Bullying

Mostrando postagens com marcador CORONAVÍRUS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador CORONAVÍRUS. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de maio de 2020

CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 05/05/2020-10:00 horas.



Até o momento foram 2.452 casos confirmados*. Noventa e quatro (94) óbitos estão em investigação**, 473 óbitos descartados e noventa e quatro (94) óbitos foram confirmados***.
*Total de confirmados é a soma dos casos confirmados que não evoluíram para óbito e dos óbitos confirmados por Covid-19.
**Óbitos em investigação. Óbitos suspeitos de Covid-19 que aguardam a realização de exames laboratoriais e levantamento de informações clínicas e epidemiológicas. Os óbitos descartados são aqueles que tiveram exame laboratorial negativo para Covid-19 e/ou foram confirmados para outras causas. Até o momento foram notificados 661 óbitos suspeitos.
Total de casos suspeitos de doença pelo Coronavírus Covid-19: 89.602. Caso suspeito é todo indivíduo com quadro respiratório agudo, notificado pelo serviço de saúde com suspeita de infecção humana pelo SARS-COV-2 – Doença causada pelo coronavírus Covid-19.
Dados parciais, sujeitos a alterações. Atualizado em 05/05/2020. Fonte: COES MINAS/COVID-19/SES-MG.

DISTRIBUIÇÃO DE CASOS E MORTES CONFIRMADAS DA COVID-19 1 SEGUNDO AS CIDADEDES DE MINAS GERAIS, 2020


PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS CONFIRMADOS*  DA COVID-19, MG, QUE NÃO EVOLUÍRAM PARA MORTE, 2020


‘O MÉDICO OFERECEU CLOROQUINA, EU DISSE: ME RESPEITE’ - Um dos maiores infectologistas do Brasil conta como foi sua experiência contraindo a Covid-19 e explica por que recusou tratamento com droga não aprovada - O Globo - 5 de Maio de 2020 - RAFAEL GARCIA - rafael.garcia@sp.oglobo.com.br - SÃO PAULO

Sem milagre. Uma representação artística do Sars-CoV-2 em meio a pílulas
de hidroxicloroquina; Schechter rejeita tratamento com drogas não aprovadas


‘O MÉDICO OFERECEU CLOROQUINA, EU DISSE: ME RESPEITE’

Um dos maiores infectologistas do Brasil conta como foi sua experiência contraindo a Covid-19 e explica por que recusou tratamento com droga não aprovada

— Eu respeito a ciência — disse, ao explicar por que rejeitou terapia com cloroquina. Em entrevista ao GLOBO, Schechter conta como se sentiu durante a doença e como a enfrentou.

Como foi contrair Covid-19?

Horroroso. Eu sabia que ia adoecer, porque estive em fevereiro nos EUA na casa do meu filho, que também é professor de doenças infecciosas, na Universidade Emory, em Atlanta. Saí da casa dele num domingo para encontrar amigos em Nova York, dois dias depois ele me contou que estava com Covid-19. Voltei para o Brasil e fiquei direto em casa isolado, sabendo o que estava por vir. Algumas semanas depois, comecei a ficar doente, mas fui enrolando.

Eu estava bastante cansado e estava sendo irresponsável —além de prepotente, como todo médico — até que eu pedi um oxímetro para minha assistente e fiquei em casa até a hora que vi que era uma irresponsabilidade completa continuar. Eu estava muito hipoxêmico (sem oxigênio no sangue) e fui para o hospital.

Por que demorou se sabia da perspectiva?

Tem uma característica interessante da Covid-19, que é a pessoa não sentir a falta de ar, embora esteja muito hipoxêmica, e eu passei por isso. Um conselho que eu dou para paciente com Covid-19, quando me ligam agora, é: compre um oxímetro. Você pode medir, várias vezes ao dia, se baixar de 94, vá para o hospital. Em condições normais em que a pessoa estaria “aff, aff, aff!”, com Covid-19 ela poderia estar [hipoxêmica] não sentindo nada. Se é um cara com alguma lesão cardíaca, pode ter um infarto, sem estar sentindo falta de ar, porque a dispneia —a falta de ar que ele sente — não é proporcional à falta de ar que ele tinha no sangue.

Como foi seu tratamento?

Foi com o único tratamento que já existe: medidas de suporte. Não existe tratamento para Sars-CoV-2.

O senhor não entrou em teste clínico para antiviral?

Eu respeito a ciência. Não havia naquele momento, que eu soubesse, nenhum protocolo ocorrendo no hospital em que eu fui internado. Como eu respeito a ciência, eu faço comigo o que eu teria feito com os outros. Se eu pratico a medicina em que eu acredito — baseada em ciência —, o que prescrevo para os meus pacientes vale para mim também.

Quando a pessoa que me acompanhava perguntou se eu queria tomar cloroquina, respondi: “você me respeite”. Era um médico que me conhece bem. Ele perguntou meio rindo, meio sério.

Outros médicos estão tendo cautela com essa droga?

Não. Desde que começaram a usar cloroquina na Covid-19, escrevi várias vezes para amigos dizendo que eu aposto que os estudos bem feitos com cloroquina — aqueles randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo — não mostrarão eficácia, particularmente para cloroquina com azitromicina. E, se os estudos tiverem poder estatístico, em alguns subgrupos apostei que terá um excesso de eventos colaterais graves e óbitos.

Agora, se isso acontecer, quem vai pedir desculpa às famílias das pessoas que usarem esses remédios? Todas as sociedades científicas nacionais e internacionais estão dizendo: não usem cloroquina contra Covid fora do contexto de pesquisa.

Existe uma piada dizendo que a diferença entre Deus e o médico é que Deus não acha que é médico. O médico não está acostumado a fazer nada e se sente obrigado a fazer alguma coisa. Ele estudou medicina para tratar e curar pessoas. É difícil admitir para si mesmo, dizer para o paciente “não há nada a fazer, fora te apoiar”. E olha que, neste caso, existe muita coisa que pode ser feita como apoio.

O que o deixou desconfiado com a cloroquina?

No caso da Covid-19, porque ela não é um antiviral estrito. Ela tem ação inespecífica, porque altera o pH, a acidez do meio. Teoricamente, ela pode modular a resposta imune, mas não está atacando o vírus diretamente. Por ter ação in vitro (em tubo de ensaio), a cloroquina foi testada contra vários vírus — Sars, Mers, dengue, ebola, HIV... — e não funcionou contra nenhum. O passado da cloroquina é muito ruim: funciona in vitro, mas não em seres humanos.

O editor do Jama [periódico da Associação Médica Americana] recomenda aos médicos — e a seus advogados — que registrem muito bem, em todos os prontuários, que explicaram bem a todos os pacientes que não há dado sobre eficácia da cloroquina, mas que os efeitos colaterais são muito bem conhecidos. Preparem-se para as ações judiciais que virão.

Os médicos brasileiros estão preparados para isso?

Os médicos desconhecem o processo [da pesquisa clínica] e são mal preparados. E isso não é só o brasileiro. É a formação médica em geral, que não nos permite compreender como se mostra que uma droga é eficaz. Eu também não fui formado para isso, aprendi porque participo do desenvolvimento de drogas e vacinas contra HIV e hepatite há mais de 30 anos. Na primeira reunião de que participei sobre isso, eu não sabia o beabá de pesquisa clínica.

O senhor deposita esperança em algum medicamento experimental para Covid-19?

A única droga a qual realmente se acredita na comunidade científica internacional que possa ter algum impacto antiviral contra a Covid-19 é o remdesivir, e mesmo assim o otimismo não é enorme. Vale a pena testar. É uma droga desenvolvida para ebola, que não é isenta de efeitos colaterais, mas tem uma chance. Os estudos estão andando.

Existem outras intervenções que são mais para modular resposta imune. Como o plasma [de pacientes convalecentes], imunoglobulina, IL-6... Enfim, tem várias coisas, e elas têm que ser testadas. Se der errado, não será grande surpresa, mas, se der certo, também não. Já a cloroquina é diferente: se der certo, será uma grande surpresa. Dar errado é o que é esperado.

 “É difícil admitir para si mesmo e dizer para o paciente ‘não há nada a fazer, fora te apoiar’”

“Tem uma característica interessante da Covid-19, que é a pessoa não sentir a falta de ar, embora esteja muito hipoxêmica, e eu passei por isso” _

Mauro Schechter, médico

FONTE: O Globo de 05-05-2020


Consciência e ciência sem conflito - O Globo - 5 de Maio de 2020 - A HORA DA CIÊNCIA - Margareth Dalcolmo Cientista e pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz

Nesta semana em que se celebram 75 anos da tomada de Berlim pelos soviéticos e da derrota das tropas nazistas pelas forças aliadas na Itália e na Áustria, como publicado nos grandes jornais à época, a noção de tempo nos atropela, e parece estarmos a mencionar um fato histórico bem mais distante. Hoje, com a dimensão do fenômeno que assola todo o planeta, os mesmos órgãos de comunicação anunciam o que poderia ser uma trégua na luta em que nos encontramos, contra o inimigo ubíquo e invisível, um vírus que já dizimou mais vidas do que os 20 anos da Guerra do Vietnã ou a epidemia pelo HIV nos seus primeiros 25 anos. A divulgação do que poderia ser um tratamento possível, pelo menos para as formas graves da Covid-19, em que pesem os desfechos ainda por serem aprimorados, traveste-se de boa nova.

Não se compara a forçados meios de comunicação de outrora com a atualidade, vivendo a primeira epidemia completamente digital. O tamanho do fenômeno midiático é compatível com sua época, ainda que o homem, como ser de consciência, permaneça, felizmente, operando no modo analógico, movido a empatia e compaixão. Se é verdade que o amor ao próximo sofredor inspira o desenvolvimento da ciência, podemos afirmar que, no homem, cientista ou poeta, os métodos criadores são os mesmos. Einstein disse, com seu humor :“Ai maginação é a mais científica das faculdades ”, indicando que nenhuma descoberta nos dá direito a descanso. Um problema ou uma etapa resolvida gera forçosamente uma outra hipótese a ser demonstrada, outra questão a ser respondida. É onde nos encontramos frente ao desafio imposto pela Covid-19 e à espera de uma vacina.

O remdesivir, fármaco aprovado pelo FDA, órgão regulatório norte-americano, para o tratamento de casos graves, é um conhecido antiviral, capaz debloquear a replicação viral, de uso exclusivamente endovenoso, com efeitos in vitro já demonstrados em outros coronavirus, usado nas epidemias da Sars e Mers, e no tratamento do ebola, em África, sem sucesso.

Três estudos para a Covid-19 foram publicados: na China, sem benefício e interrompido por efeitos colaterais; do fabricante, sem grupo controle; e o que gerou a aprovação, incluindo 1.063 pacientes, com mortalidade de 8% contra 11,6% no grupo placebo. Sabe-se assim que os estudos até o momento, mesmo os poucos metodologicamente bem conduzidos, não respondem se este será, isolado ou em associação a outras terapêuticas que atuem em outros alvos do vírus —como anti-inflamatórios biológicos e corticosteroides, anticoagulantes, transferência de plasma de convalescentes —, um tratamento plausível. Ao falar em plausibilidade, há que se considerar variáveis diversas como efetividade de uso no mundo real, segurança, proteção ou quebra de patente, comercialização e, sobretudo, acesso universal. Todas essas respostas deverão se somar ao ganho observado até agora, de redução modesta no número de dias de permanência em terapia intensiva, e eventos adversos controláveis.

No momento agudo em que vivemos, em meio à proliferação de controvérsias, muitas sembas e científica, voltamos a nos indagar se nos enigmas que regem a consciência humana e a ciência não há conflitos, e sim interação, como um amálgama perene. Quero bom senso que os que decidem sobre a vida das pessoas, a fortiori os homens de Estado, mostrem-se sempre firmes, claros, consistentes, justos e, sobretudo, responsáveis. O que nos revelará a nossa história imediata?

Quer o bom senso que os que decidem sobre a vida das pessoas mostrem-se sempre firmes, claros, justos e responsáveis.


  • FONTE: O Globo


  • domingo, 3 de maio de 2020

    Não nos esqueçamos - O Globo - 3 de Maio de 2020 - FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


    O tema é repetitivo e desafiador: o coronavírus. Procuro me afastar dele dia e noite, mas ele nos envolve. O vírus, sem ser visto, está por toda parte, principalmente em nossas almas. Recordo-me de meus pais, cuja memória reteve a “gripe espanhola”. Agora quiseram de novo taxar o coronavírus como “vírus chinês”. Não pegou; ainda bem. A propagação do vírus mundo afora faz-me recordar a advertência que está no Antigo Testamento: “Pulvis est et in pulvis reverteris”, escreve-se em latim. “Somos pó e a ele voltaremos”. Diante da morte, somos todos iguais, como diante do vírus. Ele não distingue gênero, idade, riqueza ou o que seja. Mata a muitos, e se não nos cuidarmos... Às vezes, até mesmo cuidando-nos.

    Será que esta pandemia servirá pelo menos para dar-nos conta disso? Duvido. Sei bem que os humanos têm memória, mas também têm a capacidade de esquecer o que ocorreu. Passada a crise, poucos se lembrarão dela. Suas marcas, entretanto, podem permanecer, e delas devemos cuidar.

    Na minha geração não se pode dizer: “nunca vi tanto horror perante os céus”. Os terremotos matam, indiscriminadamente. As guerras também. A bomba atômica dizimou centenas de milhares, e por aí vai. Mas isso não diminui o pavor diante do que está ocorrendo e, pior, o que ainda poderá ocorrer. A situação nos obriga a sermos pelo menos mais humildes e, quem sabe, a reconhecermos que a desigualdade faz com que os mais pobres, nas tragédias pandêmicas, são os que pagam maior preço. Provavelmente, o coronavírus chegou ao Brasil “de avião”. Pessoas das classes mais altas (quanto à renda) viajam mais. No começo foram as que se contaminaram. Agora já se vê que nas periferias pobres, nas favelas e nos cortiços, nas comunidades urbanas, como hoje chamamos o que ontem chamávamos de favelas( desde a revolta de Canudos quando os soldados regressavam das campanhas e se amontoavam no Morro da Favela, no Rio) a propagação é enorme, e o atendimento de saúde “não dá conta”. É injusto cobrar do SUS (Sistema Único de Saúde) as falhas ocorridas. Pelo contrário, não fosse ele, só os que podem pagar por serviços médicos e hospitalares seriam melhor atendidos. Pelo menos isso: em princípio o SUS atende de modo universal. Mas, sim, é possível cobrar de quem decide. E porque se vê agora tanta “falta”: falta equipamento para os atendimentos, faltam luvas adequadas, faltam máquinas para ajudara respirar, falta não sei o que mais? É fácil ser engenheiro de obras feitas: pelo menos há um sistema de saúde pública estruturado, embora carente. Sei que, na bonança, é difícil prever as prioridades e que haverá argumentos, inclusive econômicos, para dizer: mas isso não é prioritário. E não é só no Brasil que se vê o esgotamento dos meios de saúde pública, basta olhar para Nova York. Ainda assim, que pelo menos a crise pela qual passamos sirva de advertência para o futuro: há que olhar com mais carinho as questões de saúde pública, a começar pela água tratada e pelo sistema de esgotamento sanitário. Reconhecer que alcançamos melhoria na saúde não quer dizer que conseguimos o necessário. Que ao sair da atual pandemia, não nos esqueçamos: ela pode voltar. Quando? Ninguém sabe. Preparemo-nos para quando venha. E assumamos de uma vez por todas que, se é verdade que a crise de saúde atual alcança a muitos em todo o mundo, também é verdade que para os mais pobres ela é mais devastadora. Por enquanto (sem que se saiba até quando), não dispomos de vacinas nem de medicamentos específicos. Só resta o “isolamento social”. O refrão “fiquem em casa” está por toda parte.

    Mas que casa? Para os que dispõem de uma “casa”, do aconchego familiar e dos meios necessários, talvez seja cansativo trabalhar em casa, mas é suportável. Mas quando as pessoas não dispõem desse conforto mínimo, o que fazer? Vão para a rua e, seres humanos gregários que somos, não guardam a distância recomendável uns dos outros. E os que trabalham em situações que são essenciais para a sociedade continuar a funcionar, nas fábricas, nos hospitais, no transporte ou onde seja, também ficam em casa? Haverá dois pesos e duas medidas? Não escrevo isso para dizer que o mote está errado. Pelo contrário. Digo para ampliar nosso senso de realidade. Espero que nossa gratidão futura seja concreta com os que, mesmo não suportando ou não tendo meios para ficar em casa, vão à luta. Nesta, que usem as máscaras e tomem os cuidados necessários e torçam para que nada lhes aconteça. Mais do que torçam, façam o necessário para derrotar o vírus. A luta é dos governos, é internacional, mas também é de cada um de nós.

    O que é de todo descabido é a insensibilidade diante do que está acontecendo ou a cegueira de não querer ver que estamos imersos em um mau momento. Nele precisamos de coesão. Continuar a insistir que se trata de uma “gripezinha” ou de que “eu fui atleta” e, portanto, nada me acontecerá, é mais do que equivocado. É irresponsabilidade.

    Do que se precisa agora, além de recursos financeiros (na crise, todos somos “keynesianos”, achamos que o necessário é investir, que “o governo” tem a obrigação de salvar as empresas e as pessoas) é de coesão, de carinho, de dar a mão aos que mais precisam e sofrem. Só que não basta sermos, à moda antiga, bons samaritanos. Passada a tormenta, não deixemos de lado que foi possível ultrapassá-la porque o barco tem bons motores, apesar de havermos escolhido maus navegantes. Não basta escolher quem é “do contra”. Os governantes precisam ter capacidade de decidir e entender que nas sociedades, como a nossa, nas quais as redes de internet pesam tanto, não dá para governar sozinho ou com um grupo de amigos. Para fazer frente a situações como a atual (há três crises: a da saúde, a da economia e a da política) faz falta o senso do comum e universal. Só juntos se constrói uma nação. A escolha é nossa, de cada um. E, se erramos, que pelo menos o erro não se repita.

    O que é de todo descabido é a insensibilidade diante do que está acontecendo ou a cegueira de não querer ver o mau momento.

    FONTE: Jornal O Globo de 03-05-2020

    APELO URGENTE AO PRESIDENTE DO BRASIL E AOS LÍDERES DO LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO - Os povos indígenas do Brasil enfrentam uma grave ameaça de genocídio por causa da pandemia do coronavirus.


    Os povos indígenas do Brasil enfrentam uma grave ameaça de genocídio por causa da pandemia do coronavirus.

    Os povos indígenas do Brasil enfrentam uma grave ameaça à sua própria sobrevivência com o surgimento da pandemia do Covid-19. Há cinco séculos, esses grupos étnicos foram dizimados por doenças trazidas pelos colonizadores europeus. Ao longo do tempo, sucessivas crises epidemiológicas exterminaram a maioria de suas populações. Hoje, com esse novo flagelo se disseminando rapidamente por todo o Brasil, comunidades nativas, algumas vivendo de forma isolada na Bacia Amazônica, poderão ser completamente eliminadas, desprovidas de qualquer defesa contra o coronavírus.

    Sua situação é duplamente crítica, porque os territórios reconhecidos para uso exclusivo de populações autóctones estão sendo ilegalmente invadidos por garimpeiros, madeireiros e grileiros. Essas operações ilícitas se aceleraram nas últimas semanas, porque as autoridades brasileiras responsáveis pelo resguardo dessas áreas foram imobilizadas pela pandemia. Sem nenhuma proteção contra esse vírus altamente contagioso, os índios sofrem um risco real de genocídio, por meio de contaminações provocadas por invasores ilegais em suas terras.

    Diante da urgência e da seriedade dessa crise, como amigos do Brasil e admiradores de seu espírito, cultura, beleza, democracia e biodiversidade, apelamos ao Presidente da República, Sua Excelência Sr. Jair Bolsonaro, e aos líderes do Congresso e do Judiciário a adotarem medidas imediatas para proteger as populações indígenas do país contra esse vírus devastador.

    Esses povos são parte da extraordinária história de nossa espécie. Seu desaparecimento seria uma grande tragédia para o Brasil e uma imensa perda para a humanidade. Não há tempo a perder.

    Respeitosamente,

    Príncipe Albert II de Mônaco (Presidente da Fundação Príncipe Albert II) / Pedro Almodóvar (Cineasta, Espanha) / Tadao Ando (Arquiteto, Japão) / Juliette Binoche (Atriz, França) / Chico Buarque (Escritor, Compositor e cantor, Brasil) / Gisele Bündchen (Modelo, Brasil) / Christo (Artista,EUA) / Santiago Calatrava (Arquiteto, Espanha) / Naomi Campbell (Modelo, Reino Unido) / Glenn Close (Atriz, EUA) / Alfonso Cuarón (Cineasta, México) / Lord Norman Foster (Arquiteto,Reino Unido) / Gilberto Gil (Compositor e cantor, Brasil) / Richard Gere (Ator, EUA) / Alejandro González Iñarritu (Cineasta, México) / Dr. Jane Goodall DBE (Fundadora do Instituto Jane Goodall) / Mensageira da Paz das UN, Reino Unido) / Tarja Halonen (Ex Presidente da República da Finlândia) / Lena Herzog (Artista e fotógrafa, Alemanha) / Werner Herzog (Cineasta, Alemanha) / David Hockney (Artista, Reino Unido) / Luciano Huck (Apresentador de TV, Brasil) / Nicolas Hulot (Ativista Ambiental, França) / Alejandro González Iñarritu (Cineasta, México) / Sir Jonathan Ive (Designer, Reino Unido) / Bianca Jagger (Fundação dos Direitos Humanos Bianca Jagger, Nicarágua) / Kerry Kennedy (Presidente da Fundação Robert F. Kennedy dos Direitos Humanos, EUA) / Maritta Koch Weser (Antropóloga e Ambientalista, Alemanha) / Rem Koolhaas (Arquiteto, Holanda) / Guilherme Leal (Empreendedor, Brasil) / Thomas Lovejoy (Cientista, EUA) / James Lovelock (Cientista, Reino Unido) / Sir Paul McCartney (Cantor, Reino Unido) / Madonna (Cantora, EUA) / Terrence Malick (Cineasta, EUA) / Michael Mann (Produtor de cinema, EUA) / João Carlos Martins (Pianista e chefe de orquestra, Brasil) / Fenando Meirelles (Cineasta, Brazil) / Beatriz Milhazes (Artista, Brasil) / Marc Newson (Designer, Australia) / Carlos Nobre (Cientista, Brasil) / Jean Nouvel (Arquiteto, França) / Renzo Piano (Arquiteto, Senador vitalício, Itália) / Brad Pitt (Actor, US) / Christian Portzamparc (Arquiteto, França) / Elizabeth Portzamparc (Arquiteta, Brasil) / Elisabeth Rehn (Ministra de Estado, Finlândia) / Yasmina Reza (Escritora, França) / Matthieu Ricard (Escritor, fotógrafo, monge budista, França) / Alan Riding (Escritor, Brasil, Reino Unido) / Jeffrey Sachs (Economista, EUA) / Julian Schnabel (Pintor, EUA) / Lélia Deluiz Wanick Salgado (Designer, Brasil, França) / Sebastião Salgado (Fotógrafo, Brasil, França) / Susan Sarandon (Atriz, EUA) / Patti Smith (Cantor, EUA) / Sylvester Stallone (Ator, EUA) / Sting (Cantor, Reino Unido) / Oliver Stone (Cineasta, EUA) / Meryl Streep (Atriz, EUA) / Trudie Styler (Atriz, Reino Unido) / Benedict Taschen (Editor, Alemanha) / Guillermo del Toro (Cineasta, Mexico) / Mario Vargas Llosa (Escritor Prêmio Nobel, Perú) / Caetano Veloso (Compositor e cantor, Brasil) / Ai Weiwei (Artista, China) / Wim Wenders (Cineasta, Alemanha) / Oprah Winfrey (Atriz, Produtora et Apresentadora TV, EUA) / Timothy Wirth (Ex Senador, Presidente Emérito da UN Foundation, EUA).

    FONTE: O Globo de 03-05-2020

    sábado, 2 de maio de 2020

    Tudo na vida é provisório - O Globo - 1 de Maio de 2020 - Patricia Rocco


    A Covid-19 é uma pandemia que afeta não somente a saúde física e mental, como também a vida social e econômica da população. Estamos voltados a aumentar o número de leitos, comprar ventiladores mecânicos, contratar e treinar novos profissionais de saúde para conter essa pandemia. Entretanto, os pacientes com doenças respiratórias e renais crônicas, oncológicos e cardiopatas continuam a existir e, por vezes, necessitam de internação hospitalar em unidades fechadas de cuidados intensivos.
    O bacilo de Koch, que causa a tuberculose, não deixou de infectar a população, as hemodiálises precisam ser realizadas, e os pacientes com câncer, tratados, seja com radioterapia, quimioterapia e/ou cirurgia. Consultas e exames laboratoriais e de imagem necessitam ser periódicos. No entanto, é preocupante que o medo de contágio dos indivíduos ao ingressar em clínicas e hospitais faça com que muitos venham a morrer em casa, infelizmente não pela Covid-19.
    Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, diabetes e hipertensão arterial sistêmica podem apresentar a Covid-19 com características clínicas mais graves. Recentemente, foi reportado que a incidência de infarto agudo do miocárdio aumentou significativamente durante esses últimos 3 meses em diferentes países.
    No Brasil, são várias as hipóteses: 1) falta de medicamento, seja nas clínicas ou farmácias populares, e/ou o medo de sair de casa para comprar medicação (“pessoas idosas não devem sair por risco de contágio”); 2) depressão em função do isolamento social, associado ao uso de “calmantes”, álcool em maior quantidade, tabagismo intenso, dieta desregrada e sono de pior qualidade; 3) ausência de profissionais de saúde, já que muitos deles estão infectados com o Sars-CoV-2; e 4) o medo de ir aos hospitais pelo risco de serem acometidos pela Covid-19.
    A realidade é uma só: estamos enfrentando diversos monstros ao mesmo tempo. Não podemos esquecer que a motivação é a melhor forma de superar esses monstros. Temos que continuar a nos cuidar, com alimentação saudável e exercícios, assim como não deixar de utilizar os medicamentos de forma regular.
    A cada dia sabemos muito mais sobre a patogênese e a resposta às diferentes terapias da Covid-19. Nesse contexto, vacinas vêm sendo testadas, bem como entendemos os prós e contras de diversas terapias farmacológicas. Recentes estudos reportaram que o número reduzido de linfócitos (células de defesa do organismo no sangue), níveis elevados de desidrogenase lática (marcador de inflamação) e o acometimento de múltiplos órgãos pela Covid-19 estão associados a um pior prognóstico e aumento da letalidade.
    Saibam que os cientistas estão trabalhando incessantemente. Tudo na vida é provisório, assim como essa pandemia.

    A realidade é uma só: estamos enfrentando diversos monstros ao mesmo tempo. A motivação é a melhor forma de superá-los.

    Tudo na vida é provisório

    sexta-feira, 1 de maio de 2020

    CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 01/05/2020-10:00 horas.


    Até o momento foram 1.935 casos confirmados*. Oitenta (80) óbitos estão em investigação**, 438 óbitos descartados e oitenta e oito (88) óbitos foram confirmados***.

    *Total de confirmados é a soma dos casos confirmados que não evoluíram para óbito e dos óbitos confirmados por Covid-19.

    **Óbitos em investigação. Óbitos suspeitos de Covid-19 que aguardam a realização de exames laboratoriais e levantamento de informações clínicas e epidemiológicas. Os óbitos descartados são aqueles que tiveram exame laboratorial negativo para Covid-19 e/ou foram confirmados para outras causas. Até o momento foram notificados 606 óbitos suspeitos.

    Total de casos suspeitos de doença pelo Coronavírus Covid-19: 86.214. Caso suspeito é todo indivíduo com quadro respiratório agudo, notificado pelo serviço de saúde com suspeita de infecção humana pelo SARS-COV-2 – Doença causada pelo coronavírus Covid-19.

    Dados parciais, sujeitos a alterações. Atualizado em 01/05/2020. Fonte: COES MINAS/COVID-19/SES-MG.
    Quadro resumo de óbitos

    DISTRIBUIÇÃO DE CASOS E ÓBITOS CONFIRMADOS DA COVID-19 1 SEGUNDO LOCAL DE RESIDÊNCIA, MINAS GERAIS, 2020 


    CASOS CONFIRMADS POR SEXO E POR FAIXA ETÁRIA


    MORTES POR SEXO E POR FAIXA ETÁRIA


    MORTES POR FATORDE RISCO


    quinta-feira, 30 de abril de 2020

    Empatia em tempos de crise O Globo30 Abril de 2020A HORA DA CIÊNCIA - Roberto Lent Neurocientista, professor emérito da UFRJ e pesquisador do Instituto D’Or


    Para a ciência, empatia é uma habilidade socioemocional de múltiplas faces. Tem um lado biológico e hereditário, determinado por sequências do genoma humano já identificadas. Os bebês desde muito cedo conseguem discernir o sorriso do pranto, imitando-os para refletir a emoção que observaram.
    A expressão da empatia é interpessoal: o sorriso do bebê acompanha o sorriso da mãe. Ambos vivenciam a mesma emoção.
    A empatia pode ser modulada pela sociedade, capaz de ensinar as pessoas a calibrar a vivência emocional compartilhada com outros. Para os profissionais de saúde, essa habilidade calibrada —o chamado controle executivo da empatia — é essencial para o bem cuidar. Os pacientes se sentem acolhidos quando percebem o compartilhamento solidário de suas dores por parte dos médicos, enfermeiros e outros cuidadores.
    No entanto, raramente os currículos escolares incluem habilidades socioemocionais como essa. E nem sempre as faculdades da área da saúde ensinam aos estudantes as técnicas de modular a empatia no nível necessário para melhor atender os pacientes. Há estudos que mostram melhores níveis de glicemia e colesterol em pacientes diabéticos tratados por médicos empáticos, e aumento da imunidade de pacientes com quadros gripais severos quando percebem o compartilhamento emocional dos profissionais de saúde com as suas dores.
    Uma recente revisão dos estudos sobre empatia esclarece os mecanismos neurais subjacentes. Quando um médico interage com um paciente em sofrimento, ambos ativam as vias neurais da dor de modo semelhante — dos neurônios sensoriais que inervam os pulmões, por exemplo, até as regiões perceptuais do córtex cerebral. Mas há um momento em que a percepção dolorosa tem que gerar comportamentos. Os pacientes produzem movimentos de retração motora, vocalizações e choro. Nos profissionais de saúde não pode ser assim: é preciso controlar esses comportamentos e, ao contrário, liberar as ações de compreensão e cuidado terapêutico. Neste momento, as regiões cerebrais ativas em pacientes e médicos se tornam distintas, e estes entram em ação para curar ou mitigar sintomas.
    Em momentos de crise como o que vivemos, tudo se subverte. O sofrimento das pessoas é extremo, e a pressão empática sobre os profissionais de saúde pode se tornar insustentável, transformando-se em estresse e burnout.
    Os momentos de crise revelam também as pessoas desprovidas de empatia. Forme-se um grupo familiar conduzido sem empatia, ou pior, com frieza e crueldade, e os comportamentos desviantes se tornam prevalentes. Se forem pessoas públicas, como ocorre atualmente no Brasil, o estrago político e social passa a ser enorme.
    Esse é outro ensinamento que poderemos levar da crise que nos assola, para melhor conduzir a reconstrução que nos aguarda. Precisamos inserir as habilidades socioemocionais na educação de nossas crianças e jovens, inclusive os profissionais de saúde. E fomentar a pesquisa científica à altura da importância que a empatia tem para nossa vida.
    No futuro, devemos inserir habilidades socioemocionais na educação dos jovens e dos profissionais de saúde

    Empatia em tempos de crise

    CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 30/04/2020-10:00 horas.


    Até o momento foram 1.827 casos confirmados*. Oitenta e um (81) óbitos estão em investigação**, 421 óbitos descartados e oitenta e dois (82) óbitos foram confirmados***.

    *Total de confirmados é a soma dos casos confirmados que não evoluíram para óbito e dos óbitos confirmados por Covid-19.

    **Óbitos em investigação. Óbitos suspeitos de Covid-19 que aguardam a realização de exames laboratoriais e levantamento de informações clínicas e epidemiológicas. Os óbitos descartados são aqueles que tiveram exame laboratorial negativo para Covid-19 e/ou foram confirmados para outras causas. Até o momento foram notificados 584 óbitos suspeitos.

    Total de casos suspeitos de doença pelo Coronavírus Covid-19: 84.994. Caso suspeito é todo indivíduo com quadro respiratório agudo, notificado pelo serviço de saúde com suspeita de infecção humana pelo SARS-COV-2 – Doença causada pelo coronavírus Covid-19.

    Dados parciais, sujeitos a alterações. Atualizado em 30/04/2020. Fonte: COES MINAS/COVID-19/SES-MG.



    CASOS POR SEXO E POR FAIXA ETÁRIA


    MORTES POR SEXO E POR FAIXA ETÁRIA


    MORTES POR FATORDE RISCO

    FONTE:Boletim Epidemiológico de 30-04-2020


    Clique aqui para acessar o QUADRO DE MORTES POR DATA E CIDADE ATUALIZADO ATÉ 30-04-2020

    quarta-feira, 29 de abril de 2020

    CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 29/04/2020-10:00 horas.


    Até o momento foram 1.758 casos confirmados*. Noventa e cinco (95) óbitos estão em investigação**, 394 óbitos descartados e oitenta (80) óbitos foram confirmados***.

    *Total de confirmados é a soma dos casos confirmados que não evoluíram para óbito e dos óbitos confirmados por Covid-19.

    **Óbitos em investigação. Óbitos suspeitos de Covid-19 que aguardam a realização de exames laboratoriais e levantamento de informações clínicas e epidemiológicas. Os óbitos descartados são aqueles que tiveram exame laboratorial negativo para Covid-19 e/ou foram confirmados para outras causas. Até o momento foram notificados 569 óbitos suspeitos.

    Total de casos suspeitos de doença pelo Coronavírus Covid-19: 81.728. Caso suspeito é todo indivíduo com quadro respiratório agudo, notificado pelo serviço de saúde com suspeita de infecção humana pelo SARS-COV-2 – Doença causada pelo coronavírus Covid-19.


    Dados parciais, sujeitos a alterações. Atualizado em 29/04/2020. Fonte: COES MINAS/COVID-19/SES-MG.

    Com mais de 5 mil mortes, país passa China.



    Com 5.017 mortes, das quais 474 nas últimas 24 horas, o Brasil passou a China e está na 9ª posição entre os países com maior número de óbitos por Covid-19. Especialistas estimam que o país chegue a dez mil mortos já na segunda quinzena de maio e, diante do menor rigor no isolamento social, preveem explosão de mortes como nos EUA, na Itália e na Espanha. O ministro da Saúde, Nelson Teich, admitiu o agravamento da situação.
    Mortes e casos  por cidade:


    Casos confirmados por sexo e idade:


    Casos de morte por sexo e idade:


    Casos de morte por fator de risco:
    FONTE: Boletim Epidemiológico de 29-04-2020

    terça-feira, 28 de abril de 2020

    Sem passaporte para o futuro - O Globo - 28 Abril de 2020 - Margareth Dalcolmo Cientista e pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz



    Nesse outono de recuo histórico sob o qual olhamos o longínquo dezembro de 2019, há semanas falamos sobre o aprendizado de uma doença inteiramente nova e a avalanche de informação científica e leiga produzida em período tão curto. O mar então recuava, prenunciando as ondas em tsunami. Inapelavelmente.

    Hoje, ainda inundados pela primeira onda e prevendo a segunda — que poderia ser até mais letal, como ocorreu na gripe espanhola no início do século passado —, nos vemos, o Brasil, correndo atrás do tempo e observando o cenário trágico da nossa obscena desigualdade social que a epidemia desnudou.

    No enfrentamento diário da epidemia pela Covid-19, muitas publicações científicas, aprovadas sem o necessário rigor metodológico, viram verdades efêmeras, a não resistir a um olhar técnico experiente, provando que o desespero pode justificar ações heroicas, mas não definitivas. Nesse cadinho de notícia sem profusão sobre a sua magnitude, além de exercícios os mais variados de futurologia sobre o porvir, para nós médicos é um enorme alento cada alta dada a um paciente curado, se intensificando em nossos olhares de alívio as maiores interrogações contemporâneas, em direção ao futuro.

    A cada dia, incorporamos um novo conhecimento sobre a doença e seu curso. O polimorfismo clínico é de uma doença infecciosa, altamente transmissível, marcada por reações inflamatórias e imunológicas, originalmente respiratória e que, na verdade, é sistêmica. Fazem parte desse arsenal de informação a comprovada alta frequência de infecção bacteriana secundária, além de complicações neurológicas tardias, cardiovasculares e hematológicas. Intrigantes, e sem resposta ainda, as evoluções abruptas da enfermidade, verificadas após a primeira semana de sintomas, e o número de mortes domiciliares, cuja gravidade não pode ser detectada a tempo, nem pela pessoa nem pelo serviço de saúde.

    Estudos epidemiológicos de testagem sorológica em amostras de população têm por objetivo determinar o percentual de pessoas que estariam imunizadas no momento, para a cepa viral circulante. Sabe-se, entretanto, que para atingir essa imunidade comunitária ideal precisaríamos ter 60% da população produzindo anticorpos para o vírus, e os testes disponíveis até o momento não trazem essa efetividade. Com isso, nem o passaporte imunológico para o futuro imediato, como um valor de liberdade ou um indicador canônico de capital humano, pode ser expedido.

    À guisa de nos reconciliar com um depois necessariamente novo, lembro Teilhard de Chardin, o grande jesuíta e filósofo. Após seus anos servindo no front francês, na Primeira Guerra Mundial, ele escreveu, em janeiro de 1918, curiosamente pouco antes da primeira onda da gripe espanhola:

    “Será necessário que a humanidade, sob pena de perecer à deriva, se eleve à ideia de um esforço humano específico e integral. Após se deixar apenas viver por tão longo tempo, compreenderá que é chegada a hora de se revelar ela mesma, e fazer o seu caminho”. Nada mais atual.


    Hoje, nos vemos correndo atrás do tempo e observando o cenário trágico que a epidemia desnudou, da nossa obscena desigualdade social.

    Sem passaporte para o futuro


    CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 28/04/2020-10:00 horas. Em Teófilo Otoni, Juiz determina fechamento de comércio não essencial novamente.



    Até o momento foram 1.649 casos confirmados*. Oitenta e oito (88) óbitos estão em investigação**, 388 óbitos descartados e setenta e um (71) óbitos foram confirmados***.
    *Total de confirmados é a soma dos casos confirmados que não evoluíram para óbito e dos óbitos confirmados por Covid-19.
    **Óbitos em investigação. Óbitos suspeitos de Covid-19 que aguardam a realização de exames laboratoriais e levantamento de informações clínicas e epidemiológicas. Os óbitos descartados são aqueles que tiveram exame laboratorial negativo para Covid-19 e/ou foram confirmados para outras causas. Até o momento foram notificados 547 óbitos suspeitos.
    Total de casos suspeitos de doença pelo Coronavírus Covid-19: 79.313. Caso suspeito é todo indivíduo com quadro respiratório agudo, notificado pelo serviço de saúde com suspeita de infecção humana pelo SARS-COV-2 – Doença causada pelo coronavírus Covid-19.
    Dados parciais, sujeitos a alterações. Atualizado em 28/04/2020. Fonte: COES MINAS/COVID-19/SES-MG.
    Carlos Chagas segue com 1 caso confirmado, situação explicada pelo Secretario de Saúde:




    Vejam que Teófilo Otoni segue com 08 casos confirmados. 




    Casos de covid-19 confirmados e mortes por por cidade:




    Casos confirmados por sexo e idade


    Casos de morte por sexo e idade


    Casos de morte por fator de risco