“Ouro Preto: a chave dourada que abre horizontes”
Na tarde de sexta-feira, 11 de julho de 2025, às 13h20, partimos da Escola Municipal Dr. Manoel Esteves Otoni, com um grupo de alunos e uma comitiva de educadores, em direção a um destino que prometia mais que paisagens: prometia transformação. A bordo do ônibus, estavam os professores Edilane, Helem, Vinícius, a supervisora Vanessa, Adriana, o diretor Leonardo, duas cantineiras, a nutricionista Anny e eu, Deodato, o motorista do amarelinho: sempre ele, Paulo.
13 horas de estrada depois, já de madrugada, chegamos a Ouro Preto. A cidade adormecia, mas em nós, o coração palpitava como se já estivéssemos no alto das ladeiras.
No dia seguinte, começou nossa imersão. Não foi apenas uma visita guiada — foi uma travessia. Com o guia André à frente, a cada passo ouvia-se história, arte, luta e fé. Cada olhar lançado ao casario, cada explicação diante das igrejas e das minas, era como banhar-se no rio da sabedoria. Lembrei-me então de Heráclito: “Nenhum homem se banha duas vezes no mesmo rio, pois nem o rio é o mesmo, nem o homem.” E assim aconteceu com nossos alunos — já não eram mais os mesmos.
Começamos pela Praça Tiradentes, onde antes ficava o pelourinho e hoje se ergue a estátua de um mártir da liberdade. De lá, seguimos à imponente Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que guarda os restos mortais do gênio Aleijadinho. Em silêncio e respeito, cruzamos os corredores subterrâneos de uma antiga mina de ouro, onde a escuridão ensinava mais que a luz.
Chegamos então à Igreja de São Francisco de Assis, verdadeira joia do barroco mineiro, cuja beleza corta a respiração. Em seguida, ganhamos tempo livre na feirinha de Pedra Sabão — e ali, cada aluno pôde tocar, barganhar e sentir o artesanato vivo da cultura mineira. A Igreja do Pilar nos arrebatou com seu esplendor dourado, quase inacreditável aos olhos.
Já diante da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, os alunos observaram com atenção sua arquitetura singular e o casario que a cerca, refletindo sobre a força da cultura negra. Encerramos no Museu da Casa dos Contos, onde a memória dos impostos, da escravidão e das revoluções ainda pulsa entre as paredes.
Não foi apenas uma excursão educativa. Foi um presente que o tempo nunca apagará. Alunos que talvez jamais tivessem outra chance de ver de perto tamanha grandeza agora carregam em suas mochilas uma chave simbólica — como disse o guia André — que, um dia, poderá abrir portas em suas vidas.
Nada é perfeito — exceto o valor da experiência vivida. Valeu, Senhor, o nosso cansaço, a nossa entrega. A memória desses dias já é ouro dentro de nós.
Nosso profundo agradecimento à Secretária de Educação de Ouro Preto, Débora Etrusco, à Diretora Luciana Fernandes, da Escola Municipal Padre Carmélio Augusto Teixeira, por abrirem as portas do Paço da Misericórdia e ao nosso empolgado Guia André por abrirem as portas do saber e assim nos acolherem com tanta generosidade.
Esta viagem termina, mas a jornada dos saberes recém-descobertos está apenas começando. Ouro Preto agora mora dentro dos nossos alunos — e isso, nem o tempo, nem o esquecimento, poderá apagar.
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