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sexta-feira, 10 de abril de 2020

No Globo de hoje 10 de Abril de 2020, temos o artigo, Medicina individualizada- de- Patricia Rocco Chefe do Laboratório de Investigação Pulmonar do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (UFRJ)


A cada passo da ciência o conhecimento aflora. Cientistas como Alexander Fleming e Louis Pasteur contribuíram, de forma significativa, para combater infecções bacterianas, e ambos apresentavam um objetivo comum: melhorar a condição humana. A recente pandemia do novo coronavírus está se espalhando rapidamente e vem evoluindo com elevada letalidade (número de pessoas que morrem pela Covid-19 dividido pelo número total de pessoas que foram acometidas pelo vírus). Cientistas trabalham incessantemente na busca de substâncias ativas contra a Covid-19, doença complexa que não apresenta solução única e simples para sua cura. Sabemos que o agente causal é o Sars-CoV2. Entretanto, pacientes com comorbidades, como hipertensão arterial, diabetes mellitus e doença respiratória crônica apresentam, usualmente, pior prognóstico. Idosos por vezes sobrevivem, e jovens vêm a falecer. Não há, até o momento, nenhum biomarcador que possa prever a progressão da Covid-19. Cinco a 15% dos pacientes com a doença necessitam de internação nas Unidades de Terapia Intensiva devido ao quadro de insuficiência respiratória aguda, caracterizada por aumento da frequência respiratória (acima de 24 incursões respiratórias por minuto) e baixos níveis de oxigênio no sangue (hipoxemia, saturação periférica de oxigênio menor que 90%). Médicos intensivistas observaram grande variabilidade de resposta dos pacientes graves com Covid-19 frente à mesma estratégia terapêutica. Impulsionados pela vontade de descobrir maneiras de curar esses pacientes, constataram a existência de três características (fenótipos) distintas.

Considerando-se o primeiro fenótipo, a mecânica do pulmão era normal, porém havia hipoxemia. Esses pacientes apresentavam maior risco de embolia pulmonar e pior evolução, o que fez com que indicassem o uso de anticoagulantes no momento da internação. A letalidade reduziu significativamente em pacientes com esse fenótipo após mudança da terapia. Os doentes com os outros dois fenótipos evoluíam com piora da mecânica pulmonar e hipoxemia refratária ao oxigênio e estratégia ventilatória protetora, necessitando que fossem colocados em posição prona (barriga para baixo). Um percentual elevado de pacientes melhorou com essa estratégia terapêutica. Aqueles que não responderam à posição prona, usualmente, estavam muito inflamados, e o uso de anti-inflamatórios, como esteroides, inibidores de citocinas e células-tronco, vem sendo estudado.

Nós, cientistas e médicos, não devemos nos render e permitir que as pessoas morram de Covid-19. Segundo Sun Tzu em “A arte da guerra”, se conhecemos o inimigo, não precisamos temer o resultado da batalha. Logo, é fundamental a união de cientistas de diferentes áreas na tentativa de entender o mecanismo de ação desse vírus, desenvolver vacinas, bem como novas terapias para redução da letalidade.

Segundo Sun Tzu em “A arte da guerra”, se conhecemos o inimigo, não precisamos temer o resultado da batalha.

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