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quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Entre o Natal, a saudade e as plantas de D. Anita

Veja o jardim de D. Anita neste link:https://photos.app.goo.gl/QtSQ9MKKkPvAEYtn7

Entre o Natal, a saudade e as plantas de D. Anita

Há despedidas que chegam em datas que nos desconcertam. No limiar do Natal, tempo de luz, de nascimento e de esperança, a vida nos pede silêncio e recolhimento. Foi assim que recebemos a notícia do falecimento de D. Anita Soares Lima (★ 30/03/1940 – † 21/12/2025), mãe da nossa querida Neidinha, companheira de caminhada na Escola João Beraldo e, hoje, na Secretaria Municipal de Educação.

Coincidência ou mistério do agir de Deus? Partir tão próximo ao Natal parece nos lembrar que a vida não se encerra, mas se transforma. O Cristo que nasce também acolhe, e talvez seja esse o sentido mais profundo desse tempo: aprender a confiar mesmo quando a dor aperta.

Guardo comigo uma memória muito especial. No dia 11 de agosto de 2011, visitei a casa de D. Anita e me encantei com suas plantas. Não resisti: registrei em fotografias “As Plantas de D. Anita”. Ao sair dali, fiquei pensando como aquele cuidado dizia muito sobre ela. Cuidar de plantas exige olhar atento aos detalhes, responsabilidade diária, gosto estético, organização do espaço, vínculo com a natureza e, sobretudo, simplicidade. Tudo isso falava silenciosamente da grandeza daquela mulher.

D. Anita se aposentou, mas antes disso deixou suas marcas nas cantinas de várias escolas de Carlos Chagas, como a antiga Escola Luíza Gomes Negrão, no tempo da Direção de Marize Terra. Talvez nem todos saibam exatamente por onde ela passou, mas muitos sentiram o resultado de seu trabalho simples, honesto e dedicado.

Todos nós sabemos, Neidinha, o quanto sua mãe sofreu com as dores. E sabemos também do seu sofrimento silencioso ao vê-la padecer, mesmo frequentando os melhores médicos, mesmo você buscando incansavelmente tratamentos e alívios possíveis. Há dores que não se curam, apenas se acompanham com amor — e nisso você foi exemplo.

Em 2016, partiu seu pai, o Sr. Dézinho. Lembro-me bem: numa quinta-feira, 15 de dezembro de 2016, noticiei seu falecimento aqui no blog,https://www.informativogirassol.blog.br/2016/12/bem-aventurados-os-que-choram-pois.html amparado pelas palavras do Evangelho: “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados” (Mateus 5,4). Hoje, em pleno tempo natalino, relembro sua mãe. Fecha-se, assim, um tempo profundo de orfandade. Um ciclo duro, mas também pleno de sentido, porque foi atravessado por cuidado, presença e fidelidade.

Sempre me chamou a atenção o coração imenso de D. Anita. Ela soube acolher como filhos também José Ricardo e Ivanildo, demonstrando que maternidade verdadeira não se limita ao sangue, mas se realiza no amor que inclui e protege.

Recordo-me ainda de um encontro muito recente em Teófilo Otoni, no restaurante Sabor da Terra. Aproximei-me de vocês em uma mesa; D. Anita já não me reconheceu, mas achei tão bonito vê-la ali, sentada à mesa com vocês, partilhando aquele almoço. Às vezes, o reconhecimento não vem pela memória, mas pela presença — e isso basta.

Neidinha, seus dias serão multiplicados pela bondade que você teve com seus pais. Você cuidou do seu pai até o último instante e cuidou de sua mãe com um zelo e um amor que nos fazem refletir: quantos filhos, infelizmente, se afastam justamente quando seus pais mais precisam? Você não. Você permaneceu.

Fique com as plantas de D. Anita. Mesmo quando, nos últimos tempos, ela já não tinha forças para cuidá-las, tenho certeza de que seu olhar e seu espírito ainda estavam ali, entre folhas e vasos, como naquele agosto de 2011 que ficou guardado em fotografia e memória.

Conversando com a colega Lídia, ouvi uma experiência bonita: na família dela, quando os irmãos se reúnem, lembram do pai que já se foi com uma saudade alegre, relembrando causos e histórias. Penso que será assim com você. Ao olhar para qualquer planta de D. Anita, você vai sorrir — e esse sorriso será atravessado pela certeza mais forte que a dor:
“Eu tive uma grande mãe: Anita Soares Lima.”

Deus te abençoe, Neidinha. Deus abençoe o Toninho. A vida segue, com saudade, mas segue. Daqui a pouco, você também se aposentará e poderá viver um tempo mais livre de horários e compromissos — e talvez, entre esses dias, cuidar das plantas da sua mãe seja também uma forma silenciosa de continuar relembrando do seu amor.

Com respeito, memória e oração,
Deodato Gomes Costa

PS: Ao colocar estas ideias neste blog, fui inevitavelmente levado à lembrança da minha própria mãe. A memória despertou lágrimas silenciosas e confirmou uma verdade simples e dura: perder a mãe é uma das experiências mais profundas e dolorosas da vida.
Quer ver o álbum das plantas de D. Anita é só clicar em uma das imagens.

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