Câmara Municipal de Carlos Chagas Rejeita Projeto de Municipalização de Escolas Estaduais.
Carlos Chagas, 26 de junho de 2025 — Em sessão extraordinária realizada nesta quinta-feira (26), a Câmara Municipal de Carlos Chagas rejeitou o Projeto de Lei nº 021/2025, de autoria do Executivo Municipal, que autorizava a adesão ao Projeto Mãos Dadas, do Governo de Minas Gerais. A proposta foi derrotada por 7 votos contrários e apenas 3 favoráveis.
O projeto previa a municipalização dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), da parte que atualmente ainda se encontra sob responsabilidade da Rede Estadual, e contemplava inicialmente a absorção dos estudantes matriculados nas seguintes escolas:
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Escola Estadual Professora Antônia Bernardo Rodrigues
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Escola Estadual Olga Prates
Além dessas, a proposta também abrangia estudantes do 6º ao 9º ano matriculados em outras unidades estaduais do município, mesmo sem a cessão imediata dos prédios escolares.
Justificativa do Executivo
Segundo a justificativa apresentada, a medida baseava-se no art. 211 da Constituição Federal, que define a atuação prioritária dos municípios no ensino fundamental. A adesão ao Projeto Mãos Dadas permitiria à Rede Municipal assumir integralmente essa etapa da educação básica, consolidando a responsabilidade constitucional e ampliando a capacidade de gestão local.
Entre os principais benefícios anunciados estavam:
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Um investimento estimado de R$ 25 milhões, a ser repassado pelo Estado para:
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Aquisição de mobiliário e equipamentos escolares (R$ 2,5 milhões);
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Tecnologia e informática (R$ 2,75 milhões);
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Renovação da frota de transporte escolar (R$ 7,25 milhões);
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Obras de reforma, ampliação e construção de escolas (R$ 12,5 milhões), incluindo uma nova creche e uma escola-modelo para os anos finais.
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A proposta também assegurava o repasse de recursos do FUNDEB, Salário-Educação, PDDE e PNAE, bem como a cessão de servidores estaduais, equipamentos e imóveis escolares.
Cenário Atual e Capacidade de Atendimento
Atualmente, a Rede Municipal de Carlos Chagas já atende 329 estudantes do Ensino Fundamental II, distribuídos em 17 turmas, o que representa cerca de 37% da demanda total do município. Os demais 564 alunos (63%) estão matriculados em quatro escolas estaduais.
A estrutura municipal já conta com políticas como autonomia financeira escolar, reforço escolar, entrega de kits e uniformes, formação continuada de profissionais e educação integral em duas unidades.
Com a rejeição do projeto, a municipalização dos anos finais do Ensino Fundamental fica encerrada.
A votação mobilizou educadores, gestores escolares e a comunidade local, evidenciando o impacto e a complexidade da proposta. Enquanto o debate técnico se pauta na melhoria das condições educacionais e na maior proximidade da gestão com a realidade escolar, o resultado da votação demonstra que ainda há muito desconhecimento e divergências quanto ao momento e às garantias envolvidas no processo de descentralização.
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