Hoje me assustei — e não foi pouco. A propaganda volante da CDL desfilava em frente à minha casa, conduzindo um Papai Noel sorridente, acenando para os moradores como quem anuncia: É Natal outra vez!
Quase sem querer, cantarolei um trecho de uma velha canção natalina, dessas que a gente carrega no fundo da memória. E pensei o que todo mundo diz nessa época: o ano voou.
Fala a verdade... tem dias em que o tempo parece nos apertar num abraço sufocante de compromissos. A gente sente vontade de se libertar de tudo e apenas... viver. Viver o instante, o momento presente, sem pressa. Janeiro está logo ali, e, se tudo correr bem, estarei diante da banca para me qualificar no mestrado. Em julho, espero defender a dissertação. Esses marcos não saem da minha cabeça — o tempo nos cobra, e a vida exige que sejamos fortes o bastante para responder, no compasso das próprias responsabilidades.
Mas apesar da correria, a vida segue. E o Natal chega como esse marcador simbólico do tempo, esse ponto de virada onde olhamos para o que fomos e sonhamos com o que podemos ser. Tempo de refazer vidas, de agradecer pelo que se tem, se é, se foi e se conquistou.
O tempo, no entanto, é uma ilusão de ótica. Ele não termina. É movimento. E movimento é vida. A inércia — essa resistência aos novos desafios — é quem anuncia a morte silenciosa do espírito.
O vídeo do Itaú sobre o tempo, ainda hoje, ressoa como um poema moderno. Nele, o tempo ganha voz e nos chama para pensar menos no relógio e mais na vida. Porque o que fica não são os minutos contados, mas os momentos vividos.
Bauman já nos falava dos tempos líquidos. Relações frágeis, instáveis. Mas existe algo que resiste à liquidez: o gesto de acolhida. Uma palavra dita na hora certa, um abraço inesperado, um sorriso sem motivo. Coisas pequenas, mas imensas. Como aquela vez em que uma colega, em romaria a Bom Jesus da Lapa, me trouxe uma rapadura. Sim, uma simples rapadura. Mas cheia de significado: alguém lembrou de mim num momento tão seu. Isso vale um post inteiro: Rapaduras proporcionam alegria.
É isso: as marcas que deixamos precisam ser de acolhimento, de presença, de humanidade. Qual é a pegada que deixamos no tempo? Estamos plantando gratidão ou semeando a indiferença?
O tempo passa... E quando damos por nós, tudo já virou lembrança. A voz suave da atriz no vídeo nos embala como um mantra: “O segredo do tempo está nos momentos que ficam”. E ficam, porque foram vividos com verdade.
Não somos deuses. Envelhecemos. Cansamos. Duvidamos. Mas temos um dom: podemos agradecer. E o agradecimento é o gesto mais poderoso contra o esquecimento. “Em tudo, dai graças”, dizia São Paulo aos Tessalonicenses. E Jesus, em cada milagre, ensinava esse princípio com gestos: agradecer para vivificar, agradecer para curar.
Agradecer suaviza o peso do tempo. Porque o que realmente importa é o laço construído entre nós — o perdão, a presença, a comunhão. E é isso que sobrevive. É isso que resiste.
Deixo, por fim, uma imagem que não me sai da memória: o encontro de duas preciosidades humanas — Pe. Giovanne e Lula. Num instante simples, o tempo também parou para agradecer.
O tempo registrou algo deslumbrante esta semana em nosso Mucuri: o encontro de Lula e do Pe. Giovanne. Foi uma cena memorável, daquelas que se eternizam não pelas palavras ditas, mas pelo silêncio carregado de significados. O encontro entre duas grandiosidades humanas — um político e um padre — unidos pelo mesmo ideal: o serviço aos pobres. Pe. Giovanne e Lula, com mais de 80 e 70 anos, respectivamente, são a encarnação de décadas de utopias, lutas e entrega. A emoção daquele instante calou palavras e fez jorrar lágrimas. Como bem disse Sucupira: “Este é um momento histórico; talvez o ponto mais significativo da agenda de Lula em Teófilo Otoni.” Um encontro que não foi apenas de mãos, mas de trajetórias que se cruzam no mesmo caminho da justiça social e do amor pelos esquecidos.
2 comentários:
2018 batendo forte na nossa porta!
Uma semana ótima.
O tempo não espera...simplesmente passa.
Então vamos viver da melhor forma possível.
Aproveita-lo ao máximo.
Boa semana.
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