Bullying

domingo, 14 de setembro de 2025

Uma visita à memória negra: vivências e aprendizagens no Centro de Preservação em Juiz de Fora!

Veja as imagens da visitação: https://photos.app.goo.gl/We5faGftY4xgXDGs5

Uma visita à memória negra: vivências e aprendizagens no Centro de Preservação em Juiz de Fora!

No dia 27 de agosto de 2025, tive a alegria de, junto a Nalva, Renan e Patrícia, visitar o Centro de Preservação da Memória Negra de Juiz de Fora e Região, espaço recentemente criado pela Prefeitura de Juiz de Fora, por meio da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (SEIR). Um lugar que pulsa história, arte e resistência.

Logo na entrada, sentimos o peso simbólico de um espaço que nasce com a missão de tornar visíveis memórias que, por tanto tempo, foram silenciadas. A exposição em cartaz, intitulada “Estesia”, instiga os visitantes a refletirem sobre os efeitos do racismo estrutural e as heranças da escravidão em nosso país. O guia explicou que estesia é o oposto de anestesia: é despertar, sentir, perceber com os sentidos. E foi exatamente isso o que vivenciamos: um mergulho sensorial e emocional nas raízes da cultura negra.

Arte que educa e memória que resiste

Ao percorrer as instalações do Paço Municipal (Av. Rio Branco, 2.234 – Centro, Parque Halfeld), fomos conduzidos por textos, imagens, poesias e registros que nos ajudaram a compreender como a arte pode ser pedagógica. Cada painel era um convite ao aprendizado, ao reconhecimento da luta e à celebração da ancestralidade.

Entre os destaques, vimos o poema “Nasce aqui nossa mágica”, de Marcos Amado e Luiz da Fava, que canta a beleza do Rio Doce, da paisagem e das trajetórias que construíram Juiz de Fora. Também nos emocionamos com as histórias de Dona Rosa, Dona Tereza e Regina, benzedeiras que, com saberes transmitidos de geração em geração, representam a resistência do povo negro por meio da fé, das plantas e das bênçãos.

Outro momento marcante foi ler o texto “RoncóAxéAmémSaraváShalomAleluia, uma prece que mistura tradições cristãs, afro-brasileiras e indígenas, lembrando que espiritualidade também é forma de luta.

O acervo da mostra não se limita às artes visuais. Ali se encontram também referências à culinária, aos costumes e às tradições, compondo uma proposta de preservação integral da memória negra. A intenção, segundo nos explicaram, é que o espaço se consolide futuramente como um Museu da Memória Negra.

Batuque e resistência

Um dos pontos altos foi o espaço dedicado ao Batuque de Nelson Silva, criado em 1964. A narrativa apresentada destaca que não se trata apenas de música, mas de resistência viva, “carne em movimento”, como disse Osvalir de Oliveira. Cada batida de tambor traz consigo o sangue dos escravizados, a fé dos quilombolas e a força dos orixás.

A exposição “Retratos da Resistência” também nos chamou atenção: ao lado de fotos, textos e relatos, aprendemos que a estética e o sagrado no batuque vão muito além dos padrões eurocêntricos — são expressões de beleza e de vida, marcadas por cores, roupas, turbantes e sorrisos dos batuqueiros e batuqueiras.

Reflexões finais

Ao sair do Paço Municipal, fiquei em silêncio, refletindo sobre tudo o que vimos. As paredes históricas daquele prédio, construído entre 1916 e 1918, abrigam hoje vozes que por muito tempo foram caladas. E agora ecoam com força, convidando todos nós a não esquecer.

Registrei tudo em fotos, que compartilho aqui para que você, leitor, também possa sentir um pouco do que sentimos. Porque visitar a exposição “Estesia” é mais do que um passeio cultural: é um ato de aprendizado, de reconhecimento e de compromisso com a história.

E, no fundo do coração, saí com a certeza de que memória não é passado: é raiz e futuro. 🌿🥁✊🏾

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