Bullying

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

OS PORQUINHOS VÃO A ESCOLA!


Os Porquinhos vão à Escola - uma reflexão para nossos estudantes.

As lixeiras da escola nunca serão suficientes para os porquinhos. Porque o que conta é educação e cultura.
Era lixo só. No dia a dia letivo, ninguém se atreveria a acreditar que aquela escola, orgulho da comunidade, pudesse ficar tão suja. É o espaço mais valorizado da cidade, mas o que sobra em investimento falta em respeito. Todo mundo culpa as cantineiras e funcionárias da limpeza, as responsáveis por higienizar salas, quadra, pátio, corredores. Que direito temos de expor nossa falta de cuidado com o espaço escolar?

É verdade que houve falhas. As funcionárias do turno da noite teriam de dar mais duro para compensar a falta de pessoal no dia seguinte. A escola, que deveria ser lugar de aprendizado e convivência, amanhece, muitas vezes, coberta por restos de lanche: embalagens, garrafinhas, papéis amassados. Espetáculo triste. O lanche é o maior detrito: pacotes de bolacha recheada, cascas de fruta, copinhos plásticos, guardanapos, papéis de bala. As crianças imitam os pais que deixam no chão latas de refrigerante, palitos de picolé, canudos. É o porco pai, a porca mãe e a prole de porquinhos.

E até que o atraso da limpeza tem um papel pedagógico: quem entra numa sala imunda pode pensar, caso tenha consciência: e se cada um cuidasse de seu próprio lixo como gente civilizada? A escola está cheia de sujismundos de todas as classes sociais. Gente que ainda não aprendeu que pode levar o saquinho do lanche e jogar na lixeira. O chão que sujamos hoje será ocupado amanhã pelos próprios colegas.

No orçamento da escola, o terceiro maior gasto é com limpeza e manutenção, só perdendo para merenda e material didático. Dinheiro que poderia virar livros, jogos ou computadores. “Para recolher a lambança que os alunos fazem, são gastos milhares de reais por ano”, diz a direção. “Daria para comprar kits escolares ou reformar salas de aula.”

Já houve campanhas: “A Escola que eu Amo eu Cuido”, murais, cartazes, palestras de professores e supervisores. Mas nunca são suficientes. Porque o que conta é educação e cultura. Ou você se sente incapaz de jogar lixo no chão e guarda até encontrar a lixeira que está dentro das salas de aula e em todos os espaços da Escola, ou você joga sem culpa. O argumento é sempre o mesmo: as lixeiras não dão conta. Ainda que se dobrasse o número delas, nunca bastaria.

No recreio, enquanto os estudantes circulam, sobram restos de merenda. As cantineiras limpam, limpam, até adoecer. Algumas desenvolveram alergias, dores, problemas de saúde de tanto esfregar chão e recolher lixo. Tenham paciência. Quando vejo aquele aluno que leva mochila nova, uniforme limpo e merenda bem cuidada, mas deixa no pátio um rastro de sujeira, dá vontade de perguntar: na sua casa também é assim?

A tímida campanha escolar mostra que muito mais conscientização será necessária. Em alguns escolas, cartazes gigantes, projetos escolares e atividades em sala lembram que cidadania também se aprende pelo exemplo.

Experimente responder a estas perguntas: Já deixei lixo na sala de aula? Jogo papel no chão do corredor? Uso a lixeira corretamente? Recolho a sujeira do meu lanche? Respeito as funcionárias que cuidam da limpeza?

Que tal ser um aluno melhor e menos porquinho?

Texto adaptado por Deodato Gomes Costa em 2011, depois de uma greve das cantineiras e que a Escola  ficou super suja - @professordeodatogomes

1) A questão central abordada pela autora do texto é:
HABILIDADE: EF89LP34

a) o descaso das cantineiras e da equipe de limpeza da escola em relação aos ambientes escolares.
b) o repugnante cenário encontrado em salas de aula, corredores e pátios após o recreio.
c) a falta de educação de quem joga, diariamente e sem constrangimento, lixo nos espaços da escola.
d) a utopia de que o chão que hoje é sujado pelos alunos será, no futuro, ocupado por eles mesmos.

2) Quando pergunta “Que direito tem a escola de expor nossa falta de respeito com o espaço coletivo?”, o autor:
HABILIDADE: EF89LP10, EF69LP27

a) usa de ironia para deixar claro que considera irresponsável a atitude dos alunos que não recolhem o próprio lixo.
b) faz um jogo de palavras para empregar expressões brandas e agradáveis com o objetivo de suavizar sua mensagem.
c) emprega sarcasmo para recriminar as funcionárias da limpeza, por não exercerem suas funções.
d) utiliza um questionamento para simular a pergunta que os próprios estudantes poderiam se fazer ao ver o lixo espalhado nos ambientes escolares.

3) No texto: Os Porquinhos vão à Escola.

  1. Qual é a questão abordada no texto “Os Porquinhos vão à Escola”?

  2. Qual foi o fato que chamou a atenção do autor para o problema abordado?
    a) Segundo o texto, a responsabilidade por esse problema pode ser atribuída somente às funcionárias da limpeza (cantineiras)? Justifique.
    b) Transcreva (copie) o trecho em que o autor utiliza uma metáfora para mostrar que a origem do problema pode estar atribuída à educação familiar dos alunos.

  3. Por que podemos afirmar que a pergunta “Que direito tem a escola de expor nossa falta de respeito com o espaço coletivo?” deve ser interpretada de modo irônico?
    a) Transcreva a passagem do texto em que o autor deixa explícita sua opinião sobre as consequências educativas de quando a limpeza da escola atrasa ou falha.

  4. Com relação ao problema apontado, qual é a posição defendida pelo autor do texto?

  5. Releia o parágrafo do texto. Ele evidencia uma estratégia adotada para convencer os leitores da posição que defende. Qual é essa estratégia?
    a) Segundo o texto, como “os porquinhos” (os alunos) justificariam seu comportamento inadequado?
    b) Quais são os contra-argumentos apresentados pelo autor do texto?
    c) A estratégia utilizada pode influenciar a opinião dos leitores (alunos, professores, comunidade escolar)? Explique.

  6. Nos últimos parágrafos do texto, várias perguntas são feitas. Após relê-los, responda: que função elas cumprem na estrutura argumentativa criada pelo autor em “Os Porquinhos vão à Escola”?

4) A reflexão diante das questões apresentadas no final do texto é essencial para que o aluno-leitor perceba seu comportamento dentro da escola e reflita sobre suas atitudes em relação ao espaço coletivo.

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