José Bonifácio-Patriarca da Independência
Biografia de José Bonifácio
José Bonifácio (1763-1838) foi um político, estadista e mineralogista brasileiro. Exerceu um papel decisivo na Independência do país, sendo cognominado o Patriarca da Independência.
José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) nasceu em Santos, São Paulo, no dia 13 de Junho de 1763. Era filho de Bonifácio José Ribeiro de Andrada com sua prima Maria Bárbara da Silva.Terminou seus estudos preliminares com 14 anos de idade, sendo levado para São Paulo, onde estudou francês, lógica, retórica e metafísica, com o Bispo Manuel da Ressurreição.
Formação
Concluído os estudos preliminares, José Bonifácio foi para o Rio de Janeiro, de onde seguiu para Portugal. No dia 30 de outubro de 1783, ingressou na Faculdade de Direito de Coimbra. Estudou também filosofia natural, que incluía história natural, química e matemática.
Em 1789, já formado, foi convidado pelo Duque de Lafões, primo da rainha D. Maria I, para fazer parte da Academia de Ciências. Seu primeiro trabalho foi Memórias Sobre a Pesca das Baleias e Extração de seu Azeite, que por meio de citações eruditas procurava melhorar os processos da indústria pesqueira.
No fim do século XVIII, com a queda da produção das minas de ouro no Brasil, por determinação da coroa, José Bonifácio foi escolhido para percorrer a Europa com o objetivo de adquirir conhecimentos em mineralogia.
Em 1790, na França, entregou-se ao estudo de mineralogia e química. Ao terminar os cursos tornou-se membro da Sociedade de História Natural de Paris, onde apresentou seu segundo trabalho científico: Memórias Sobre os Diamantes do Brasil.
José Bonifácio estagiou em diversos países, mas foi na Suécia e na Noruega que sua carreira de mineralogista brilhou, ao descobrir e descrever doze novos minerais. Tornou-se membro de academias científicas em diversos países. A viagem durou 10 anos.
Em 1800, José Bonifácio voltou para Portugal e casou-se com Narcisa Emília O'Leary, de ascendência Irlandesa. Foi nomeado Intendente Geral das Minas, e condecorado, em 1802, pela Universidade de Coimbra, com o título de Doutor em Filosofia Natural.
José Bonifácio contra Napoleão
Com a invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte e, com a ida da família Real para o Brasil, teve início um movimento clandestino de libertação. Entre seus chefes estava José Bonifácio.
Em 1808, organizou-se, em Coimbra, o Corpo Voluntário Acadêmico, que lutou com os invasores, conseguindo libertar algumas regiões. Como militar, chegou ao posto de tenente-coronel. Em 1815, com a retirada dos franceses, Bonifácio voltou às suas funções científicas.
Presidente da eleição Constituinte
Em 1819, após 36 anos, José Bonifácio voltou ao Brasil. Com ele vieram sua esposa, a filha Gabriela e os criados. Com o consentimento da esposa, uma filha ilegítima também se juntou à comitiva.
Instalado em Santos, José Bonifácio reuniu sua família. Seu irmão Martim Francisco tornou-se seu genro, casando-se com sua filha Gabriela. Realizou várias excursões mineralógicas e inspecionava a casa de fundição de Sorocaba. Os relatórios dessas incursões eram praticamente os únicos contatos oficiais que mantinha com o governo.
Entretanto, estava sendo organizada, em Portugal, uma revolução vitoriosa, na qual exigiam a volta do rei e a elaboração de uma Constituição. No dia 24 de abril de 1821, Dom João VI embarcava de volta a Portugal, deixando Dom Pedro como regente.
Antes de partir, Dom João convoca eleições Constituintes. Santos e São Vicente indicam José Bonifácio e seu irmão Martim Francisco para representá-los nas eleições que se realizariam em São Paulo.
José Bonifácio foi o escolhido para presidir a eleição. Propondo um congraçamento geral declarou que a eleição só poderia ser feita por aclamação unânime, o que foi aceito sem maior discussão.
José Bonifácio e o “Fico” de Dom Pedro
Quando chegou ao Brasil a ordem da Corte para que o príncipe regente retornasse à Europa e, diante da eminência da recolonização, José Bonifácio enviou, ao príncipe, uma carta na qual fazia uma exigência clara:
“ – V. A. Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes, não só para nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura do mesmo Portugal.”
No dia 9 de janeiro de 1822, José Clemente Pereira, presidente da Câmara do Rio de Janeiro, entregou ao príncipe uma petição em nome do povo fluminense. Sem intenção de ceder às pressões vindas de Portugal, respondeu a Clemente Pereira:
“- Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico.”
Ministro do Reino
Sete dias depois da declaração, Dom Pedro I nomeava José Bonifácio para Ministro do Reino e de Estrangeiros.
Em apenas nove meses de Ministério, Bonifácio conseguiu vislumbrar o caminho da independência. Entretanto, em fins de agosto chegaram notícias das últimas decisões da corte, reduzindo o príncipe a mero delegado das Cortes de Lisboa.
No dia 2 de setembro de 1822, o Conselho de Estado – Bonifácio, Clemente Pereira e Gonçalves Ledo, entre outros, reunidos com Dona Leopoldina, concluíram que era preciso proclamar a independência. José Bonifácio escreve a Dom Pedro, que estava em São Paulo:
“- A sorte está lançada, e de Portugal não temos que esperar senão escravidão e horrores.”
Independência do Brasil
No dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro declarou que estavam destruídos todos os vínculos com Portugal, e formalizava a Independência do Brasil.
Logo após a independência, as divergências entre Gonçalves Ledo e Bonifácio voltaram a aparecer. As disputas entre os maçons que divergiam das ideias políticas e acusaram Bonifácio de “despotismo e coberto de autoridade”, levaram Dom Pedro a fechar a Maçonaria.
Gonçalves Ledo contra-atacou levando Dom Pedro a reconciliar e reabrir a Maçonaria. Porém, no dia 27 de outubro, menos de dois anos depois da independência, José Bonifácio pediu demissão.
Em 30 de outubro, Dom Pedro chamou de volta José Bonifácio e deu-lhe poderes ainda maiores. No dia 1 de dezembro de 1822, D. Pedro foi coroado.
A demissão e o exílio
A Assembleia Constituinte iniciou seus trabalhos em 3 de maio de 1823, mas com vários adversários poderosos Bonifácio não confiava nela, por outro lado, seu plano ousado pela abolição da escravatura desagradava os fazendeiros. Bonifácio foi vítima da contradição, seria liberal na administração, mas não o era na política.
A Marquesa de Santos intrigava-o com o imperador. Aconselhado por ela e pressionado por alguns constituintes, no dia 15 de julho de 1823, Dom Pedro forçou a demissão de Bonifácio. Com ele, retiraram-se Martim Francisco, também ministro, e sua irmã, Maria Flora, camareira da imperatriz.
No dia 15 de setembro teve início às discussões sobre os 272 artigos do projeto da Constituição, que criavam um executivo forte, dando ao imperador o direito de nomear e demitir ministros, mas garantia os direitos do legislativo e judiciário. José Bonifácio era o autor do projeto.
Enquanto isso, em Portugal, um golpe dissolvera a Constituinte e restabelecera o domínio pleno de Dom João VI. Os liberais se alarmaram diante de rumores de uma nova união com Portugal e iniciaram uma campanha anti portuguesa. Depois de protestos e agressões estava declarada a crise política.
Durante a sessão do dia 12 de novembro de 1823, por um decreto oficial, Dom Pedro dissolve a Constituinte. José Bonifácio, seus irmãos e outros deputados liberais foram presos, e no dia 20 de novembro foram embarcados para a Europa, estavam sendo deportados.
Exilado no Sul da França só pensava em voltar ao Brasil. Em 1824, Dom Pedro declara que José Bonifácio era “perfeitamente inocente”, embora não o tivesse chamado de volta ao Brasil.
Retorno ao Brasil
Em julho de 1829, José Bonifácio estava de volta ao Brasil. Nesse mesmo ano morre sua esposa. Forçado a abdicar em 7 de abril de 1831, já tendo reatado a amizade com José Bonifácio, o nomeia tutor de seu filho, Pedro de Alcântara, futuro Pedro II.
Em 1832, foi acusado de conspirador e o futuro Pedro II foi tirado de seus cuidados. José Bonifácio permaneceu seus últimos anos recolhido em sua casa na ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, dedicado a ler e escrever.
José Bonifácio faleceu em Niterói, Rio de Janeiro, no dia 6 de abril de 1838.
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