Fichamento do Capítulo 2: "Bahia, uma Província Rebelde"
Referência Bibliográfica:
REIS, João José. A Revolta dos Malês. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Resumo:
O capítulo destaca o papel central da escravidão como base econômica e social na Bahia do início do século XIX. A província era marcada pela intensa importação de escravizados africanos, necessários para sustentar uma economia de monocultura voltada para a exportação, especialmente de açúcar, algodão, fumo e cacau. Esse cenário criou uma hierarquia racial rigidamente estruturada, na qual os negros ocupavam as posições mais exploradas e espoliadas (REIS, 2003, p. 30).
A sociedade escravista baiana era complexa e conflituosa, caracterizada pela concentração de renda e pela institucionalização de desigualdades raciais. Entretanto, os negros não aceitaram passivamente essa condição. Inspirados por eventos como a Revolta de Búzios (1798), os libertos e escravizados participaram ativamente de movimentos antilusos, motins militares e revoltas federalistas, revelando um grau significativo de organização e consciência política (REIS, 2003, p. 33).
Os ciclos de revoltas escravas entre 1807 e 1835 representaram um esforço ousado de subverter a essência da exploração econômica baseada na escravidão. Apesar de muitas dessas revoltas não passarem da fase conspiratória, elas demonstraram a resistência e a "tradição de audácia" que permeava as relações escravistas na Bahia (REIS, 2003, p. 35).
Citações Relevantes:
1. "A escravidão era o principal negócio e fonte de renda da província da Bahia no começo do século XIX." (REIS, 2003, p. 30)
2. "Menosprezar a condição subalternizada do negro na produção da sociedade escravista é negar a dinâmica conflituosa dessa estrutura." (REIS, 2003, p. 31)
3. "A Bahia, desde o final do século XVIII, teve entre os negros – como classe mais espoliada – atentos leitores da conjuntura política." (REIS, 2003, p. 33)
4. "Embora algumas dessas revoltas não tenham passado da fase da conspiração [...] elas ousaram subverter a essência da exploração econômica baseada na formação de uma casta de trabalhadores negros escravizados." (REIS, 2003, p. 34)
5. "Essa insubmissão permanente criou uma tradição de audácia que impregnava as relações escravistas da Bahia nesse período." (REIS, 2003, p. 35)
Comentários:
O capítulo oferece uma análise detalhada da sociedade escravista baiana, enfatizando a interseção entre economia, raça e resistência. A obra de João José Reis não apenas expõe a complexidade das relações escravistas, mas também valoriza os movimentos de resistência como um elemento central da história baiana. Os eventos narrados ilustram a capacidade de articulação política dos negros, mesmo em um cenário de extrema opressão.
Palavras-chave:
Escravidão; resistência; Bahia; hierarquia racial; monocultura; movimentos antilusos; revoltas escravas.