Bullying

sábado, 15 de novembro de 2025

As Emoções na Liderança Escolar: entre o impacto e a origem do sentir.

Durante uma oficina de IE este slide me chamou a atenção

As Emoções na Liderança Escolar: entre o impacto e a origem do sentir.

Gestores escolares carregam diariamente uma complexa combinação de tarefas pedagógicas, administrativas e humanas. Por isso, compreender as emoções — suas origens e seus impactos — não é um luxo, mas uma competência essencial para quem conduz pessoas e influencia diretamente o clima da escola. O slide apresentado na oficina Rotas da Liderança – Inteligência Emocional nos ajuda a enxergar, de forma simples e objetiva, como cada emoção opera dentro de nós e como atravessa nossas relações de trabalho.

1. Raiva – A emoção que acelera o cérebro

A raiva nasce diante de um obstáculo. Para o gestor, o obstáculo pode ser um conflito não resolvido, um cronograma que não fecha, um comportamento recorrente de um servidor ou mesmo uma pressão externa. A raiva acelera o cérebro porque mobiliza energia para reagir.
Mas é justamente aí que mora o risco: lideranças aceleradas podem agir sem clareza, tomar decisões impulsivas e comprometer relações. A raiva precisa ser reconhecida rapidamente, não negada. Quando administrada, ela se transforma em assertividade, organização e foco.

2. Tristeza – A desaceleração que convida à pausa

A tristeza tem origem na perda: perda de apoio, de confiança, de expectativas ou de segurança emocional. No ambiente escolar, gestores podem experimentar tristeza ao enfrentar frustrações, críticas, mudanças inesperadas, conflitos de equipe ou sensação de impotência diante de demandas sociais complexas.
Essa emoção diminui a aceleração do cérebro, convidando à introspecção. E isso não é negativo — é um pedido do corpo por recolhimento e reorganização interna. Bons líderes acolhem esse movimento, sem permitir que ele paralise a gestão.

3. Medo – A emoção que impede a ação, se não for superada

O medo nasce da ameaça. No contexto escolar, pode ser o medo de errar, de ser mal interpretado, de tomar decisões impopulares, de enfrentar situações difíceis com familiares, professores ou estudantes.
Se o medo não é reconhecido, ele bloqueia a ação. Gestores passam a adiar conversas, evitar conflitos e manter situações disfuncionais apenas para não se expor.
Mas quando o medo é enfrentado com técnica, diálogo e preparo, ele se transforma em prudência, planejamento e coragem responsável — atributos fundamentais na gestão escolar.

4. Afeto – A emoção que gera vínculo e confiança

O afeto nasce do vínculo. E, no ambiente educacional, vínculo é talvez o principal combustível da liderança.
Quando um gestor expressa afeto profissional — respeito, escuta, empatia, interesse genuíno pelo outro — ele cria um território seguro onde professores, funcionários e estudantes podem se desenvolver.
Gestões baseadas no afeto não são frágeis; são sólidas, coerentes, humanizadas e profundamente eficazes.

5. Alegria – A emoção da conquista e da energia positiva

A alegria é a emoção que nasce da conquista — pequena ou grande. Quando celebramos avanços, valorizamos boas práticas e reconhecemos o esforço da equipe, espalhamos energia positiva que se multiplica e transforma o clima escolar.
A alegria sustenta a motivação e fortalece o senso de pertencimento. Uma escola alegre é uma escola onde as pessoas querem estar.


O que este slide nos ensina, como gestores?

  1. Toda emoção tem uma origem, um impacto e um propósito.
    Nada surge do nada — há sempre um estímulo que precisamos identificar.

  2. O gestor emocionalmente inteligente não tenta suprimir emoções, mas compreendê-las.

  3. A gestão escolar é profundamente humana, e o líder que não cuida das próprias emoções terá dificuldade para cuidar das emoções da equipe.

  4. Cada emoção pode ser uma ferramenta de liderança, desde que reconhecida e bem manejada:

    • Raiva → assertividade

    • Tristeza → reflexão

    • Medo → planejamento

    • Afeto → confiança

    • Alegria → engajamento

  5. A escola precisa de líderes que acolham sentimentos, sem perder a direção.


Mensagem final aos gestores

A oficina nos lembrou que liderar não é apenas orientar tarefas; é conduzir pessoas dentro de suas realidades emocionais. Quando o gestor aprende a nomear o que sente e a ler o que o outro sente, o clima escolar se transforma, a equipe floresce e os conflitos deixam de ser ameaças para se tornar oportunidades de crescimento.

A emoção não é inimiga da liderança.
Ela é a matéria-prima que, quando trabalhada com maturidade, sustenta a liderança que transforma vidas.

“Rotas da Liderança”: quando os Gestores de Carlos Chagas pararam para ouvir suas Emoções!

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“Rotas da Liderança”: quando os Gestores de Carlos Chagas pararam para ouvir suas Emoções!

Na manhã do dia 13 de novembro de 2025, a sala de reuniões da Secretaria Municipal de Educação de Carlos Chagas ganhou um novo ritmo. As cadeiras, dispostas em fila, anunciaram que ali não haveria apenas uma formação técnica, mas um encontro humano. Diretores, vice-diretores e supervisores escolares chegaram aos poucos, alguns sorrindo, outros calados, todos carregando consigo o peso e a beleza do cotidiano escolar. O que ninguém imaginava é que aquele encontro — uma oficina de quatro horas — se tornaria um marco silencioso na forma de liderar em nossas escolas.

A oficina “Rotas da Liderança – Inteligência Emocional”, ofertada pelo Sebrae Nacional, com escritório em Nanuque e conduzida pelo consultor e psicólogo organizacional Jerry, foi anunciada com entusiasmo:

“Fala, pessoal! Aqui é Jerry, psicólogo organizacional e consultor do SEBRAE. Quinta-feira estaremos juntos para falar sobre inteligência emocional, estratégias, técnicas e formas de conhecer melhor as nossas emoções e as das pessoas que lideramos...”

O convite já antecipava o espírito da formação: liderança não se faz apenas com planejamento, números e relatórios, mas com a habilidade fina de ler o invisível — aquilo que pulsa dentro de cada ser humano.

Um filme, um espelho e o impacto das perguntas certas

A oficina começou com uma dinâmica de apresentação e, logo depois, um filme que provocou questionamentos profundos. “Qual é a mensagem desse filme?”, perguntou Jerry. Os gestores, tocados pelas cenas, falaram sobre decisões difíceis, humanidade e limites. Era apenas o início.

As perguntas se tornaram ainda mais incisivas:

“O que você vai fazer com o medo?”
“Você consegue controlá-lo?”

A discussão abriu espaço para que cada participante reconhecesse o efeito das emoções no corpo, na fala, no comportamento online e até na forma de conduzir uma reunião. A ansiedade — tão presente na rotina escolar — foi reinterpretada não como inimiga, mas como um alerta. A resiliência, por sua vez, foi descrita como a capacidade de voltar ao centro, de não ultrapassar o próprio limite.

O ambiente ficou mais leve quando o grupo falou de esperança:
“Como estou me sentindo?” — pergunta simples, mas profunda, que guiaria toda a vivência.

As “Carinhas das Emoções”: pequenas figuras, grandes revelações

Em seguida, uma folha com dezenas de expressões foi entregue aos participantes. A proposta era escolher duas carinhas que representassem o estado emocional daquele instante. Alegria, ansiedade, otimismo, exaustão, serenidade — cada rosto dizia algo que muitas vezes as palavras não conseguem revelar.

A atividade ajudou o grupo a perceber que a liderança começa no reconhecimento da própria emoção. A partir daí, abre-se espaço para compreender com mais empatia o que sentem os professores, alunos e colegas de equipe.

As 7 inteligências, os “vampiros de energia” e o peso das influências

O encontro avançou para as sete inteligências múltiplas e para a ideia de que o cérebro é guiado, em grande parte, pelo nosso inconsciente. Jerry introduziu a metáfora dos “vampiros de energia” — pessoas e situações que drenam forças e exigem liderança assertiva para serem enfrentadas.

As reflexões se tornaram práticas:

“Você quer ser líder?
Quer ter responsabilidade sobre o serviço de pessoas?”

A pergunta provocou silêncio. E, depois dele, entendimento. Liderança não é cargo; é disposição para servir, inspirar e sustentar o grupo nas tempestades.

A oficina que fez cada gestor olhar para dentro

A segunda atividade de grande impacto foi o Anexo “Minhas Emoções”, uma espécie de diálogo confessional entre dois participantes que não se conheciam. Perguntas como:

  • Acho que você me percebe como…

  • Fico mais triste quando…

  • O que me deixa feliz é…

  • Fico irritado no meu trabalho quando…

permitiram trocas íntimas, sinceras e completamente confidenciais.

Foi, para muitos, um momento raro: alguém ouvir, de verdade, como você se sente.

O sentido da liderança educacional

Entre anotações e falas, a oficina lembrou que:

  • não existe motivação externa — só a automotivação, e o líder deve criar condições para que ela floresça;

  • o diálogo é insubstituível: “O clima está horrível, vamos sentar e conversar”;

  • problemas no trabalho muitas vezes têm raízes em dores pessoais;

  • propósito e sentido devem guiar as decisões;

  • criticar a instituição de dentro dela mesma destrói confiança;

  • confiança é a base de qualquer equipe.

Até o slogan da Coca-Cola foi evocado como metáfora:
“Refrescar o mundo” — cada escola também tem uma missão, uma visão e valores que precisam ser vividos no cotidiano.

Uma manhã que ficará na história das nossas escolas

A oficina terminou com a certeza de que liderar é, antes de tudo, cuidar das emoções — as próprias e as dos outros. Os gestores saíram diferentes do que chegaram: mais atentos, mais humanos, mais preparados para conduzir suas equipes com equilíbrio, escuta e coragem.

A SME avalia que este encontro não foi apenas uma formação, mas um ponto de virada. As vivências compartilhadas servirão de parâmetro para o crescimento profissional e emocional das equipes escolares, fortalecendo a cultura de colaboração e confiança que desejamos para a Educação de Carlos Chagas.

Porque, no fim, como nos lembrou o consultor Jerry,
liderar é sentir — e permitir que o outro também sinta.

domingo, 9 de novembro de 2025

SEGUNDO PILAR – ACEITAÇÃO

🪞SEGUNDO PILAR – ACEITAÇÃO

Por Deodato Gomes Costa

Tive o privilégio de participar da palestra “A Grande Arte de se Reinventar”, ministrada por Léo Chaves, cantor, compositor e agora um inspirador palestrante que, com sensibilidade e profundidade, fala sobre os caminhos da transformação pessoal. A palestra, baseada em seu livro homônimo — prefaciado por Leandro Karnal — apresentou sete habilidades que, segundo ele, podem mudar nossas vidas: percepção, aceitação, direção, perseverança, conexão, gestão e marca.

Slides da palestra de Leo Chaves

Entre elas, uma me chamou especial atenção: a aceitação, segundo pilar dessa grande arte de se reinventar.


🌿 A arte de aceitar para evoluir

Léo Chaves nos convida a compreender que aceitar-se é um ato de coragem. Aceitar-se não é conformar-se, mas reconhecer as próprias limitações e responsabilizar-se por suas atitudes e comportamentos. É entender que, por trás dos erros e fragilidades, existe um ser humano em constante construção.

Aceitação, portanto, é movimento, não estagnação. Não é permanecer preso ao passado, mas enxergar o presente com lucidez e escolher a mudança. Ela nasce quando deixamos de culpar os outros, as circunstâncias ou o destino — e passamos a reconhecer que somos os agentes do que desejamos para nós mesmos e para as pessoas ao nosso redor.


💡 O poder da aceitação ativa

Para Léo, a aceitação ativa é o oposto da vitimização. Ela nos tira da passividade e nos conduz à transformação. Aceitar é enfrentar nossos monstros internos — como a timidez, a vergonha, o medo ou o ego — e enxergá-los como oportunidades de crescimento.

Ele nos mostra que a maturidade emocional nasce quando nos responsabilizamos por nossos sentimentos, quando deixamos de terceirizar culpas e passamos a observar as situações com neutralidade, sem deixar que emoções descontroladas tomem o comando.

Essa postura nos ensina a encontrar equilíbrio mesmo diante das adversidades. Como ele diz, “você só domina aquilo que aceita”.


🌸 Aceitar o outro e reinventar-se

O autor também fala sobre a aceitação interpessoal — aceitar os outros como são, sem julgamentos, sem rótulos, compreendendo que todos estamos em processo. Libertar a mente dos preconceitos e das impressões imediatas é abrir espaço para novas relações e novas versões de nós mesmos.

Aceitar não é desistir, mas reconhecer o que pode ser transformado. É aprender a agir com paciência, perdão e humildade diante da vida.


✨ Reflexão final

Ao final da leitura, compreendi que aceitar-se é o primeiro passo para reinventar-se. É parar de lutar contra a própria história e transformá-la em aprendizado. É o gesto de olhar no espelho e, com honestidade e ternura, reconhecer: “Sou humano, erro, mas posso recomeçar.”

Como diz Léo Chaves, “onde você está hoje e aonde quer chegar dependem só de você”.
E talvez essa seja a essência da verdadeira reinvenção. 🌻
📖 Baseado no livro “A Grande Arte de se Reinventar”.
✍️ Texto adaptado e comentado por Deodato Gomes Costa.
O próximo post é sobre direção, o 3º pilar da reinvenção humana que vou trabalhar aqui também. 

CHAVES, Leo. A grande arte de se reinventar. Prefácio de Leandro Karnal. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019. 208 p. ISBN 978-85-422-1813-8.

sábado, 8 de novembro de 2025

A Morte do Pensamento Crítico e o Desafio Educacional da Nossa Era

A Morte do Pensamento Crítico e o Desafio Educacional da Nossa Era

Vivemos em uma era de paradoxos intelectuais. Nunca tivemos tanto acesso à informação, e nunca estivemos tão distantes do verdadeiro conhecimento. O vídeo “Como Chegamos na Geração Mais Estúpida – Não Seja Mais Um” é um convite à autocrítica e, sobretudo, à reflexão pedagógica sobre o que estamos fazendo com nossa capacidade de pensar.

O autor inicia lembrando que o pensamento crítico não nasce da abundância de ideias, mas da coragem de duvidar. Sócrates, com suas perguntas e desconfortos, inaugura uma tradição que fez da razão o farol da humanidade. Platão e Aristóteles ampliaram essa chama, e, séculos depois, o Renascimento e o Iluminismo reacenderam-na, propondo a emancipação do homem pelo uso da razão — o célebre “Pense por si mesmo” de Kant. Contudo, hoje, essa herança parece ameaçada.

Em tempos de hiperconectividade e respostas instantâneas, a pressa tornou-se inimiga da profundidade. As redes sociais transformaram o diálogo em batalha e a dúvida em fraqueza. A emoção substituiu a razão como critério de verdade: se algo me agrada, é certo; se me ofende, está errado. Essa lógica empobrece o debate e enfraquece a democracia, pois o sujeito que não pensa é facilmente manipulado.

Como educadores, temos o dever de enfrentar essa crise intelectual. As escolas ensinam o que pensar, mas não como pensar. Formamos alunos que sabem repetir ideias, mas não compreendê-las. É urgente recuperar o valor da leitura profunda, do questionamento, da paciência intelectual. Ensinar a ler não é apenas decifrar letras, mas decifrar o mundo.

Byung-Chul Han afirma que vivemos na “sociedade do cansaço”. De tanto reagir, esquecemos de refletir. De tanto consumir informação, perdemos a capacidade de contemplar. O antídoto é o exercício do olhar atento, da escuta silenciosa e da dúvida honesta — virtudes raras, mas indispensáveis à educação que humaniza.

Pensar criticamente é resistir. É nadar contra a corrente de superficialidades que nos cerca. Por isso, mais do que formar alunos inteligentes, precisamos formar mentes lúcidas, capazes de discernir o essencial no meio do ruído. A educação, quando fiel à sua missão, não fabrica certezas — cultiva perguntas. E é nelas que renasce o pensamento crítico, a verdadeira marca do humano.

“Devolve nosso ouro” — a herança colonial e o destino da riqueza do Brasil Colônia!

“Devolve nosso ouro” — a herança colonial e o destino da riqueza do Brasil Colônia

A frase “Devolve nosso ouro!”, frequentemente usada de forma irônica nas redes sociais, ecoa um sentimento histórico profundo: o de um país que viu sua imensa riqueza natural ser drenada para além-mar. Por trás da brincadeira está uma realidade que moldou a formação econômica, social e cultural do Brasil: a exploração mineral no período colonial e a transferência maciça de recursos para a Europa, especialmente Portugal e Inglaterra.

Durante o século XVIII, com as descobertas auríferas em Minas Gerais, o ouro tornou-se o principal produto da colônia portuguesa. Estima-se que, conforme o historiador Virgílio Noya Pinto, em sua obra O Ouro Brasileiro e o Comércio Anglo-Português, a produção total tenha alcançado 876.629 quilos. Já o geólogo Pandiaca Lógeras, incluindo a Bahia em seus cálculos, elevou o número para 948.105 quilos. Quantidades colossais que, segundo registros históricos, colocaram o Brasil como principal responsável pelo crescimento da produção mundial de ouro nas Américas, saltando de 39% no século XVI para 85% no XVIII.

Mas onde foi parar tamanha riqueza? O professor Leonardo Marques, da Universidade Federal Fluminense, explica que a Europa vivia à época uma escassez de metais preciosos, usados tanto como moeda quanto como base do crédito bancário nascente. O ouro brasileiro, portanto, chegava em um momento decisivo: sustentou a economia portuguesa e impulsionou o florescimento da economia britânica. Segundo Marques, “a mudança financeira britânica acaba sendo um motor da mineração no Brasil”.

De fato, o ouro que saía das minas de Minas Gerais financiou não apenas a opulência de Lisboa — como exemplifica o Palácio Nacional de Mafra, construído com recursos vindos da colônia —, mas também o desenvolvimento industrial da Inglaterra. Isso se explica, em parte, pelo Tratado de Methuen (1703), também conhecido como Tratado dos Panos e Vinhos, que consolidou uma relação desigual entre Portugal e Inglaterra: enquanto os portugueses exportavam vinhos e ouro, os ingleses vendiam produtos manufaturados. O geógrafo Wilhelm Ludwig von Eschweg, em Pluto Brasilienses, relatou que Portugal “cedeu seu ouro tão abundante em troca de mercadorias de luxo, continuamente substituídas por outras novas”.

O resultado foi que, segundo Noya Pinto, “os ingleses absorviam quase 60% do ouro somente com o comércio lícito”. Essa drenagem de riqueza, longe de gerar desenvolvimento interno em Portugal, acabou por retardar sua industrialização. Para alguns pesquisadores, o ouro representou uma “maldição”, que mascarou a ausência de políticas de modernização e manteve o país dependente de produtos estrangeiros.

Enquanto isso, no Brasil, o ciclo do ouro transformou radicalmente o território: deslocou o eixo econômico do litoral para o interior, fomentou a urbanização em vilas como Ouro Preto e Mariana, e impulsionou a ocupação do Centro-Sul. No entanto, também intensificou o tráfico de africanos escravizados, que saltou de 910 mil no século XVII para 2,2 milhões no século XVIII, conforme dados do Slave Voyages Database.

Esses impactos humanos e ambientais foram profundos. Como destaca Leonardo Marques, os efeitos da mineração “são sentidos no Brasil, não em Portugal ou na Grã-Bretanha”. A exploração deixou marcas de destruição ambiental, estruturou uma sociedade rigidamente hierarquizada e sustentou o modelo escravista — pilares de uma desigualdade que atravessa os séculos.

A história do ouro brasileiro, portanto, é a história de um país que se tornou fornecedor de matérias-primas para o enriquecimento europeu. O metal que reluzia nas igrejas barrocas e nas coroas europeias custou vidas, devastou paisagens e estruturou dependências econômicas que perduram até hoje.

Assim, quando ecoa nas redes o grito bem-humorado “Devolve nosso ouro!”, ele carrega, na verdade, uma crítica poderosa: a lembrança de que o saque colonial não terminou — apenas mudou de forma. A herança desse passado segue viva na desigualdade social, na concentração de renda e na permanência de um modelo econômico que ainda exporta riqueza e importa dependência.

📜 Referências citadas:

Referências

ESCHWEG, Wilhelm Ludwig von. Pluto Brasilienses: Relação histórica e geográfica das minas do Brasil. Tradução de Domício Proença Filho. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1979.

LÓGERAS, Pandiaca. Estudos sobre a produção de ouro no Brasil colonial. Lisboa: Tipografia Nacional, 1908.

MARQUES, Leonardo. Estudos sobre a América Colonial. Niterói: Universidade Federal Fluminense, Departamento de História, 2020.

PINTO, Virgílio Noya. O ouro brasileiro e o comércio anglo-português: uma contribuição ao estudo das relações econômicas de Portugal e Grã-Bretanha no século XVIII. 3. ed. São Paulo: Nacional, 1979.

SLAVE VOYAGES. Trans-Atlantic Slave Trade Database. Disponível em: https://www.slavevoyages.org/. Acesso em: 8 nov. 2025.

TAVARES, Victor. “Devolve nosso ouro”: o destino da riqueza do Brasil Colônia. [Vídeo]. BBC News Brasil, 8 nov. 2025. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/ciclo-do-ouro. Acesso em: 8 nov. 2025.

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

O Gestor Escolar: Guardião da Alma e do Clima da Escola

O gestor escolar é o jardineiro do ambiente humano que floresce dentro da escola. Cabe a ele cultivar o solo onde nascem os laços, onde a confiança cresce e onde o respeito é regado todos os dias. O clima escolar não é algo que se decreta; ele se constrói silenciosamente, nas atitudes, nos gestos e nas palavras que circulam pelos corredores.

Um gestor que fala com serenidade, que escuta com paciência e age com justiça cria uma atmosfera de paz. Quando ele valoriza cada servidor, acolhe o aluno com empatia e busca o diálogo com as famílias, ele semeia pertencimento. O exemplo é a semente mais poderosa que um líder pode plantar. De nada adianta pregar o respeito se, no calor das dificuldades, ele mesmo não for o primeiro a praticá-lo.

O gestor que compreende sua escola como uma comunidade viva entende que cada pessoa carrega suas dores, suas esperanças e seus limites. O papel dele é harmonizar essas diferenças, tornando-as força e não conflito. Criar um ambiente positivo é fazer com que todos sintam que podem crescer juntos — professores, alunos, pais e funcionários — em torno de um mesmo propósito: aprender e conviver.

Mais do que administrar, o gestor precisa inspirar. E inspirar é cuidar da alma da escola, lembrando que o conhecimento floresce melhor onde há afeto, justiça e confiança. O verdadeiro clima escolar nasce da coerência entre o que se diz e o que se faz — começa no coração do gestor e se espalha, como luz, por toda a escola.

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

O Gestor Escolar e a Coragem de Pensar em Tempos de Superficialidade


O Gestor Escolar e a Coragem de Pensar em Tempos de Superficialidade

Vivemos em uma era ruidosa, marcada pelo excesso de informações, estímulos e comparações. O vídeo “Por que o mundo moderno exalta a estupidez – A morte da sabedoria” nos provoca a refletir sobre como o esvaziamento simbólico e a cultura do espetáculo afetam a nossa capacidade de pensar criticamente.
No contexto escolar, essa reflexão encontra terreno fértil. A escola é, por excelência, o espaço da escuta, da dúvida e da formação da consciência. Contudo, o gestor escolar, imerso em um cotidiano de demandas burocráticas, urgências e expectativas de resultados, pode facilmente ser tragado pela lógica do imediatismo e da performance.

O papel do gestor, nesse cenário, é de resistência. Resistir à superficialidade é um ato político e pedagógico. É escolher o caminho da profundidade, mesmo quando ele não brilha. O gestor que pensa e promove o pensamento — em si, nos professores e nos alunos — cumpre uma função essencial: preservar o sentido da educação como formação humana.

Em tempos em que o “curtir” parece valer mais que o “compreender”, cabe ao gestor ser o guardião do silêncio fecundo, aquele que permite o florescimento da sabedoria. Ele precisa criar espaços de diálogo, de leitura significativa, de reflexão coletiva. O gestor corajoso é aquele que desacelera para ouvir, que duvida para aprender, que lidera pelo exemplo da consciência.

Porque, no fim, como ensina o vídeo, o que nos salva não é o que nos distrai — é o que nos transforma. E a escola, quando conduzida por líderes conscientes, pode ser exatamente esse espaço de transformação e reencontro com a essência do humano.

REFERÊNCIA :
A PSIQUE. Por que o mundo moderno exalta a estupidez – A morte da sabedoria. YouTube, 20 jul. 2025. Disponível em: https://youtu.be/vJWKomYuRSg?si=DIos_mBSb7SAtKjr. Acesso em: 5 nov. 2025.

domingo, 2 de novembro de 2025

Reflexão para o Dia de Finados – 02 de novembro de 2025!

Reflexão para o Dia de Finados – 02 de novembro de 2025

(Evangelho: Jo 11,17-27)

“O mistério do amor é mais profundo que o mistério da morte”, dizia Oscar Wilde. Hoje, ao recordarmos nossos entes queridos, o Evangelho de João nos convida a contemplar o amor de Cristo que vence a morte. Jesus declara: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá.” Nessa promessa está a raiz da nossa esperança e da nossa imortalidade.

Quando amamos, tornamo-nos participantes dessa vida eterna. Amar é resistir à morte, como lembra François Mauriac: “Quando a gente ama alguém, se está necessariamente contra a morte.” O amor é o que permanece quando tudo o mais se desfaz. É a chama que continua acesa nos corações daqueles que ficaram.

Hoje, muitos levam flores aos túmulos. Esse gesto, simples e sagrado, é um modo de dizer: “Tu vives em mim, porque te amei.” Como ensina Tagore, “Os mortos se imortalizam pela fama; os vivos se imortalizam pelo amor.”

Quem ama, eterniza. Quem ama, ressuscita com Cristo. Que nossas flores sejam sinais desse amor que não morre — sementes de eternidade plantadas na esperança da Ressurreição. 🌹✝️

BIBLIOGRAFIA:

LUIZ, Carlos (Organizador). A maravilhosa arte de amar. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

ISBN 978-85-326-2998-2.

As citações transcritas (de Oscar Wilde, André Maurois, François Mauriac, Chiara Lubich, entre outros) foram extraídas desta coletânea organizada por Luiz Carlos, publicada pela Editora Vozes.

sábado, 1 de novembro de 2025

Produção do Ouro e População em Ouro Preto.

 



A imagem mostra dados históricos sobre a produção de ouro no século XVIII e a composição social de Minas Gerais em 1786, período em que Vila Rica (atual Ouro Preto) era o centro econômico, político e cultural do Brasil colonial.
Vamos examinar e interpretar todos os elementos do gráfico, relacionando-os com a realidade de Vila Rica.


🪙 1. Produção de ouro no século XVIII

📊 Crescimento e auge

O gráfico mostra o aumento contínuo da produção de ouro entre 1705 e 1754, com o pico em 1749–1754, atingindo cerca de 15,8 toneladas por ano.
Nesse período, Vila Rica se consolidou como o principal centro minerador e administrativo da colônia, sendo responsável pela maior parte da produção representada no gráfico em amarelo (cor que indica Minas Gerais).

➡️ Entre 1720 e 1760, Vila Rica liderava a extração aurífera:

  • Era sede da Casa de Fundição, onde o ouro bruto era transformado em barras com o selo real e onde se cobrava o imposto do quinto (20%).

  • Abrigava a administração da Capitania, o governo colonial e o Senado da Câmara, órgãos que fiscalizavam a mineração.

  • Tornou-se também o centro de decisões políticas e o coração da vida urbana colonial.


⚖️ Declínio

Após 1754, o gráfico mostra uma queda gradual da produção de ouro, caindo para menos de 5 toneladas em 1799.
Esse declínio teve impactos diretos sobre Vila Rica:

  • A diminuição das jazidas e o esgotamento das minas superficiais levaram ao empobrecimento da população.

  • A derrama (cobrança forçada dos impostos atrasados) gerou revolta popular, culminando na Inconfidência Mineira (1789), planejada justamente em Vila Rica.

  • A cidade manteve, porém, sua importância administrativa e cultural, com forte presença de artistas, religiosos e intelectuais.


🧭 Regiões produtoras

O gráfico também mostra que:

  • Minas Gerais sempre foi a maior produtora (barras amarelas);

  • Goiás e Mato Grosso (em tons laranja e vermelho) tiveram menor participação, e sua mineração começou mais tarde, após a descoberta do ouro no centro-sul mineiro.
    Assim, Vila Rica foi o modelo e o ponto de partida da expansão mineradora no interior do Brasil.


👥 2. População de Minas Gerais em 1786

O gráfico demográfico mostra uma sociedade profundamente desigual, que também se refletia em Vila Rica.

📈 Composição geral

  • População total: 363 mil pessoas (o dobro do registrado em 1742).

  • Desses, 189 mil eram livres ou forros, e 174 mil eram escravizados.
    Essa divisão revela o peso da mão de obra africana e afrodescendente na economia aurífera.


Distribuição social

O gráfico divide os grupos por cor e tamanho:

🟤 Negros escravizados – 106 mil

  • Representavam a base do trabalho minerador em Vila Rica e outras vilas.

  • Trabalhavam nas minas, nos serviços domésticos e nas construções das igrejas e casarões.

  • Suas condições de vida eram extremamente precárias, e muitos morreram nas minas devido à exaustão e aos desabamentos.

🟫 Pardos – 42 mil (livres e escravizados)

  • Muitos eram filhos de relações entre brancos e negros, vivendo como artesãos, tropeiros ou pequenos comerciantes.

  • Em Vila Rica, atuavam nas corporações de ofício e integravam irmandades religiosas, como as de Nossa Senhora do Rosário e de São José.

Brancos – cerca de 116 mil (livres)

  • Incluíam os funcionários da Coroa, padres, militares, artistas e comerciantes.

  • Formavam a elite urbana e religiosa que financiava igrejas e vivia dos lucros da mineração.

  • Essa elite construiu em Vila Rica um cenário de ostentação artística, refletido na arquitetura barroca e no patrocínio das ordens religiosas.


👨🏾‍🏭 Homens e mulheres

O gráfico mostra mais homens do que mulheres, principalmente entre os escravizados, já que o trabalho nas minas exigia força física.
Entretanto, as mulheres — brancas, negras e pardas — tiveram papel social relevante:

  • As brancas lideravam as devoções religiosas e geriam os lares.

  • As negras e forras atuavam como vendedoras, quitandeiras e lavadeiras, compondo uma parte essencial da economia local.


🏛️ 3. Interpretação geral para Vila Rica (Ouro Preto)

🔶 Riqueza e Contradição

Vila Rica, no auge do ciclo do ouro, foi uma cidade de extremos:

  • Riquíssima em arte, fé e cultura, mas profundamente marcada pela escravidão, desigualdade e controle da Coroa.

  • O esplendor de suas igrejas e palácios contrastava com o sofrimento dos mineradores.

🧱 Legado histórico

Essa riqueza sustentou:

  • A construção das obras barrocas, com destaque para Aleijadinho e Mestre Ataíde.

  • O florescimento da identidade mineira, que unia fé, trabalho e resistência.

  • A emergência da consciência política, expressa na Inconfidência Mineira.

⚙️ Declínio e transformação

Mesmo com a queda da produção, Vila Rica manteve sua importância como:

  • Centro administrativo da Capitania;

  • Símbolo da memória nacional, sendo tombada no século XX como Patrimônio Cultural da Humanidade (UNESCO, 1980).


🧭 Síntese Final

Aspecto Situação em Vila Rica (Ouro Preto) no século XVIII
Economia Baseada na extração de ouro e controle fiscal da Coroa.
População Predomínio de escravizados e mestiços; sociedade urbana diversificada.
Cultura Barroco mineiro: igrejas ricamente decoradas e música sacra.
Política Sede do governo da Capitania; centro da Inconfidência Mineira.
Transformação Após o esgotamento das minas, tornou-se centro histórico e cultural.

🗺️ Minas Gerais no auge da mineração (século XVIII)

Explicação detalhada e didática sobre o mapa “Minas Gerais no auge da mineração”, com foco especial nas situações e temas relacionados à cidade de Vila Rica, hoje Ouro Preto, apresentada em formato de guia histórico-interpretativo para fins educacionais.


🗺️ Minas Gerais no auge da mineração (século XVIII)

O mapa mostra o período de maior prosperidade da Capitania de Minas Gerais — entre os séculos XVII e XVIII —, quando o ouro e os diamantes foram descobertos e explorados intensamente, alterando profundamente a economia, a sociedade e a geografia política do Brasil colonial.


🏙️ Vila Rica (atual Ouro Preto): o coração do ciclo do ouro

📍 Localização e importância

Vila Rica, hoje Ouro Preto, aparece no mapa como centro político e econômico da Capitania de Minas Gerais. Situava-se na Comarca de Vila Rica, rodeada por outras regiões mineradoras como Sabará, Rio das Mortes e Serro do Frio.

Ela tornou-se o principal núcleo urbano e administrativo do ciclo do ouro, concentrando:

  • Casas de fundição, onde o ouro era derretido e transformado em barras oficiais, com o imposto do “quinto” cobrado pela Coroa Portuguesa;

  • Estradas de escoamento do ouro até o litoral, em direção ao Rio de Janeiro e Parati;

  • Igrejas barrocas e casarões que simbolizavam o poder e a religiosidade da elite colonial.


💰 A rota do ouro e as conexões de Vila Rica

O mapa mostra diversas estradas coloniais, conhecidas como “Caminhos do Ouro”, que ligavam as minas ao porto do Rio de Janeiro:

  • Caminho Velho: ligava Ouro Preto a Parati, passando por Taubaté e São Paulo.

  • Caminho Novo: traçado mais direto até o Rio de Janeiro, consolidado no século XVIII.
    Essas rotas eram vitais para transportar o ouro e os diamantes sob rígido controle da Coroa.

O Rio das Velhas, Rio Doce e Rio Paraopeba eram pontos de referência natural e vias complementares para transporte e abastecimento.


⚒️ Comarcas e organização administrativa

O mapa divide Minas Gerais em quatro grandes Comarcas, que eram divisões administrativas e judiciais criadas pela Coroa Portuguesa:

  1. Comarca do Rio das Mortes – com centro em São João del-Rei;

  2. Comarca de Sabará – área de intensa extração aurífera;

  3. Comarca do Serro do Frio – região dos diamantes (Diamantina);

  4. Comarca de Vila Rica – a mais poderosa, sede do Governo da Capitania.

Vila Rica sediava o Palácio dos Governadores, o Senado da Câmara (prefeitura da época) e os principais órgãos de controle da mineração.


⛏️ A mineração e o controle da Coroa

A exploração do ouro foi rigidamente controlada. O mapa indica:

  • Casas de fundição: onde o ouro era fundido e carimbado com o selo real (símbolo de poder e arrecadação).

  • Feiras e Casas da Moeda: presentes em Vila Rica, Sabará e Rio de Janeiro.

  • Rotas de contrabando: linhas de conexão clandestinas usadas para escapar do fisco real.

A economia girava em torno do quinto — imposto de 20% sobre todo ouro extraído — e da derrama, cobrança forçada das dívidas com a Coroa, que gerou revoltas como a Inconfidência Mineira (1789), liderada por Tiradentes e sediada justamente em Vila Rica.


⚔️ Conflitos e repressões

O mapa mostra o ícone das Batalhas da Guerra dos Emboabas (1708–1709) — conflito entre paulistas e forasteiros (emboabas) pelo controle das minas.
A vitória dos emboabas levou à criação da Capitania de Minas Gerais, separada da de São Paulo, com Vila Rica como capital.


Aspectos sociais e culturais

Em Vila Rica floresceu a arte barroca e rococó mineira, com destaque para:

  • Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) – escultor e arquiteto das igrejas de São Francisco de Assis e Pilar.

  • Mestre Ataíde – pintor dos tetos e painéis sacros.
    Essas manifestações artísticas simbolizavam o poder espiritual e econômico da elite mineradora, mas também a devoção do povo.


⚖️ Desigualdade e escravidão

Por trás do esplendor de Vila Rica havia uma realidade de trabalho escravo intenso, com milhares de africanos trazidos à força para extrair ouro e erguer as construções.
O mapa destaca as regiões quilombolas, como o Quilombo do Campo Grande, onde escravizados fugidos resistiam à repressão colonial.


🧭 Síntese interpretativa: Vila Rica no contexto do mapa

  1. Centro administrativo – capital da Capitania e sede do governo colonial.

  2. Coração econômico – principal produtora e arrecadadora do ouro da colônia.

  3. Marco cultural – berço do barroco mineiro e da Inconfidência Mineira.

  4. Símbolo da desigualdade social – opulência das elites contrastando com o sofrimento escravo.

  5. Ponto estratégico – entroncamento das rotas do ouro e das comunicações com o litoral.

🕍 Igrejas e Capelas de Ouro Preto

Guia, com todas as igrejas e capelas de Ouro Preto apresentadas com detalhes históricos, arquitetônicos e pedagógicos, ideal para ser usada como material de apoio escolar durante aulas ou visitas educativas.


🕍 Igrejas e Capelas de Ouro Preto

O barroco mineiro que revela fé, arte e história

Ouro Preto é uma verdadeira galeria a céu aberto do barroco e rococó brasileiros. Suas igrejas, erguidas entre os séculos XVIII e XIX, guardam não apenas a devoção religiosa, mas também o talento de artistas como Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) e Manuel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde). Cada templo conta uma parte da história da fé, da escravidão, da arte e da luta pela liberdade em Minas Gerais.


1️⃣ Igreja de São Francisco de Assis

📍 Largo de Coimbra – Centro (E4 no mapa)
Obra-prima do barroco mineiro, projetada por Aleijadinho e decorada por Mestre Ataíde. Sua fachada é uma das mais belas do Brasil, com esculturas em pedra-sabão. O teto da nave principal traz o famoso painel da “Assunção da Virgem”, pintado com cores vibrantes e tons suaves, típicos do rococó.
👉 Curiosidade: É considerada o símbolo máximo da arte colonial mineira e um dos cartões-postais de Ouro Preto.


2️⃣ Igreja Nossa Senhora do Pilar

📍 Praça Monsenhor João Castilho Barbosa – Pilar (E4)
É uma das igrejas mais ricas em ouro do país, com mais de 400 kg usados em sua decoração interna. Representa o auge do barroco, com retábulos dourados, colunas torcidas e imagens de anjos em atitude de adoração.
👉 Curiosidade: Foi construída em 1733 e sua irmandade era formada por brancos abastados. No subsolo, há um museu de arte sacra com objetos litúrgicos coloniais.


3️⃣ Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

📍 Rua Getúlio Vargas – Bairro Rosário (D3)
Construída pela Irmandade dos Homens Pretos, é uma das mais importantes expressões da religiosidade afro-brasileira. Seu formato oval e inovador a distingue das demais igrejas da época.
👉 Curiosidade: Erguida por escravos e libertos, foi o único templo onde eles podiam celebrar sua fé livremente.


4️⃣ Igreja Nossa Senhora do Carmo

📍 Rua Brigadeiro Musqueira – Centro (E4)
Com fachada de Aleijadinho e talha de Manuel Francisco Lisboa, esta igreja representa a transição do barroco para o rococó. O interior é elegante, com pinturas e esculturas que expressam serenidade e equilíbrio.
👉 Curiosidade: Está ao lado da Igreja de São Francisco de Assis, formando um dos conjuntos artísticos mais belos da cidade.


5️⃣ Igreja Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias

📍 Praça Antônio Dias (E4)
Uma das mais antigas de Ouro Preto, concluída em 1727. Aqui estão os restos mortais de Aleijadinho. Seu interior combina simplicidade e imponência, e abriga o Museu Aleijadinho, que guarda esculturas e ferramentas do artista.
👉 Curiosidade: Foi a primeira igreja construída com a participação de Aleijadinho e de seu pai, Manuel Francisco Lisboa.


6️⃣ Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões

📍 Rua Padre Rolim – Centro (E4)
Construída pela Irmandade das Mercês e Perdões, apresenta estilo rococó, com fachada simétrica e torres elegantes. O interior tem imagens de Cristo e da Virgem que simbolizam o perdão e a misericórdia.
👉 Curiosidade: Possui uma das vistas mais bonitas do Centro Histórico.


7️⃣ Igreja Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia

📍 Rua Conde de Bobadela (Rua Direita) – Centro (E4)
Também chamada de Mercês de Cima, é mais simples que a anterior, mas guarda expressiva riqueza artística. Seu altar principal tem a imagem de Nossa Senhora das Mercês, ladeada por anjos e querubins.
👉 Curiosidade: Era mantida por irmandades femininas e dedicada à assistência aos pobres e enfermos.


8️⃣ Igreja de São José

📍 Rua Teixeira Amaral – Centro (E4)
Pequena e acolhedora, tem um dos mais belos altares rococós da cidade, pintado por Mestre Ataíde. É símbolo da devoção simples e sincera das famílias ouro-pretanas.
👉 Curiosidade: Ainda hoje é bastante procurada para celebrações e casamentos.


9️⃣ Capela de São João Batista

📍 Rua São José – Centro (E4)
Edificação singela, mas carregada de simbolismo. Representa a fé popular e o esforço das pequenas comunidades em manter viva a tradição cristã.
👉 Curiosidade: Seu interior guarda imagens antigas e uma pequena pia batismal original do século XVIII.


🔟 Basílica de Nossa Senhora do Pilar

📍 Mesmo endereço da Igreja do Pilar (E4)
Reconhecida como Basílica Menor, título concedido pelo Vaticano, é o principal templo católico de Ouro Preto. As missas e celebrações mantêm o esplendor da tradição barroca.
👉 Curiosidade: Sua música sacra é considerada Patrimônio Cultural de Minas Gerais.


Atividade de reflexão para alunos

  • Observe as fachadas e compare os estilos das igrejas.

  • Quais elementos se repetem? (torres, frontões, esculturas, ouro, anjos...)

  • O que cada igreja nos ensina sobre o papel da fé e da arte na história do Brasil?

  • Que sentimentos surgem ao entrar em um espaço tão antigo e preservado?


💡 Sugestão pedagógica para professores

Durante a visita ou estudo:

  • Divida os alunos em grupos e atribua a cada grupo uma igreja para pesquisar e apresentar.

  • Estimule a produção de desenhos, maquetes ou textos poéticos inspirados na arte barroca.

  • Promova uma roda de conversa sobre o legado de Aleijadinho e Mestre Ataíde como símbolos da criatividade e resistência brasileira.

Fortalecer os músculos emocionais na “academia escolar”!

Fortalecer os músculos emocionais na “academia escolar”

Pendurado próximo aos meus livros, o quadro com a frase “Os músculos emocionais se fortalecem nas batalhas da vida” me inspira diariamente. Ele me faz pensar que a escola é, em essência, uma grande academia da alma — um espaço onde professores, alunos e gestores exercitam não apenas o intelecto, mas também as emoções.

Criar músculos emocionais no ambiente escolar significa aprender a lidar com frustrações, diferenças, erros e desafios cotidianos sem perder o entusiasmo de recomeçar. As batalhas da vida escolar são muitas: o aluno que enfrenta dificuldades de aprendizagem, o professor que busca motivar uma turma desinteressada, o gestor que precisa manter o equilíbrio em meio a demandas e pressões.

Fortalecer professores e alunos é oferecer apoio, escuta, empatia e oportunidades de crescimento. É criar um ambiente que valorize o esforço, celebre pequenas conquistas e transforme o erro em aprendizado.

Cabe ao gestor escolar ser o treinador dessa “academia”, aquele que estimula o exercício da resiliência, da colaboração e da esperança. Porque, assim como o corpo se fortalece com treino e disciplina, a alma educadora se fortalece nas práticas diárias que transformam o desafio em superação e a convivência em aprendizado. 💛


sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Nota de Falecimento – Maria Aparecida Barreiros dos Santos!

Nota de Falecimento – Maria Aparecida Barreiros dos Santos

“Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.” (Rm 14,8)

Com profunda fé na Ressurreição, comunicamos o falecimento de Maria Aparecida Barreiros dos Santos, nascida em 13 de março de 1969 e falecida em 31 de outubro de 2025. O velório está acontecendo na Funerária São Sebastião, onde familiares e amigos se reúnem para elevar a Deus orações de gratidão por sua vida e consolo pela sua partida.

Maria Aparecida parte deixando o esposo Ronaldo, o filho Roney, suas irmãs Professora Terezinha, Maria Dilma, Maria José e o irmão Emanuel Fernando, além de muitos amigos e pessoas que receberam dela gestos de carinho, simplicidade e fé.

Como ensina o salmista: “Setenta anos é o total de nossa vida... passam depressa e desaparecemos.” (Sl 89,10). A morte, porém, não apaga a vida; ela a eterniza. Quem viveu unida a Deus, amando e servindo, permanece viva Nele.

Que a esperança cristã console os corações e renove em todos a certeza de que “agora é o tempo da salvação” (1Cor 6,2). Maria Aparecida descansa na paz de Cristo, e sua vida, marcada pela fé, é semente de eternidade no coração dos que a amaram. ✝️

📸 Veja um álbum com muitas imagens de Maria Aparecida, lembrando com ternura os momentos de alegria, amizade e fé que ela deixou entre nós.

https://photos.app.goo.gl/Pt8RCARPhMnou9K7A

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Prefeito Nanayoski valoriza liderança escolar e sanciona Lei que corrige vencimentos dos gestores da Educação Municipal!


Prefeito Nanayoski valoriza liderança escolar e sanciona Lei que corrige vencimentos dos gestores da Educação Municipal.

Carlos Chagas, MG — Em mais um avanço da gestão voltada à valorização dos profissionais da educação, o Prefeito José Amadeu Nanayoski Tavares sancionou e promulgou a Lei Complementar nº 2266/2025, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 2.145/2022, referente ao Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração da Secretaria Municipal de Educação de Carlos Chagas.

A nova legislação tem como objetivo tornar o cargo de gestor escolar mais atrativo, promovendo justiça salarial e reconhecimento à complexidade da função de direção nas escolas públicas municipais.

💼 Reconhecimento e valorização da liderança escolar

De acordo com o texto da lei, o vencimento do Diretor Escolar passa a ter como parâmetro o equivalente a dois vencimentos básicos do Professor PEB I – Superior, reconhecendo que o cargo integra o magistério. Com isso, qualquer reajuste concedido aos professores refletirá automaticamente no vencimento dos diretores, vice-diretores e coordenadores escolares.

A tabela aprovada estabelece os seguintes valores de referência:

Cargo Vencimento (R$) Observações
Coordenador Escolar 4.284,00 Em creches e escolas com até 100 alunos
Diretor Escolar I 5.355,00 Em creches e escolas de 100 a 200 alunos
Diretor Escolar II 5.950,00 Em creches e escolas com mais de 200 alunos
Vice-Diretor Escolar II Vencimento básico do Professor PEB I – Superior

Esses valores são vinculados às mesmas percentagens de aumento aplicadas ao vencimento dos professores, assegurando reajustes automáticos e proporcionais.

🏫 Gestão democrática e autonomia escolar

A medida representa um ato de reconhecimento ao papel estratégico que os gestores escolares exercem. Mais do que administrar rotinas, eles são líderes comunitários, articuladores pedagógicos e responsáveis diretos pela gestão de pessoas, patrimônio, finanças e resultados educacionais.

Em um momento em que o país discute a ampliação da autonomia das escolas e o fortalecimento da gestão democrática, a iniciativa da Prefeitura de Carlos Chagas reafirma a importância do gestor como peça central na construção da qualidade social da educação pública.

🗓️ Publicação

A Lei Complementar nº 2266/2025, sancionada em 24 de outubro de 2025, já está em vigor e pode ser consultada na íntegra pelo link: