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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Prefeito Nanayoski valoriza liderança escolar e sanciona Lei que corrige vencimentos dos gestores da Educação Municipal!


Prefeito Nanayoski valoriza liderança escolar e sanciona Lei que corrige vencimentos dos gestores da Educação Municipal.

Carlos Chagas, MG — Em mais um avanço da gestão voltada à valorização dos profissionais da educação, o Prefeito José Amadeu Nanayoski Tavares sancionou e promulgou a Lei Complementar nº 2266/2025, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 2.145/2022, referente ao Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração da Secretaria Municipal de Educação de Carlos Chagas.

A nova legislação tem como objetivo tornar o cargo de gestor escolar mais atrativo, promovendo justiça salarial e reconhecimento à complexidade da função de direção nas escolas públicas municipais.

💼 Reconhecimento e valorização da liderança escolar

De acordo com o texto da lei, o vencimento do Diretor Escolar passa a ter como parâmetro o equivalente a dois vencimentos básicos do Professor PEB I – Superior, reconhecendo que o cargo integra o magistério. Com isso, qualquer reajuste concedido aos professores refletirá automaticamente no vencimento dos diretores, vice-diretores e coordenadores escolares.

A tabela aprovada estabelece os seguintes valores de referência:

Cargo Vencimento (R$) Observações
Coordenador Escolar 4.284,00 Em creches e escolas com até 100 alunos
Diretor Escolar I 5.355,00 Em creches e escolas de 100 a 200 alunos
Diretor Escolar II 5.950,00 Em creches e escolas com mais de 200 alunos
Vice-Diretor Escolar II Vencimento básico do Professor PEB I – Superior

Esses valores são vinculados às mesmas percentagens de aumento aplicadas ao vencimento dos professores, assegurando reajustes automáticos e proporcionais.

🏫 Gestão democrática e autonomia escolar

A medida representa um ato de reconhecimento ao papel estratégico que os gestores escolares exercem. Mais do que administrar rotinas, eles são líderes comunitários, articuladores pedagógicos e responsáveis diretos pela gestão de pessoas, patrimônio, finanças e resultados educacionais.

Em um momento em que o país discute a ampliação da autonomia das escolas e o fortalecimento da gestão democrática, a iniciativa da Prefeitura de Carlos Chagas reafirma a importância do gestor como peça central na construção da qualidade social da educação pública.

🗓️ Publicação

A Lei Complementar nº 2266/2025, sancionada em 24 de outubro de 2025, já está em vigor e pode ser consultada na íntegra pelo link:

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Salas de Aprendizagem fortalecem a implementação da Busca Ativa Escolar.

Salas de Aprendizagem fortalecem a implementação da Busca Ativa Escolar.

A iniciativa Salas de Aprendizagem – Diálogo e Formação Continuada está promovendo encontros virtuais voltados a gestores, técnicos e profissionais da educação que atuam na implementação da estratégia Busca Ativa Escolar em municípios e estados brasileiros.

O projeto, fruto da parceria entre UNICEF, UNDIME, CONASEMS e CONGEMAS, oferece um espaço permanente de formação e atendimento direto, onde as equipes podem tirar dúvidas, aprimorar o uso da plataforma e aprofundar o entendimento sobre a metodologia.

As Salas de Aprendizagem funcionam de segunda a quinta-feira, nos turnos da manhã (8h15 e 10h) e da tarde (13h15 e 15h), por meio de encontros realizados no Google Meet.

Cada sala conta com o acompanhamento de tutoras especializadas que apresentam materiais, orientações e estratégias de uso da plataforma. Além dos momentos formativos, há plantões tira-dúvidas, realizados de segunda a quarta-feira à tarde e às quintas-feiras pela manhã, voltados à resolução de questões práticas e à troca de experiências entre os participantes.

A programação semanal é fixa, abordando temas como metodologia da Busca Ativa Escolar, registro de alertas e casos, cancelamentos e transferências, organização dos usuários e aperfeiçoamento do uso da plataforma.

Segundo o UNICEF, a proposta das Salas de Aprendizagem é garantir o diálogo permanente e o fortalecimento da estratégia, que tem como principal objetivo identificar, registrar e acompanhar crianças e adolescentes fora da escola, contribuindo para a efetivação do direito à educação em todo o país.

Participação de Carlos Chagas

O município de Carlos Chagas participa ativamente dos encontros virtuais, reafirmando o compromisso da Secretaria Municipal de Educação, sob a gestão de Deodato Gomes Costa, com a implementação qualificada da Busca Ativa Escolar.

A equipe municipal tem aproveitado os espaços de formação para aperfeiçoar o uso da plataforma, fortalecer a articulação intersetorial entre educação, saúde e assistência social, e garantir que nenhuma criança ou adolescente fique fora da escola.

“Esses encontros podem ser momentos de aprendizado coletivo, que nos ajudam a aprimorar a política local de combate à evasão escolar e a assegurar o direito à aprendizagem para todos”, destacou o secretário.

📰 Prefeitura de Carlos Chagas publica decreto com feriados e pontos facultativos de 2025!

 📰 Prefeitura de Carlos Chagas publica decreto com feriados e pontos facultativos de 2025

A Prefeitura Municipal de Carlos Chagas (MG) divulgou oficialmente o Decreto nº 144/2024, que dispõe sobre os feriados e pontos facultativos do ano de 2025 no município. O documento foi assinado pelo prefeito José Amadeu Nanayoski Tavares em 27 de novembro de 2024, e estabelece o calendário oficial a ser seguido pelos órgãos e entidades da Administração Pública Municipal, direta e indireta.

O decreto leva em consideração a Lei Federal nº 10.607/2002, que define os feriados nacionais; a Lei Federal nº 14.759/2023, que reconhece o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como feriado nacional; e a Lei Municipal nº 791/1979, que trata dos feriados religiosos e municipais de Carlos Chagas.


🗓️ Calendário de Feriados e Pontos Facultativos – 2025

Entre as principais datas previstas, destacam-se:

  • 1º de janeiro (quarta-feira) – Confraternização Universal (feriado nacional)

  • 20 de janeiro (segunda-feira) – Dia de São Sebastião, padroeiro da cidade (feriado municipal)

  • 3, 4 e 5 de março – Carnaval (pontos facultativos e Quarta-feira de Cinzas)

  • 18 de abril (sexta-feira) – Paixão de Cristo (feriado nacional)

  • 21 de abril (segunda-feira) – Tiradentes (feriado nacional)

  • 1º de maio (quinta-feira) – Dia do Trabalho (feriado nacional)

  • 19 de junho (quinta-feira) – Corpus Christi (feriado municipal)

  • 7 de setembro (domingo) – Independência do Brasil (feriado nacional)

  • 12 de outubro (domingo) – Nossa Senhora Aparecida (feriado nacional)

  • 28 de outubro (terça-feira) – Dia do Servidor Público (ponto facultativo municipal)

  • 2 de novembro (domingo) – Finados (feriado nacional)

  • 15 de novembro (sábado) – Proclamação da República (feriado nacional)

  • 20 de novembro (quinta-feira) – Dia Nacional da Consciência Negra (feriado nacional)

  • 17 de dezembro (quarta-feira) – Aniversário de Emancipação Política de Carlos Chagas (feriado municipal)

  • 25 de dezembro (quinta-feira) – Natal (feriado nacional)


⚙️ Serviços Essenciais e Rede de Ensino

O Art. 2º do decreto assegura o funcionamento, em regime de plantão, dos serviços essenciais — como saúde, transporte, vigilância, defesa civil, fiscalização e manutenção de praças e jardins — durante os dias de ponto facultativo, conforme escalas definidas pelos responsáveis de cada setor.

Já o Art. 3º determina que a rede municipal de ensino seguirá o calendário escolar aprovado pelo Conselho Municipal de Educação, preservando o cumprimento dos 200 dias letivos previstos pela legislação educacional.


🏛️ Objetivo e Vigência

De acordo com o prefeito José Amadeu Nanayoski Tavares, o decreto tem como objetivo “organizar o funcionamento da administração pública municipal, garantir a transparência e assegurar o cumprimento das legislações federal e municipal referentes aos feriados oficiais”.

O Decreto nº 144/2024 entra em vigor na data de sua publicação, e revoga quaisquer disposições em contrário.


📍Prefeitura Municipal de Carlos Chagas
Avenida Capitão João Pinto, 193 – Centro
CEP 39864-000 – CNPJ 18.477.315/0001-90

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A Grande Arte de se Reinventar — Reflexões sobre o 1º Pilar: A Percepção!

Fotos da palestra: https://photos.app.goo.gl/gVfzdp3Pg35e7A1n9

A Grande Arte de se Reinventar — Reflexões sobre o 1º Pilar: A Percepção

Recentemente participei de uma palestra inspiradora com Leo Chaves, da dupla Victor & Leo — sim, o irmão de Victor. O tema não poderia ser mais instigante: “A Grande Arte de se Reinventar”.
Durante sua fala, Leo apresentou sete habilidades que, segundo ele, podem transformar a vida pessoal e profissional de qualquer pessoa: Percepção, Aceitação, Direção, Perseverança, Conexão, Gestão e Marca.

O público, formado em sua maioria por professores, se envolveu completamente. Leo consegue unir emoção, sensibilidade e método ao falar de autoconhecimento e reinvenção. Sua forma simples e ao mesmo tempo profunda de apresentar cada pilar tocou a todos nós. O que mais me encantou foi perceber o quanto essas habilidades, quando trabalhadas conscientemente, revolucionam não apenas os negócios de uma pessoa, mas nossa própria existência.

Após a palestra, comprei o livro que leva o mesmo nome da apresentação — “A Grande Arte de se Reinventar”, com prefácio de ninguém menos que Leandro Karnal. Leitura indispensável!
Comecei pelo primeiro pilar — a Percepção, e confesso: ele é um verdadeiro convite ao mergulho interior.


1º Pilar – Percepção

“Podemos dizer que a percepção é a capacidade de identificar de forma competente a leitura de si mesmo e do que está à sua volta.”

A partir dessa afirmação, Leo nos conduz por um texto que é quase uma meditação guiada sobre o autoconhecimento. Ele explica que estamos sempre cercados de oportunidades para exercitar essa habilidade — nas pequenas e nas grandes situações do cotidiano. A habilidade perceptiva potencializa nossa caminhada e nos ajuda a administrar pensamentos e emoções, construindo relações mais equilibradas conosco mesmos, com os outros e com o universo.

Segundo o autor, a autopercepção leva ao autoconhecimento. E, sob a ótica comportamental, existem dois tipos de mentes:

  • Mentes progressivas, que agem com atitude e aprendem com a vida, mesmo diante das derrotas;

  • Mentes regressivas, que acreditam que nada pode mudar e se acomodam no conforto da inércia.

Para reinventar-se, é preciso começar a se identificar e se compreender no dia a dia, fugindo do automatismo e aprendendo a refletir sobre os próprios pensamentos e reações. Vivemos muito voltados para o externo, presos a convenções sociais e distraídos daquilo que realmente importa — o que acontece dentro de nós.

Leo provoca o leitor: “Você se conhece profundamente ou vive apenas na superfície do seu ser?”
Ele nos lembra que as emoções são sinais de trânsito da alma. Ignorá-las é como trafegar sem atenção, correndo o risco de colidir.

Percepção, portanto, é observar-se com atenção. É manter os sentidos despertos para perceber não só o mundo, mas também as nuances do nosso interior. Observar sem julgar, apenas refletindo, é um exercício diário que amplia a consciência e abre caminhos para o desenvolvimento pessoal.

O autor propõe um exercício simples e poderoso:

“Anote as reações negativas das quais você quer se desfazer. Depois, reflita sobre as emoções e sentimentos por trás delas. Esse processo o conduzirá a um maior autoconhecimento.”

Leo compartilha que ele próprio praticou esse exercício por meses, até conseguir identificar padrões nocivos e modificá-los.
Ele afirma com sabedoria:

“Você só domina aquilo que percebe, identifica e conhece.”


A Coruja e o Olhar Ampliado

A coruja, símbolo da Habilidade Revolucionária, representa a prática da percepção. Ela enxerga em 360 graus, não perde detalhes e é capaz de ver o que está oculto.
Ao adotar o olhar da coruja, somos convidados a enxergar espiritualmente, emocionalmente e racionalmente o que nos cerca — e, acima de tudo, a observar criticamente nossa conduta, o que nos permite alcançar equilíbrio e transformação interior.


Percepção e Conflitos Internos

Leo nos mostra que os conflitos internos são convites para o autoconhecimento.

“Aquilo que gera conflito dentro de nós é um convite para nos conhecermos mais.”

Muitas vezes tentamos varrer os problemas para debaixo do tapete, acreditando que assim eles deixam de existir. Mas a poeira continua ali, nos impedindo de caminhar com leveza.
O autor nos encoraja a abraçar nossos conflitos em vez de fugir deles, pois são eles que nos fortalecem e nos impulsionam a crescer.

Ele escreve:

“Os êxitos são importantes para nos reconhecermos, mas é necessário visitar nossas escuridões mais íntimas. É por meio delas que nos percebemos mais profundamente.”

Acender a luz interior é um compromisso com o desenvolvimento da percepção — é o início da verdadeira transformação.


Percepção e Relações Humanas

Leo vai além: mostra que a percepção é essencial também nas relações humanas.
Ter autopercepção nas relações é compreender que cada pessoa é um universo diferente. Em um relacionamento, por exemplo, é preciso perceber a si mesmo e também reconhecer a consciência do outro.

Ele lembra: “Podemos conhecer tudo, menos a consciência do outro.”
Por isso, a autopercepção é o ponto de partida para relações mais maduras e empáticas.

Toda pessoa é uma ponte: algumas nos levam a lugares de paz, outras a aprendizados dolorosos. O segredo é perceber o que cada uma representa e atravessar com sabedoria.


Reflexão Final

Ao ler e refletir sobre este primeiro pilar, percebi o quanto a percepção é o alicerce da reinvenção.
Ela exige treino, sensibilidade e coragem para olhar para dentro.
A leitura de Leo Chaves é um convite para despertarmos nossa consciência, limpando as lentes pelas quais enxergamos o mundo e a nós mesmos.

Reinventar-se é um ato de amor próprio — e tudo começa com a percepção.


📖 Baseado no livro “A Grande Arte de se Reinventar”, de Leo Chaves, com prefácio de Leandro Karnal.
✍️ Texto adaptado e comentado por Deodato Gomes Costa.
O próximo post é sobre aceitação, o 2º pilar da reinvenção humana que vou trabalhar aqui também. 

CHAVES, Leo. A grande arte de se reinventar. Prefácio de Leandro Karnal. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019. 208 p. ISBN 978-85-422-1813-8.

Imagem de uma tela do palestrante. Ele trabalhou estes pontos em que chamou de habilidades.

domingo, 26 de outubro de 2025

Entre o amor e o desterro: as liras eternas de Marília de Dirceu!

 


Obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga

Em duas idas recentes a Ouro Preto, acompanhando alunos em excursões educativas, detive-me diante da antiga casa onde viveu Tomás Antônio Gonzaga, e ali, diante das janelas coloniais, reviveu-se em mim a ternura e a dor de Marília de Dirceu. Não há como passar por aquele cenário e não sentir o eco do amor entre Tomaz Antônio Gonzaga e Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a inspiradora Marília — nascida e falecida em Vila Rica, que se tornou símbolo da delicadeza e da fidelidade amorosa no século XVIII.

Reabrir o livro Poemas de Marília de Dirceu é viajar no tempo, mergulhar na alma do Arcadismo brasileiro, com sua busca da harmonia entre a simplicidade pastoral e o sentimento humano. Gonzaga, sob o pseudônimo de Dirceu, fala à amada com doçura e sensatez, mas também com o peso da saudade e da prisão — as mesmas pedras frias que guardaram seu corpo no cárcere e seu espírito no desterro de Moçambique, onde morreu em 1810.

A edição histórica que examinei revela não apenas o lirismo das odes, mas o contexto humano de um poeta que foi amante, magistrado e inconfidente. Cada verso é testemunho de um amor interrompido pela repressão colonial, mas eternizado pela arte. Em suas liras, o “guardador de sentimentos” transforma o sofrimento em beleza, o exílio em canto, e o amor em eternidade.

Reler Marília de Dirceu, todo dia um pouco à mesa de um café, é como ouvir o murmúrio da voz de Gonzaga misturada ao vento das ladeiras de Vila Rica. Um lembrete de que a poesia, mesmo nascida da dor, é sempre o refúgio mais doce da alma.

Visão dos fundos

Visão dos janelões - a Igreja que a gente vê é a de São Francisco - de Aleijadinho, ali próximo está a feira de pedra. 



Visão dos fundos

Outro recorte da frente da casa.

Casa de Tomás Antônio Gonzaga -Rua Cláudio Manoel, 61 - Centro de Ouro Preto. A construção do século XVIII, em estilo colonial, é a casa na qual residiu o poeta Tomás Antônio Gonzaga – inconfidente das Minas Gerais – entre os anos de 1782 a 1788, quando se tornou ponto de encontro dos líderes da Inconfidência Mineira. Gonzaga é autor de uma das mais conhecidas histórias de amor da literatura quando, utilizando o pseudônimo Dirceu, escreveu belos e famosos poemas para sua musa inspiradora Maria Dorotéia, conhecida como Marília de Dirceu, alcunha que dá título à obra.Hoje o imóvel abriga a sede da Secretaria Municipal de Turismo Indústria e Comércio de Ouro Preto, além de exposições temporárias. O gramado nos fundos da casa é objeto de um cuidado excepcional e sua localização proporciona uma bela panorâmica do Pico do Itacolomi. No quintal, o visitante encontra também um tanque que era utilizado pelos escravos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A educação midiática e os jornais

A educação midiática e os jornais

Seja impresso ou digital, nas escolas ou em casa, veículo ajuda alunos a lidar com a informação verificada, em oposição ao fluxo caótico das redes sociais
Por Claudia Costin
Especialista em educação e conselheira da editora Magia de Ler, responsável pelos jornais infantojuvenis Joca e TINO Econômico

Há alguns anos, participei de um painel num evento sobre educação em Buenos Aires ao lado do professor e pesquisador britânico David Buckingham, que criou cursos de educação midiática na Inglaterra. Ao ouvi-lo falar, me dei conta da importância do tema e de como ele podia ajudar a formar os jovens no Brasil.

A educação midiática é uma das competências definidas na formação de crianças e jovens, não só para proteger a sociedade em tempos de desinformação massiva (“fake news”), mas também para fortalecer a capacidade de ler o mundo com autonomia.

Autores como Jonathan Haidt, que recentemente publicou “A Geração Ansiosa”, têm enfatizado a importância de ensinar os alunos a discernir fatos de opiniões, conhecer e respeitar o ponto de vista alheio e desenvolver um olhar crítico sobre os meios de comunicação.

Foi, portanto, com grande alegria que vi a inclusão do tema na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2017 e que se consolida no ciclo 2025 do Conselho Nacional de Educação. Ela aponta, entre as competências gerais da educação básica, a utilização crítica e ética das tecnologias digitais de informação e comunicação em diferentes contextos.

A alfabetização midiática não se resume à leitura crítica da mídia tradicional, mas também ao entendimento do funcionamento das plataformas digitais, do impacto dos algoritmos e do papel de cada cidadão na produção e circulação de conteúdos, bem como o uso ético e responsável das plataformas.

Esse último ponto ganhou visibilidade nas últimas semanas, com as discussões acerca da “adultização” infantil, processo pelo qual crianças e adolescentes são expostos precocemente a conteúdos estéticos e de consumo inadequados. A partir disso, cresce a importância de discutir o papel da mídia na formação dos valores.

Nas mãos de bons professores, jornais podem se tornar material interessante para atividades “mão na massa”, em sala de aula, permitindo identificar vieses, observar fontes e comparar abordagens.

Já sabemos como é importante estimular a leitura e a escrita nas escolas. Mas também é essencial ensinar os alunos a pesquisar tanto em livros físicos como em meio digital.

Mas se há algo que precisamos fazer com mais intensidade no Brasil é fomentar nas escolas a leitura de textos de não ficção e, assim, ensinar os jovens a fazer análises mais profundas — uma habilidade fundamental em tempos de substituição de muitos trabalhos por inteligência artificial. Nesse sentido, jornais próprios para a faixa etária (ainda felizmente raros no Brasil) podem contribuir muito com o processo educacional.

O jornal impresso ou digital é uma fonte estruturada, com critérios de apuração e compromisso ético, que contrasta com a avalanche de informações fragmentadas das redes sociais.

Ao ler um jornal na escola, o aluno aprende que a apuração é um processo cuidadoso e que a informação precisa ser checada. Mais que isso, percebe que diferentes veículos podem oferecer interpretações diversas sobre o mesmo fato. Essa é uma das aprendizagens mais valiosas da educação midiática: a checagem da desinformação.

domingo, 19 de outubro de 2025

Tomáz Antônio Gonzaga - Marília de Dirceu.

Casa em que morou Tomás Antônio Gonzaga em Ouro Preto.

Tomás Antônio Gonzaga nasceu em Portugal, na cidade do Porto, em 11 de agosto de 1744, e morreu em Moçambique, em 1810. A mãe, Tomásia Isabel Clarque, era portuguesa e morreu quando o poeta ainda era bebê. O pai, João Bernardo Gonzaga, era um advogado brasileiro que voltou para o país natal por conta de sua nomeação a ouvidor-geral de Pernambuco quando Tomás tinha 7 anos.

Aos 17 anos, Gonzaga voltou a Portugal e estudou Direito em Coimbra. Ele tentou uma cadeira na Universidade, por meio da apresentação da tese Tratado de Direito Natural. Até 1781, exerceu a função de juiz de fora em Beja, cidade portuguesa. Foi no ano seguinte que retornou ao Brasil para ser Ouvidor-geral em Vila Rica, Minas Gerais.

O luso-brasileiro Gonzaga não imaginou que seu nome e o da sua amada se tornariam eternos com esse retorno à terra de sua infância. Foi durante o tempo em que esteve no Brasil que se apaixonou por Maria Doroteia Joaquina de Seixas e aprimorou sua poesia (com o fundador do Arcadismo no Brasil, o poeta Cláudio Manuel da Costa), e assim criou em Marília de Dirceu uma espécie de "Romeu e Julieta" brasileiro, que veio a se tornar o conjunto de poemas líricos mais renomado da literatura em língua portuguesa.

Porém, não só de glórias viveu o poeta-ouvidor nessa estada. Envolveu-se com a política local e ganhou inimigos por conta de sua profissão. Também é considerado autor da obra satírica Cartas chilenas, que ironizava o governador Luís da Cunha Menezes, inimizade de Gonzaga. Além disso, foi denunciada à Coroa Portuguesa uma conspiração urdida por um grupo de ilustres habitantes de Vila Rica, do qual faziam parte Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Os conspiradores foram presos e o caso ficou conhecido como Inconfidência Mineira. Gonzaga escreveu a segunda parte de Marília de Dirceu no cárcere. Apenas Tiradentes recebeu a pena capital. Os demais inconfidentes foram deportados. O poeta foi degredado para Moçambique. Lá se casou com Juliana de Sousa Mascarenhas, com quem teve um casal de filhos, e viveu até sua morte, em 1810. Diz-se que não escreveu mais poemas no exílio. Contudo, consta na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro um poema épico manuscrito atribuído a Tomás Antônio Gonzaga. Com o título de A Conceição, foi escrito em Moçambique, por volta de 1800, e narra o naufrágio do navio Marialva, mas está incompleto. Apenas mais uma curiosidade do célebre poeta que ajudou a consolidar a literatura brasileira com uma triste história de amor.

Texto e contexto

Marília de Dirceu é um longo poema lírico dividido em três partes. A primeira é constituída de 33 liras e foi escrita antes da prisão do autor. A segunda tem 38 liras e é posterior ao aprisionamento do poeta. É nela que Gonzaga mostra toda sua força lírica sem se preocupar tanto com as convenções árcades. A terceira traz 9 liras e 13 sonetos dirigidos a outras "musas".

É curioso destacar que a primeira parte traz a prisão e seus elementos como metáfora para o amor. Na segunda parte, a figura de linguagem torna-se literal: o eu lírico (e o autor) é de fato prisioneiro em uma masmorra.

Além de importância histórica, Marília de Dirceu tem boa qualidade estética e fez com que o criador fosse considerado o melhor poeta árcade do Brasil. Tomás Antônio Gonzaga trouxe sopro de novidade para a poesia do Arcadismo brasileiro, instituído por Cláudio Manuel da Costa. Gonzaga obedecia às características dessa escola literária, como a exaltação de uma vida mais natural, a adoção de um pseudónimo latino ou grego de pastor (nesse caso, Dirceu), a utilização de versos simples, em contrapartida ao rebuscamento do Barroco, e o emprego da mitologia grega. Porém, o poeta não tinha um conteúdo impessoal, pelo contrário, sua vida pessoal foi combustível potente para seus versos. Marília era a jovem Maria Doroteia Joaquina de Seixas, sua namorada e posteriormente noiva. Moça de família influente de Vila Rica, ela era a personagem perfeita para um amor idealizado e difícil. Os familiares da donzela eram contrários ao relacionamento com um homem bem mais velho e com menos posses do que ela.

Uma feliz conjunção de fatores fez ser possível o sucesso editorial desta obra no Brasil. O ouvidor português culto travou conhecimento com o generoso e experiente poeta Cláudio Manuel da Costa. Costa acolheu Gonzaga incentivando-o e orientando-o na empreitada literária. Eles tornaram-se amigos chegados e Costa foi referido na obra-prima do amigo. Glauceste é o pseudónimo árcade do mestre. Na mesma época, Gonzaga elegeu Maria Doroteia como musa ideal de seus amores. A eleita também ganhou um pseudônimo: a imortal Marília que será de Dirceu para todo o sempre, à revelia da realidade.

Marília de Dirceu tem mais força nas duas primeiras partes, mas o ápice de sua lírica está na segunda parte, escrita após a prisão do poeta. Gonzaga continuou se referindo à vida pastoril para manter a coerência, mas o cerne do poema passou a ser o sentimento de injustiça, a saudade da amada que não poderia mais ver e alguma esperança de concretizar os planos anteriores. Gonzaga faz o leitor sentir também toda a indignação de um aprisionamento que ele considera injusto, especialmente na Lira II dessa segunda parte.

Tome nota

Segundo Antonio Candido, ter como amigo Cláudio Manuel da Costa e namorar Maria Doroteia Joaquina de Seixas foi o que deu potência à obra de Tomás Antônio Gonzaga: a junção da técnica e do amor. O homem de meia-idade que chegou ao Brasil em 1782 só havia escrito uma tese e poemas esparsos não publicados. Gonzaga então conheceu o pioneiro do Arcadismo brasileiro, que enxergou o potencial lírico do discípulo e o guiou para o sucesso. Para completar o quadro, encontrou ainda uma linda jovem que correspondia ao seu interesse. O poeta conseguiu o melhor de dois mundos, pelo menos até a prisão. Mesmo com a queda do paraíso, a dor não enfraqueceu o bardo, pelo contrário, parece que o fortaleceu ainda mais. Isso, como diria o próprio Gonzaga: "Graças, Marília bela, graças à minha Estrela!" (Parte I, Lira I) .

🏛️ A Casa de Câmara e Cadeia e o Monumento a Tiradentes: História Viva no Coração de Ouro Preto!

 

🏛️ A Casa de Câmara e Cadeia e o Monumento a Tiradentes: História Viva no Coração de Ouro Preto.

Ouro Preto, antiga Vila Rica, é uma cidade que respira história. Suas ladeiras, igrejas e praças são testemunhas do tempo e da construção da identidade brasileira. No centro dessa narrativa, dois monumentos se destacam por seu valor simbólico e educativo: a Casa de Câmara e Cadeia, hoje transformada em Museu da Inconfidência, e o Monumento a Tiradentes, localizado na Praça que leva o nome do herói da Inconfidência Mineira.


🕰️ Casa de Câmara e Cadeia – Atual Museu da Inconfidência

A Casa de Câmara e Cadeia foi construída entre 1785 e 1855 para reunir, em um mesmo prédio, a Câmara Municipal e a cadeia pública da antiga Vila Rica. Esse modelo era comum no período colonial: no andar térreo, ficavam as celas dos prisioneiros, divididas conforme a cor e o gênero — presos brancos, negros e mulheres eram mantidos em espaços separados. No andar superior, funcionava a Câmara Municipal, onde as autoridades se reuniam para discutir e administrar os assuntos da cidade.

O edifício é um belo exemplo do barroco civil mineiro, com sua fachada simétrica, janelas com molduras curvas, sacadas de ferro trabalhado e detalhes em pedra-sabão azulada que contrastam com o branco das paredes caiadas. A escadaria monumental que leva à entrada principal reforça a imponência e a importância do prédio na vida política da cidade.

Em 1944, o prédio ganhou uma nova função: passou a abrigar o Museu da Inconfidência, criado para preservar e divulgar a história do movimento que marcou a luta pela liberdade e independência do Brasil. O museu guarda documentos, objetos pessoais, esculturas, pinturas e móveis relacionados à Inconfidência Mineira e à vida colonial em Minas Gerais. É um espaço de memória e de aprendizado, onde o passado se mantém vivo para inspirar o presente.


⚖️ Monumento a Tiradentes – Símbolo da Liberdade

Em frente ao antigo prédio da Câmara e Cadeia, no centro da praça, ergue-se o Monumento a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, o mais conhecido dos inconfidentes. O monumento foi inaugurado em 1894, durante as comemorações do centenário de sua execução, ocorrida em 21 de abril de 1792.

Com 19 metros de altura, a obra é feita de granito extraído do Morro da Viúva, no Rio de Janeiro. A estátua de Tiradentes, com 2,85 metros, foi fundida na Itália, e as peças decorativas, elaboradas em Buenos Aires, demonstram o valor artístico e simbólico que o monumento representa.

A inauguração foi realizada pelo então governador do Estado de Minas Gerais, Dr. Afonso Augusto Moreira Penna, e marcou uma importante mudança na história da cidade e do país.


📍 Antes do Monumento: o Pelourinho

Antes da construção do monumento, o local era ocupado pelo Pelourinho — uma coluna de pedra que simbolizava o poder e a autoridade municipal durante o período colonial. Era ali que se executavam punições públicas, especialmente de pessoas escravizadas, além de cerimônias oficiais e anúncios das leis da Coroa Portuguesa.

O Pelourinho representava a ordem e o castigo, valores do antigo regime colonial. Com a chegada da República e a valorização dos ideais de liberdade e cidadania, o símbolo da opressão foi substituído pelo Monumento a Tiradentes, transformando aquele mesmo espaço em um símbolo de resistência e heroísmo.


Dois espaços, uma mesma história

A Casa de Câmara e Cadeia e o Monumento a Tiradentes são marcos inseparáveis da história de Ouro Preto e do Brasil.
O primeiro representa o poder e a administração colonial, hoje convertido em museu e memória; o segundo simboliza a liberdade e a coragem de um homem que enfrentou o poder em nome de um ideal.

Ambos ensinam que a história é feita de transformações: o espaço que antes servia à punição e ao controle hoje se tornou um lugar de educação, reflexão e orgulho nacional.
Visitar a Praça Tiradentes é mais do que um passeio — é uma lição viva de cidadania, arte e história, um convite para compreender o passado e valorizar a liberdade conquistada com tanta luta.

🏛️ Casa de Câmara e Cadeia (Museu da Inconfidência) e Igreja de Nossa Senhora do Carmo — Dois Símbolos de Ouro Preto!

🏛️ Casa de Câmara e Cadeia (Museu da Inconfidência) e Igreja de Nossa Senhora do Carmo — Dois Símbolos de Ouro Preto.

A imagem mostra dois dos mais importantes monumentos históricos de Ouro Preto (MG) — verdadeiras joias do barroco brasileiro que revelam, lado a lado, o poder civil e o poder religioso do Brasil colonial.

🕰️ Casa de Câmara e Cadeia — Atual Museu da Inconfidência

O imponente prédio à esquerda da imagem é a antiga Casa de Câmara e Cadeia, construída no século XVIII. Na época colonial, esse tipo de edificação era muito comum nas cidades importantes: no andar superior funcionava a Câmara Municipal, onde as autoridades locais se reuniam para discutir e decidir assuntos administrativos; no andar térreo, ficava a cadeia pública, onde eram presos os acusados de crimes.

Hoje, esse edifício abriga o Museu da Inconfidência, criado em 1944, um dos mais importantes museus históricos do Brasil. Seu acervo reúne documentos, obras de arte, objetos pessoais e móveis da época da Inconfidência Mineira, movimento liderado por Tiradentes e outros intelectuais que lutaram pela independência de Minas Gerais em relação a Portugal.

A arquitetura é sólida e simétrica, típica do barroco civil mineiro, com janelas e portas bem alinhadas, e uma escadaria central que reforça o ar de autoridade e equilíbrio do prédio. O museu é, portanto, um símbolo da história política e cultural de Ouro Preto, um espaço que preserva a memória da luta pela liberdade.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo

À direita da imagem, ergue-se a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, um dos templos mais elegantes e harmoniosos de Ouro Preto. Sua construção teve início em 1766 e é atribuída ao mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, tanto na arquitetura quanto em detalhes da ornamentação.

A fachada é um belo exemplo do barroco tardio, com elementos que já anunciam o estilo rococó: linhas curvas suaves, frontão decorado e torres equilibradas que conferem leveza ao conjunto. No interior, o visitante encontra altares ricamente talhados, imagens de santos e anjos, e pinturas que expressam a profunda religiosidade do período.

A Igreja do Carmo é considerada uma das mais refinadas da cidade, marcada pela beleza serena e pela harmonia das formas, refletindo a maturidade do barroco mineiro e a genialidade dos artistas que transformaram Ouro Preto em um museu a céu aberto.

Dois mundos, uma mesma história

A Casa de Câmara e Cadeia representa o poder civil e a busca por justiça; a Igreja do Carmo, o poder espiritual e a fé do povo.
Juntas, elas formam um dos conjuntos arquitetônicos mais expressivos de Ouro Preto, onde a arte, a história e a religião se unem para contar o nascimento da identidade brasileira.

📍 Quando você visitar Ouro Preto, observe esses dois prédios lado a lado: um fala de liberdade e razão, o outro de fé e esperança — e ambos continuam a inspirar quem passa por suas ladeiras.