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quinta-feira, 26 de junho de 2025

O silêncio entre um voto e outro!

 O silêncio entre um voto e outro

Na manhã de hoje, 26 de junho de 2025, as paredes da Câmara Municipal de Carlos Chagas pareciam guardar mais do que ecos. Guardavam expectativas. Na pauta, o Projeto de Lei nº 021/2025 — uma proposta que não era apenas técnica, jurídica ou administrativa. Era, sobretudo, um convite à ousadia: assumir integralmente a educação dos anos finais do Ensino Fundamental, acolhendo os filhos da cidade com os braços de sua própria Rede Municipal.

O projeto, proposto pelo Executivo, previa a adesão ao programa estadual “Mãos Dadas” e a municipalização de escolas como a Estadual Professora Antônia Bernardo e a Estadual Olga Prates, além da responsabilidade sobre estudantes de outras unidades da rede estadual. A intenção era clara: tornar a gestão mais próxima, mais sensível e mais comprometida com as especificidades da realidade local.

Mais do que prédios e turmas, falava-se em investir R$ 25 milhões diretamente na educação municipal — na compra de equipamentos, na renovação da frota escolar, na construção de uma nova creche e de uma escola-modelo. Sonhava-se com bibliotecas cheias, computadores acessíveis, paredes reformadas e servidores mais valorizados.

Mas, após discursos contidos e olhares cruzados, vieram os números frios da votação: 7 votos contra, 3 a favor.

No instante seguinte, o silêncio não foi só dos microfones. Foi o silêncio da dúvida, o silêncio da prudência, o silêncio do receio. Cada voto contrário tinha sua razão — política, orçamentária, ideológica — e todo posicionamento merece respeito. Afinal, a democracia também se constrói com desacordos.

Contudo, algo pairava no ar: o futuro. A Rede Municipal já atende 329 alunos do 6º ao 9º ano. Com o projeto, seriam mais 564, totalizando 893 estudantes que poderiam caminhar sob uma mesma gestão, com um planejamento mais coeso, mais integrado.

Seria este o momento ideal? A proposta estava madura o suficiente? Ou teria faltado diálogo, escuta, coragem?

Não há respostas fáceis. A educação, esse terreno de sementes e colheitas demoradas, nem sempre oferece resultados imediatos. Mas ensina. Ensina que cada decisão — inclusive a de recusar um passo ousado — constrói caminhos. E que o compromisso com a escola, com os alunos e com os professores precisa continuar, ainda que por trilhas diferentes.

A memória de hoje não tem final feliz nem triste. Tem um ponto e vírgula. Porque a história da educação de Carlos Chagas continua sendo escrita — entre os corredores da Câmara, as salas de aula e os sonhos de cada professor, cada criança e adolescente que, todos os dias, abre um caderno esperando que o amanhã seja melhor do que o hoje.

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