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terça-feira, 5 de maio de 2020
CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 05/05/2020-10:00 horas.
‘O MÉDICO OFERECEU CLOROQUINA, EU DISSE: ME RESPEITE’ - Um dos maiores infectologistas do Brasil conta como foi sua experiência contraindo a Covid-19 e explica por que recusou tratamento com droga não aprovada - O Globo - 5 de Maio de 2020 - RAFAEL GARCIA - rafael.garcia@sp.oglobo.com.br - SÃO PAULO
Sem milagre. Uma representação artística do Sars-CoV-2 em meio a pílulas de hidroxicloroquina; Schechter rejeita tratamento com drogas não aprovadas |
‘O MÉDICO OFERECEU CLOROQUINA, EU DISSE: ME RESPEITE’
Um dos maiores infectologistas do Brasil conta como foi sua experiência contraindo a Covid-19 e explica por que recusou tratamento com droga não aprovada
— Eu respeito a ciência — disse, ao explicar por que rejeitou terapia com cloroquina. Em entrevista ao GLOBO, Schechter conta como se sentiu durante a doença e como a enfrentou.
Como foi contrair Covid-19?
Horroroso. Eu sabia que ia adoecer, porque estive em fevereiro nos EUA na casa do meu filho, que também é professor de doenças infecciosas, na Universidade Emory, em Atlanta. Saí da casa dele num domingo para encontrar amigos em Nova York, dois dias depois ele me contou que estava com Covid-19. Voltei para o Brasil e fiquei direto em casa isolado, sabendo o que estava por vir. Algumas semanas depois, comecei a ficar doente, mas fui enrolando.
Eu estava bastante cansado e estava sendo irresponsável —além de prepotente, como todo médico — até que eu pedi um oxímetro para minha assistente e fiquei em casa até a hora que vi que era uma irresponsabilidade completa continuar. Eu estava muito hipoxêmico (sem oxigênio no sangue) e fui para o hospital.
Por que demorou se sabia da perspectiva?
Tem uma característica interessante da Covid-19, que é a pessoa não sentir a falta de ar, embora esteja muito hipoxêmica, e eu passei por isso. Um conselho que eu dou para paciente com Covid-19, quando me ligam agora, é: compre um oxímetro. Você pode medir, várias vezes ao dia, se baixar de 94, vá para o hospital. Em condições normais em que a pessoa estaria “aff, aff, aff!”, com Covid-19 ela poderia estar [hipoxêmica] não sentindo nada. Se é um cara com alguma lesão cardíaca, pode ter um infarto, sem estar sentindo falta de ar, porque a dispneia —a falta de ar que ele sente — não é proporcional à falta de ar que ele tinha no sangue.
Como foi seu tratamento?
Foi com o único tratamento que já existe: medidas de suporte. Não existe tratamento para Sars-CoV-2.
O senhor não entrou em teste clínico para antiviral?
Eu respeito a ciência. Não havia naquele momento, que eu soubesse, nenhum protocolo ocorrendo no hospital em que eu fui internado. Como eu respeito a ciência, eu faço comigo o que eu teria feito com os outros. Se eu pratico a medicina em que eu acredito — baseada em ciência —, o que prescrevo para os meus pacientes vale para mim também.
Quando a pessoa que me acompanhava perguntou se eu queria tomar cloroquina, respondi: “você me respeite”. Era um médico que me conhece bem. Ele perguntou meio rindo, meio sério.
Outros médicos estão tendo cautela com essa droga?
Não. Desde que começaram a usar cloroquina na Covid-19, escrevi várias vezes para amigos dizendo que eu aposto que os estudos bem feitos com cloroquina — aqueles randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo — não mostrarão eficácia, particularmente para cloroquina com azitromicina. E, se os estudos tiverem poder estatístico, em alguns subgrupos apostei que terá um excesso de eventos colaterais graves e óbitos.
Agora, se isso acontecer, quem vai pedir desculpa às famílias das pessoas que usarem esses remédios? Todas as sociedades científicas nacionais e internacionais estão dizendo: não usem cloroquina contra Covid fora do contexto de pesquisa.
Existe uma piada dizendo que a diferença entre Deus e o médico é que Deus não acha que é médico. O médico não está acostumado a fazer nada e se sente obrigado a fazer alguma coisa. Ele estudou medicina para tratar e curar pessoas. É difícil admitir para si mesmo, dizer para o paciente “não há nada a fazer, fora te apoiar”. E olha que, neste caso, existe muita coisa que pode ser feita como apoio.
O que o deixou desconfiado com a cloroquina?
No caso da Covid-19, porque ela não é um antiviral estrito. Ela tem ação inespecífica, porque altera o pH, a acidez do meio. Teoricamente, ela pode modular a resposta imune, mas não está atacando o vírus diretamente. Por ter ação in vitro (em tubo de ensaio), a cloroquina foi testada contra vários vírus — Sars, Mers, dengue, ebola, HIV... — e não funcionou contra nenhum. O passado da cloroquina é muito ruim: funciona in vitro, mas não em seres humanos.
O editor do Jama [periódico da Associação Médica Americana] recomenda aos médicos — e a seus advogados — que registrem muito bem, em todos os prontuários, que explicaram bem a todos os pacientes que não há dado sobre eficácia da cloroquina, mas que os efeitos colaterais são muito bem conhecidos. Preparem-se para as ações judiciais que virão.
Os médicos brasileiros estão preparados para isso?
Os médicos desconhecem o processo [da pesquisa clínica] e são mal preparados. E isso não é só o brasileiro. É a formação médica em geral, que não nos permite compreender como se mostra que uma droga é eficaz. Eu também não fui formado para isso, aprendi porque participo do desenvolvimento de drogas e vacinas contra HIV e hepatite há mais de 30 anos. Na primeira reunião de que participei sobre isso, eu não sabia o beabá de pesquisa clínica.
O senhor deposita esperança em algum medicamento experimental para Covid-19?
A única droga a qual realmente se acredita na comunidade científica internacional que possa ter algum impacto antiviral contra a Covid-19 é o remdesivir, e mesmo assim o otimismo não é enorme. Vale a pena testar. É uma droga desenvolvida para ebola, que não é isenta de efeitos colaterais, mas tem uma chance. Os estudos estão andando.
Existem outras intervenções que são mais para modular
resposta imune. Como o plasma [de pacientes convalecentes], imunoglobulina,
IL-6... Enfim, tem várias coisas, e elas têm que ser testadas. Se der errado,
não será grande surpresa, mas, se der certo, também não. Já a cloroquina é
diferente: se der certo, será uma grande surpresa. Dar errado é o que é
esperado.
“Tem uma característica interessante da Covid-19, que é a pessoa não sentir a falta de ar, embora esteja muito hipoxêmica, e eu passei por isso” _
Mauro Schechter, médico
Consciência e ciência sem conflito - O Globo - 5 de Maio de 2020 - A HORA DA CIÊNCIA - Margareth Dalcolmo Cientista e pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz
Nesta semana em que se
celebram 75 anos da tomada de Berlim pelos soviéticos e da derrota das tropas
nazistas pelas forças aliadas na Itália e na Áustria, como publicado nos
grandes jornais à época, a noção de tempo nos atropela, e parece estarmos a
mencionar um fato histórico bem mais distante. Hoje, com a dimensão do fenômeno
que assola todo o planeta, os mesmos órgãos de comunicação anunciam o que
poderia ser uma trégua na luta em que nos encontramos, contra o inimigo ubíquo
e invisível, um vírus que já dizimou mais vidas do que os 20 anos da Guerra do
Vietnã ou a epidemia pelo HIV nos seus primeiros 25 anos. A divulgação do que
poderia ser um tratamento possível, pelo menos para as formas graves da
Covid-19, em que pesem os desfechos ainda por serem aprimorados, traveste-se de
boa nova.
Não se compara a forçados
meios de comunicação de outrora com a atualidade, vivendo a primeira epidemia
completamente digital. O tamanho do fenômeno midiático é compatível com sua
época, ainda que o homem, como ser de consciência, permaneça, felizmente,
operando no modo analógico, movido a empatia e compaixão. Se é verdade que o
amor ao próximo sofredor inspira o desenvolvimento da ciência, podemos afirmar
que, no homem, cientista ou poeta, os métodos criadores são os mesmos. Einstein
disse, com seu humor :“Ai maginação é a mais científica das faculdades ”,
indicando que nenhuma descoberta nos dá direito a descanso. Um problema ou uma
etapa resolvida gera forçosamente uma outra hipótese a ser demonstrada, outra
questão a ser respondida. É onde nos encontramos frente ao desafio imposto pela
Covid-19 e à espera de uma vacina.
O remdesivir, fármaco
aprovado pelo FDA, órgão regulatório norte-americano, para o tratamento de
casos graves, é um conhecido antiviral, capaz debloquear a replicação viral, de
uso exclusivamente endovenoso, com efeitos in vitro já demonstrados em outros
coronavirus, usado nas epidemias da Sars e Mers, e no tratamento do ebola, em
África, sem sucesso.
Três estudos para a
Covid-19 foram publicados: na China, sem benefício e interrompido por efeitos
colaterais; do fabricante, sem grupo controle; e o que gerou a aprovação,
incluindo 1.063 pacientes, com mortalidade de 8% contra 11,6% no grupo placebo.
Sabe-se assim que os estudos até o momento, mesmo os poucos metodologicamente
bem conduzidos, não respondem se este será, isolado ou em associação a outras
terapêuticas que atuem em outros alvos do vírus —como anti-inflamatórios
biológicos e corticosteroides, anticoagulantes, transferência de plasma de
convalescentes —, um tratamento plausível. Ao falar em plausibilidade, há que
se considerar variáveis diversas como efetividade de uso no mundo real,
segurança, proteção ou quebra de patente, comercialização e, sobretudo, acesso
universal. Todas essas respostas deverão se somar ao ganho observado até agora,
de redução modesta no número de dias de permanência em terapia intensiva, e
eventos adversos controláveis.
No momento agudo em que
vivemos, em meio à proliferação de controvérsias, muitas sembas e científica,
voltamos a nos indagar se nos enigmas que regem a consciência humana e a ciência
não há conflitos, e sim interação, como um amálgama perene. Quero bom senso que
os que decidem sobre a vida das pessoas, a fortiori os homens de Estado,
mostrem-se sempre firmes, claros, consistentes, justos e, sobretudo,
responsáveis. O que nos revelará a nossa história imediata?
Quer o bom senso que os
que decidem sobre a vida das pessoas mostrem-se sempre firmes, claros, justos e
responsáveis.
- A HORA DA CIÊNCIA Margareth Dalcolmo Cientista e pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz
domingo, 3 de maio de 2020
Não nos esqueçamos - O Globo - 3 de Maio de 2020 - FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
O tema
é repetitivo e desafiador: o coronavírus. Procuro me afastar dele dia e noite,
mas ele nos envolve. O vírus, sem ser visto, está por toda parte,
principalmente em nossas almas. Recordo-me de meus pais, cuja memória reteve a
“gripe espanhola”. Agora quiseram de novo taxar o coronavírus como “vírus
chinês”. Não pegou; ainda bem. A propagação do vírus mundo afora faz-me
recordar a advertência que está no Antigo Testamento: “Pulvis est et in pulvis
reverteris”, escreve-se em latim. “Somos pó e a ele voltaremos”. Diante da
morte, somos todos iguais, como diante do vírus. Ele não distingue gênero,
idade, riqueza ou o que seja. Mata a muitos, e se não nos cuidarmos... Às
vezes, até mesmo cuidando-nos.
Será
que esta pandemia servirá pelo menos para dar-nos conta disso? Duvido. Sei bem
que os humanos têm memória, mas também têm a capacidade de esquecer o que
ocorreu. Passada a crise, poucos se lembrarão dela. Suas marcas, entretanto,
podem permanecer, e delas devemos cuidar.
Na
minha geração não se pode dizer: “nunca vi tanto horror perante os céus”. Os
terremotos matam, indiscriminadamente. As guerras também. A bomba atômica
dizimou centenas de milhares, e por aí vai. Mas isso não diminui o pavor diante
do que está ocorrendo e, pior, o que ainda poderá ocorrer. A situação nos
obriga a sermos pelo menos mais humildes e, quem sabe, a reconhecermos que a
desigualdade faz com que os mais pobres, nas tragédias pandêmicas, são os que
pagam maior preço. Provavelmente, o coronavírus chegou ao Brasil “de avião”.
Pessoas das classes mais altas (quanto à renda) viajam mais. No começo foram as
que se contaminaram. Agora já se vê que nas periferias pobres, nas favelas e nos
cortiços, nas comunidades urbanas, como hoje chamamos o que ontem chamávamos de
favelas( desde a revolta de Canudos quando os soldados regressavam das
campanhas e se amontoavam no Morro da Favela, no Rio) a propagação é enorme, e
o atendimento de saúde “não dá conta”. É injusto cobrar do SUS (Sistema Único
de Saúde) as falhas ocorridas. Pelo contrário, não fosse ele, só os que podem
pagar por serviços médicos e hospitalares seriam melhor atendidos. Pelo menos
isso: em princípio o SUS atende de modo universal. Mas, sim, é possível cobrar
de quem decide. E porque se vê agora tanta “falta”: falta equipamento para os
atendimentos, faltam luvas adequadas, faltam máquinas para ajudara respirar,
falta não sei o que mais? É fácil ser engenheiro de obras feitas: pelo menos há
um sistema de saúde pública estruturado, embora carente. Sei que, na bonança,
é difícil prever as prioridades e que haverá argumentos, inclusive econômicos,
para dizer: mas isso não é prioritário. E não é só no Brasil que se vê o
esgotamento dos meios de saúde pública, basta olhar para Nova York. Ainda
assim, que pelo menos a crise pela qual passamos sirva de advertência para o
futuro: há que olhar com mais carinho as questões de saúde pública, a começar
pela água tratada e pelo sistema de esgotamento sanitário. Reconhecer que
alcançamos melhoria na saúde não quer dizer que conseguimos o necessário. Que
ao sair da atual pandemia, não nos esqueçamos: ela pode voltar. Quando? Ninguém
sabe. Preparemo-nos para quando venha. E assumamos de uma vez por todas que, se
é verdade que a crise de saúde atual alcança a muitos em todo o mundo, também é
verdade que para os mais pobres ela é mais devastadora. Por enquanto (sem que
se saiba até quando), não dispomos de vacinas nem de medicamentos específicos.
Só resta o “isolamento social”. O refrão “fiquem em casa” está por toda parte.
Mas
que casa? Para os que dispõem de uma “casa”, do aconchego familiar e dos meios
necessários, talvez seja cansativo trabalhar em casa, mas é suportável. Mas
quando as pessoas não dispõem desse conforto mínimo, o que fazer? Vão para a
rua e, seres humanos gregários que somos, não guardam a distância recomendável
uns dos outros. E os que trabalham em situações que são essenciais para a
sociedade continuar a funcionar, nas fábricas, nos hospitais, no transporte ou
onde seja, também ficam em casa? Haverá dois pesos e duas medidas? Não escrevo
isso para dizer que o mote está errado. Pelo contrário. Digo para ampliar nosso
senso de realidade. Espero que nossa gratidão futura seja concreta com os que,
mesmo não suportando ou não tendo meios para ficar em casa, vão à luta. Nesta,
que usem as máscaras e tomem os cuidados necessários e torçam para que nada
lhes aconteça. Mais do que torçam, façam o necessário para derrotar o vírus. A
luta é dos governos, é internacional, mas também é de cada um de nós.
O que é de todo descabido é a insensibilidade diante do que está acontecendo ou a cegueira de não querer ver que estamos imersos em um mau momento. Nele precisamos de coesão. Continuar a insistir que se trata de uma “gripezinha” ou de que “eu fui atleta” e, portanto, nada me acontecerá, é mais do que equivocado. É irresponsabilidade.
Do
que se precisa agora, além de recursos financeiros (na crise, todos somos
“keynesianos”, achamos que o necessário é investir, que “o governo” tem a
obrigação de salvar as empresas e as pessoas) é de coesão, de carinho, de dar a
mão aos que mais precisam e sofrem. Só que não basta sermos, à moda antiga,
bons samaritanos. Passada a tormenta, não deixemos de lado que foi possível
ultrapassá-la porque o barco tem bons motores, apesar de havermos escolhido
maus navegantes. Não basta escolher quem é “do contra”. Os governantes precisam
ter capacidade de decidir e entender que nas sociedades, como a nossa, nas
quais as redes de internet pesam tanto, não dá para governar sozinho ou com um grupo de
amigos. Para fazer frente a situações como a atual (há três crises: a da saúde,
a da economia e a da política) faz falta o senso do comum e universal. Só
juntos se constrói uma nação. A escolha é nossa, de cada um. E, se erramos, que
pelo menos o erro não se repita.
O que é de todo
descabido é a insensibilidade diante do que está acontecendo ou a cegueira de
não querer ver o mau momento.
APELO URGENTE AO PRESIDENTE DO BRASIL E AOS LÍDERES DO LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO - Os povos indígenas do Brasil enfrentam uma grave ameaça de genocídio por causa da pandemia do coronavirus.
Os povos indígenas do Brasil enfrentam uma grave ameaça de genocídio por causa da pandemia do coronavirus.
Os povos indígenas do Brasil enfrentam uma grave
ameaça à sua própria sobrevivência com o surgimento da pandemia do Covid-19. Há
cinco séculos, esses grupos étnicos foram dizimados por doenças trazidas pelos
colonizadores europeus. Ao longo do tempo, sucessivas crises epidemiológicas
exterminaram a maioria de suas populações. Hoje, com esse novo flagelo se
disseminando rapidamente por todo o Brasil, comunidades nativas, algumas
vivendo de forma isolada na Bacia Amazônica, poderão ser completamente eliminadas,
desprovidas de qualquer defesa contra o coronavírus.
Sua situação é duplamente crítica, porque os
territórios reconhecidos para uso exclusivo de populações autóctones estão
sendo ilegalmente invadidos por garimpeiros, madeireiros e grileiros. Essas
operações ilícitas se aceleraram nas últimas semanas, porque as autoridades
brasileiras responsáveis pelo resguardo dessas áreas foram imobilizadas pela
pandemia. Sem nenhuma proteção contra esse vírus altamente contagioso, os
índios sofrem um risco real de genocídio, por meio de contaminações provocadas
por invasores ilegais em suas terras.
Diante da urgência e da seriedade dessa crise, como
amigos do Brasil e admiradores de seu espírito, cultura, beleza, democracia e
biodiversidade, apelamos ao Presidente da República, Sua Excelência Sr. Jair
Bolsonaro, e aos líderes do Congresso e do Judiciário a adotarem medidas
imediatas para proteger as populações indígenas do país contra esse vírus
devastador.
Esses povos são parte da extraordinária história de
nossa espécie. Seu desaparecimento seria uma grande tragédia para o Brasil e
uma imensa perda para a humanidade. Não há tempo a perder.
Respeitosamente,
Príncipe Albert II de Mônaco (Presidente da Fundação
Príncipe Albert II) / Pedro Almodóvar (Cineasta, Espanha) / Tadao Ando
(Arquiteto, Japão) / Juliette Binoche (Atriz, França) / Chico Buarque
(Escritor, Compositor e cantor, Brasil) / Gisele Bündchen (Modelo, Brasil) /
Christo (Artista,EUA) / Santiago Calatrava (Arquiteto, Espanha) / Naomi
Campbell (Modelo, Reino Unido) / Glenn Close (Atriz, EUA) / Alfonso Cuarón (Cineasta,
México) / Lord Norman Foster (Arquiteto,Reino Unido) / Gilberto Gil (Compositor
e cantor, Brasil) / Richard Gere (Ator, EUA) / Alejandro González Iñarritu
(Cineasta, México) / Dr. Jane Goodall DBE (Fundadora do Instituto Jane Goodall)
/ Mensageira da Paz das UN, Reino Unido) / Tarja Halonen (Ex Presidente da
República da Finlândia) / Lena Herzog (Artista e fotógrafa, Alemanha) / Werner
Herzog (Cineasta, Alemanha) / David Hockney (Artista, Reino Unido) / Luciano
Huck (Apresentador de TV, Brasil) / Nicolas Hulot (Ativista Ambiental, França)
/ Alejandro González Iñarritu (Cineasta, México) / Sir Jonathan Ive (Designer,
Reino Unido) / Bianca Jagger (Fundação dos Direitos Humanos Bianca Jagger,
Nicarágua) / Kerry Kennedy (Presidente da Fundação Robert F. Kennedy dos
Direitos Humanos, EUA) / Maritta Koch Weser (Antropóloga e Ambientalista,
Alemanha) / Rem Koolhaas (Arquiteto, Holanda) / Guilherme Leal (Empreendedor,
Brasil) / Thomas Lovejoy (Cientista, EUA) / James Lovelock (Cientista, Reino
Unido) / Sir Paul McCartney (Cantor, Reino Unido) / Madonna (Cantora, EUA) /
Terrence Malick (Cineasta, EUA) / Michael Mann (Produtor de cinema, EUA) / João
Carlos Martins (Pianista e chefe de orquestra, Brasil) / Fenando Meirelles
(Cineasta, Brazil) / Beatriz Milhazes (Artista, Brasil) / Marc Newson
(Designer, Australia) / Carlos Nobre (Cientista, Brasil) / Jean Nouvel
(Arquiteto, França) / Renzo Piano (Arquiteto, Senador vitalício, Itália) / Brad
Pitt (Actor, US) / Christian Portzamparc (Arquiteto, França) / Elizabeth Portzamparc
(Arquiteta, Brasil) / Elisabeth Rehn (Ministra de Estado, Finlândia) / Yasmina
Reza (Escritora, França) / Matthieu Ricard (Escritor, fotógrafo, monge budista,
França) / Alan Riding (Escritor, Brasil, Reino Unido) / Jeffrey Sachs
(Economista, EUA) / Julian Schnabel (Pintor, EUA) / Lélia Deluiz Wanick Salgado
(Designer, Brasil, França) / Sebastião Salgado (Fotógrafo, Brasil, França) /
Susan Sarandon (Atriz, EUA) / Patti Smith (Cantor, EUA) / Sylvester Stallone
(Ator, EUA) / Sting (Cantor, Reino Unido) / Oliver Stone (Cineasta, EUA) /
Meryl Streep (Atriz, EUA) / Trudie Styler (Atriz, Reino Unido) / Benedict
Taschen (Editor, Alemanha) / Guillermo del Toro (Cineasta, Mexico) / Mario
Vargas Llosa (Escritor Prêmio Nobel, Perú) / Caetano Veloso (Compositor e
cantor, Brasil) / Ai Weiwei (Artista, China) / Wim Wenders (Cineasta, Alemanha)
/ Oprah Winfrey (Atriz, Produtora et Apresentadora TV, EUA) / Timothy Wirth (Ex
Senador, Presidente Emérito da UN Foundation, EUA).
sábado, 2 de maio de 2020
Tudo na vida é provisório - O Globo - 1 de Maio de 2020 - Patricia Rocco
Tudo na vida é provisório
- O Globo
- Patricia Rocco
sexta-feira, 1 de maio de 2020
CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 01/05/2020-10:00 horas.
Quadro resumo de óbitos
CASOS CONFIRMADS POR SEXO E POR FAIXA ETÁRIA
quinta-feira, 30 de abril de 2020
Empatia em tempos de crise O Globo30 Abril de 2020A HORA DA CIÊNCIA - Roberto Lent Neurocientista, professor emérito da UFRJ e pesquisador do Instituto D’Or
Empatia em tempos de crise
- O Globo
- A HORA DA CIÊNCIA - Roberto Lent Neurocientista, professor emérito da UFRJ e pesquisador do Instituto D’Or
CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 30/04/2020-10:00 horas.
CASOS POR SEXO E POR FAIXA ETÁRIA
MORTES POR SEXO E POR FAIXA ETÁRIA
MORTES POR FATORDE RISCO
FONTE:Boletim Epidemiológico de 30-04-2020
Clique aqui para acessar o QUADRO DE MORTES POR DATA E CIDADE ATUALIZADO ATÉ 30-04-2020
quarta-feira, 29 de abril de 2020
CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 29/04/2020-10:00 horas.
Com mais de 5 mil mortes, país passa China.
Casos confirmados por sexo e idade:
Casos de morte por sexo e idade:
Casos de morte por fator de risco:
FONTE: Boletim Epidemiológico de 29-04-2020
terça-feira, 28 de abril de 2020
Sem passaporte para o futuro - O Globo - 28 Abril de 2020 - Margareth Dalcolmo Cientista e pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz
Nesse outono de recuo histórico sob o qual olhamos o longínquo dezembro de 2019, há semanas falamos sobre o aprendizado de uma doença inteiramente nova e a avalanche de informação científica e leiga produzida em período tão curto. O mar então recuava, prenunciando as ondas em tsunami. Inapelavelmente.
Hoje, ainda inundados pela primeira onda e prevendo a segunda — que poderia ser até mais letal, como ocorreu na gripe espanhola no início do século passado —, nos vemos, o Brasil, correndo atrás do tempo e observando o cenário trágico da nossa obscena desigualdade social que a epidemia desnudou.
No enfrentamento diário da epidemia pela Covid-19, muitas publicações científicas, aprovadas sem o necessário rigor metodológico, viram verdades efêmeras, a não resistir a um olhar técnico experiente, provando que o desespero pode justificar ações heroicas, mas não definitivas. Nesse cadinho de notícia sem profusão sobre a sua magnitude, além de exercícios os mais variados de futurologia sobre o porvir, para nós médicos é um enorme alento cada alta dada a um paciente curado, se intensificando em nossos olhares de alívio as maiores interrogações contemporâneas, em direção ao futuro.
A cada dia, incorporamos um novo conhecimento sobre a doença e seu curso. O polimorfismo clínico é de uma doença infecciosa, altamente transmissível, marcada por reações inflamatórias e imunológicas, originalmente respiratória e que, na verdade, é sistêmica. Fazem parte desse arsenal de informação a comprovada alta frequência de infecção bacteriana secundária, além de complicações neurológicas tardias, cardiovasculares e hematológicas. Intrigantes, e sem resposta ainda, as evoluções abruptas da enfermidade, verificadas após a primeira semana de sintomas, e o número de mortes domiciliares, cuja gravidade não pode ser detectada a tempo, nem pela pessoa nem pelo serviço de saúde.
Estudos epidemiológicos de testagem sorológica em amostras de população têm por objetivo determinar o percentual de pessoas que estariam imunizadas no momento, para a cepa viral circulante. Sabe-se, entretanto, que para atingir essa imunidade comunitária ideal precisaríamos ter 60% da população produzindo anticorpos para o vírus, e os testes disponíveis até o momento não trazem essa efetividade. Com isso, nem o passaporte imunológico para o futuro imediato, como um valor de liberdade ou um indicador canônico de capital humano, pode ser expedido.
À guisa de nos reconciliar com um depois necessariamente novo, lembro Teilhard de Chardin, o grande jesuíta e filósofo. Após seus anos servindo no front francês, na Primeira Guerra Mundial, ele escreveu, em janeiro de 1918, curiosamente pouco antes da primeira onda da gripe espanhola:
“Será necessário que a humanidade, sob pena de perecer à deriva, se eleve à ideia de um esforço humano específico e integral. Após se deixar apenas viver por tão longo tempo, compreenderá que é chegada a hora de se revelar ela mesma, e fazer o seu caminho”. Nada mais atual.
Hoje, nos vemos correndo atrás do tempo e observando o cenário trágico que a epidemia desnudou, da nossa obscena desigualdade social.
Sem passaporte para o futuro
- O Globo
- Margareth Dalcolmo Cientista e pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz
CENÁRIO EM MINAS GERAIS COVID 19 - Boletim Epidemiológico Coronavírus 28/04/2020-10:00 horas. Em Teófilo Otoni, Juiz determina fechamento de comércio não essencial novamente.
Carlos Chagas segue com 1 caso confirmado, situação explicada pelo Secretario de Saúde: