Bullying

Mostrando postagens com marcador ADOLESCENTES. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ADOLESCENTES. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

É IMPOSSÍVEL TER UM SONO SAUDÁVEL COM AULAS ÀS 7H’

É IMPOSSÍVEL TER UM SONO SAUDÁVEL COM AULAS ÀS 7H’

Pesquisador defende que escolas brasileiras estudem horários mais flexíveis para permitir a adolescentes dormir o suficiente para a imunidade e a saúde cognitiva

O Globo24 Jan 2023BERNARDO YONESHIGUE bernardo.yoneshigue@oglobo.com.br

EDILSON DANTAS

Em julho do ano passado, entrou em vigor no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, a primeira lei do país que obriga as escolas a começarem apenas a partir das 8h30 para os estudantes do Ensino Médio. A mudança foi embasada em um estudo que mostra como as mudanças biológicas da puberdade afetam o sono e, consequentemente, o desempenho escolar.


A adaptação dos horários escolares para adolescentes, especialmente em lugares como o Brasil, onde aulas podem começar até 7h, é uma discussão crescente no mundo, impulsionada pelo apelo de cientistas. Um dos nomes que fazem coro ao discurso é o do neurocientista brasileiro Fernando Louzada.


Doutor em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP), o pesquisador atualmente coordena o Laboratório de Cronobiologia Humana da Universidade Federal do Paraná (UFPR), de onde também é professor, e participa da Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE) e do Núcleo Ciência pela Infância (NCPI).

Em entrevista ao GLOBO, Louzada cita experiências nacionais que mostram os benefícios de se adiar em ao menos uma hora o começo das aulas, explica que adolescentes sofrem de uma tendência natural a atrasar o momento de dormir e esclarece que a faixa etária demanda mais horas de sono, que não são alcançadas com o modelo de ensino atual.

Quanto de sono os adolescentes precisam e de que forma o horário das aulas no Ensino Médio brasileiro interferem nessa dinâmica?

Os adolescentes precisam de mais sono do que os adultos, em média de nove horas. Mas há um fenômeno nessa idade chamado de atraso de fase do sono, que é uma tendência natural e universal a atrasar os horários de dormir e, consequentemente, de acordar também. Por isso, verificamos que a maioria dos adolescentes, principalmente nos grandes centros urbanos, dormem bem menos que isso em dias letivos. A equação é simples. Se as aulas começam às 7h, e muitos precisam acordar às 6h, seria necessário dormir às 21h. Mas é muito difícil pensar em adolescentes, com a tendência ao atraso do sono, dormindo nesse horário. Por isso, não há como, com aulas às 7h, preservar o sono necessário dos adolescentes, o que levou muitos países a implementarem um horário mais tarde, e temos discutido muito isso aqui no Brasil.

Como saber que o atraso de fase do sono é algo inerente ao adolescente, e não resultado de hábitos como excesso de telas?

Essa dúvida é recorrente: se o fenômeno é biológico, ou seja, mais incorporado à espécie humana, ou se é cultural, influenciado pelos hábitos e pela cultura. Temos estudado isso de diversas maneiras. Uma delas foi analisando comunidades rurais, sem acesso a energia elétrica, no Brasil e em outros países, e observamos que essa tendência é universal, presente em todos os adolescentes avaliados. Mas é claro que o ambiente urbano, o acesso às tecnologias, televisão, videogame, computador, tudo isso exacerba o atraso, porque só o estímulo luminoso sozinho já é capaz de aumentar a tendência a adiar o sono.

E por que conseguir um sono adequado é tão importante, especialmente nessa fase?

O sono é muito importante em vários aspectos, como manter a integridade do sistema imunológico, atuar no controle do metabolismo energético, preservar a cognição e o funcionamento cerebral. Ficar muito tempo privado de sono favorece o ganho de peso, o desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2, e de problemas cardiovasculares e neurodegenerativos. Ainda mexe muito com a regulação emocional. Quando não dormimos, ficamos com maior impulsividade e irritabilidade, menor resiliência para enfrentar dificuldades. E se pensarmos que a adolescência já é uma faixa etária muito exposta a transtornos psiquiátricos, essa preocupação com sono deve ser ainda maior, pois o cérebro está em formação. E o que temos de mais recente é o papel do sono para a consolidação das nossas experiências depois do aprendizado. Ao dormir, o cérebro permanece ativo e essa atividade está a serviço dessa formação de memórias, o que impacta diretamente no desempenho escolar.

Você explica que o horário das aulas às 7h reduz o sono dos jovens, mas se as aulas começassem mais tarde, eles não adiariam o sono?

Existe toda essa discussão, mas diversos estudos já mostraram que não é bem assim. Mesmo que o adolescente atrase um pouquinho o horário de dormir, não supera o ganho do horário de acordar, o saldo é, na maioria das vezes, positivo. Mas claro que essa medida não pode ocorrer de forma isolada, precisa vir junto com medidas de educação sobre o sono.

No ano passado, você fez parte de um estudo da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que avaliou o horário alterado. Quais foram os resultados?

Esse estudo avaliou os alunos antes, durante e depois de uma alteração no horário. Foi o primeiro trabalho de intervenção do horário realizado no Brasil. Os resultados confirmaram um benefício na duração do sono e, consequentemente, dos impactos em medidas de sonolência diurna e de humor. Em uma escola de Palotina, no Paraná, definimos o atraso de uma hora no início das aulas durante uma semana, começando às 8h30. Durante três semanas, acompanhamos os 48 estudantes com um relógio que monitorava os horários de dormir e acordar. Avaliamos medidas como a sonolência em sala de aula, o humor dos estudantes, com fatores como estresse e sintomas de depressão. A mudança de horário levou a um aumento na duração de, em média, 38 minutos no sono e na redução da sonolência nas aulas e das queixas de humor.

Qual a dificuldade de levantar esse debate no Brasil? E qual seria a melhor solução?

Muitos dos procedimentos das escolas são cristalizados, consolidados há décadas, por isso é muito difícil mudarmos. Tanto que coisas foram alteradas na pandemia e, quando voltaram as aulas presenciais, nada foi aproveitado. Esse período mostrou como os adolescentes dormem mais se puderem. Nós fizemos um estudo que mostrou isso, como com as aulas online e a flexibilidade com elas levou os estudantes a acordarem mais tarde e terem mais horas de sono. Não defendemos uma medida imediata obrigando as escolas a começarem às 8h30. Antes, precisamos de conscientização, convencer gestores, familiares e os próprios estudantes sobre a importância do sono e dos benefícios de eventuais mudanças. É um processo. Mas quando as pessoas estão sensibilizadas sobre o tema, fica mais fácil discutirmos essas medidas. Particularmente, acho que a flexibilidade de horários é o melhor. Possivelmente ter escolas em que turmas diferentes começam em horários diferentes, que usem a tecnologia como aliada.

Para compensar a falta de sono à noite, muitos alunos têm o hábito de cochilar à tarde. Essa prática é positiva?

Diria que pode ajudar a compensar a restrição do sono à noite. Mas há duas preocupações. A primeira é que as evidências mostram que cochilos longos, com mais de 90 minutos, começam a repercutir no sono noturno. A outra preocupação é o fenômeno chamado inércia do sono, que é a tendência de continuar dormindo mesmo após ter acordado. É quando você levanta, mas seu cérebro ainda não está pronto para a vigília. Algumas pessoas podem ter uma dificuldade maior em produzir, em estudar após o cochilo.

“Os adolescentes precisam de mais sono do que os adultos. Mas há um fenômeno nessa idade chamado de atraso de fase do sono, que é uma tendência de atrasar a hora de dormir”

“Ficar muito tempo privado de sono favorece o ganho de peso, o desenvolvimento de doenças metabólicas e de problemas cardiovasculares e neurodegenerativos”

“A adolescência já é uma faixa etária muito exposta a transtornos psiquiátricos, essa preocupação com sono deve ser ainda maior, pois o cérebro ainda está em formação”

sábado, 21 de janeiro de 2023

Da identidade à Diversidade. Precisamos saber lidar com a diversidade na adolescência.

Lembrei das nossas aulas de psicologia da adolescência. O livro era de capa verde e todos os professores que formaram na década de 80-90 na Fenord vivenciaram uma reflexão sobre essa fase do desenvolvimento humano, que é bem específica e conflituosa. Alguém lembra o nome da professora? Me lembro do rosto dela mas esqueci o nome. Ninguém pode condenar um adolescente só porque nos decepcionou aqui e agora nesse momento, o nosso olhar de pai, de mãe, de professor ou de adulto em geral, tem que ser um olhar mais amplo,  no horizonte do tempo de amadurecimento do jovem. Há uma necessidade de entender que é alguém vivendo um processo de formação. Tem que ser um notar pleno de humanidade. Basta mirar a nossa própria adolescência para acendermos a compreensão e a empatia para com eles e elas. É falar e pensar como Jesus:

"Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela". João 8,7

Notável alguns  Professores(a), viver a interseção de ter experimentado sua própria fase como adolescente, como pai ou mãe, e como professor(a) de adolescentes. Tem bagagem prática para entender os conflitos que um adolescente vivencia nesta fase evolutiva da vida. É muita riqueza que precisa ser considerada no relacionamento com os teens, como se fala em inglês. A empatia e o fazer pedagógico de um Professor(a) que tem filhos nessa estação da vida devem emergir dessa importante experiência. 

Certa vez convidei a Psicóloga Rita Medrado, que por sinal tem um excelente trabalho junto às crianças da rede municipal de ensino de nossa cidade,  para nos ajudar a refletir sobre o "ser adolescente", em uma época que os professores estavam reclamando bastante dos adolescentes da nossa Escola e ela fez uma fala, a partir de um espelho de comportamentos. Qual era o comportamento do professor na Escola, enquanto era adolescente? Meio que fazendo um reflexo do passado, rendeu bastante depoimentos, sendo quase que uma terapia de grupo aqueles depoimentos no coletivo. 

O livro que estudamos na Fenord, consegui encontrar em PDF e continua atualíssimo:

Psicologia da Adolescência.

Imagino que a adolescência é como um passeio numa montanha-russa cheio de intensas emoções! Só imagino porque nunca nem cheguei perto de uma. Um dia ele ou ela está bem-humorado(a), em outro zangado(a), às vezes com vontade de chorar sem motivo aparente, às vezes, louco(a) para estar perto de todos os seus amigos(a) ou de ficar sozinho(a) no quarto e ouvir aquela música especial que incrivelmente diz tudo o que ele ou ela pensa ou sente. Todos esses momentos parecem necessários para  se conhecerem melhor e tentar responder aquelas perguntas que por vezes tomam os adolescentes de assalto: Mas afinal quem sou eu? Sou normal mesmo? Para onde vou? Qual é o meu lugar nesse mundo? Mas basta olhar pra gente mesmo e vê que é um filme muito conflituoso que se repete nos adolescentes de hoje. 

A busca por essas respostas é importante para pensar na identidade, naquilo que o adolescente gosta ou não, quer ou não quer para sua vida e seu futuro. Nesse processo de construção, ele também pode se ver contestando algumas regras e imposições tanto da sua família quanto da sociedade em que vive. Ele pode se perguntar, por exemplo: Por que meus pais acham que já sou adulto para arrumar a casa, mas não para sair e voltar de madrugada? Ou então: Por que meus pais não mostram confiança quando peço para dormir na casa de um colega? Tudo isso  consome o adolescente e pode até  fazê-lo perder o sono ou brigar com os seus pais. Quem nunca passou por isso? Basta a gente enquanto professor olhar para a nossa vida que vamos encontrar todos esses fatos.

O mais desafiante nessa busca de se conhecer é perceber o jeito de cada um e descobrir as características que o fazem se diferenciar dos outros, como: a cor dos seus cabelos, o seu biotipo, as roupas que usa, as opiniões sobre o mundo. A identidade se relaciona com tudo que você descobre, aprende e se apropria ao longo do seu desenvolvimento: sua história de vida, suas facilidades, suas limitações, seus hábitos culturais, gostos, modos de fazer e viver. Eh! Quanta gente diferente ao nosso redor!

Existem os negros, os brancos, os homens, as mulheres, os rockeiros, os sambistas, os católicos, os evangélicos, os baianos, os paulistanos, as pessoas portadoras de deficiências físicas, visuais, mentais. Somos infinitos! No entanto, quando entramos em contato com essa diversidade que compõe o mundo, é triste notar que alguns preconceitos se instalam em nossa cultura expressos, por exemplo, em frases-feitas como: “que roupa de baiano” – ao referir que a roupa é feia; “parece serviço de preto” – quando uma tarefa é feita de qualquer jeito; “acidente no trânsito, mulher no volante” – passando-nos a ideia que as mulheres não são tão boas no volante quanto os homens, ou “inteligente assim, só podia ser japonês”-restringindo a personalidade a uma só característica.

Diante de tantas frases preconceituosas, é fundamental se perguntar: o que faz as pessoas verem nas diferenças individuais, um motivo para desrespeitar o outro? Entrar em contato com algo muito diferente de si pode incomodar e às vezes até assustar. Aliás, poderíamos dizer que muitas vezes, aquilo que nos causa repulsa vem de uma incapacidade de reconhecermos em nós mesmos sentimentos parecidos, por exemplo: alguém odeia os gordos porque tem raiva por eles se darem o direito de comer tudo o que querem, como a pessoa gostaria de se dar.

Ou então: uma menina não gosta das meninas que se permitem namorar com muitos meninos, chamando-as de “galinhas”, justamente porque o que ela mais gostaria é também poder namorar bastante. Portanto, uma das dimensões que podem levar a ter atitudes preconceituosas é o desconhecimento de si mesmo e a inveja do outro.

Contudo, existem outras dimensões socioculturais que também estão ligadas às questões do preconceito. Os negros, por exemplo, foram historicamente tratados com grande desigualdade em relação aos brancos, como no caso da África do Sul, onde entre os anos de 1948 e 1994, existiu um regime de segregação racial, no qual brancos e negros não usufruíam dos mesmos direitos, não podendo conviver em certos lugares públicos. Como esse, há diversos outros exemplos, como nos casos de judeus na Alemanha, muçulmanos na Europa, entre outros, nos quais a humanidade tratou e tem tratado as diferenças físicas e culturais como motivo de discriminação, controle e exploração.

Enfim, como você deve ter percebido, essa questão da identidade: quem sou eu? Tem estreita relação com a questão da diversidade – quem e como é o outro?

Diversidade essa que, em muitos momentos, pode ser difícil de conviver e tolerar, mas que é, também, a riqueza de um povo. Via de regra, valorizar a diversidade, respeitar o outro e tolerar as diferenças são atitudes construtivas e fundamentais para a vida em sociedade. “Não fazer com o outro aquilo que você não gostaria que fizessem com você” é uma ideia simples, mas que pode ajudar bastante no momento de perceber os limites necessários para uma relação respeitosa entre as pessoas.

O artigo tratou da temática da diversidade à identidade, nele você pode refletir no que você é igual e diferente dos outros, qual é a melhor maneira de a gente se respeitar e aprender a respeitar os demais. A isso dá-se o nome de tolerância, algo que todos precisamos cultivar.

Agora realize as atividades sugeridas para mergulhar na sua identidade. DIVIRTA-SE!

1)-Minhas características pessoais. Liste dez características pessoais que você identifica em você:

2)-Após listar as suas características pessoais reflita e busque responder às questões:

A)-O que você pode fazer em relação às características que, ao seu ver, lhe trazem dificuldades? Existe alguma maneira de lidar com elas?

B)-Quais são as características que facilitam sua vida? O que você pode fazer para cultivá-las?

3)-Diversidade: o que é isso?

O contexto da sociedade contemporânea mergulhado na globalização econômica, no fluxo comunicativo e interação contínua tem traçado mudanças profundas nas visões sobre a própria sociedade. O tema diversidade e a forma complexa que este conceito tem se desenvolvido é fruto do contexto no qual ele se encontra inserido, de mudanças constantes e de uma valorização e percepção das grandes diferenças sejam sociais, políticas, culturais, sexuais, étnicas entre outros.

A definição de diversidade pode ser entendida como o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social. Este conceito está intimamente ligado aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes modos de percepção e abordagem, heterogeneidade e variedade.

Nessa perspectiva pertencer a um grupo é, em geral, reconfortante, pois compartilhamos coisas com outras pessoas. Contudo, muitas vezes nossas características pessoais destoam, divergem ou entram em conflito com o grupo.

Agora pense nas suas relações estabelecidas com sua família, no seu bairro e na escola e descreva alguma situação na qual uma característica pessoal gerou um conflito. E em seguida crie duas sugestões para resolver esse conflito.

Segue um exemplo: “Uma pessoa idosa que não foi bem atendida de forma preferencial em um supermercado.”

Assista ao vídeo a seguir de um Jovem estudante do Japão:

Os jovens são iguais no mundo inteiro, mesmo numa cultura tão diferente como é a do Japão. Ele tem uma identidade essencial e bem padrão, seja no Brasil, no Japão ou na China. A diversidade aparece somente nas características pessoais, por isso a importância do ensino do respeito  ao diferente, que deve ser levado muito a sério no Japão, imagino. Tem zoeira tem, mas qual o jovem que não gosta de zoar? Gostei demais. Assisti o vídeo com curiosidade para ver como um jovem comporta nas Escolas japonesas. A gente vê a satisfação dos jovens de estarem ali naquele ambiente. Muito interessante é o fato da obrigação em arrumar a sala de aula. Quisera os nossos jovens brasileiros tivessem uma escola tão boa como esta e pudessem conviver em uma escola tão enriquecedora como esse vídeo mostrou  que é a Escola japonesa. Quando alcançaremos esse padrão. As gerações de jovens se perdem a cada década no Brasil e  são perdidas para as organizações criminosas paralelas ao Estado.  Quem sabe este jovem quer conversar um pouco com os estudantes daqui da nossa cidade, contando um pouco como é sua Escola e sua vida lá? Seria um baita de um incentivo para nossos jovens levarem a sério seus estudos.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Durante a adolescência, a fé dos jovens se torna mais íntima. Eles passam de uma piedade infantil, ainda muito ligada ao comportamento dos pais, a uma fé adulta. A oração em família pode então assumir outra forma


A dificuldade da oração em família cresce conforme as crianças ficam mais velhas. A partir dos 12-13 anos, é comum que os filhos se sintam facilmente retraídos por essa abordagem. Eles gradualmente abandonam a oração em família, preferindo uma abordagem mais pessoal ou às vezes se recusam a rezar. Aqui estão algumas sugestões para incentivá-los a continuar rezando em família.

1. Reserve um horário à noite, um dia fixo na semana, para a leitura do Evangelho do domingo seguinte. Será uma preparação excelente e necessária para a missa. Este momento em família pode ser seguido de um tempinho de mediação ou de partilha e concluído com uma oração de ação de graças e intercessão.

2. Aproveite os momentos litúrgicos mais importantes como o Natal e a Páscoa para ter um tempo juntos de partilha, leitura da Palavra e oração.

3. Utilize momentos como as festas e aniversários de cada membro da família; as partidas, ausências e retornos um do outro; as escolhas decisivas; a morte de entes queridos, para meditar em família. Cada um deve estar atento aos sinais da presença amorosa de Deus na história da família e fazer disso um motivo de comunhão familiar e de encontro com o Senhor em ação de graças.

4. Dê aos seus filhos adolescentes um livro com orações. À primeira vista, você pode achar que a vida de oração é muito exigente para eles. Bem, você ficará muito surpreso ao descobrir que, encorajados pelo fato de serem tratados pelo que são, adultos aos olhos do Senhor, eles O farão companheiros para a vida!
                          Jean-Régis Fropo

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Porque os adolescentes se automutilam?


Essa parece ser uma das perguntas mais frequentes da atualidade, especialmente nos contextos familiar e escolar. Pais de adolescentes tem manifestado muita preocupação com o fato de estar aumentando consideravelmente a frequência de autolesões em jovens. Essa temática também é uma constante no contexto escolar, emergindo como uma das maiores preocupações dos educadores.
Frequentemente os temas da automutilação, das tentativas de suicídio e do suicídio são tratados e discutidos por profissionais da saúde mental, mas esses fenômenos não devem ser exclusivamente pensados nesse contexto. Isso porque são fenômenos que ocorrem e são motivados por múltiplas causas, humanas, existenciais e pela interação de fatores individuais e sociais. Na medida em que o individual é coletivo, já que construímos nossas identidades e nos integramos psiquicamente enquanto sujeitos, na relação com o outro, com o coletivo é preciso situar a ocorrência de atos individuais no contexto social no qual ocorrem. Nada que seja da esfera do humano, nem mesmo os transtornos mentais, podem ser pensados exclusivamente pelo viés de um único saber, uma vez que se adoecemos, mesmo que psiquicamente, adoecemos num contexto específico, numa realidade histórica determinada.

Nesse sentido, antes de perguntarmos por que os adolescentes têm se ferido propositalmente, precisamos perguntar antes: quem são os adolescentes em nossa sociedade? Como os tratamos? O que esperamos deles? Estamos à disposição desses jovens em suas angústias? Em nossa sociedade, há espaço para sofrimento, dor e tristeza (falamos um pouco disso aqui)

Para a psicanálise (especificamente a do psicanalista inglês Donald W. Winnicott), ao menos desde os anos 1950 a sociedade ocidental tem cerrado o espaço de manifestação de angústia dos jovens. E, ao menos desde essa época, cada vez mais a tendência no âmbito social (de forma genérica) é tratar a adolescência como um problema, como algo a ser curado. Winnicott lembra que não há cura para a adolescência, já que essa fase do desenvolvimento humano e de preparação para a vida adulta não constitui uma patologia, nem um aborrecimento, mas uma fase de preparação pela qual todos nós, incluindo aqueles que tratam adolescentes como aborrecentes, já passamos. O psicanalista nos lembra, além disso, que o adolescente carrega toda a dinâmica psíquica previamente construída na infância: ou seja, o adolescente exterioriza sua maior ou menor preparação psíquica para a vida, para a construção da identidade e do Ser (próprias da adolescência), mas essa prévia integração psíquica depende de como foi a infância, entre outros aspectos. Aqui, podemos colocar outra questão: de que modo estamos, atualmente, investindo no cuidado e formação psíquica das crianças?
A adolescência é uma fase peculiarmente complexa pois combina diversos fatores que podem ser estressores: fatores hormonais, sociais e os psíquicos. E além desses fatores psíquicos que citamos, cabe salientar que o adolescente busca modos de se fazer sentir real em seu próprio corpo, e, na constituição de sua identidade pessoal, irá se isolar dos pais algumas vezes, buscar entender seu próprio espaço no mundo e no próprio corpo. Esses processos são esperados e nada tem de incomum. A questão é quando isso ocorre com problemas carregados da infância, de frágil constituição psíquica, de cobranças desde a infância para uma existência bem sucedida. É na infância que o potencial espontâneo e criativo se efetua e sem isso, ou com falhas nesse processo, o sujeito pode não conseguir se sentir real, pode se sentir em uma existência de vazio e isso pode emergir na adolescência. Winnicott enfatiza a importância do brincar na infância, mas atualmente as crianças parecem estar cada vez mais tendo seus currículos profissionais construídos. Há justificativas e méritos em investir na formação intelectual desde cedo, mas há também que se pensar nos excessos e nas poucas brechas que muitas vezes as crianças têm para brincar e serem crianças. Há ainda, certamente, que se pensar no caso a caso.
É preciso citar ainda outras variáveis: nossa sociedade é caracterizada por uma racionalidade competitiva, em termos de mercado de trabalho e de marketing pessoal em todos os sentidos. A ideia instituída como imperativo de que: “somos empresários de nós mesmos” nem sempre é declarada, mas estamos sob essa dinâmica e isso é fácil de verificar nos perfis das redes sociais. Só é declarado o melhor de si, o alegre, sorridente e realizador. E é claro que nossa existência não se reduz a isso; essa é uma fantasia perigosa para adultos, para adolescentes pode ser devastadora.

E qual é, então, a relação, a articulação de tudo isso com a automutilação? A automutilação em muitos casos é uma tentativa de transpor ao corpo, ao somático, uma dor que é psíquica e que portanto, é sem medida, é inominável. Pode parecer paradoxal, mas a autolesão pode ser uma tentativa de regulação emocional, de dar visibilidade a uma dor intangível na esfera emocional. É como uma tentativa de fazer a dor do corpo dar realidade ao próprio corpo, ao próprio eu, e silenciar, ao mesmo tempo, a dor psíquica. Se nossos adolescentes estão cada vez mais recorrendo a isso para aliviarem suas angústias precisamos, em resumo, levar em consideração todos os fatores que podem estar contribuindo para o crescimento desmedido de suas angústias psíquicas.  Se o adolescente não encontra espaço para relatar que nem sempre consegue corresponder às expectativas da escola, dos pais e da sociedade sobre ele, pode interiorizar o sofrimento e posteriormente, por não aguentar, exteriorizar essa mesma angústia em seu corpo. O comportamento auto-lesivo pode ser a alegoria de um pedido de ajuda que por diversas razões não conseguiu ser oralmente comunicado. Precisamos, portanto, abrir espaços genuínos para que os adolescentes exponham suas angústias sem serem julgados, deslegitimados ou desrespeitados. E é preciso que eles estejam certos e seguros da estabilidade desses espaços de diálogo e apoio, constantemente.

Por fim, sem dúvidas é preciso que todos estejamos atentos e que haja ações de intervenção no sentido da promoção da saúde mental e do tratamento adequado dessas ocorrências. Mas essas ações necessitam estar interligadas, articuladas a outras discussões mais amplas, em torno da promoção de equidade de direitos a todos, promoção de qualidade de vida e da reflexão ampla sobre a dignidade de vida, incluindo dos modos de vida, de constituição e de educação de nossas crianças e adolescentes. A discussão, passa e ultrapassa o contexto da saúde mental. É de todos.
Flávia Andrade Almeida é Psicóloga Clínica e Hospitalar, Especialista em Psicologia da Saúde, Psico-Oncologia e Prevenção do Suicídio. Atualmente Mestranda em Filosofia pesquisando o tema do suicídio à luz dos escritos de Michel Foucault. Autora do blog e página do Facebook “Psicologia e Prevenção do Suicídio

sábado, 17 de novembro de 2018

Pobreza atinge 17,3 milhões de crianças e jovens brasileiros com até 14 anos Levantamento foi divulgado pela Fundação Abrinq


A publicação “Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil”, lançada pela Fundação Abrinq, aponta que 40% de crianças e adolescentes com até 14 anos de idade vivem em situação domiciliar de pobreza no Brasil, o que representa 17,3 milhões de jovens. Destes, 5,8 milhões, ou 13,5%, vivem em situação de extrema pobreza.
A realidade de 2018, porém, pode ser ainda pior. Durante a apresentação do estudo, a administradora executiva da Fundação Abrinq, Heloisa Oliveira, destacou que o impacto da política de cortes de investimentos adotada pelo governo Michel Temer ainda não foi medida.


O estudo mostrou que 40% de crianças e adolescentes com até 14 anos de idade vivem em situação domiciliar de pobreza no Brasil.

 “Em função da limitação de gastos imposta pela Emenda Constitucional 95, alguns investimentos já reduziram e vão se refletir num agravamento das estatísticas, com certeza. Mas, como nós estamos agora com a estatística de 2016, esses reflexos ainda não estão presentes. Esperamos que haja uma decisão politica de mais investimentos na infância e que a gente não tenha que estar aqui no futuro falando que piorou”, apontou.
Os piores índices estão nas regiões Norte e Nordeste do país, onde 54% e 60% das crianças e adolescentes, respectivamente, vivem em situação de pobreza. O estudo considera como pobres aqueles cujo rendimento mensal domiciliar per capita é de até meio salário mínimo (valor equivalente a R$ 477,00, considerando o atual salário mínimo de R$ 954). Já os extremamente pobres teriam rendimento mensal domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo (ou R$ 238,00).
Oliveira salientou que o estudo da Fundação Abrinq busca, a partir da compilação de todas as estatísticas públicas disponíveis, fazer um recorte sobre a população de crianças e adolescentes e criar indicadores que possam ser relacionados com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) –guia de ações de inclusão e sustentabilidade sugerida aos governos pela Organização das Nações Unidas a partir dos debates realizados na conferência Rio+20. O ODS número 1 pretende erradicar a pobreza extrema em todo o mundo até 2030 e diminuir pela metade a população pobre mundial no mesmo período. 
Outro dado alarmante se relaciona com o ODS 16, sobre promoção de sociedades pacíficas e inclusivas. No Brasil, dos quase 57 mil mortos por homicídios em 2016, 18,4%, ou 10,7 mil pessoas, tinham menos de 19 anos. 
 “Essa estatística é formada em sua grande maioria por jovens pobres, negros e que vivem em regiões periféricas das grandes cidades. Ou seja, as estatísticas da violência refletem a ausência de investimento nas politicas sociais básicas e estruturantes do desenvolvimento das pessoas”, analisa Heloísa Oliveira. 
Com relação ao ODS 3, que trata de assegurar vida saudável a todos, o estudo alerta para o problema da gravidez precoce no Brasil: 17,5% das mulheres que foram mães em 2016 tinham 19 anos ou menos, e conceberam mais de 500 mil crianças.
Com relação ao saneamento, uma preocupação do ODS 6 e fator de grande relevância para propagação de doenças entre crianças, a fundação alerta para o fato de que 43% da população brasileira não é atendida pela rede de coleta de esgoto.
Bem-vindo ao Observatório da Criança e do Adolescente! Aqui você pode consultar o Cenário da Infância e pesquisar sobre temas e indicadores relacionados às crianças e adolescentes de todo o Brasil.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Inauguramos os espelhos nos sanitários da Escola João Beraldo, trazendo duas reflexões para os nossos adolescentes e a sua busca de identidade e de sua afirmação social . Sabe-se o quanto o adolescente é ligado a sua imagem e o quanto esta interfere na sua saúde mental e autoestima.


O espelho é importante na construção da  identidade adolescente, pelo fato do mesmo, como o Narciso do mito grego,  ser extremamente ligado à própria imagem, por isso mesmo fundamental para a construção de sua autoestima. Por isso fizemos questão de colocar espelhos nos sanitários, disponibilizando aos estudantes a sua própria imagem.

   O ADOLESCENTE É UM SER EM FORMAÇÃO

“Espelho, espelho meu, existe alguém ...” A adolescência é a fase da formação da identidade do jovem, de descobertas e também da busca do autoconhecimento. Ter uma identidade formada está relacionado á aquisição de valores, princípios e conceitos, capazes de modificar comportamentos, porém, na adolescência nada é estável nem definitivo, o que provoca conflitos na personalidade do jovem. As descobertas na vida do adolescente são como portas abertas para uma ampla visão do mundo, por isso é de grande importância o acompanhamento e a orientação da família e da sociedade para os perigos oferecidos pelo mundo. Grande parte dos adolescentes já fez essa pergunta: Afinal, quem realmente sou? As dúvidas nessa idade são frequentes e as respostas, sempre bem contraditórias. A necessidade de autoconhecimento está relacionada com a velocidade das modificações físicas e psicológicas que ocorrem com cada adolescente. Portanto, o processo de formação do adolescente consiste na busca da identidade e da personalidade, além da necessidade de autoconhecimento.


"Insegurança"

O adolescente se olha no espelho e se acha diferente.Constata facilmente que perdeu aquela graça infantil que, em nossa cultura , parece garantir o amor incondicional dos adultos, sua proteção e solicitude imediatas. Essa insegurança perdida deveria ser compensada por um novo olhar dos mesmos adultos, que reconhece as imagens púbere como sendo a figura de outro adulto, seu par iminente. Ora, se olhar falha: o adolescente perde ( ou, para crescer, renuncia) a segurança do amor que era garantido à criança, sem ganhar em troca outra forma de reconhecimento que lhe parecia nessa altura devido .



Ao contrario, a maturação, que , para ele, é evidente, invasiva e destrutiva do que fazia sua graça de criança, é recusada, suspensa, negada. Talvez haja maturação, lhe dizem, mais ainda não e maturidade.Por consequência, ele não é mais nada, nem criança amada, nem adulto reconhecido.


O que vemos no espelho não e bem nossa imagem. É uma imagem que sempre deve muito ao olhar dos outros. Ou seja me vejo bonito ou desejável se tenho razoes de acreditar que os outros gostam de mim ou me desejam.Vejo e suam, o que eu imagino que os outros vejam.Por isso o espelho e ao mesmo tempo tão tentador e tão perigoso para o adolescente:porque gostaria muito de descobri o que os outros veem nele. Entre a criança que se foi e o adulto que não chega , o espelho do adolescente é frequentemente vazio.Podemos entender então como essa época da vida possa se campeã em fragilidade de alto estima(...).

Parado na frente do espelho, caçando as espinhas, medindo as novas formas de seu corpo, desejando e ojerizando seus novos pelos ou seios, o adolescente vivi a falta do olhar apaixonado que ele merecia quando criança e a falta de palavras que os admitam como par na sociedade do adultos. A insegurança se torna assim o traço próprio da adolescência.


Grande parte das dificuldades relacionadas dos adolescentes, tanto com os adultos quanto com seus coetâneos, derive dessa insegurança. Tanto de uma timidez apagada quanto os estardalhaço maníaco manifestam as mesmas questões, constantemente a flor da pele, de quem se sente não mais adorado e ainda não reconhecido:será que sou amável , desejável, bonito, agradável, visível, invisível, oportuno inadequado?

1) no primeiro parágrafo o autor diz que o adolescente "se acha diferente". Para justificar essa afirmação,diz que o adolescente perde algo sem ganhar nada em troca que compense essa perda. Responda de acordo com o texto :

a) O que o adolescente Verifica que perdeu ao se olhar no espelho?

b) Essa perda, em nossa Cultura, acarreta outras perdas. Quais são elas?

C) Talvez não houvesse tantos conflitos se essas perdas resultassem em algum ganho. Qual é o ganho que não acontece e que seria importante para o adolescente, segundo o autor ?