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domingo, 3 de setembro de 2023

José Bonifácio-Patriarca da Independência


 José Bonifácio-Patriarca da Independência

Biografia de José Bonifácio

José Bonifácio (1763-1838) foi um político, estadista e mineralogista brasileiro. Exerceu um papel decisivo na Independência do país, sendo cognominado o Patriarca da Independência.

José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) nasceu em Santos, São Paulo, no dia 13 de Junho de 1763. Era filho de Bonifácio José Ribeiro de Andrada com sua prima Maria Bárbara da Silva.Terminou seus estudos preliminares com 14 anos de idade, sendo levado para São Paulo, onde estudou francês, lógica, retórica e metafísica, com o Bispo Manuel da Ressurreição.

Formação

Concluído os estudos preliminares, José Bonifácio foi para o Rio de Janeiro, de onde seguiu para Portugal. No dia 30 de outubro de 1783, ingressou na Faculdade de Direito de Coimbra. Estudou também filosofia natural, que incluía história natural, química e matemática.

Em 1789, já formado, foi convidado pelo Duque de Lafões, primo da rainha D. Maria I, para fazer parte da Academia de Ciências. Seu primeiro trabalho foi Memórias Sobre a Pesca das Baleias e Extração de seu Azeite, que por meio de citações eruditas procurava melhorar os processos da indústria pesqueira.

No fim do século XVIII, com a queda da produção das minas de ouro no Brasil, por determinação da coroa, José Bonifácio foi escolhido para percorrer a Europa com o objetivo de adquirir conhecimentos em mineralogia.

Em 1790, na França, entregou-se ao estudo de mineralogia e química. Ao terminar os cursos tornou-se membro da Sociedade de História Natural de Paris, onde apresentou seu segundo trabalho científico: Memórias Sobre os Diamantes do Brasil.

José Bonifácio estagiou em diversos países, mas foi na Suécia e na Noruega que sua carreira de mineralogista brilhou, ao descobrir e descrever doze novos minerais. Tornou-se membro de academias científicas em diversos países. A viagem durou 10 anos.

Em 1800, José Bonifácio voltou para Portugal e casou-se com Narcisa Emília O'Leary, de ascendência Irlandesa. Foi nomeado Intendente Geral das Minas, e condecorado, em 1802, pela Universidade de Coimbra, com o título de Doutor em Filosofia Natural.

José Bonifácio contra Napoleão

Com a invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte e, com a ida da família Real para o Brasil, teve início um movimento clandestino de libertação. Entre seus chefes estava José Bonifácio.

Em 1808, organizou-se, em Coimbra, o Corpo Voluntário Acadêmico, que lutou com os invasores, conseguindo libertar algumas regiões. Como militar, chegou ao posto de tenente-coronel. Em 1815, com a retirada dos franceses, Bonifácio voltou às suas funções científicas.

Presidente da eleição Constituinte

Em 1819, após 36 anos, José Bonifácio voltou ao Brasil. Com ele vieram sua esposa, a filha Gabriela e os criados. Com o consentimento da esposa, uma filha ilegítima também se juntou à comitiva.

Instalado em Santos, José Bonifácio reuniu sua família. Seu irmão Martim Francisco tornou-se seu genro, casando-se com sua filha Gabriela. Realizou várias excursões mineralógicas e inspecionava a casa de fundição de Sorocaba. Os relatórios dessas incursões eram praticamente os únicos contatos oficiais que mantinha com o governo.

Entretanto, estava sendo organizada, em Portugal, uma revolução vitoriosa, na qual exigiam a volta do rei e a elaboração de uma Constituição. No dia 24 de abril de 1821, Dom João VI embarcava de volta a Portugal, deixando Dom Pedro como regente.

Antes de partir, Dom João convoca eleições Constituintes. Santos e São Vicente indicam José Bonifácio e seu irmão Martim Francisco para representá-los nas eleições que se realizariam em São Paulo.

José Bonifácio foi o escolhido para presidir a eleição. Propondo um congraçamento geral declarou que a eleição só poderia ser feita por aclamação unânime, o que foi aceito sem maior discussão.

José Bonifácio e o “Fico” de Dom Pedro

Quando chegou ao Brasil a ordem da Corte para que o príncipe regente retornasse à Europa e, diante da eminência da recolonização, José Bonifácio enviou, ao príncipe, uma carta na qual fazia uma exigência clara:

“ – V. A. Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes, não só para nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura do mesmo Portugal.”

No dia 9 de janeiro de 1822, José Clemente Pereira, presidente da Câmara do Rio de Janeiro, entregou ao príncipe uma petição em nome do povo fluminense. Sem intenção de ceder às pressões vindas de Portugal, respondeu a Clemente Pereira:

“- Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico.”

Ministro do Reino

Sete dias depois da declaração, Dom Pedro I nomeava José Bonifácio para Ministro do Reino e de Estrangeiros.

Em apenas nove meses de Ministério, Bonifácio conseguiu vislumbrar o caminho da independência. Entretanto, em fins de agosto chegaram notícias das últimas decisões da corte, reduzindo o príncipe a mero delegado das Cortes de Lisboa.

No dia 2 de setembro de 1822, o Conselho de Estado – Bonifácio, Clemente Pereira e Gonçalves Ledo, entre outros, reunidos com Dona Leopoldina, concluíram que era preciso proclamar a independência. José Bonifácio escreve a Dom Pedro, que estava em São Paulo:

“- A sorte está lançada, e de Portugal não temos que esperar senão escravidão e horrores.”

Independência do Brasil

No dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro declarou que estavam destruídos todos os vínculos com Portugal, e formalizava a Independência do Brasil.

Logo após a independência, as divergências entre Gonçalves Ledo e Bonifácio voltaram a aparecer. As disputas entre os maçons que divergiam das ideias políticas e acusaram Bonifácio de “despotismo e coberto de autoridade”, levaram Dom Pedro a fechar a Maçonaria.

Gonçalves Ledo contra-atacou levando Dom Pedro a reconciliar e reabrir a Maçonaria. Porém, no dia 27 de outubro, menos de dois anos depois da independência, José Bonifácio pediu demissão.

Em 30 de outubro, Dom Pedro chamou de volta José Bonifácio e deu-lhe poderes ainda maiores. No dia 1 de dezembro de 1822, D. Pedro foi coroado.

A demissão e o exílio

A  Assembleia Constituinte iniciou seus trabalhos em 3 de maio de 1823, mas com vários adversários poderosos Bonifácio não confiava nela, por outro lado, seu plano ousado pela abolição da escravatura desagradava os fazendeiros. Bonifácio foi vítima da contradição, seria liberal na administração, mas não o era na política.

A Marquesa de Santos intrigava-o com o imperador. Aconselhado por ela e pressionado por alguns constituintes, no dia 15 de julho de 1823, Dom Pedro forçou a demissão de Bonifácio. Com ele, retiraram-se Martim Francisco, também ministro, e sua irmã, Maria Flora, camareira da imperatriz.

No dia 15 de setembro teve início às discussões sobre os 272 artigos do projeto da Constituição, que criavam um executivo forte, dando ao imperador o direito de nomear e demitir ministros, mas garantia os direitos do legislativo e judiciário. José Bonifácio era o autor do projeto.

Enquanto isso, em Portugal, um golpe dissolvera a Constituinte e restabelecera o domínio pleno de Dom João VI. Os liberais se alarmaram diante de rumores de uma nova união com Portugal e iniciaram uma campanha anti portuguesa. Depois de protestos e agressões estava declarada a crise política.

Durante a sessão do dia 12 de novembro de 1823, por um decreto oficial, Dom Pedro dissolve a Constituinte. José Bonifácio, seus irmãos e outros deputados liberais foram presos, e no dia 20 de novembro foram embarcados para a Europa, estavam sendo deportados.

Exilado no Sul da França só pensava em voltar ao Brasil. Em 1824, Dom Pedro declara que José Bonifácio era “perfeitamente inocente”, embora não o tivesse chamado de volta ao Brasil.

Retorno ao Brasil

Em julho de 1829, José Bonifácio estava de volta ao Brasil. Nesse mesmo ano morre sua esposa. Forçado a abdicar em 7 de abril de 1831, já tendo reatado a amizade com José Bonifácio, o nomeia tutor de seu filho, Pedro de Alcântara, futuro Pedro II.

Em 1832, foi acusado de conspirador e o futuro Pedro II foi tirado de seus cuidados. José Bonifácio permaneceu seus últimos anos recolhido em sua casa na ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, dedicado a ler e escrever.

José Bonifácio faleceu em Niterói, Rio de Janeiro, no dia 6 de abril de 1838.

https://www.ebiografia.com/jose_bonifacio/

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Maria Leopoldina da Áustria Imperatriz consorte do Brasil

Maria Leopoldina da Áustria-Imperatriz consorte do Brasil

Biografia de Maria Leopoldina da Áustria

Maria Leopoldina da Áustria (1797-1826) foi imperatriz consorte do Brasil, a primeira esposa de Dom Pedro I. Mãe de Maria da Glória, que viria a ser Dona Maria II, rainha de Portugal, e de Dom Pedro II, o futuro imperador do Brasil. Era a avó da Princesa Isabel e da Princesa Leopoldina do Brasil.

Maria Leopoldina, nome que adotou no Brasil, teve papel fundamental na Independência do Brasil. A declaração de Independência, em 7 de setembro de 1822, foi escrita por José Bonifácio, assinada pela Imperatriz e enviada a D. Pedro que estava em São Paulo.

Carolina Josefa Leopoldina Francisca de Habsburgo-Lorena, nasceu no Palácio de Schönbrunn, em Viena, Áustria, no dia 22 de janeiro de 1797. Era filha do imperador Francisco I da Áustria e II da Alemanha, da casa real dos Habsburgos, e de Maria Isabel de Bourbon Nápoles. Ficou órfã de mãe aos oito anos de idade e foi criada por sua madrasta Maria Luísa da Áustria.

O casamento e filhos

Em 1816, depois de demoradas negociações diplomáticas no Congresso de Viana, a Arquiduquesa da Áustria, Caroline Josepha, foi escolhida para esposa de Dom Pedro, filho de Dom João VI e de Carlota Joaquina de Bourbon, o príncipe herdeiro do trono do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

A Arquiduquesa veio acompanhada de uma comitiva de 28 pessoas. Muito culta e interessada por botânica, trouxe artistas e cientistas como o botânico Carl von Martius e o naturalista Johann von Spix.

No dia seguinte, o casal recebeu a benção nupcial na Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Segundo o historiador Alberto Rangel, o herdeiro da Coroa gostaria de ter escolhido uma companheira mais bonita, mas Dona Leopoldina estava encantada com seu marido.

Na vida em comum, o casal não mostrou bom entrosamento, mas Dona Leopoldina fazia tudo para atrair o marido, sabendo de seu interesse pela música, tratou de aproveitar isso como disse em uma carta à sua tia, a Grã-Duquesa de Toscana: “Ele toca muito bem quase todos os instrumentos, eu o acompanho ao piano e, assim, tenho a satisfação de estar junto da pessoa amada.”

Os saraus musicais no Paço de São Cristóvão eram frequentes. Dona Leopoldina também acompanhava o príncipe nos demorados passeios a cavalo que ele fazia pelos arredores da Quinta da Boa Vista.

Em 1819, nasceu a primeira filha do casal, Maria da Glória, que viria a ser Dona Maria II, rainha de Portugal. Nos anos seguintes mais seis filhos nasceram, porém só chegaram à vida adulta: Januária (futura condessa de Áquila), Francisca (futura princesa de Joinville) e Pedro (futuro imperador do Brasil como D. Pedro II).

Regência de D. Pedro

No dia 26 de abril de 1821, o imperador Dom João VI voltou para Portugal, atendendo às reivindicações decorrentes da Revolução Liberal do Porto. Dom Pedro foi então nomeado “Príncipe-Regente”.

O novo regente do Brasil tinha apenas 23 anos quando Dom João retornou para Portugal. A Assembleia lusitana desejava promover o retorno do príncipe e a recolonização do Brasil. Várias medidas das Cortes de Lisboa procuraram diminuir o poder do Príncipe Regente e assim for fim a autonomia do Brasil.

Em 9 de janeiro de 1822, foi entregue ao Príncipe Regente uma petição com 8000 assinaturas solicitando-lhe que não abandonasse o Brasil. Atendendo ao pedido, D. Pedro disse: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico!”.

Com os vários problemas políticos da Regência, Dona Maria Leopoldina permaneceu fiel a um ideal religioso de submissão às vontades do marido e o apoiou ao longo das delicadas manobras que conduziram à Independência do país, em 1822.

Importância de D. Leopoldina na Independência

D. Maria Leopoldina, muito bem preparada, esclarecida e decidida, dedicou-se com fervor ao movimento pela separação de Portugal. Além da preocupação com o futuro dos brasileiros – ela era querida e admirada pela população.

A mulher de D. Pedro via o trono de Portugal ameaçado por disputas e concluiu que permanecendo aqui, sua família manteria maior prestígio e projeção entre as coroas europeias, como também iria garantir um trono para seus filhos.

Em pelo menos três ocasiões em que viajou, D. Pedro a instalou como sua representante no Rio de Janeiro. Ela presidiu o Conselho de Estado, órgão que assessorou o príncipe na sessão de 2 de setembro de 1822 em que os conselheiros se puseram a favor da separação do Brasil de Portugal.

No dia 25 de agosto de 1822, D. Pedro estava em São Paulo e em seguida partiu para Santos. No dia 7 de setembro, quando retornava para São Paulo e encontrava-se próximo ao riacho Ipiranga, o príncipe recebeu emissários do Rio de Janeiro que lhe entregaram os últimos decretos de Lisboa que o transformava em um simples governador, sujeito às autoridades das Cortes.

Entregaram-lhe também a carta do ministro José Bonifácio e a de D. Leopoldina com palavras de incentivo à proclamação da independência. Entre outras coisas a princesa dizia:

“As cortes portuguesas ordenam a vossa partida imediata... Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa... O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Tereis o apoio do Brasil inteiro e contra a vontade do povo brasileiro os soldados portugueses que aqui estão nada podem fazer.”

Indignado pelas medidas tomadas pelas Cortes e estimulado pelas cartas recebidas, D. Pedro proclamou a Independência do Brasil. No dia 12 de outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado como o primeiro Imperador do Brasil, com o título de Pedro I, sendo coroado no dia 1 de dezembro daquele mesmo ano.

A melancolia e a morte da Imperatriz

Duas semanas antes de proclamar a Independência do Brasil, Dom Pedro conheceu a paulista Domitila de Castro Canto Melo, aquela que abalaria o seu casamento e a sua reputação na corte.

Fazendo vir a amante para o Rio a apresentou à corte e conferiu-lhe o título de “Marquesa de Santos”. A ligação escandalosa do marido com Domitila (ou Titília, como ele a chamava na intimidade) deixava a Imperatriz humilhada.

A filha que teve com Domitila – na mesma época em que a Imperatriz dava à luz a outra criança – recebeu do pai o nome de Isabel Maria de Alcântara e o título de Duquesa de Goiás.

Em carta à irmã que morava na Europa, Maria Leopoldina desabafa: “O monstro sedutor é a causa de todas as desgraças”. Solitária, isolada, devotada apenas a parir um herdeiro para o trono – o futuro Dom Pedro II nasceria em 1825, mas D. Leopoldina tornava-se cada vez mais depressiva.

Maria Leopoldina faleceu no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1826, em consequência de um aborto seguido de infecção. Foi sepultada no Convento da Ajuda, na atual Cinelândia.

Quando o convento foi demolido, em 1911, os restos mortais de D. Leopoldina foram transladados para o Convento de Santo Antônio. Em 1954 foram levados para a cripta da Capela Imperial, no Monumento à Independência, em São Paulo, às margens do Riacho Ipiranga.

Dilva Frazão

É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.