No dia 12, participei, junto com a COMISSÃO DE AEE do nosso município, de uma importante capacitação voltada ao Atendimento Educacional Especializado (AEE). A formação foi conduzida pela psicóloga Patrícia, que abordou com profundidade o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), trazendo conceitos, causas, sinais de alerta, estratégias de atendimento e práticas pedagógicas.
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por um padrão persistente de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade, capaz de interferir de forma significativa no funcionamento ou desenvolvimento da criança. Não se trata de falta de educação, preguiça ou má vontade, mas de alterações no funcionamento cerebral que impactam diretamente funções executivas, como memória de trabalho, organização, controle inibitório e regulação emocional. De acordo com o DSM-5, os sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos, ocorrer em mais de um ambiente, como escola, casa ou convívio social, e causar prejuízo funcional.
A origem do TDAH está associada a fatores genéticos, alterações neuroquímicas e influências ambientais. O fator hereditário é considerado o mais forte, aumentando as chances de crianças com pais ou irmãos diagnosticados também apresentarem o transtorno. Entre as alterações neuroquímicas, destaca-se o desbalanceamento de neurotransmissores como dopamina e noradrenalina, especialmente em áreas do cérebro relacionadas à atenção, inibição e controle de impulsos. Já os fatores ambientais não causam o TDAH isoladamente, mas podem contribuir para seu desenvolvimento, como exposição a álcool, tabaco ou drogas durante a gestação, parto prematuro e baixo peso ao nascer.
Entre as principais características, Patrícia destacou a desatenção, que se manifesta na dificuldade de manter o foco, no esquecimento frequente e na perda de objetos; a hiperatividade, visível na agitação motora, na fala excessiva e na dificuldade de permanecer sentado; e a impulsividade, marcada por respostas precipitadas, dificuldade de esperar a vez e interrupções constantes em conversas e atividades. Na escola, alguns sinais de alerta merecem atenção, como dificuldade para seguir instruções, inquietação constante, erros por descuido, comportamentos impulsivos que prejudicam a relação com colegas e baixo rendimento escolar, mesmo com potencial cognitivo preservado.
No contexto educacional, o AEE desempenha um papel fundamental, pois não substitui o ensino comum, mas o complementa, oferecendo apoio personalizado para que o estudante desenvolva habilidades que favoreçam sua aprendizagem e autonomia. Para isso, é essencial compreender os quatro tipos principais de atenção: seletiva, alternada, sustentada e dividida, cada uma exigindo abordagens específicas na sala de aula.
O diagnóstico do TDAH é clínico e deve seguir os critérios do DSM-5, envolvendo entrevistas, observações, relatos da família e da escola, e aplicação de testes psicológicos. Ele pode ser classificado como predominantemente desatento, predominantemente hiperativo-impulsivo ou tipo combinado.
Patrícia apresentou diversas estratégias que podem ser aplicadas em sala de aula. Entre elas, a organização e rotina com uso de agendas visuais e tarefas fracionadas; o apoio às funções executivas, utilizando jogos de atenção e estratégias de controle inibitório; a criação de um ambiente estruturado, minimizando distrações; a valorização do reforço positivo, com elogios e recompensas; a parceria entre família e professores para alinhar estratégias; a repetição e reforço das instruções; a adaptação das avaliações, com mais tempo e possibilidade de respostas orais; e a inclusão de pausas e atividades físicas para ajudar na autorregulação do aluno.
Foi ressaltado que o TDAH pode vir acompanhado de outros desafios, como transtornos de aprendizagem (dislexia, discalculia), ansiedade, problemas de conduta e dificuldades emocionais. Por isso, o atendimento deve ser individualizado, considerando as singularidades de cada estudante.
Essa capacitação foi extremamente enriquecedora, pois reforçou a importância do conhecimento técnico aliado à sensibilidade no trato com nossos alunos. Com estratégias bem definidas, parcerias sólidas e práticas pedagógicas inclusivas, podemos criar um ambiente escolar que respeite as diferenças, valorize o potencial de cada criança e promova o aprendizado com qualidade e equidade.