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quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Dia da Consciência Negra: uma reflexão necessária!

Dia da Consciência Negra: uma reflexão necessária

Por Deodato Gomes Costa

Não poderia — e não deveria — deixar passar em branco uma data tão essencial para a sociedade brasileira. Hoje, 20 de novembro de 2025, celebramos o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, agora oficialmente feriado no país. É um marco que não evoca apenas memória; convoca responsabilidade, lucidez histórica e compromisso ético com a justiça social.

Ao longo dos séculos, a cor da pele definiu quem seria tratado como gente ou como mercadoria. Durante quase quatrocentos anos, milhares de homens, mulheres e crianças foram comprados, vendidos, violentados, arrancados de suas histórias e de sua própria humanidade. O fim legal da escravização, contudo, não significou o início real da igualdade. Houve abolição, mas não houve reparação; houve libertação jurídica, mas não libertação social.

É por isso que o debate sobre racismo não se resolve com frases soltas ou interpretações simplistas. Racismo não é apenas a atitude isolada de um indivíduo — é uma estrutura, uma herança que molda estatísticas, oportunidades, territórios, corpos e destinos. Basta olhar para os indicadores: quem morre mais cedo? Quem é mais encarcerado? Quem chega menos à universidade? Quem ocupa menos espaços de poder? Quem mais sofre intolerância religiosa? As respostas, infelizmente, permanecem previsíveis.

O diálogo ainda pode abrir frestas num país que, tantas vezes, prefere fechar os olhos para as próprias feridas.

Precisamos entender que o Brasil tem mais tempo de escravização do que de liberdade; que as desigualdades raciais não são invenção, mas evidência; que não há “indústria do racismo”, mas sim uma engrenagem histórica que produz morte, dor e exclusão — todos os dias.

Como educador e gestor público, reafirmo: não é um tema de esquerda ou de direita. É um tema de humanidade. Não é sobre culpa, mas sobre consciência. Não é sobre dividir o Brasil, mas sobre reconstruí-lo de modo que todos caibam, com dignidade, segurança e oportunidade real.

Zumbi simboliza resistência. A Consciência Negra exige responsabilidade.
E nós, educadores, estamos entre aqueles que podem — e devem — transformar essa consciência em prática, currículo, presença, escuta, políticas e ações.

Que este 20 de novembro nos encontre com coragem humanista, sensibilidade ética e disposição para aprender e transformar.
Não há caminho para um Brasil mais justo que não passe pela coragem de olhar sua própria história — e de escrever, juntos, uma história diferente.

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