Bullying

sábado, 15 de outubro de 2022

Esqueceu de mim Professor?


                                           Eu amo💗 a Mafalda 💗. E você?

Esqueceu de mim Professor? Qualquer professor sempre é confrontado com uma pergunta assim. Frequentemente é colocado pela prova de ter que lembrar de um aluno que aparece de repente à sua frente. Imagino que isto acontece com todos os professores de forma reiterada.  Isto é muito natural e recorrente. Até aposentar, trabalhamos com muitos alunos. Muitas vezes o professor não lembra. Fica inclusive inibido em responder que não lembra. Não quer decepcionar o seu aluno. Claro, pois realmente é deselegante.  Mas ele dá um jeito, revira sua memória, olha para o aluno em busca de um sinal, uma dica que possa ajudá-lo a identificar seu interlocutor naquele momento, e não consegue. 

Um professor, durante sua trajetória docente convive com muitos estudantes e de frente com alguns deles, por mais que se esforce, muitas vezes, não consegue se lembrar. 

Como será que os professores agem quando são interpelados a lembrar de algum aluno que ficou esquecido na memória de sua convivência pedagógica? Como você colega sai dessa situação de acanhamento?

Nessas situações constrangedoras muitas vezes sorrimos sem graça a espera de alguma pista até que o aluno fala: " fui seu aluno na Escola tal, no ano tal"... Apesar de ficar mais fácil, ainda assim muitas vezes não identificamos. 

Sempre e frequentemente sou abordado dessa forma. Ainda ontem em frente a Secretaria vivenciei um momento deste. Falou comigo que não tinha como não lembrar dele, contou me histórias, que lembrava de Terezinha, e que nunca esqueceu das minhas aulas. Eu te pergunto: Quem não fica comovido? Ele disse que eu fui significativo na transformação de sua vida. 

Não existe professor que não tenha gratidão por esta profissão colecionadora de gratidão. Nos perdemos sim em nossos memoriais docentes e na quantidade de alunos que tivemos em todos os anos da nossa carreira de professor, porque cumprimos nossa missão firmado no amor pelo outro, na prática da caridade educadora. Precisamos ter certeza do poder que temos para transformar vidas, orientar crianças e adolescentes a encontrarem seu espaço de realização neste mundo tão doente, assim como quer a Mafalda pensar na frente da televisão. 

É muito legal quando os próprios professores, fazem a memória dos seus inesquecíveis professores. E então fazem a memória de D. Arminda, D. Sinhazinha, Prof. Ayrto e muitos outros. Em muitas rodas de conversas de professores, o papo que gira é sobre seus professores, citam detalhes e atitudes de seus  professores, que alcançaram seu coração e determinaram rumos em sua vida.  Para mim por exemplo é inesquecível a Professora Mariluce Miranda: me levava para sua casa, me valorizava, me dava atenção, me destacava no clube de leitura da sala. Será que ela sabe dessa gratidão inesquecível que guardo comigo em meu coração? Como ela impactou a minha vida lá na infância! Plantou em mim sempre a vontade de estudar, apesar das condições de dureza que o menino Deodato vivia. Nunca faltou amor em minha família, mas faltava tudo na vida da criança.  Escrevo isso aqui muito emocionado. Parece que a gente replica o que a gente recebeu dos nossos professores em nossos alunos. Todo bom professor se inspira e age referenciado em um professor que não lhe sai da lembrança. Ela é a professora das minhas reminiscências docente, onde educar é expressão com sentido semelhante a cuidar.

Nada é possível, sem o conhecimento e o aprendizado desenvolvido por um professor, uma pessoa chegar a lugar algum. Já se repetiu de forma recorrente, na base de tudo tem um bom professor.


Mas nessas situações em que somos confrontados com o: "Lembra de mim?"  Até nem mais importa se não lembrarmos. Para sair do impasse, melhor que fazemos é agradecer ali o reconhecimento, e dizer que não mais esquecerá aquela gratidão manifestada, aquele bem recebido na sua vida, então naquele momento evocado. 

Encerro dizendo que algo assim são coisas da educação. Apenas o verdadeiro professor pode perceber a grandeza da gratidão de um aluno reconhecido e se enxergar naquele espelho, que naquele passado muitas vezes se apresentava como uma imagem distorcida. 

Vamos ficar com Guimarães Rosa portanto: "Mestre não é aquele que ensina, mas quem de repente aprende". Você concorda?

                             Por Deodato Gomes

5 comentários:

Anônimo disse...

É sobre isso... Já passei por várias situações desse tipo... Já cocei a cabeça buscando algum sinal, uma luz que me tirasse desse constrangimento.... E a conversa vai seguindo, até que uma janela se abre... E naturalmente eu digo o nome da(o) aluna(o), e o papo rola na maior tranquilidade, como se eu não estivesse travado nenhuma luta com meus "arquivos pessoais... Kkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

E como concordo. Me.faz lembrar dos meus alunos da TELESSALA.

Anônimo disse...

É isso mesmo Deo. Vc foi mto feliz nas suas colocações. Todos nós sentimos assim.
Vem uma vontade louca de fazer o tempo voltar, mas é impossível. Então, melhor dizer que lembra sim e deixar que o nosso aluno relembre os fatos.Eu também fui citada por Cláudia Coutinho como referência por ter feito o bem.
Fiquei tão lisonjeada pq eu não me lembrava. É isso que faz um professor feliz.

Mariluce Miranda disse...

Deodato,
Lágrimas brotaram em meus olhos, ao ler palavras que fizeram jorrar sentimentos, que em momento algum imaginava surgir e fluir tão intensamente.
Você foi uma criança tímida, doce, estudiosa; sobressaia em tudo que lhe fosse proposto, exemplar. O meu carinho por você era verdadeiro, citou momentos que eu não imaginei que fossem marcar suas lembranças, mas tenha certeza que foi com muito amor por você e por todos dos quais fui “professora". Estava não só para ensinar, mas também amar, queria não deixá-los sofrer a carência que um dia também sofri.
Hoje me sinto orgulhosa em ver a pessoa em que se transformou e fazer parte de sua história:
Orgulho da criança meiga e responsável.
Orgulho do aluno exemplar.
Orgulho pela saga em busca de conhecimento.
Orgulho por ter vencido tantas dificuldades e desafios.
Orgulho do “MESTRE”.
Você cresceu, formou uma família linda, recebendo hoje os frutos de sua luta. Obrigado por ter se lembrado de sua professora, hoje só tenho a agradecer de ter desempenhado esta função, acredite foi com muito amor que fiz parte da vida de personagens iguais a vocês.
Obrigado por dividir estas lembranças, me tocaram profundamente, pois algumas se apagam no decorrer de nossas vidas. GRATIDÃO é o sentimento maior neste momento em meu coração.
Obrigado!!!!
Mariluce

Deodato Gomes Costa disse...

Sem palavras com tanta sensibilidade e beleza!...