Se o (nome do candidato) ganhar, será o fim do Brasil! Isto é o que muitos de nós estamos ouvindo e falando desde o início da campanha eleitoral para presidente. Certamente, o resultado das eleições influenciará nos níveis de motivação, felicidade, estresse, saúde e na qualidade dos relacionamentos da população brasileira. Mas você já se perguntou qual é o tamanho da influência da política no seu bem-estar?
Há quase três décadas, cientistas do mundo todo tentam descobrir como a felicidade das pessoas é impactada pelas circunstâncias da vida. Qual é o peso que o seu salário, o carro que dirige, o tamanho da sua casa, o bairro onde mora, o clima da sua cidade, seu estado civil ou o partido político que dirige o seu país exercem na sua felicidade? Um grupo seleto de cientistas das universidades da Califórnia, Missouri e Texas encontrou a resposta: 10%.
Muitas pessoas relevam a importância da felicidade nas suas vidas, mas a ciência mostra que ser feliz é muito mais importante do que imaginamos. Depois de analisar 225 estudos científicos com os dados de mais de 275 mil pessoas, a cientista da Universidade da Califórnia, Sonja Lyubomirsky, descobriu que a felicidade é a causa do sucesso. As pessoas são mais produtivas, ganham mais, são promovidas, são mais criativas, têm melhor saúde e têm mais chances de se casarem quando estão felizes.
Lyubomirsky, que também descobriu o impacto de 10% que as circunstâncias da vida exercem na felicidade, revela que outros 50% da felicidade estão relacionados com a genética e, finalmente, que 40% da felicidade tem relação direta com atividades intencionais que as pessoas podem praticar, ou seja, são dependentes de suas escolhas. Evidências científicas apontam que as escolhas que devemos fazer são aquelas que nos provocam emoções positivas como a alegria, serenidade e gratidão.
Depois de mais de 20 anos de pesquisas, a cientista Barbara Fredrickson da Universidade da Carolina do Norte, desenvolveu a Teoria da Expansão e Construção, que comprova que emoções positivas expandem a nossa mente, fazendo com que as pessoas vejam mais possibilidades. Com o passar do tempo, as emoções positivas se acumulam e constroem pessoas mais resilientes, que encaram situações negativas com mais facilidade, pois enxergam mais opções para escapar destes momentos.
Emoções positivas promovem a liberação de hormônios que aumentam a nossa capacidade cognitiva, como a ocitocina. Isto explica por que as pessoas alcançam o sucesso mais facilmente em qualquer área da vida quando estão felizes. Por outro lado, emoções negativas liberam hormônios que causam declínio cognitivo, como o cortisol. É por causa do aumento dos níveis de cortisol que quando ouvimos algo contrário às nossas crenças políticas e ficamos estressados e agressivos, nosso cérebro se fecha para ouvir os argumentos da outra parte, por mais corretos que eles possam ser.
Para o nosso cérebro é prazeroso ouvir fatos que confirmam nossas crenças, da mesma forma que é estressante ouvir fatos contrários a elas, algo nomeado pela psicologia como Viés da Confirmação.
Raciocinar sobre fatos contrários às nossas crenças gasta energia e, como poupá-la é uma das funções principais do cérebro, ele se esforça ao máximo para inventar justificativas que as mantenham, fazendo com que o nosso mundo continue igual. Quanto mais tempo passamos acreditando em algo, mais o nosso cérebro se esforça para manter vivas as nossas crenças.
Mesmo assim, as pessoas escolhem ficar nervosas e perder um tempo precioso de seus dias compartilhando o máximo de notícias, vídeos ou mensagens de WhatsApp com fatos negativos sobre os candidatos que não gostam, sendo que estas ações dificilmente farão outras pessoas mudarem de opinião sobre em quem votar.
Por outro lado, a ciência comprova que escolhas como doar dinheiro para a caridade, interagir positivamente com o máximo de pessoas possíveis (ao invés mergulhar de cabeça no smartphone), ser gentil com os outros, praticar atos de bondade ou assistir a filmes de comédia podem aumentar de forma significativa o seu sucesso. Estes micromomentos de felicidade irão se acumular com o passar do tempo e podem se transformar naquela ideia genial para um projeto novo na empresa, naquele argumento que faltava para fechar uma negociação ou, até mesmo, no medicamento natural que você pode precisar para escapar de um momento difícil na vida.
É claro que para sermos felizes, precisamos ter a liberdade para fazer escolhas, e isto deve ser de consciência dos candidatos à presidência. Países onde a população não tem a liberdade de escolher o que estudar, onde morar, onde trabalhar ou o que vestir são significativamente menos felizes do que países onde as pessoas têm autonomia.
Independentemente de quem ganhe a eleição, a sua vida vai continuar. Você não precisa esperar o final do segundo turno para assumir o controle do seu sucesso, portanto, antes mesmo de escolher entre 13 e 17, escolha ser feliz.
Fonte: Estadão
Luiz Gaziri é escritor, palestrante, consultor corporativo e professor da FAE Business School e da PUC-PR