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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA É UM DIA DE TODOS NÓS ● LEANDRO KARNAL

O mês de novembro é também o mês da Consciência Negra.  O dia 20 de novembro lembra a morte de Zumbi dos Palmares, líder de um dos maiores movimentos de resistência à escravidão. Palmares foi atacada por um bandeirante de São Paulo*, contratado pela elite açucareira do nordeste que via lá em Alagoas,  uma resistência tão grande e tão numerosa,  que podia colocar em risco todo o sistema escravista, sob o qual estava assentada a produção brasileira. Durante algum tempo, algumas pessoas quiseram lembrar como o dia da libertação dos negros, o dia 13 de maio de 1888, porque  a 13 de maio de  1888 Princesa Isabel, assinou num domingo a Lei Áurea, que abolia definitivamente a escravidão no Brasil. Essa memória da Princesa Isabel, muito reforçada antes, convive hoje com a memória que é de Zumbi dos Palmares, que foi o último grande líder dos quilombolas de Palmares. O último grande líder da resistência, que existia por todo o Brasil. Lembrando que em pleno Leblon no Rio de Janeiro, havia um quilombo. Aqui em São Paulo havia dezenas de Quilombos. Mas Palmares se torna um símbolo da resistência a:  tornar um ser humano coisa,  a tirar a força da sua comunidade na África, atravessar o oceano em condições desumanas, matá-lo no trabalho e pior de tudo, após todo esse processo de desumanização, transformá-lo numa memória que deva ser apagada, numa estética que deva ser negada e a negação da violência sob a qual nós baseamos a nossa história, que é a violência da escravidão. O dia de Zumbi, o dia da Consciência Negra é um dia de todos nós brasileiros para  que a gente continue refletindo  sobre a herança de termos sido um país escravista por 388 anos e um país racista por 516.
*Em 1694, o Quilombo dos Palmares foi destruído. Mesmo conhecendo muito bem as matas da região onde estava escondido, Zumbi foi capturado pelas forças de Domingos Jorge Velho e morto em 20 de novembro de 1695.

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