Bullying

quarta-feira, 8 de abril de 2020

No Jornal O Globo de hoje (08), na Seção Hora da Ciência o virologista Amilcar Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Departamento de Genética da UFRJ, recomenda que todos devem usar máscara. Veja como ele defende sua posição


Neste tempo de pandemia, é muito importante discutir o uso das máscaras. Tudo em relação a virologia depende da quantidade de vírus presente na pessoa infectada. É a chamada carga viral. Para infectar o ser humano, precisamos de um número de partículas virais definida ou dose infectante. Por exemplo, se tratarmos um paciente com Aids e baixarmos sua carga viral no sangue, ele não é mais infeccioso. O mesmo quando utilizamos camisinha. Quando vamos para os vírus respiratórios, as coisas são semelhantes. Um paciente infectado por vírus respiratórios como o influenza ou o novo coronavírus libera milhões de partículas de vírus em suas gotículas exaladas por tosse ou espirros. Essas gotículas vão se depositar no rosto ou mãos de pessoas não infectadas e podem agora infectá-las diretamente.
Outra via de infecção se dá pela deposição das gotículas em superfícies como mesas, banheiros, barras de ônibus, corrimões, elevadores etc. Aí, contaminam as mãos das pessoas não infectadas que levam o vírus à boca ou aos olhos. O uso da máscara por uma pessoa infectada, seja sintomática ou assintomática, diminui a dispersão das gotículas e por consequência a carga de vírus ambiental. Temos as máscaras de materiais sintéticos ou papel tratados, que são utilizadas pelo pessoal de saúde e essenciais nesses tempos de coronavírus. Essas máscaras industriais tipo N95 e as PPF2/3 têm um alto poder de filtragem das tais gotículas suspensas, tanto para expelirmos quanto para inspirarmos os vírus. A população não deve utilizar essas máscaras para poupá-las para os médicos, enfermeiros e outros profissionais que estejam lidando diretamente com os pacientes internados com Covid-19. Porém, o resto da população deve se beneficiar também desse equipamento. Vamos utilizar as máscaras de pano comerciais ou caseiras o tempo todo porque, mesmo que uma máscara de pano, dobrado duas ou três vezes, não barre o vírus 100%, ela pode barrar entre 60% e 70%. Assim, a carga de vírus depositada em superfícies diminui e, consequentemente, a transmissão. Assim, o uso em larga escala da máscara reduziria drasticamente a carga de vírus circulante. Temos que lembrar que uma vacina muito eficaz imuniza 90% dos indivíduos e pode nos livrar de epidemias de sarampo, poliomielite etc. Em analogia, o uso em larga escala da máscara caseira, em casa ou na rua, seria como uma vacina contra o coronavírus. Mas é uma vacina que deve ser utilizada todos os dias. Mais importante: o uso da máscara de pano não pode substituir o isolamento social e a higienização das mãosE não levar as mãos ao rosto segue sendo uma recomendação fundamental. Precisamos parar de relacionar a máscara com a doença. A proteção dada por ela não é somente individual, mas comunitária.
Mantenham isolamento social e usem máscaras o tempo inteiro. Todos devem ter, no mínimo, duas: uma para usar e outra de reserva, limpa. Lave-as com água, sabão e água sanitária. E reforçando: a máscara não substitui o isolamento social.

O uso em larga escala da máscara caseira, em casa ou na rua, seria como uma vacina contra o coronavírus.

Um comentário:

juelice.coutinho@hotmail.com disse...

Mto interessante essa matéria. Pena que já se passaram tantos dias.Mas vamos de agora em diante seguir estás orientações tão importantes para preservar nossas vidas.