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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Virtudes Invertidas: uma análise de 'A Igreja do Diabo', conto de Machado que terminei de reler!


 

O conto "A Igreja do Diabo", de Machado de Assis, que terminei de reler, publicado na coleção de contos de 1884, apresenta uma narrativa provocativa e reflexiva que se debruça sobre as nuances da moralidade humana e a eterna luta entre o bem e o mal. A história começa com uma ideia inusitada do Diabo: fundar sua própria igreja para rivalizar com as instituições divinas e consolidar seu poder sobre a humanidade.

O Diabo, sentindo-se marginalizado e desorganizado em sua influência sobre os homens, decide que criar uma igreja seria o método mais eficaz para concretizar seus objetivos, promovendo assim uma inversão dos valores morais tradicionalmente aceitos. Ele propõe uma igreja onde as virtudes seriam substituídas por seus opostos — a soberba, a luxúria, e a avareza, entre outros, seriam elevadas a virtudes. Essa inversão reflete uma crítica astuta de Machado sobre a hipocrisia social e religiosa, onde muitas vezes os atos praticados pelos devotos divergem dos valores que professam.

O Diabo, então, leva sua proposta diretamente a Deus, numa passagem que ilustra um diálogo cheio de ironias e subtextos filosóficos, típico da obra machadiana. Deus, por sua vez, não tenta impedir o adversário, permitindo que a trama siga seu curso como um experimento sobre a verdadeira natureza humana.

A construção do enredo nos leva a refletir sobre a natureza dupla dos seres humanos e a facilidade com que os valores podem ser distorcidos ou reinterpretados. O Diabo, apesar de sua retórica convincente e do sucesso inicial em atrair seguidores, descobre que mesmo os mais devotos entre seus fiéis não conseguem abandonar completamente as virtudes tradicionais. A revelação de que os membros de sua igreja praticam boas ações às escondidas sugere a complexidade da moralidade humana e a impossibilidade de categorizar rigidamente as ações e intenções humanas como totalmente boas ou más.

O conto culmina com uma reflexão sobre a persistência das "franjas de algodão" entre as virtudes humanas, uma metáfora para a dificuldade em separar completamente o bem do mal. O desfecho nos leva a pensar sobre a eterna contradição humana e a falibilidade de qualquer sistema que tente categorizar rigidamente a moralidade.

Machado de Assis, com sua prosa cheia de ironia e crítica social, utiliza "A Igreja do Diabo" para explorar temas profundos sobre a condição humana, a religiosidade, e a moralidade, deixando o leitor com questões ponderosas sobre a verdadeira natureza do bem e do mal. Este conto, além de ser uma peça intrigante de literatura, serve como um espelho das contradições humanas, revelando que, no fundo, todos carregamos um pouco de santo e um pouco de pecador dentro de nós.

Acesse o conto, clicando no link a seguir: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000195.pdf


Atividade 1: Análise Crítica e Interpretação de Texto

Objetivos: Interpretar e analisar o texto literário, identificando seus elementos constitutivos e compreendendo sua temática e estilo. Desenvolver a capacidade de argumentação e reflexão crítica sobre literatura e sociedade.

Descrição: Os alunos deverão redigir um ensaio crítico após a leitura do conto "A Igreja do Diabo" de Machado de Assis. Neste ensaio, eles analisarão como o autor utiliza elementos da tradição literária para subverter expectativas e criticar aspectos da moralidade humana e religiosa. O trabalho deve incluir exemplos específicos do texto para embasar as análises realizadas.

Atividade 2: Debate em Sala de Aula

Objetivos: Promover a oralidade e a capacidade de argumentar e rebater argumentos de forma respeitosa e fundamentada. Desenvolver habilidades de escuta ativa e respeito por diferentes pontos de vista.

Descrição: Organize um debate em sala sobre a questão: "É possível separar completamente o bem do mal na natureza humana?" Utilizando citações do conto "A Igreja do Diabo", inicie o debate. Divida os alunos em dois grupos: um defenderá a complexidade da natureza humana, argumentando que bem e mal são conceitos interdependentes; o outro grupo defenderá a existência de definições claras e distintas para bem e mal.