérias para o futuro de milhões de jovens. Pior: tudo isso alavancado por uma evidente negligência do Estado.


DESCASO NACIONAL

Com o ensino prejudicado pela pandemia e o medo de contrair Covid-19 durante a prova, diversos vestibulares do país apresentaram recordes de abstenção. A Fuvest, que dá entrada à Universidade de São Paulo (USP), teve 13,2% de seus 130.678 inscritos ausentes este ano. O índice é maior que o do exame de 2020, quando 7,9% dos candidatos faltaram. A Unicamp, no interior paulista, registrou 15,5% de abstenções na primeira fase para cursos das áreas de exatas, tecnologia, artes e humanas.


O mais chocante, porém, foi o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020: dos quase 5,9 milhões de inscritos, apenas 2,7 milhões estiveram presentes em um ou nos dois dias da prova, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em meio à segunda onda da pandemia, o país registrava 26,4 mil casos e 518 mortes pelo novo coronavírus no dia 17 de janeiro, primeiro domingo da avaliação. No fim de semana seguinte, a segunda parte foi realizada enquanto eram diagnosticados 28,4 mil novos casos e 606 óbitos pela Covid-19, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa com base em dados das secretarias estaduais de saúde. “Tive muito medo de fazer a prova do Enem este ano. Ficava pensando ‘e se eu pegar Covid no primeiro dia e não conseguir fazer a segunda parte da prova?’’’, conta Márcia Fabrícia. “Acho que só deu tudo certo na minha sala porque cerca de metade dos estudantes faltaram, caso contrário, a minha impressão é de que ela teria ficado um pouco cheia.”


Como se não bastasse, a gestão da educação no país vem agravando ainda mais os problemas gerados pela crise sanitária. Para o sociólogo Wilson Mesquita de Almeida, professor “Tive muito medo de fazer a prova do Enem este ano. Ficava pensando ‘e se eu pegar Covid no primeiro dia e não conseguir fazer a segunda parte da prova?” Márcia Fabrícia Almeida Teixeira, estudante de medicina na UFMG da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, e especialista em políticas de acesso e permanência no ensino superior, o descaso com que o Enem tem sido tratado põe em risco essa importante e democrática via de ingresso às principais universidades do país. “O Enem deveria ser organizado de forma mais estratégica”, avalia. “Nesse momento em que temos o avanço de desigualdades sociais, deveria haver um maior empenho e investimento em políticas que assegurem a entrada de minorias étnicas e sociais ao ensino superior. O que vemos, porém, são cortes justamente nas áreas que mais precisam: educação, ciência e tecnologia.” Almeida também destaca a necessidade do avanço na versão digital do Enem, que tem sido cogitada desde o mandato de Fernando Haddad como Ministro da Educação (entre 2005 e 2012), mas só este ano o modelo foi aplicado.


Atualmente, o que tem preocupado professores e estudantes é a falta de datas para o Enem 2021, apesar das inscrições já terem começado. Em 13 de maio, a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, revelou ao portal G1 a possibilidade do exame ser realizado apenas em 2022, por falta de verba. No mesmo dia, no entanto, o Inep, responsável por organizar a prova, emitiu uma nota negando que falte orçamento para a avaliação — ainda assim, não estipulou uma previsão de data.


PRE-PA-RA

Enquanto as datas oficiais não são divulgadas, cursinhos em todo o Brasil se adequam e atualizam para atender às novas demandas dos alunos que, isolados em casa, carecem não só de recursos, mas também de orientações e suporte para encarar os vestibulares. No caso da futura médica Márcia, o apoio dado pelo Hexag Vestibulares, onde estudou por dois anos, foi determinante para a vitória no Enem. Enquanto era vestibulanda, ela teve acesso a acompanhamento psicológico e pedagógico, aulas de yoga e a uma plataforma que dava aos alunos uma visão 180 graus das salas de aula onde os professores lecionam.


Uma rede de apoio como essa não poderia ter sido criada da noite para o dia. Herlan Fellini, sócio e diretor pedagógico do curso preparatório, foi um dos membros do Hexag a viajar em 2014 para a Finlândia, país conhecido por ter a melhor educação do mundo. Lá, o educador entendeu a importância de adotar um sistema híbrido de ensino, que daria todo o suporte para os alunos estudarem à distância sem perderem a experiência da sala de aula. Antes da pandemia, o método já havia sido utilizado pelo cursinho na greve dos caminhoneiros em 2018, que limitou a circulação de veículos em todo o país e foi motivo de cancelamento de muitas aulas Brasil afora. O fruto desse investimento foi colhido neste ano, com um aumento de 32% nas performances e notas dos alunos do cursinho, focado em vestibulandos que querem fazer medicina. É possível ter acesso ao material criado pelo curso de forma gratuita: o Hexag Solidário disponibiliza apostilas e vídeos elaborados pelos professores da rede para quem está estudando por conta própria. Além disso, também dá para se candidatar a bolsas de estudo.

Mais popular, o Cursinho da Poli, em São Paulo, também dispõe de uma plataforma própria que não deixou os estudantes na mão durante o ano letivo de 2020. Inaugurada em 1987, a escola tem mais de três décadas de experiência na aprovação de vestibulares, tendo atendido mais de 190 mil alunos em todos esses anos, sendo 80% deles vindos de escolas públicas. Segundo o diretor presidente da instituição, Gilberto Alvarez, a primeira experiência com o ensino remoto foi por meio de um aulão online sobre o Enem em novembro de 2019. A partir dos erros e acertos do serviço utilizado nesse evento, o cursinho conseguiu rapidamente se adaptar ao novo formato imposto pela pandemia: os alunos quarentenados em março de 2020 ganharam, em 48 horas, uma plataforma própria que permitiu que eles tivessem melhor acesso às aulas. Um corpo de psicopedagogos também ajudou os estudantes a lidarem com questões como luto, ansiedade e divisão de tarefas com o trabalho.


Já no Cursinho da FEA, gerido por estudantes da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), são oferecidas aulas gratuitas para 480 alunos ao ano, divididos em quatro modalidades de ensino. Uma delas, a Turma de Ciclo Básico, não é voltada exatamente para o vestibular, mas para ensinar o conteúdo do ensino médio. A modalidade se fez ainda mais necessária durante a pandemia. “Percebemos que muitos estudantes não se sentem preparados para o cursinho porque não tiveram acesso a uma base sólida desses conteúdos na escola”, comenta Lucas Cerasoli Passos, coordenador pedagógico da iniciativa e aluno de administração da FEA-USP. “Nosso intuito é oferecer educação de qualidade e humanizada mesmo em meio às dificuldades técnicas que a educação remota impõe.” Assim, os alunos se sentem mais preparados “Nosso intuito é oferecer educação de qualidade e humanizada mesmo em meio às dificuldades técnicas que a educação remota impõe” Lucas Cerasoli, coordenador do Cursinho da FEA, que atende alunos do ensino médio para enfrentar o vestibular e, é claro, se entregar a uma nova leva de ansiedades que vêm junto com o ingresso na universidade.


ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

“O que tem para jantar no bandejão?”, “Onde fica a sala dessa disciplina?”, “Será que vou encontrar meus amigos no ônibus de novo hoje?” Para além de longas listas de textos (e algumas noites mal dormidas), a experiência universitária também envolve questões que nos mantêm conectados ao ensino superior. Mas, com aulas começando apenas com um clique e uma rotina monótona em casa, essa vivência mudou bastante. Será que para pior? Foi o que as psicólogas Camila Alves Fior e Maria José Martins, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), investigaram ao acompanhar a trajetória de oito jovens que ingressaram em universidades públicas do estado de São Paulo em 2020.

A pesquisa começou no dia mais importante dos calouros: a matrícula. Nesse primeiro momento, as pesquisadoras queriam entender quais eram as expectativas dos estudantes em relação à universidade. Oito semanas depois, eles voltaram a ser procurados, desta vez para compartilhar suas primeiras impressões sobre a vida universitária. O que as pesquisadoras não contavam é que essas duas semanas iriam incluir alguns dias de quarentena. Fior e Martins, então, continuaram a acompanhar os jovens para observar como seria a adaptação remota ao meio acadêmico.

Nessa empreitada, elas reconheceram a importância de criar laços com veteranos e do papel do professor e da instituição de ensino como mediadores dessas relações que os calouros devem construir. “O primeiro ano de faculdade é um período muito significativo”, avalia Fior, professora do departamento de psicologia educacional da Faculdade de Educação da Unicamp, no interior paulista. “É nesse período que o estudante vivencia um conjunto de transições, tendo que se adaptar ao âmbito acadêmico, a um novo nível de estudo, a novas exigências. É também quando há um maior número de evasão.”

A pesquisa feita pelo Conjuve vai ao encontro dessa afirmação. O levantamento revela que 29% dos alunos de 19 a 24 anos e 30% daqueles entre 25 e 29 anos já consideraram não retomar seus 29% dos alunos de 19 a 24 anos e 30% daqueles entre 25 e 29 anos já consideraram não retomar seus cursos durante a pandemia cursos durante a pandemia. Ao mesmo tempo, o retorno à escola ou faculdade e o reencontro com amigos e familiares são relevantes para quase nove a cada 10 jovens que participaram do estudo. Para evitar desistência e aumentar a sensação de pertencimento entre os alunos, Fior notou que o acesso a equipamentos é, sim, fundamental, mas são medidas mais humanas que fazem com que os universitários se envolvam nas aulas em tempos de video chamadas com câmeras desligadas. Convidar veteranos para monitorar aulas ou autores de textos que, se não fosse pela internet, nunca poderiam comparecer a um encontro em sala é um exemplo de como estimular quem está batalhando pelo diploma — e por um futuro profissional imprevisível. 


O QUE VEM PELA FRENTE?

Em maio de 2020, as mudanças que vieram com a pandemia ainda eram encaradas como provisórias ou mesmo positivas. De acordo com o levantamento do Conjuve, cinco a cada 10 jovens acreditavam que o modo de trabalhar melhoraria um pouco ou muito, apesar de 70% se declararem pessimistas em relação à economia brasileira. As carreiras que mais brilharam os olhos dos entrevistados — com maior possibilidade de reconhecimento e investimentos — são aquelas em ciência, pesquisa e saúde pública.

Na prática, porém, a realidade não foi tão promissora no cenário profissional. Uma pesquisa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) constatou que o número de vagas de estágio abertas em janeiro e fevereiro de 2021 foi o maior desde o início da pandemia, mas 37,1% menor em relação aos dois primeiros meses do ano passado. No total, 191,5 mil vagas foram abertas para estudantes, quantidade 36,7% menor do que em 2019. Em um vídeo publicado no YouTube, o CIEE indicou que a perspectiva está melhorando. As oportunidades de estágio no primeiro trimestre deste ano cresceram 31,2% em relação ao último trimestre de 2020. Já os contratos assinados aumentaram 36,5% na comparação entre os dois períodos.


Mas os efeitos a longo prazo de todas as aulas perdidas, conceitos não entendidos e experiências nunca vividas ainda são desconhecidos. E eles não se restringem ao desenvolvimento desses jovens. Um estudo do Grupo Banco Mundial fez uma simulação do impacto da Covid-19 no aprendizado considerando três cenários: escolas fechadas por três meses, cinco meses e sete “Muito se fala sobre a transição do aluno do ensino médio para o superior, mas também precisamos dar atenção à inserção dos jovens no mercado de trabalho” Camila Alves Fior, psicóloga e professora da Faculdade de Educação da Unicamp meses. A pesquisa se baseou em dados dos dois níveis de ensino fundamental de 157 países. Constatou-se que a perda de aulas pode reduzir de 7,9 para até 7 o total de anos da educação básica de um aluno. Mais: a falta de estudo nessa fase da vida pode resultar em uma perda de US$ 25 mil nos ganhos futuros financeiros dos jovens ao longo da carreira. Em termos globais, uma escola fechada por cinco meses pode gerar uma perda de aprendizado cujo valor equivale a US$ 10 trilhões, de acordo com o Banco Mundial.

“Muito se fala sobre a transição do aluno do ensino médio para o superior, mas também precisamos dar atenção à inserção dos jovens no mercado de trabalho”, afirma Fior. “Ainda que seja cedo para avaliar o impacto da pandemia nessa esfera, é importante considerarmos que há esse grupo de estudantes que não seguiram trajetórias lineares de ensino.” Para a professora da Unicamp, é preciso pensar em políticas afirmativas que assegurem não só o ingresso, mas a permanência dos alunos no ambiente profissional, considerando que o perfil do universitário brasileiro é bastante diverso em termos de condições socioeconômicas, raça e gênero.

O primeiro emprego, afinal, ainda é um sonho (e uma necessidade) que a pandemia não minou. Para Márcia, caloura da UFMG, o próximo objetivo é retribuir os estudos em universidade pública trabalhando no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda longe de definir se fará residência em cardiologia, ortopedia ou oncologia, carreiras que mais a entusiasmam, a jovem dá seu jeito de colaborar da forma que pode. Em sua conta no instagram (@marciafabricia.med), ela compartilha com quase mil seguidores dicas para passar no vestibular e conquistar uma vaga no ensino superior em meio aos desafios da pandemia. “Quero ajudar o maior número de pessoas possível com o meu trabalho, dentro e fora da universidade”, diz a estudante.

Enquanto Márcia e outras tantas pessoas dão sua singela contribuição para reduzir os danos da Covid-19, a expectativa é que o Governo tome decisões mais robustas para alavancar a educação e, assim, frear a desigualdade. “Só espero que, pelo menos uma vez neste país, alguém olhe para o sistema de ensino e torne-o prioridade”, desabafa o historiador Everson Tatto. Valorizar a educação não apenas como um serviço essencial, mas prioritário, é o caminho para que haja um real investimento no setor e que jovens talentos não se percam por falta de oportunidades.

FONTE:Revista Galileu

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Unicamp recebe pedidos de Isenção para o Vestibular 2021 a partir de 22 de junho

Considerando o contexto da pandemia do Coronavírus (Covid-19), a Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) está ajustando o calendário e alguns procedimentos para o pleno atendimento dos estudantes das escolas públicas no Programa de Isenção da Taxa de Inscrição para o ingresso em 2021. A isenção valerá tanto para o Vestibular Unicamp 2021 quanto para a modalidade Enem-Unicamp 2021.  
As inscrições foram transferidas para os meses de junho/julho e estarão abertas a partir das 9 horas do dia 22 de junho de 2020 até às 23h59min do dia 08 de julho de 2020. A documentação exigida deverá ser enviada também até o dia 8 de julho. O horário da abertura e encerramento das inscrições é o horário de Brasília (DF). Candidatos de todo o país podem solicitar a isenção, exclusivamente pela internet, na página: www.comvest.unicamp.br.
Em relação aos documentos, como alternativa em caso de dificuldade de conseguir junto às escolas, no momento da solicitação de isenção, o Histórico Escolar, os candidatos matriculados na rede pública do Estado de São Paulo poderão emitir documento (e converter em pdf) a partir do site https://sed.educacao.sp.gov.br/consultapublica/consulta. Já os candidatos de escola pública de outros Estados e do Distrito Federal, poderão anexar (em pdf), declaração de que são estudantes da rede pública durante todo o Ensino Médio, conforme modelo na página da Comvest. Importante: os candidatos que anexaram a declaração deverão, no ato da inscrição no Vestibular Unicamp 2021 ou no Enem-Unicamp 2021, anexar o documento oficial (Histórico Escolar ou Declaração da escola).  
 Novidades este ano  
O processo deste ano traz três novidades, já anunciadas anteriormente. Na modalidade 1, que exige comprovação de renda, a Comvest irá aceitar o cadastro no CadÚnico do governo federal, para que os candidatos não precisem anexar a documentação exigida. Outra novidade é que a Comvest vai oferecer um número ilimitado de isenções na modalidade 2 (para funcionários Unicamp/Funcamp). Já na modalidade 3, a novidade é que a isenção está sendo estendida para os cursos noturnos de Tecnologia, além das Licenciaturas. O Edital com todos os detalhes já está disponível na página da Comvest na internet.  
As isenções da taxa de inscrição do Vestibular Unicamp são oferecidas em três modalidades: 1– para candidatos provenientes de famílias de baixa renda (até um salário mínimo e meio bruto mensal por morador do domicílio); 2– funcionários da Unicamp/Funcamp; e 3– para aqueles que se candidatarem aos cursos noturnos de Licenciatura ou Tecnologia (Licenciaturas em: Ciências Biológicas, Física, Letras, Licenciatura Integrada Química/Física, Matemática e Pedagogia. Tecnologia em: Análise e Desenvolvimento de Sistemas e em Saneamento Ambiental).  
Os pré-requisitos são: ter cursado o ensino médio integralmente em instituições da rede pública de educação (não se aplica à modalidade 3) e já ter concluído ou concluir em 2020 o ensino médio. A Comvest oferece 6.680 isenções na modalidade 1 e um número ilimitado de isenções nas modalidades 2 e 3.  
 A lista dos estudantes contemplados com a isenção será divulgada dia 27 de julho. Também a partir desta data, os contemplados começam a receber – exclusivamente via correio eletrônico – um comunicado de que foram beneficiados. Importante: Os contemplados não são automaticamente inscritos no Vestibular Unicamp 2021 e no Enem-Unicamp 2021. É preciso, posteriormente, fazer as respectivas inscrições, utilizando o código de isento fornecido pela Comvest.  
O calendário com as datas de inscrição e provas do Vestibular Unicamp 2021 e com as datas da inscrição na modalidade Enem-unicamp 2021 já foi divulgado e pode ser acessado na página www.comvest.unicamp.br.