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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Fichamento do Capítulo 2: "Bahia, uma Província Rebelde"

Fichamento do Capítulo 2: "Bahia, uma Província Rebelde"

Referência Bibliográfica:

REIS, João José. A Revolta dos Malês. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Resumo:

O capítulo destaca o papel central da escravidão como base econômica e social na Bahia do início do século XIX. A província era marcada pela intensa importação de escravizados africanos, necessários para sustentar uma economia de monocultura voltada para a exportação, especialmente de açúcar, algodão, fumo e cacau. Esse cenário criou uma hierarquia racial rigidamente estruturada, na qual os negros ocupavam as posições mais exploradas e espoliadas (REIS, 2003, p. 30).

A sociedade escravista baiana era complexa e conflituosa, caracterizada pela concentração de renda e pela institucionalização de desigualdades raciais. Entretanto, os negros não aceitaram passivamente essa condição. Inspirados por eventos como a Revolta de Búzios (1798), os libertos e escravizados participaram ativamente de movimentos antilusos, motins militares e revoltas federalistas, revelando um grau significativo de organização e consciência política (REIS, 2003, p. 33).

Os ciclos de revoltas escravas entre 1807 e 1835 representaram um esforço ousado de subverter a essência da exploração econômica baseada na escravidão. Apesar de muitas dessas revoltas não passarem da fase conspiratória, elas demonstraram a resistência e a "tradição de audácia" que permeava as relações escravistas na Bahia (REIS, 2003, p. 35).

Citações Relevantes:

1. "A escravidão era o principal negócio e fonte de renda da província da Bahia no começo do século XIX." (REIS, 2003, p. 30)

2. "Menosprezar a condição subalternizada do negro na produção da sociedade escravista é negar a dinâmica conflituosa dessa estrutura." (REIS, 2003, p. 31)

3. "A Bahia, desde o final do século XVIII, teve entre os negros – como classe mais espoliada – atentos leitores da conjuntura política." (REIS, 2003, p. 33)

4. "Embora algumas dessas revoltas não tenham passado da fase da conspiração [...] elas ousaram subverter a essência da exploração econômica baseada na formação de uma casta de trabalhadores negros escravizados." (REIS, 2003, p. 34)

5. "Essa insubmissão permanente criou uma tradição de audácia que impregnava as relações escravistas da Bahia nesse período." (REIS, 2003, p. 35)

Comentários:

O capítulo oferece uma análise detalhada da sociedade escravista baiana, enfatizando a interseção entre economia, raça e resistência. A obra de João José Reis não apenas expõe a complexidade das relações escravistas, mas também valoriza os movimentos de resistência como um elemento central da história baiana. Os eventos narrados ilustram a capacidade de articulação política dos negros, mesmo em um cenário de extrema opressão.

Palavras-chave:

Escravidão; resistência; Bahia; hierarquia racial; monocultura; movimentos antilusos; revoltas escravas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Fichamento da Obra: Malês 1835: Negra Utopia Autor: Fábio Nogueira Capítulo 1: O Haiti é aqui (pp. 21-26)

Fichamento da Obra: Malês 1835: Negra Utopia

Autor: Fábio Nogueira

Capítulo 1: O Haiti é aqui (pp. 21-26)

Tipo de Fichamento: Crítico

1. Introdução:

Nogueira (2019) inicia o capítulo traçando um paralelo entre a Revolta dos Malês e a Revolução Haitiana, ambas inspiradas por ideais de liberdade e  resistência à opressão. O autor destaca a influência da Revolução Haitiana nos movimentos de resistência à escravidão no Brasil do século XIX, enfatizando a diversidade cultural e a busca por autonomia presente nesses movimentos.

2.  O Haiti é aqui:

"Havia se passado algumas décadas, mas os rumores da rebelião negra que libertou o Haiti do domínio francês (1791-1804), derrotando as tropas de Napoleão, ainda repercutiam fundo no Brasil escravista do século XIX." (NOGUEIRA, 2019, p. 23)

O autor argumenta que a Revolução Haitiana serviu como um exemplo inspirador para os escravizados e libertos no Brasil, mostrando que a luta contra a escravidão era possível e que a liberdade poderia ser conquistada.

3. Quilombo dos Palmares e a resistência negra:

Nogueira (2019) destaca a importância do Quilombo dos Palmares como símbolo da resistência negra à escravidão no Brasil, evidenciando a capacidade de organização e luta dos africanos escravizados.

"O Quilombo dos Palmares [...] aproveitando-se da relativa desorganização do aparato colonial português ante a ocupação holandesa. Quilombo, palavra de origem banto, após um percurso particular característico a todo e qualquer movimento de caráter popular em nosso país, passou ao nosso léxico como sinônimo de rebeldia." (NOGUEIRA, 2019, p. 24)

4.  A Revolta dos Malês:

O autor contextualiza a Revolta dos Malês,  ressaltando seu caráter singular como um levante urbano de negros escravizados e libertos que buscavam  liberdade religiosa e o fim da escravidão.

"A Revolta dos Malês é o mais importante levante urbano de negros do país e, portanto, um dos principais momentos da resistência negra contra o escravismo." (NOGUEIRA, 2019, p. 25)   

5.  Análise crítica:

Nogueira (2019) apresenta uma análise crítica da historiografia tradicional sobre a Revolta dos Malês,  questionando a visão que a considera um evento isolado e sem conexão com outros movimentos de resistência. Ele defende a importância de se estudar a revolta em seu contexto histórico,  compreendendo as motivações,  as estratégias e o legado dos africanos escravizados que lutaram por liberdade.

6. Citações relevantes:

"A luta dos negros contra a escravidão ocorreu num contexto multicultural em que as diferenças étnicas, linguísticas e religiosas foram colocando sinais profundos na história da luta de classes em nosso país." (NOGUEIRA, 2019, p. 24)

"A resistência ao escravismo, como muito bem apontou Clóvis Moura, não foi algo episódico, mas uma condição permanente." (NOGUEIRA, 2019, p. 24)

"Eram pessoas que carregavam em suas mentes e corações as experiências de viver em um continente rico e próspero, que começava a ser devastado por guerras e conflitos para atender aos interesses das elites locais e coloniais." (NOGUEIRA, 2019, p. 26)   

7.  Considerações:

O capítulo "O Haiti é aqui" apresenta uma introdução instigante à Revolta dos Malês, contextualizando-a  no  cenário da resistência negra à escravidão no Brasil do século XIX. Nogueira (2019)  destaca a influência da Revolução Haitiana e a importância de se estudar a revolta em sua complexidade,  reconhecendo as  motivações,  as  estratégias e o legado dos africanos escravizados que lutaram por liberdade. A obra  contribui para uma compreensão mais profunda da história da luta contra a escravidão no Brasil e  convida à reflexão sobre a persistência do racismo e da desigualdade social em nossa sociedade.

8.  Questões para aprofundamento:

Como a Revolução Haitiana influenciou outros movimentos de resistência à escravidão nas Américas?

Quais as principais diferenças e semelhanças entre a Revolta dos Malês e outros levantes de escravizados no Brasil?

Como a historiografia tem abordado a Revolta dos Malês ao longo do tempo?

Qual o legado da Revolta dos Malês para a luta contra o racismo e a desigualdade social no Brasil contemporâneo?

Acesse o livro gratuitamente aqui: https://www.informativogirassol.blog.br/2024/11/livro-gratuito-sobre-revolta-dos-males.html

Nogueira, Fábio Malês 1835 : negra utopia / Fábio Nogueira. -- São Paulo : Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, 2019. -- (Coleção rebeliões populares ; 1)

Livro gratuito sobre a Revolta dos Malês: ferramenta para educadores!

Sociólogo lança livro gratuito sobre a Revolta dos Malês: uma ferramenta para o ensino da história e da luta contra o racismo.

Salvador, Bahia - O sociólogo Fábio Nogueira, professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), lançou recentemente o livro "Malês 1835: negra utopia", que conta a história da Revolta dos Malês. A obra, disponibilizada gratuitamente pela Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, tem como objetivo principal levar conhecimento sobre este importante episódio da história brasileira para um público amplo, especialmente para educadores e estudantes. Você pode baixar o livro gratuitamente aqui: https://drive.google.com/file/d/1-zn9k4aU5G9AA2KmM06DvF2AIxKB6-CH/view?usp=sharing

A Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador em 1835, foi uma insurreição protagonizada por africanos escravizados e libertos, muitos dos quais eram muçulmanos. O levante, que buscava a liberdade religiosa e o fim da escravidão, foi brutalmente reprimido, mas deixou um legado de resistência e luta contra a opressão.

O livro de Nogueira se destaca por apresentar uma análise aprofundada da Revolta dos Malês, contextualizando-a no cenário social, político e econômico da Bahia do século XIX. O autor destaca a importância de conhecer a história daqueles que lutaram contra a escravidão, e como essa luta ainda se faz presente nos dias de hoje.

"É fundamental que a história da Revolta dos Malês seja contada e recontada, para que possamos entender as raízes do racismo e da desigualdade social em nosso país", afirma Nogueira. "Este livro é uma ferramenta para educadores que buscam levar para a sala de aula a história da resistência negra e da luta por justiça social."

Bruno Leal, historiador e professor da Universidade de Brasília, destaca a importância do livro de Nogueira para o ensino da história e da luta contra o racismo. "A obra de Fábio Nogueira é uma contribuição valiosa para a historiografia brasileira, ao trazer uma nova perspectiva sobre a Revolta dos Malês e seus desdobramentos na sociedade brasileira", afirma Leal. "É um livro fundamental para educadores que buscam trabalhar com a história da África e da cultura afro-brasileira em sala de aula."

Leal também ressalta a importância de se discutir a Revolta dos Malês no contexto da luta contra o racismo. "A história da Revolta dos Malês nos mostra como o racismo estrutural se manifesta na sociedade brasileira, e como a luta contra essa forma de opressão é fundamental para a construção de um país mais justo e igualitário", conclui.