Bullying

sábado, 24 de dezembro de 2022

Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para a Educação que sonha.


Será que os dias são todos iguais para a Educação assim como é para o relógio? Sem dúvida, nossa Educação está sob o total domínio do relógio do tempo, um rei traduzido em calendário e intervalos diários de aulas que dominam as nossas vidas, marcando horas, dias, bimestres e ano letivo, determinando tudo que obrigatoriamente temos que fazer a cada minuto dentro de uma Escola e no ensino em geral.  Ele se impõe em toda a linha do tempo da Educação, ainda não terminamos um ano letivo e já temos que planejar o outro, nesta infinita linearidade. Na verdade o chronos não mede a relógio algum,  limita é a nossa vida de tal forma, que muitos professores ficam perdidos sem sair daí. Assistimos as formatura de Rose, filha da Christiane e da Maria Antônia, filha da Sara e o que mais ouvimos nos discursos foi: " agora se encerra um ciclo e inicia outro". Os discursos confirmam a imposição do chronos, assinalando a vida como essa sucessão de eventos, que se não buscarmos a autorresponsabilidade, podemos ser atropelado pelas variadas situações. Diante do tempo que corre, é imprescindível agirmos  de forma ativa, vivermos na primeira pessoa e sermos eternos aprendizes das nossas experiências e ações, sem procrastinações.

Ainda bem que a Educação é também marcada por outro tempo bem diferente do chronos: o kairós, muito mais potente, sem relógios e calendários para medí-lo. O que mede esse tempo chamado kairós, não é máquina, é a sensibilidade de um bom Professor, profundamente humanizado. Aquele conectado com os seus alunos e com o infinito do seu tempo presente. O tempo da Educação dos sonhos. Daquela Educação em que existe um imenso desejo de ajudar um estudante dessa escola da vida a encontrar seu caminho no universo humano. Mas este tempo depende  de florescer em nós: muitos sonhos, compromissos e o aprendizado das lições que chegam da vida. No chronos os sujeitos educacionais vão se adequando a vida e ela vai se apequenando, no kairós impera o amor,  a sensibilidade e a vontade de dar asas, pés e chão sólidos para fazer o milagre acontecer e desta forma a vida se agigantar.   O kairós educacional não é mágica, depende de cada profissional da educação, e de competência técnica para fazer acontecer a melhor educação para seu aluno. O kairós da Educação nasce do abraçar com intensidade a responsabilidade profissional, com um sentido de olhar para essa dimensão da vida como algo que está além de um fardo pesado e difícil de carregar. O kairós é o registro de experiências infinitas e plenas em nossa vida, abrindo e fechando fases, etapas e práticas  que deixam profundas linhas escritas com tintas permanentes. O  kairós da educação está para o sonho e nas profundas bagagens vivenciais de professores e alunos, que vão ficando e que vai se carregando ao longo da vida, repaginando e  enriquecendo os envolvidos, tornando as pessoas uma invenção boa delas mesmas. 

Uma conjuntura de incertezas e grandes acontecimentos marcou o ano de 2022 na Educação. Mas uma nova esperança veio anunciar, junto com o Natal, uma nova Educação Nacional, com Novas políticas educacionais. 

Um ano letivo sempre deixa um cansaço e muito estresse e às vezes parece que não vai acabar,  até o seu encerramento: diário eletrônico e carga horária precisam estar muito bem conferidos e alinhados com a legislação. Mas 2023 já está diante de nossos olhos e muitas perspectivas e possibilidades já se enxergam para a Educação do Futuro. Tudo vai ser muito melhor que 2022 se soubermos viver o kairós no chronos e entendermos que somos responsáveis pela sociedade que temos bem como os únicos capazes de melhorá-la por meio da educação.

O ano não termina enquanto não se confere tudo nos detalhes,  realiza a atribuição de turmas e aulas, elabora o calendário de 2023, organiza o quadro de escola, faz-se reuniões e mais reuniões de orientações e planejamento, com o objetivo de liquidar de vez 2022.

Sim, depois de tudo, aí vem as férias. É um tempo de descanso, da gente vê um bom filme, ler um bom livro e dar um passeio. Sendo isto, as férias é a oportunidade que se tem de viver o kairós em um desligar do tempo medido e encontrar um deleite no descanso justo. 

O tempo de férias é pra viver a intensidade do instante vivido, o kairós do oportuno e do inesperado, que torna um acontecimento algo  especial e memorável, não em seus números, mas em sua significância. É aquele que nos coloca diante de um livro com o prazer de ler, e de um filme com o contentamento de assistir e se emocionar de verdade com uma história e em um passeio, vivenciando o encontro com gente,  sem régua e nenhum tipo de sela que nos faz contemplar os outros das nossas próprias prisões. 

Será que é possível separar chronos de kairós, sonhos de segurança, férias de trabalho? Ou precisamos estudar a grande lição da vida que nos ensina como equilibrá-los e a vivenciar tanto mais um quanto mais o outro no kairós?

                                                Por Deodato Gomes


Um comentário:

Anônimo disse...

Sensacional! Você arrasa Deo. 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼