Bullying

Mostrando postagens com marcador TERTÚLIA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador TERTÚLIA. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Resenha de "O Menino e o Pião"


“O Menino e o Pião”, conto de João Anzanello Carrascoza, é uma narrativa lírica e introspectiva que explora a relação entre pai e filho, permeada por silêncios e gestos simples que revelam afetos profundos. A história se desenrola em torno de um menino que, à espera do pai, brinca com um pião na escada de casa, simbolizando o tempo que gira e os ciclos de vida que se repetem. O conto captura a essência do cotidiano, destacando a rotina familiar e a expectativa pela chegada do pai como momentos de conexão emocional.

Carrascoza utiliza uma linguagem poética para descrever as cenas, criando uma atmosfera de nostalgia e ternura. O pião, com seu movimento circular, torna-se uma metáfora para os laços familiares e a passagem do tempo, que, ao mesmo tempo em que une, também inevitavelmente separa. A interação entre pai e filho, especialmente a troca de gestos e olhares, sugere um vínculo forte, mas silencioso, que transcende as palavras.

Em "O Menino e o Pião", Carrascoza convida o leitor a refletir sobre as pequenas coisas que constroem nossas relações e sobre como o amor pode se manifestar nas ações mais singelas do dia a dia, tornando-se um elemento central na formação de nossas memórias afetivas.

@professordeodatogomes

sábado, 20 de julho de 2024

Um pipi choveu aqui -Sylvia Orthof!- Um momento de tertúlia!

Um momento de Tertúlia no nosso Girassol

Caros leitores,

É com grande prazer que apresentamos mais um momento encantador de nossa Tertúlia no Girassol. Hoje, trazemos uma história envolvente de Sylvia Orthof, que nos ensina sobre acolhimento e respeito às necessidades de nossos alunos. A narrativa "Um Pipi Choveu Aqui" nos convida a refletir sobre a importância de compreendermos e atendermos as demandas individuais de cada criança, de forma empática e humana.

Sylvia Orthof, com sua escrita leve e cativante, nos conta a história de Pedroca e sua experiência escolar inusitada. Através desta metáfora lúdica e divertida, somos lembrados da relevância de ouvir e entender nossos alunos, acolhendo suas necessidades e transformando o ambiente escolar em um espaço de compreensão e crescimento mútuo.

Convido todos a se deleitarem com esta leitura, refletindo sobre as lições que ela nos proporciona e reafirmando nosso compromisso com uma educação que valorize cada estudante em sua singularidade.

Com carinho,

Deodato Gomes Costa

@professordeodatogomes


Um Pipi Choveu Aqui

Sylvia Orthof

Lá vem andando, todo cacheado, meio chateado, é Pedro-Pedroca, Catimbirimboca de Firimfimfoca. Não pensa em sorvete e nem quer pipoca... Mas o que é que houve com Pedro-Pedroca? Vem num chuque-choque, todo encharcado, parece um pinico meio entornado!

Vem vindo da escola, com sua sacola estourando de cheia e, dentro do sapato, a verdade é um fato: está molhada a meia. Mas que coisa aconteceu? Ninguém conta? Conto eu:

A Chuva

A Professora Dona Carola, muito antiga na antiga escola, explicava e repetia por que a chuva, chovendo, chovia. Dona Carola explicava, com uma voz que sabia o que dizia. Era uma voz esganiçada, que baixava e que subia. Ai, que voz tinha a Carola! Falava, que agonia! Falava, falava muito, logo depois repetia, repetia, que agonia, enquanto a turma ouvia, escutava, ai, sofria!

Dizia Dona Carola, ditava, lia, relia, escrevia e copiava, mais uma vez explicava por que a chuva chovia. Dizia Dona Carola que a chuva não era água de uma torneira que se abria:

    A chuva é água do rio, água do mar, ou do lago, que sobe como um vapor, no céu fica condensada, é nuvem, nuvem a boiar, depois chove a gotejar!

Pedroca ouvia calado, com cara de chateado, mas de tanto ouvir falar de chuva, de pingo e mar, foi ficando apertado, apertado, apertado, querendo também pingar, sentindo, ai, ui, de repente, ai, que vontade insistente de fazer pipi... URGENTE! Pedroca, muito acanhado, pede, com o dedo levantado, pra sair logo e ligeiro:

    Posso ir lá no banheiro?

A professora, zangada, não quer ser interrompida, responde, toda enfezada, muito danada da vida:

    Estou aqui explicando, sobre a água que evapora. Não interrompa minha fala! Quando eu falo, não é hora de você sair da sala!

Pedroca, todo encabulado, trança as pernas, com cuidado. Dona Carola não se cala, fala de pingos, gotas, fala, mostra a água na panela, explica o que é o vapor, diz que a chuva é tal e qual, fala tanto, que horror, fala de pingos, fala, fala. Pedroca já passa mal, Pedroca já não aguenta, já nem sabe como senta. De repente, pensa assim:

    Eu faço só um pouquinho, três pingos de pipizinho, espero evaporar... mais três pingos, novamente, num pipi eu vou pingar, com o pipi evaporando, ninguém ficará notando e eu vou me aliviar!

E Pedroca não aguenta, três pinguinhos solta... e tenta o resto todo segurar... mas o pipi sai a jato, como um jato de avião, molhando até seu sapato, fazendo um lago no chão!

Dona Carola vem danada, com cara toda enrugada, atravessando a sala, briga, briga, fala, fala. Dona Carola não entende que a chuva também sai da gente?

    Desculpe, Dona Carola, eu não quis molhar a escola, só experimentei a lição! Meu pipi não se evapora?

Dona Carola, com o dedo, aponta a porta da escola e vai dizendo na hora:

    Vá para casa, sem demora!

É por isso que Pedroca está catimbirimboca, sobe a Serra Matutoca do Firimfirimfimfoca. Mas no céu, uma nuvem, ali, parece que vai chover, que nuvem gorda, venha ver! Fica animado e grita:

    Estou vingado!

Pedroca Catimbirimboca, Serra Matutoca de Firimfimfoca, sobe a serra, vai pulando, pulando igual à pipoca! Vai pulando e vai gritando, três sapos o acompanhando, com uma tartaruga apressada, correndo, toda animada, seguida de um gordo pato, fazendo grande espalhafato, da chuva todos fugindo e Pedroca vai gritando, vai molhado e vai sorrindo:

    Estou vingado! Meu pipi, evaporado, virou nuvem, vem ali! Vai chover muito pipi pra molhar Dona Carola, meu pipi, em chuvarada, vai inundar a escola!

E choveu, choveu, choveu. Lá vai a Dona Carola, montada num quadro-negro, que já virou barcarola. A chuva é meio amarela? Será imaginação? Será que um pipi no chão evapora, vira nuvem, inunda toda uma escola, encharca a velha Carola? Será a chuva amarela? Se for, benfeito pra ela!

Sylvia Orthof (1932-1997)

O Equilibrista Fernanda Lopes de Almeida!


 

É com grande satisfação que apresentamos mais um momento especial de nossa tertúlia aqui no Girassol. Hoje, convidamos vocês a mergulharem na metáfora da vida com a encantadora história "O Equilibrista" de Fernanda Lopes de Almeida. Esta narrativa, repleta de profundidade e reflexão, nos leva a pensar sobre a jornada de cada um de nós, sempre em busca de equilíbrio em meio aos desafios diários.

Fernanda Lopes de Almeida, com sua sensibilidade única, nos presenteia com a história de um equilibrista que, nascido em um fio sobre um abismo, aprende a construir sua própria realidade, transformando dificuldades em oportunidades. A metáfora do equilibrista nos lembra que, assim como ele, somos os artesãos de nossas vidas, responsáveis por tecer nossas experiências, sonhos e conquistas.

Convido todos a refletirem sobre esta metáfora, lembrando que cada passo no fio da vida é uma oportunidade de crescimento e aprendizado. Que possamos, como o equilibrista, encontrar força e criatividade para enfrentar nossos desafios e construir um caminho que vale a pena ser trilhado.

Extrapolando um pouco na interpretação, vimos ainda que neste livro, a vida de um equilibrista está sempre por um fio. Tentando se manter sobre esse fio chamado 'vida', ele vai construindo sua trajetória.

Desejo a todos uma leitura inspiradora e que esta história ecoe em suas vidas, incentivando-os a encontrar o equilíbrio e a beleza em cada momento.

Com apreço,

Deodato Gomes Costa

@professordeodatogomes


O Equilibrista 

Fernanda Lopes de Almeida


Era uma vez um equilibrista.

Vivia em cima de um fio, sobre um abismo.

Tinha nascido numa casa construída sobre o fio.

E já tinha nascido avisado de que a casa podia desmoronar a qualquer momento.

Mas logo percebeu que não havia nenhum outro lugar para ele morar.

O equilibrista ainda era bem jovem quando descobriu que ele mesmo é que tinha de ir inventando o que acontecia com o fio.

“_ Meu Deus! Que responsabilidade!”

Se queria ter uma festa, tinha que fabricar a festa com o fio.

“_ Não há nenhuma festa pronta para as pessoas ali na esquina.

 _ Não? Então vou fazer uma.

CONVITE PARA MINHA FESTA:

 _ Eu que fiz.”

Se queria ir a Europa, tinha que construir a viagem para a Europa.

“_ Tem aí uma viagem para Europa já viajada?

 _ Engraçadinho! Não quer mais nada não?”

Ele então transformava o fio em viagem.E a verdade é que não se arrependia:

“_ É incrível quanta coisa se pode fazer com este fio!”

Para ter amigos, o equilibrista tinha que procurar outros equilibristas.

As pessoas desequilibristas não queriam ser amigos dele:

“_ Que ideia essa, de viver assim! É louco!”

O equilibrista tentava se defender:

“_ A idéia não foi minha, já nasci assim!”

Mas as pessoas não queriam ouvir:

“_ Imagine se vou acreditar numa mentira dessas!”

Elas juravam que ninguém nasce assim.

O equilibrista então, ia se encontrar com outros equilibristas.

“_ Como vai?

 _ Vou me equilibrando dentro do possível.”

O equilibrista ficava um pouco assustado com a conversa dos desequilibristas:

“_ Como vai?

 _ Muito mal. Meu carro enguiçou.

 _ Como vai?

 _ Muito bem. Minha caderneta rendeu juros.

 _ Mas então quem vai mal e quem vai bem não são vocês. São o carro e a caderneta.

 _ Há! Há! Há! Olha o bobo!

 _ Qual a diferença?”

Os equilibristas também podiam ir muito mal ou muito bem.

Mas a conversa deles dava para entender:

“_ Como vai?

 _ Vou mal. Estou com um elefante na cabeça.

 _ Como vai?

 _ Vou bem. Hoje, pela primeira vez, eu verdadeiramente vi um beija-flor.”

É verdade que, às vezes, o equilibrista ficava morrendo de inveja de quem tinha um chão. Mesmo que fosse feinho.

Na mesma hora se desequilibrava e caía. Enquanto caía gritava.

O equilibrista fazia um esforço danado para saber onde era embaixo.

Afinal desistia:

“_ O jeito é ir desenrolando o meu fio!”

E desenrolava o melhor que podia.

“_ Pensando bem, gosto de ser equilibrista. Pensando bem, como é dura a vida de equilibrista! Pensando melhor, é ruim e bom. Tudo misturado.”

De vez em quando o equilibrista dava uma paradinha e olhava para trás:

“_ Puxa! Meu chão fui eu mesmo quem fiz!”

Tinha que ser uma paradinha rápida.

“_ Meu avô sempre dizia que quem pára demais para pensar acaba sem saber andar.”

Assim foi chegando ao fim do fio.

Antes de despedir-se, disse:

“_ Respeitáveis outras pessoas! Esta vida de equilibrista é perigosa, mas muito interessante. Por mim, fiz o que podia e achei que valeu a pena. Adeus!”

Umas pessoas concordaram. Outras, não.

“_ Eu também acho muito interessante! Viva o equilibrista!

 _ Eu não acho graça nenhuma!

 _ Eu acho que vale a pena! Vale muito a pena!

 _ Não vale a pena nada! Eu acho uma boa droga!”

O equilibrista deu um risinho:

“_ Justamente o interessante é que cada um acha o que quer!”

E saiu.

quarta-feira, 17 de julho de 2024

Um pipi choveu aqui!

Querida Fernanda Neres, mãe do Andrezinho,

Que alegria poder compartilhar este momento com vocês! "Um Pipi Choveu Aqui" é uma obra que transborda diversão e poesia.  Tive o prazer de descobrir essa obra em uma feira de livros infantis em Belo Horizonte, no ano 2000. Tenho certeza de que vocês vão se encantar com as aventuras de Pedroca e suas descobertas sobre a chuva e sobre si mesmo.

Andrezinho, prepare-se para dar boas risadas com as peripécias do Pedroca! Tenho certeza de que você vai se identificar com a vontade incontrolável de fazer xixi que ele sente durante a aula. A história é cheia de rimas e desenhos divertidos, que vão te prender do começo ao fim.

Fernanda, tenho certeza de que você vai apreciar a sensibilidade e o humor com que Sylvia Orthof aborda temas tão importantes para a infância. A obra nos convida a refletir sobre a importância de respeitar o tempo de cada criança e de acolher suas necessidades com carinho e compreensão.

No próximo encontro do LEEI, sugiro que você lidere a tertúlia com este pequeno tesouro de livro.

Aproveitem a leitura e divirtam-se!

@professordeodatogomes