Uma frase de Josué de Castro, "a fome é uma expressão biológica dos males", citada por Lula na abertura do G20, é uma síntese poderosa que conecta a questão biológica da fome com suas raízes sociais e estruturais. No discurso, o Presidente conclamou os líderes globais a agirem contra a fome, destacando que este é um problema que transcende fronteiras e demanda soluções urgentes e coletivas. Essa reflexão, inserida no contexto de um dos fóruns mais importantes do mundo, ressalta a necessidade de enfrentar as desigualdades sociais como forma de combater a fome. Vamos analisá-la:
1. Fome como uma manifestação biológica
A fome é uma necessidade básica do ser humano, relacionada à ausência de alimentos que garantam a sobrevivência. No nível biológico, ela reflete o impacto direto da privação alimentar no corpo humano, comprometendo funções essenciais e levando a problemas de saúde, como desnutrição e doenças associadas.
2. "Males sociais" como causa estrutural
Josué de Castro aponta que a fome não é apenas um problema natural ou acidental, mas sim um reflexo das desigualdades e injustiças sociais. "Males sociais" podem ser entendidos como:
- Desigualdade econômica**: A concentração de renda e recursos impede que alimentos sejam acessíveis para todos.
- Exploração e marginalização**: Grupos vulneráveis são frequentemente excluídos dos benefícios do progresso econômico, intensificando sua insegurança alimentar.
- Falta de políticas públicas: A ausência de iniciativas eficazes para distribuir recursos e promover justiça social perpetua a fome.
3. Fome como uma questão política
A frase sugere que a fome não deve ser tratada apenas como um problema técnico (produção de alimentos), mas como um fenômeno político. Ela é fruto de sistemas de poder que privilegiam poucos e deixam muitos à margem, criando as condições para que os "males sociais" se traduzam em fome.
4. Implicações éticas e morais
Ao dizer que a fome é a "expressão biológica" dos males sociais, Josué de Castro também faz um apelo ético: é responsabilidade das sociedades enfrentar as causas estruturais que levam à fome. Combatê-la requer não apenas distribuir alimentos, mas também promover mudanças profundas na organização social, econômica e política.
Conclusão
A frase de Josué de Castro nos desafia a enxergar a fome não como uma fatalidade, mas como o sintoma de sistemas injustos que podemos e devemos transformar. Ela nos lembra que, para erradicar a fome, é necessário combater as raízes das desigualdades sociais, promovendo justiça, inclusão e solidariedade.